quarta-feira, 26 de setembro de 2012
Cesar Maia – enrolando a razão com o desejo incontrolável de derrotar Eduardo Paes
Cesar Maia é um daqueles poucos políticos que conseguem tratar a política usando simultaneamente altas doses de razão e emoção. Respeitável por isso. Mas muitas vezes a emoção fala bem mais forte e ele deixa de lado a razão para virar um enrolão. O seu texto de hoje no Ex-Blog analisando o Ibope de ontem é exemplar. Ele começa por Belo Horizonte, afirmando que “está garantida a vitória de Lacerda – 47% – no primeiro turno. Os 17 pontos de vantagem de Lacerda lhe dão uma tranquila margem de segurança, com Patrus numa paralela de 30% e a soma dos demais em 3%, contra 2% na última pesquisa”. É uma opinião com alguma possibilidade de estar correta, já que em termos de projeção de votos válidos Lacerda já teria 58,8% contra 41,2% dos outros (37,5% de Patrus). Acontece que, quando passa para o Rio, com um resultado que lhe apavora, Cesar Maia faz uma mistureba monumental. Diz ele: “No Rio, a probabilidade da eleição ir para o segundo turno é a mesma de terminar no primeiro, 50%. É fácil entender. Eduardo – 52% – vinha antes da TV num patamar de quase 50% e, com a TV, oscilou na margem de erro para 52%. Ou seja, a margem que tinha pela taxa muito maior de conhecimento pré-eleitoral não se alterou, com o enorme tempo de TV que dispõe”. Ora, isso é óbvio. Ele já era muito conhecido, com governo altamente aprovado, e soube manter isso. Caberia aos adversários usar o tempo na TV para derrubar as intenções favoráveis a Paes – coisa que não conseguiram. Freixo, brilhantemente, soube ampliar sua participação no bolo com um discurso bem voltado para a classe média Zona Sul e para os jovens. Chegou a 17% e não deve ir muito além. Cesar Maia reconhece dificuldades da oposição em função do pouco tempo de TV. Mas em seguida vem a frase “mágica” dele: “Hoje, a diferença para se ter segundo turno são 13 pontos (26 dividido por 2). Essa diferença, faltando 15 dias, mostra a probabilidade do segundo turno. Se a TV só teve o efeito tampão a vantagem de quem lidera é frouxa. Estima-se essa gordura, pronta para ser derretida, em 15 pontos”. Como assim? Ele oculta os não-votos (brancos, nulos, ns/nr), mas mantém a diferença que existe com eles presentes. O mais correto seria projetar os votos válidos com resultados de 66,7% para Paes contra 33,3% para os outros. A diferença seria de 33,4% (não 26%) e seria bem superior à diferença que há entre o primeiro colocado e os outros em Belo Horizonte (17,6%). Portanto, alguém aí me explica a lógica da frase “está garantida a vitória de Lacerda” comparada com a afirmação de que, no Rio, “a probabilidade da eleição ir para o segundo turno é a mesma de terminar no primeiro, 50%”. Será que pirei de vez?
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