domingo, 29 de novembro de 2009

Ex-tupamaro eleito Presidente do Uruguai


Recebi notícia pelo Tweeter e depois li no El País uruguaio. Boca de urna aponta mais de 50% para Mujica, ex-guerrilheiro tupamaro. Trata-se de uma vitória importante, mais uma derrota para as forças conservadoras do continente. Apenas por curiosidade, anos atrás, quando viajei de Nova York, onde morava, para a Inglaterra, não sei porque cargas d'água a polícia inglesa abriu minha mala, viu um livro que eu tinha do Túpac Amaru, líder inca do século XVI, e começou a pensar que eu era... guerrilheiro tupamaro! Felizmente tudo se esclareceu. 

Enquanto isso, em Honduras...


A nossa "mídia de bananas" quer fazer crer que o problema em Honduras é causado pelo governo brasileiro e um senhor de chapéu texano que se hospeda em nossa embaixada de Tegucigalpa. Mas a verdade é que o povo hondurenho está mobilizado contra o golpe e resiste às intimadações dos golpistas (denunciadas até pela Anistia Internacional). Hoje, nas eleições patrocinadas pelos golpistas, dificilmente 50% dos eleitores votarão. Mas a nossa "mídia de bananas"... deixa pra lá. Leia El Libertador.

sábado, 28 de novembro de 2009

Refresco nos olhos da gente é pimenta

Nessa história toda do Distrito Federal, quero destacar duas frases, ambas de Maias do DEM. Disse Rodrigo Maia, Presidente do partido: “o que é estranho é que criaram fatos consumados antes mesmo do final das investigações". Pergunto: quantos “fatos consumados” foram criados contra o governo nos últimos anos? Disse Agripino Maia, líder do partido no Senado: “acho estranho que isso venha à tona em ano pré-eleitoral”. Pergunto agora: o famoso mensalão veio ou não veio à tona em ano pré-eleitoral? O “caso dos dólares”, é verdade, não veio à tona em ano pré-eleitoral – foi material de boca de urna. Não quero pré-julgar ninguém, mas é muito engraçado ver os “moralistas” de plantão da Oposição tendo que inverter o discurso bem rapidinho.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Lindberg surpreende

Vi finalmente as três inserções partidárias que Lindberg (PT, Nova Iguaçu) fez para a TV. Quero dizer que fiquei bem surpreso. Esperava aquela gritaria anti-Sérgio Cabral, mas Lindberg mostrou que é esperto (no bom sentido). Ao contrário do que fez nos últimos meses, chegou até a reconhecer méritos do Governador peemedebista (“Olha, foi muito bom para o Rio o Presidente Lula e o Governador Sérgio Cabral terem conseguido trazer as Olimpíadas para cá”). Para mim ficou evidente que esse tempo todo ele procurou promover-se principalmente entre o público petista. Procurou aumentar o seu cacife na nova Direção do PT e dar mais um passo para seu projeto 2014. Para o grande público, falou manso, mostrou suas realizações, falou do futuro dos jovens e buscou emocionar particularmente o eleitorado da Baixada Fluminense. O discurso, muito bom, é claramente de candidato a Deputado.

No PT, a ordem do produto altera os fatores

As informações sobre o PT costumam ser tão confusas que procurei me aprofundar mais um pouco. Peguei como exemplo o PED do Rio, um assunto que costuma ter duas ou três versões diferentes em cada jornal. Terminado o primeiro turno, tem coluna que diz que Lindberg foi vitorioso, outras dizem que Edson Santos tem um discurso para cada ocasião, outras apontam não sei quem como fiel da balança, e por aí vai. Vamos clarear: o primeiro turno do PED determinou 1) que o cargo de presidente será decidido em segundo turno entre Luiz Sérgio (40%) e Lourival Casula (25%); 2) que a Direção Estadual e sua Executiva terão a cara (proporcional) das 14 chapas que participaram do PED (lembrando que 3 delas não tiveram votos suficientes para garantirem representação). Essa proporcionalidade é importante porque ela é que vai indicar, por exemplo, se o PT/RJ defende candidatura própria para governador ou aliança com o PMDB. Ninguém pode garantir com certeza absoluta qual será a proposta vencedora, embora minhas sondagens indiquem que haverá aliança e que Luiz Sérgio deverá ser eleito no segundo turno. As negociações em andamento determinarão o produto final – que por sua vez mostrará o perfil da Direção RJ.
Veja aqui as chapas (agrupadas pelos candidatos a presidente que apoiaram no primeiro turno) com a indicação de suas tendências e o percentual de votos correspondente. (clique para ampliar)





E veja aqui como ficou a Executiva do PT/RJ (que, além dos 19 membros eleitos proporcionalmente, conta com o Presidente e o líder da bancada, num total de 21 membros).



quinta-feira, 26 de novembro de 2009

No PT, a soma de 2+2 é 13

O PT, definitivamente, é um partido diferente. E só quem vive o dia-a-dia partidário é que pode ter alguma noção do que isso significa. Analistas e jornalistas tentam desvendar seus mistérios envoltos em tendências, subtendências e subsubtendências, sem sucesso. Os resultados do PED (Processo de Eleição Direta do PT), por exemplo, estão baratinando todas as análises. 2+2 nunca são 4. Algumas conclusões são definitivas, claro. A vitória de José Eduardo Dutra para Presidente Nacional logo no primeiro turno favorece a candidatura Dilma 2010, já que a CNB (tendência majoritária, da qual Dutra faz parte) é a mais ardente defensora da aliança com o PMDB como objetivo estratégico. As táticas não podem perder isso de vista – e é aí que começam os problemas, e também as dificuldades para análise. No PED de Minas, disputaram Reginaldo Lopes (que representa o pré-candidato ao governo Fernando Pimentel) e Gleber Naime (que representa o pré-candidato ao governo Patrus Ananias). Quem venceu? No primeiro turno, Reginaldo teve +/- 47% dos votos e Gleber +/- 39%, o que poderia significar vitória fácil de Reginaldo no segundo turno. Será? Há quem contabilize os 14% das outras chapas direcionados quase totalmente para Gleber. Tudo vai depender das intensas negociações internas que estão sendo realizadas. No Rio de Janeiro, a complicação é menor, embora seja uma situação bem enganadora. Foram cinco candidatos a Presidente: Luiz Sérgio 40%, Lourival Casula 25%, Birmark 23%, Valdek 9%, Taffarel 3%. Luiz Sérgio (CNB) foi o único que ficou com a marca de defesa da aliança com o PMDB no estado, enquanto os outros ou não tomaram partido ou apoiaram a candidatura própria (Lindberg) para governador. Como Luiz Sérgio, mesmo tendo ficado em primeiro lugar, não obteve a maioria absoluta dos votos, vendeu-se a ideia de que Lindberg saiu vitorioso. Ledo engano. Cada um desses candidatos era apoiado por diversas chapas (14 ao todo, representando subtendências, digamos assim) com posições muitas vezes conflitantes em diversos aspectos. Acontece que essas chapas precisavam conquistar fatias da Direção e precisavam se diferenciar junto a seu eleitorado. Muitas delas, que até têm posição a favor da aliança com o PMDB, votaram contra Luiz Sérgio ou lançaram candidato. Mas agora, para o segundo turno, a questão da aliança já está praticamente superada. Primeiro, porque a decisão será do encontro nacional, em fevereiro. Segundo, porque as direções (que são quem decide a questão) já estão formadas – e parece que no caso do Rio a formação é ligeiramente favorável à aliança com o PMDB. Sabiamente, Luiz Sérgio tratou de esclarecer que a aliança local não está na pauta da disputa do segundo turno e procura negociar apoio com o argumento Dilma. Negociações intensas, acirradas, 24 horas por dia, muitas vezes agressivas – mas com a certeza de que haverá sempre uma estrela no resultado final. Particularmente, aposto na vitória de Luiz Sérgio no segundo turno e na composição de uma Direção favorável à aliança no estado. Mas eu também não vivo o dia-a-dia do PT e, quem sabe, minhas contas acabem virando um zero à esquerda. A meu favor apenas a percepção de que no PED 2+2 são realmente 13.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Obama volta atrás no clima

Já que vai receber o Prêmio Nobel no dia 10, Obama decidiu dar uma passadinha em Copenhague no dia 9, para o Conferência da ONU sobre Mudança Climática. Ele tinha decidido não ir, mas pegou mal e voltou atrás. A Terra agradece. Obama podia aproveitar e também dar uma passadinha em Honduras. Poderia até mesmo se hospedar na Embaixada do Brasil - lugar de presidentes eleitos democraticamente. Seria uma boa maneira de voltar ao Obama da campanha eleitoral...

Parlamentares nordestinos trabalham pela re-eleição de Sérgio Cabral

Cada vez que alguém tenta avançar sobre os royalties do petróleo que o Rio de Janeiro recebe (ou está para receber), o Governador Sérgio Cabral sobe nas tamancas e berra em defesa dos interesses fluminenses. Tem gente que torce o nariz, diz que ele anda muito nervosinho, que está indo além da conta. Puro engano. Claro que Sérgio Cabral gostaria que nada disso estivesse acontecendo e que os interesses do Rio estivessem garantidos sem tumulto. Mas, por outro lado, ele deve agradecer essas oportunidades que tem tido para demonstrar que é um cabra disposto a lutar em nome do povo que governa. Seu eleitorado gosta disso. E se bobear é capaz de ele estar conquistando mais votos principalmente entre os eleitores nordestinos que vivem no Rio. A bandeira de defesa dos royalties está definitivamente nas mãos de Sérgio Cabral – graças aos adversários...

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Zé Dirceu precipitou-se: no Rio, o mais provável é aliança PT-PMDB

No seu blog de hoje, José Dirceu, falando sobre o PED e a política de alianças por todo o país, escreveu "RJ: sem unidade no PT, Dilma terá três palanques". Precipitou-se. Ou usou notícia velha como se fosse atual. Pelos últimos dados de que disponho sobre o PED do Rio de Janeiro, o Deputado Luiz Sérgio (CNB) venceu a eleição com cerca de 41%-43% dos votos válidos. Em segundo lugar ficou o candidato mais comprometido com a proposta de Lindberg (Lourival Casula), em terceiro lugar o candidato Bismark, em quarto Valdeck e em quinto Taffarel. Os percentuais dos candidatos corresponderão basicamente à formação da nova Direção do partido e tudo indica que o percentual dos que defendem a aliança com o PMDB em busca do fortalecimento da candidatura Dilma supera os 50%.

Transferir ou não transferir os votos – eis a questão



A última pesquisa CNT-SENSUS, além dos índices de aprovação do Governo Lula e os diversos cenários de intenção de voto, traz comparações entre Lula e Fernando Henrique que são bem interessantes. No confronto direto, de quem foi melhor, é brincadeira: 76% para Lula, 10% para Fernando Henrique (com índices negativos assim, o melhor seria pegar a toga e voltar para Paris). Mas o índice mais complexo (e mais contundente) é o da transferência de votos. Ninguém gosta, a priori, de declarar que seu voto é influenciado por outros. Nos grupos de discussão (de pesquisas qualitativas), é comum ver as pessoas baterem no peito dizendo que ninguém ensina em quem votar, e, mais adiante, acabarem confessando que escolheram o candidato por indicação da mãe, da tia, da vizinha, do amigo, etc. Declarar, portanto, que votaria em um candidato apoiado por outra pessoa é difícil – o que torna ainda mais surpreendente o índice de transferência que Lula apresenta: 51,7%, soma de “Único que votaria” (20,1%) com “Poderia votar” (30,6%). Fernando Henrique só consegue 17,2% (3% + 14,2%). Pior: 49,3% não votariam em candidato apoiado por Fernando Henrique (contra apenas 16% de Lula). Na sua coluna de hoje (“Recados Eleitorais”), Merval Pereira passa por cima desses índices de transferência de votos e ainda faz de conta que o poder de transferência de Lula não passa de 20% (Dilma “atingiu o patamar de 20% que, não por coincidência, é o mesmo índice dos que dizem que votariam no candidato indicado por Lula”). Na verdade, esse é apenas o sonho de todo bom tucano...

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Qual a novidade dessa pesquisa CNT-Sensus que acaba de sair?


Na minha opinião, nenhuma surpresa. A pesquisa demonstra o que esse Blog não cansa de repetir: a eleição é plebiscitária; Dilma só precisa ser reconhecida como candidata do Lula. O resto é consequência. Serra está em queda, Fernando Henrique é mau negócio. Aliás, no dia 9 de setembro, falando sobre a pesquisa que tinha sido recém divulgada, contra tudo e contra todos, fiz a postagem “CNT/SENSUS: Serra em queda, Dilma parada e eleição continua plebiscitária”. Dilma cuidou da saúde, andou pra lá e pra cá, e voltou a crescer como era esperado. Talvez o que tenha ficado mais claro dessa vez foi o efeito negativo de Fernando Henrique. Enquanto isso, a Oposição, como um Diógenes ao contrário, carrega na mão o seu apagão, em busca de um candidato...

A viagem de Ahmadinejad e os negócios da paz

Não entendo porque tanto estardalhaço contra essa viagem de Ahmadinejad pela América Latina. Ou melhor, entendo, mas o exagero é muito grande. Ele faz simplesmente o que deve fazer como dirigente de um país com a riqueza energética e a importância do Irã: busca parcerias comerciais e estratégicas. E o Brasil deve evitar essa aproximação? Claro que não. Há interesses comuns não apenas no setor de energia, mas também na agricultura e até mesmo na regulação do sistema financeiro. O Brasil deve evitar Ahmadinejad por causa dos conflitos no Oriente Médio? Ao contrário, não apenas devemos nos aproximar como ir além, tentar contribuir para uma solução. O Irã quer acabar com Israel? Pode apostar que a recíproca é verdadeira (e o que se faz na Palestina comprova isso). Ahmadinejad comete o absurdo de negar o Holocausto? Comete, sim, é verdade.Não é uma posição isolada, mas, sim, de uma corrente de pensamento da qual ele faz parte. Poderemos falar sobre muitos pontos de atraso na cultura do Irã ou de Israel, como contra as mulheres, por exemplo. Mas o importante é compreendermos que a paz não se constrói pensando apenas em uma das partes. Até recentemente, a paz era estabelecida a partir da força Israel-EUA. Os árabes ganharam mais poder (graças ao petróleo), o Hesbolá mostrou do que é capaz militarmente, o Hamas idem, a invasão do Iraque foi uma tragédia americana e o Irã, do alto de suas reservas petrolíferas, resolveu falar de igual para igual com os adversários. A energia nuclear e as armas nucleares – antes restritas a Israel – passaram a ser uma alternativa para o lado muçulmano. Cabe ao Brasil, como país que se projeta no cenário internacional, não se deixar levar pelos fluxos interesseiros dos meios de comunicação. Podemos fazer bons acordos comerciais e políticos com ambas as partes, e também, quem sabe, contribuir com uma gota de paz para aquele deserto regado a ódio.

Dúvida no PED do Rio: quem ficará em segundo lugar para disputar a presidência com Luiz Sérgio?

Já se sabia que haveria segundo turno na disputa para a presidência do PT do Rio. Já se sabia também que o candidato Luiz Sérgio, do CNB, era pule de 13 para o primeiro lugar (deve ter uns 45% dos votos). A surpresa está sendo a disputa acirrada entre os candidatos Casula e Bismarck. Até ontem, Lourival Casula era tratado como barbada. Bismarck se aproxima. E as negociações ficam cada vez mais intensíssimas para o segundo turno.

domingo, 22 de novembro de 2009

As eleições do PT

Recebi um panfleto-mail que diz “O PED enche o petista de orgulho porque somos o único partido brasileiro a adotar eleições diretas para renovar as direções partidárias”. PED quer dizer justamente Processo de Eleições Diretas, e entendo que encha de orgulho seus filiados. A mobilização é monumental. Por toda parte, a toda hora, em todos os estados brasileiros, os petistas estão se reunindo, discutindo, debatendo, fazendo acordos, construindo alianças, chapas e novas alianças, debatendo o Brasil, fortalecendo o seu partido, abrindo o caminho da estrela. Admiro todo esse processo. Por mais que às vezes pareça bem complicado para quem está à margem. O panfleto-mail que recebi, por exemplo, mostra que nesse domingo serão realizadas 6 eleições – para Presidente Nacional, para Diretório Nacional, para Presidente Estadual, para Diretório Estadual, para Presidente Municipal e para Diretório Municipal. Pelo que li no regulamento, serão eleitos também “os Conselhos Fiscais, as Comissões de Ética e os(as) delegados(as) aos Encontros Estaduais e ao 4º Congresso Nacional, pelo voto direto e secreto dos(as) filiados(as)”. No PED 2009 há algo mais a se preocupar, a manutenção do projeto petista pós-Lula. Não há quem não defenda a eleição de Dilma e a política de alianças para garantir a vitória em 2010. Mas é verdade também que muitas vezes essa determinação por uma política de alianças tropeça em projetos pessoais de alguns líderes. Mesmo assim, o PED do PT é louvável. Oxigena o partido e não tem similar no país. Parabéns ao PT.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Finalmente acendeu uma luz na Oposição: Cesar Maia descobre que só existe Lula para 2010

No Ex-Blog de hoje, Cesar Maia (DEM) reproduz seu artigo de sábado na Folha com análise das eleições 2010, onde, logo no título, entrega o ouro: “AGENDA DE LULA EM 2010 É LULA!”. Começa o texto tentando minimizar a capacidade de transferência de votos de Lula. Depois, usando como tema o duelo de agendas, toma o exemplo da eleição de Obama para mostrar que só no final Obama pôde vencer com a imposição da agenda econômica diante da crise financeira. Cita a agenda de “ética pública e modernidade econômica” de Collor, e as agendas econômicas de Fernando Henrique e Bill Clinton. Tudo certo. E 2010? Diz Cesar Maia: “Pelo jeito, a campanha do governo já tem a sua agenda: Lula. Todo o resto (PAC, Bolsa Família, saída da crise...) será miragem. Lula é uma agenda forte e vencedora? Pode ser. Mas agenda se disputa na batalha eleitoral. Se essa agenda for o debate da campanha, ela/ele ganha. Cabe à oposição impor a sua. Mas, para isso, precisa ter agenda. Por enquanto, nem candidato tem. E a agenda precisa ser personalizada pelo ator que caiba nesse papel”. Cesar Maia está certo quando diz que a agenda será “Lula”. Mas está erradíssimo quando separa “Lula” de “PAC, Bolsa Família e saída da crise”. “Lula” é a tradução de tudo isso e muito mais. É autoestima da população mais pobre. É autoestima do povo brasileiro no cenário mundial. É “estar de bem com a vida”. Onde encontrar um décimo de tudo isso nos outros candidatos, sem apoio de Lula? É na escuridão dessa dúvida que a Oposição amarga o seu apagão. Veja o texto completo:

A agenda


O culto à personalidade chegou ao Brasil com pompas e circunstâncias. A elevada autoestima de Lula, exibindo-se todos os dias, por qualquer razão, terá o seu momento de apoteose com a exibição do filme "Lula, o Filho do Brasil".
A distribuição para 800 salas de exibição, sindicatos e associações será suplementada e multiplicada pelos ambulantes. A sensação que passa é que há interesse para que seja assim. Os desdobramentos políticos se darão em duas direções: a "enanização" do papel de sua candidata e a campanha presidencial de 2010. Não é tão simples supor que sua acomodação no marsúpio lulista a levará à Presidência. A mercadologia eleitoral mostra que a transferência de votos se dá com mais facilidade quando o perfil do receptor se aproxima do perfil do emissor. A exaustiva insistência na origem retirante de Lula não o identifica com sua candidata. Isso pode causar desconfiança.
Mas a questão central é a agenda eleitoral. Se há algum consenso entre os especialistas é que a disputa entre os candidatos para impor sua agenda é um fator decisivo em campanhas. Um caso recente é o da eleição de Obama.
O folclore pós-eleitoral deu à internet um papel decisivo. Não houve isso. A curva das pesquisas até 60 dias antes da eleição mostrava McCain à frente, cristalizando uma pequena, mas sustentável, diferença. A agenda bushiana de McCain se impunha: melhor as guerras no Iraque e no Afeganistão que o terror em casa. Naquele momento, naufragou o Lehman Brothers, as Bolsas despencaram, as demissões começaram e a fragilidade do sistema financeiro expôs as suas vísceras.
A agenda foi invertida e passou a ser a crise e o emprego. As curvas das pesquisas se cruzaram e Obama desfilou até a vitória final. Em 1989, Collor impôs a sua agenda: ética pública e modernidade econômica ("marajás" e "carros-carroças"). A força da agenda lançou a imagem de seus adversários de maior peso parlamentar e tempo de TV ao passado e a votações desprezíveis. Em 1998, a campanha de FHC travestiu a crise econômica de insegurança aportada pela chapa Lula-Brizola e impôs a agenda. Bill Clinton, em 1992, impôs sua agenda ("é a economia, estúpido").
Pelo jeito, a campanha do governo já tem a sua agenda: Lula. Todo o resto (PAC, Bolsa Família, saída da crise...) será miragem.
Lula é uma agenda forte e vencedora? Pode ser. Mas agenda se disputa na batalha eleitoral. Se essa agenda for o debate da campanha, ela/ele ganha. Cabe à oposição impor a sua. Mas, para isso, precisa ter agenda. Por enquanto, nem candidato tem. E a agenda precisa ser personalizada pelo ator que caiba nesse papel.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Zé Celso canibalizou as palavras de Caetano

Tinha passado sem que eu visse esse texto de José Celso, no Estadão do dia 10. Uma amiga me enviou e transcrevo, quæ sera (tamen?).

Tropicália, sob o signo do escorpião

José Celso Martinez Corrêa

No mesmo dia em que Caetano fazia sua entrevista de capa, muito bela como sempre, no Caderno 2 do Estadão, o Ministro Ecologista Juca Ferreira publicava uma matéria na Folha na seção Debates. Um texto extraordinariamente bem escrito em torno da cultura, como estratégia, iniciada no 1º Governo de Lula ao nomear corajosa e muito sabiamente Gilberto Gil como Ministro da Cultura e hoje consolidada na gestão atual do Ministro Juca. Hoje temos pela primeira vez na nossa história um corpo concreto de potencialização da cultura brazyleira: o Ministério da Cultura, e isso seu atual Ministro soube muito bem fazer, um CQD em seu texto.
Por outro lado, meu adorado Poeta Caetano, como sempre, me surpreendeu na sua interpretação de Lula como analfabeto, de fala cafajeste, abrindo seu voto para Marina Silva.
Nós temos muitas vezes interpretações até gêmeas, mas acho caetanamente bonito nestes tempos de invenção da democracia brazyleira, que surjam perspectivas opostas, mesmo dentro deste movimento que acredito que pulsa mais forte que nunca no mundo todo, a Tropicália.
Percebi isso ao prefaciar a tradução em português crioulo = brazyleiro do melhor livro, na minha perpectiva, claro, escrito sobre a Tropicália: Brutality Garden, Jardim Brutalidade, de Chris Dunn, professor de literatura Brazyleira, na Tulane University de New Orleans.
Acho, diferentemente de Caetano, que temos em Lula o primeiro presidente antropófago brazyleiro, aliás Lula é nascido em Caetés, nas regiões onde foi devorado por índios analfabetos o Bispo Sardinha que, segundo o poeta maior da Tropicália, Oswald de Andrade, é a gênese da história do Brazil. Não é o quadro de Pedro Américo com a 1ª Missa a imagem fundadora de nossa nação, mas a da devoração que ninguém ainda conseguiu pintar.
Lula começou por surpreender a todos quando, passando por cima das pressões da política cultural da esquerda ressentida, prometeica, nomeou o Antropófago Gilberto Gil para Ministro da Cultura e Celso Amorim, que era macaca de Emilinha Borba, para o Ministério das Relações Exteriores, Marina Silva para o Meio Ambiente e tanta gente que tem conquistado vitórias, avanços para o Brasil, pelo exercício de seu poder-phoder humano, mais que humano.
Phoderes que têm de sambar pra driblar a máquina perversa oligárquica, podre, do Estado brasileiro. Um estado oligárquico de fato, dentro de um Estado Republicano ainda não conquistado para a “res pública”. Tudo dentro de um futebol democrático admirável de cintura. Lula não pára de carnavalizar, de antropofagiar, pro País não parar de sambar, usando as próprias oligarquias.
Lula tem phala e sabedoria carnavalesca nas artérias, tem dado entrevistas maravilhosas, onde inverte, carnavaliza totalmente o senso comum do rebanho.
Por exemplo, quando convoca os jornalistas da Folha de S. Paulo a desobedecer seus editores e ouvir, transmitindo ao vivo a phala do povo. A interpretação da editoria é a do jornal e não a da liberdade do jornalista. Aí , quando liberta o jornalista da submissão ao dono do jornal, é acusado de ser contra a liberdade de expressão. Brilha Maquiavel, quando aceita aliança com Judas, como Dionísios que casa-se com a própria responsável por seu assassinato como Minotauro, Ariadne. É realmente um transformador do Tabu em Totem e de uma eloquência amor-humor tão bela quanto a do próprio Caetano.
Essa sabedoria filosófica reflete-se na revolução cultural internacional que Lula criou com Celso Amorim e Gil, para a política internacional. O Brasil inaugurou uma política de solidariedade internacional. Não aceita a lógica da vendetta, da ameaça, da retaliação. Propõe o diálogo com todos os diabos, santos, mortais, tendo certa ojeriza pelos filisteus como ele mesmo diz. Adoro ouvir Lula falar, principalmente em direto com o público como num teatro grego. É um de nossos maiores atores. Mais que alfabetizado na batucada da vida, lula é um intérprete dela: a vida, o que é muito mais importante que o letrismo. Quantos eruditos analfabetos não sabem ler os fenômenos da escrita viva do mundo diante de seus olhos?
Eu abro meu voto para a linha que vem de Getúlio, de Brizola, de Lula: Dilma, apesar de achar que está marcando em não enxergar, nisto se parece com Caetano, a importância do Ministério da Cultura no Governo Lula. Nos 5 dedos da mão em que aponta suas metas, precisa saber mais das coisas, e incluir o binômio Cultura & Educação.
Quanto a Marina Silva, quando eu soube que se diz criacionista, portanto contra a descriminalização do aborto e da pesquisa com células-tronco, pobre de mim, chumbado por um enfarte grave, sonhando com um coração novo, deixei de sequer imaginar votar nela. Fiz até uma cena na Estrela Brasyleira a Vagar – Cacilda!! para uma personagem, de uma atriz jovem contemporânea que quer encarnar Cacilda Becker hoje, defendendo este programa tétrico.
Gosto muito de Dilma, como de Caetano, onde vou além do amar, vou pra Adoração, a Santa adorada dos deuses. Acho a afetividade a categoria política mais importante desta era de mudanças. “Amor Ordem e Progresso.” O amor guilhotinado de nossa bandeira virou um lema Carandiru: Ordem e Progresso, só.
Apreendi no livro de Chris Dunn que os americanos chamam esta categoria de laços homossociais, sem conotação direta com o homoerotismo, e sim com o amor a coisas comuns a todos, como a sagração da natureza, a liberdade e a paixão pelo amor energia, santíssima eletricidade. Sinto que nessas duas pessoas de que gosto muito, Caetano e Dilma, as fichas da importância cultural estratégica, concreta, da Arte e da Cultura, do governo Lula, ainda não caíram.
A própria pessoa de Lula é culta, apesar de não gostar, ainda, de ler. Acho que quando tiver férias da Presidência vai dedicar-se a estudar e apreender mais do que já sabe em muitas línguas. Até hoje ele não pisou no Oficina. Desejo muito ter este maravilhoso ator vendo nossos espetáculos. Lula chega à hierarquia máxima do teatro, a que corresponde ao papa no catolicismo: o palhaço. Tem a extrema sabedoria de saber rir de si mesmo. Lula é um escândalo permanente para a mente moralista do rebanho. Um cultivador da vida, muito sabido, esperto. Não é à toa que Obama o considera o político mais popular do mundo.
Caetano vai de Marina, eu vou de Dilma. Sei que como Lula ela também sente a poesia de Caetano, como todos nós, pois vem tocada pelo valor da criação divina dos brazyleiros. Essa “estasia”, Amor-Humor, na Arte, que resulta em sabedoria de viver do brasileiro: Vida de Artista. Não há melhor coisa que exista!
Lula faz política culta e com arte. Sabe que a cultura de sobrevivência do povo brasileiro não é super, é infra estrutura. Caetano sabe disso, é uma imensa raiz antenada no rizoma da cultura atual brazyleira renascente de novo, dentro de nós todos mestiços brazyleiros. Fico grato a Caetano ter me proporcionado expor assim tudo que eu sinto do que estamos vivendo aqui agora no Brasil, que hoje é um país de poesia de exportação como sonhava Oswald de Andrade, que no Pau Brasil, o livro mais sofisticado, sem igual brazyleiro canta:
“Vício na fala
Pra dizerem milho dizem mio
Pra melhor, dizem mió
Para telha, dizem teia
Para telhado, dizem teiado
E vão fazendo telhado”

Filha de Olga pede a Lula que não permita que se faça com Battisti o que a ditadura Vargas fez com sua mãe


Exmo. Sr. Presidente da República
Luiz Inácio Lula da Silva.


Na qualidade de filha de Olga Benário Prestes, extraditada pelo Governo Vargas para a Alemanha nazista, para ser sacrificada numa câmera de gás, sinto-me no dever de subscrever a carta escrita pelo
Sr. Carlos Lungarzo da Anistia Internacional, na certeza de que seu compromisso com a defesa dos direitos humanos não permitirá que seja cometido pelo Brasil o crime de entregar Cesare Battisti a um destino semelhante ao vivido por minha mãe e minha família.


Atenciosamente,
Anita Leocádia Prestes

Ver também Luis Nassif

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Sérgio Cabral dá conselho a Dilma e Serra

O envolvimento emocional de Sérgio Cabral na defesa do Rio de Janeiro na questão do Pré-sal foi bem mais forte do que se noticiou. Por isso, quando viu que Lula tinha não apenas apoiado, mas compreendido inteiramente o seu ponto de vista, Cabral ficou inteiramente grato. Sua emoção era visível a todos. Voltou-se para Dilma e Serra, também presentes na reunião, e disse: “Esse, sim, é um grande Presidente. Vocês têm que se espelhar nele” (algo assim).

Mensagem de Luiz Gonzaga para Caetano Veloso

"Caê", tu pode ser famoso, mas t’a mãe é mais tinhosa
E com ela ninguém vai, "Caê"
Respeita os oito baixo da t’a mãe!
Respeita os oito baixo da t’a mãe!

domingo, 15 de novembro de 2009

Debate Lula-Collor: comercial

Durante a administração Moreira Franco, o Governo do Estado do Rio de Janeiro decidiu fazer uma grande campanha de conscientização contra a sonegação do ICMS. Eu era redator da MPM, agência de publicidade que atendia o Governo, e fiquei encarregado da criação da campanha, que, aliás, foi um sucesso. Em 89, aproveitando o clima eleitoral, criei um comercial que simulava um comício. Esse comercial foi veiculado no intervalo do debate Lula-Collor. Criação de Hayle Gadelha e Bob Gueiros. Produção e animação dos bonecos, "100 Modos". Produtora, Blow-Up. Agência, MPM Propaganda (a original). Curiosamente, o Secretário de Fazenda era Jorge Hilário Gouvêa Vieira e a assessora de comunicação era a atual Vereadora Andrea Gouvêa Vieira. Recordar é re(vi)ver.


sábado, 14 de novembro de 2009

Battisti fica

Claro que é apenas uma opinião, traduzindo minha percepção de todo o caso. Digam o que disser, aconteça o que acontecer, o sentimento predominante em caso de extradição do italiano Cesare Battisti seria o de que estaríamos enviando-o para as mãos da injustiça. Lula dificilmente assumirá esse papel diante do mundo. Por outro lado, não deve menosprezar o STF. Creio que no momento busca-se uma saída honrosa para todos – principalmente para Gilmar Mendes. Leia reportagem de hoje do Estadão:
Tendência no STF é deixar para Lula decisão sobre extradição de Battisti

Cinco ministros dirão, na retomada do julgamento, que palavra final nesse tipo de processo é do presidente


Felipe Recondo e Mariângela Gallucci

Sondagem feita pelo Estado com a maioria do ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) revela que a corte vai deixar a critério do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a decisão de extraditar ou não o ativista italiano Cesare Battisti. Cinco ministros dirão, no retorno do julgamento, na próxima quarta-feira, que a última palavra em processo de extradição é do presidente da República.
No entendimento desses ministros, o que o STF faz nesses casos é avaliar se há algum impedimento para extradição de um estrangeiro. Ser brasileiro e ter cometido um crime político são obstáculos que impedem a extradição. Se não há nenhum impedimento, como deve decidir a maioria dos ministros do Supremo, o presidente está autorizado a entregar o estrangeiro - o que já foi decidido na preliminar do julgamento, em duas sessões -, mas não obrigado.
Até agora, o STF apenas declarou, em maioria de votos, que o ato de concessão de refúgio de Battisti, concedido pelo ministro da Justiça, Tarso Genro, é ilegal. Ou seja, Battisti não faz jus ao status de refugiado no Brasil, como a possibilidade de ter passaporte brasileiro e até mesmo ajuda financeira. Mas tal decisão não impede que o ativista fique no País. Basta que ele, como muitos outros estrangeiros, regularize sua situação. O efeito prático da cassação do ato, tornado ilegal pelo STF, foi fazer andar o processo de pedido de extradição da Itália.
O presidente mandou recados ao tribunal, dizendo que estava disposto a manter Battisti no Brasil. Para um ministro que discutiu o assunto com Lula, segundo o Estado apurou, o presidente "não vai desautorizar Tarso". A decisão de Genro - de reconhecer o status de refugiado de Battisti - teria se tornado uma posição de governo. Além disso, Lula pode manter o italiano no Brasil até que seja julgado pela Justiça Federal pelos crimes de falsificação de documento e porte de passaporte falso.
O entendimento dos cinco ministros repete o que já foi dito em julgamentos do tribunal. No ano passado, eles disseram, por unanimidade, que cabe ao presidente da República a decisão de entregar um extraditando a outro governo. O caso envolvia uma pessoa condenada no Chile, que tem tratado de extradição com o Brasil desde 1937.
Essa questão, que não foi discutida a fundo no caso Battisti, já provocou tensão no tribunal. Relator do caso, o ministro Cezar Peluso afirmou em seu voto que o presidente é obrigado, pelo tratado firmado entre Brasil e Itália, a extraditar Battisti.
O presidente do Supremo, Gilmar Mendes, disse que Lula pode sofrer processo de impeachment caso se recuse a entregar Battisti à Itália: "Por que o presidente da República cumpre uma decisão? Não é porque será eventualmente afastado do cargo se não vier a cumpri-la. Porque respeita a Constituição. Sabemos que as condições políticas para seu afastamento são extremamente difíceis. Precisaria haver um processo instalado pelo procurador-geral da República e uma aprovação por dois terços da Câmara dos Deputados." A declaração, feita na sessão, provocou estranhamento entre ministros.
O advogado da Itália, Nabor Bulhões, afirmou que eventual decisão de Lula de negar-se a entregar Battisti violará o tratado. Como o tratado, pela legislação brasileira, só está abaixo da Constituição, Bulhões disse que Lula descumpria a lei se não extraditasse Battisti.
O tratado, porém, permite que Lula mantenha o ativista no Brasil, desde que, em decisão fundamentada, afirme que Battisti poderá sofrer risco de perseguição política, caso retorne à Itália para cumprir a pena por quatro assassinatos pelos quais foi condenado, como entendeu o ministro da Justiça.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Pesquisa de Cesar Maia comprova apagão da Oposição no Rio

No seu Ex-Blog de hoje, Cesar Maia divulga pesquisa de intenção de votos para Governador do Rio, com 1.600 entrevistas feitas no último fim de semana pelo Instituto GPP: “Cabral 29% \ Garotinho 23% \ Gabeira+Cesar Maia (que será candidato a senador) 23% \ Lindbergh 4%”. O grifo é nosso, destacando a confissão de Cesar Maia de que será candidato a Senador, tentando se aproveitar dos votos de Gabeira. Como nem Gabeira (PV) nem Cesar Maia (DEM) serão candidatos a Governador, os números da pesquisa não têm valor. Mas a disposição de Cesar Maia de se candidatar a Senador deve acender uma luz amarela na campanha de Gabeira. A associação de seu nome com o do ex-Prefeito pode afastar muitos eleitores da candidatura verde. E no final os dois podem acabar vendo suas candidaturas derrotadas por uma luz negra...

O apagão da Oposição

No seu desespero anti-Lula, a Oposição tenta encontrar um fio de luz no apagão elétrico dessa semana. Sem visão clara do que aconteceu, tenta fazer passar a idéia de que agora não tem mais como acusar Fernando Henrique pelo racionamento que ele provocou. Raciocínio ingênuo, por dois motivos: primeiro, porque no caso tucano faltou planejamento, o que é um absurdo; segundo, porque com isso ressurge da penumbra o fantasma de Fernando Henrique para a comparação eleitoral. A Oposição também tentou se ligar nas explicações do estranho Lobão (o ministro, não o compositor), mas deu curto-circuito, porque tratava-se de armadilha: Lobão estava apenas acendendo o holofote para a entrada em cena de Dilma. A Oposição/Mídia ainda tenta levantar a tocha do investimento insuficiente, mas essa pilha está fraca, porque, comprovadamente, o país dispõe hoje de um dos mais avançados sistemas elétricos do mundo, exatamente o oposto dos tempos “à meia-luz” de Fernando Henrique. Enquanto isso, a Oposição tateia no escuro vivendo um apagão de candidatos. Para a Presidência, acende uma vela a Aécio e outra a Serra; em São Paulo, não consegue ver brilho nem na candidatura de Alckmin nem na de Aloysio Nunes; no Rio, faltam fósforos, isqueiro, interruptor, lâmpada... falta tudo! Enfim, a Oposição está completamente às cegas. Com relação ao apagão propriamente dito, as explicações dadas ao Bom Dia Brasil por Eduardo Barata, diretor de operações do ONS, me pareceram convincentes. E o artigo de hoje na Folha (ver abaixo) de Luiz Pinguelli Rosa serve de facho seguro para quem ainda tem dúvidas.
Blecaute
LUIZ PINGUELLI ROSA
Não há sistema tecnológico sem falhas. Mas o sistema interligado é inteligente, pois otimiza o uso da geração hidrelétrica
AINDA PAIRAM algumas dúvidas sobre o blecaute que atingiu vários Estados brasileiros, mais drasticamente São Paulo e Rio de Janeiro.
É preciso esclarecer, porém, que o ocorrido na terça-feira foi totalmente diferente do chamado apagão de 2001, quando o governo decretou um racionamento obrigatório de energia elétrica para toda a população, sob pena de desligamento de residência ou empresa por alguns dias caso não fosse cumprido o corte no consumo.
Naquela ocasião, havia falta de energia para atender a demanda, pois esta vinha crescendo mais rapidamente do que a capacidade instalada no país. Enquanto houve chuvas suficientes para a geração hidrelétrica, o sistema funcionou e o problema foi adiado. Quando as chuvas se reduziram, os reservatórios estavam vazios e faltou energia no sistema.
Alertei o então presidente Fernando Henrique Cardoso por uma carta, como coordenador do Instituto Virtual da Coppe/UFRJ, e cheguei a conversar com José Jorge, à época ministro de Minas e Energia.
Naquele caso, houve falta de investimento. As estatais elétricas, a começar pela Eletrobrás, reduziram seus investimentos, pois aguardavam a privatização. Já as empresas privatizadas, a maioria delas distribuidoras nos Estados, pouco investiram.
O problema da última terça-feira tem mais semelhança com o blecaute de 1999, que também desligou São Paulo e muitas outras cidades, algumas por muito mais horas do que o recente incidente. Aquele problema se originou em uma subestação de transformadores em Bauru (SP), causado por uma sobretensão elétrica supostamente devida a um raio que atingiu a linha de transmissão a muitos quilômetros de distância e se propagou até a subestação -que deveria estar protegida. Como não estava, o sistema falhou.
O que ocorreu nesta semana foi a interrupção de três linhas que trazem a energia de Itaipu ao Sudeste, acarretando o desligamento de todas as turbinas da usina e causando o desligamento de várias outras linhas em cascata. Daí a propagação do blecaute ter atingido tantas cidades. O efeito é como uma série de pedras de dominó que caem uma por cima da outra.
O desligamento das linhas em sobretensão é correto, pois as protege e evita danos a equipamentos e perdas de transformadores por sobrecarga. Portanto, o desligamento automático das linhas de transmissão é inevitável em certos casos críticos como o de agora. Os efeitos seriam muito piores se o desligamento não ocorresse.
No entanto, algumas questões ainda precisam ser respondias. A primeira delas é o que causou a sobrecarga. Uma hipótese aventada é que raios tenham causado tudo isso. Três linhas sofreram colapso, embora todas sejam protegidas por para-raios, que são fios paralelos ao longo das linhas.
Talvez uma delas tenha sido atingida, a sobretensão tenha se propagado indevidamente para dentro da subestação em que as outras também tenham sido afetadas. É uma hipótese.
Como evitar a repetição de blecautes? Não há sistema tecnológico com 0% de falhas. O que pode ser feito é minimizá-las, tanto na frequência de ocorrências desse tipo como na gravidade delas.
Eliminar o uso da transmissão de longa distância seria uma bobagem, pois o Brasil é uma Arábia Saudita hidrelétrica. Integrando em um longo tempo a energia que se pode obter do potencial hidrelétrico brasileiro, o resultado é maior que a energia do petróleo do pré-sal. O sistema interligado é inteligente, pois otimiza o uso da geração hidrelétrica, complementada por outras fontes.
Uma proposta que tem sido recentemente estudada em todo o mundo é o de redes elétricas inteligentes, ou seja, fazer uma gestão melhor das redes para diminuir incertezas, evitar problemas de pico de tensão e falhas, com um sistema de controle ponto a ponto ao longo das redes.
Nos Estados Unidos, Nova York sofreu um blecaute em 2003 que, sob certos aspectos, foi mais grave.
Há poucos meses, o professor Pravin Varaiya, da Universidade da Califórnia, em Berkeley, esteve no Programa de Planejamento Energético da Coppe para participar de um seminário sobre essas redes inteligentes de energia elétrica. Mas os estudos ainda precisam avançar, inclusive para prevenir vulnerabilidades como o acesso indevido à rede por hackers.
O que se mostrou vulnerável aqui no nosso caso foi a enorme extensão da área atingida e a grande população que sofreu as consequências, pois não se conseguiu ilhar a propagação do efeito para circunscrever suas consequências a uma região menor. É necessário apurar os fatos para corrigir as falhas e aperfeiçoar o sistema.
LUIZ PINGUELLI ROSA , 67, físico, é diretor da Coppe-UFRJ (Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro) e secretário do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas. Foi presidente da Eletrobrás (2003-04).

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Alô, Cesar Maia, cuidado com as linhas cruzadas das pesquisas telefônicas

As pesquisas de opinião por telefone são ótimas. Depende de onde são feitas. Nos Estados Unidos, por exemplo, onde há muito tempo a malha de telefones é ampla e de boa qualidade, elas tendem a ser muito boas. Nas eleições do Clube Flamengo, que estão ocorrendo agora no Rio, com um colégio eleitoral de sete mil sócios, elas são indispensáveis e podem apresentar grande precisão. O candidato rubro-negro (parece que são sete, este ano) que dispõe do cadastro atualizado (às vezes é difícil...) dos sócios pode acompanhar facilmente as intenções de voto através do telefone (inclusive celular). Mas vejamos um município como Japeri, da Região Metropolitana do Rio, com 62.000 eleitores. Ali, as residências com telefone fixo não devem chegar a 25%. As camadas populares, hoje, estão mais ligadas ao telefone celular do que ao fixo. Portanto, mesmo considerando apenas uma sondagem, ou seja, uma pesquisa que se exige menos precisão e busca-se apenas um “cheiro revelador”, os resultados tendem a ser muito vagos, com alta distorção. Cesar Maia sabe disso muito bem. Tanto que abre seu Ex-Blog de hoje dizendo que “uma pesquisa de opinião pública deve conter todos os elementos que garantam uma amostragem representativa. Por isso, as pesquisas telefônicas no Brasil – mesmo com todos os recortes de gênero, idade, instrução, renda e região de moradia – não têm a mesma precisão das cara a cara, pois chegam apenas aos telefones fixos, quando a grande maioria das pessoas de menor renda usa celulares”. Mas logo em seguida, depois de explicar o que são as sondagens, Cesar Maia diz que as que estão sendo feitas “mostram um cenário futuro extremamente competitivo nas eleições para governador do Estado do Rio”. E vai mais longe: “Com essa tabela de qualificações, a eleição para governador embola, com todos os 4 candidatos muito próximos, com um pouco mais de 20%. E na série de cinco sondagens desde setembro, as posições se alternam, mas sempre na margem de erro (se fosse uma pesquisa de opinião)”. Em quem será que ele pretende passar trote? Ele sabe que, além da fragilidade dessas "pesquisas", o cenário dos 4 candidatos que apresenta (Sérgio Cabral PMDB, Garotinho PR, Gabeira PV e Lindberg PT) é produto de linha cruzada, já que, desses, apenas Sérgio Cabral e Garotinho são candidatos. E sabe também que se fosse se basear em uma sondagem telefônica com esses dois nomes, na Zona Sul do Rio (com predomínio das classes A, B+), onde as pesquisas telefônicas têm mais precisão, Garotinho veria sua candidatura por um fio. Veja o texto completo:
ELEIÇÃO PARA GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO PODE EMBOLAR!
                       
1. Uma pesquisa de opinião pública deve conter todos os elementos que garantam uma amostragem representativa. Por isso, as pesquisas telefônicas no Brasil - mesmo com todos os recortes de gênero, idade, instrução, renda e região de moradia - não têm a mesma precisão das cara a cara, pois chegam apenas aos telefones fixos, quando a grande maioria das pessoas de menor renda usa celulares. Isso não as inviabiliza, mas exige que se incorpore uma margem de erro maior ou uma correção na margem entre os mais pobres.
                      
2. Quando se quer realizar uma sondagem, sondagem repita-se, usa-se a pesquisa telefônica, recortando apenas por região, e pulverizando ao máximo. Esse tipo de sondagem, quando ocorre em série, vai dando uma noção efetiva de tendência. E quando é feita por quem tem uma longa experiência de pesquisas naquele Estado, é ajustável para se deduzir qual seria o resultado aproximado no caso de uma Pesquisa de Opinião.
                     
3. Institutos que realizam sondagens -telefônica-espacial- não as divulgam  para que não sejam confundidas com Pesquisas de Opinião. Mas elas são balizadoras, orientadoras.  Sondagens desse tipo, em série, mostram um cenário futuro extremamente competitivo nas eleições para governador do Estado do Rio. Procura-se antecipar para hoje os cenários que o eleitor enfrentará em julho de 2010, e assim, perguntar em quem votaria.
                   
4. Uma série dessas sondagens adjetiva o nome de Sérgio Cabral como governador atual, apoia Dilma e é por ela apoiado, fez as UPAs (postos de saúde 24 horas), realiza uma política de segurança pública de confronto... Garotinho é adjetivado como ex-governador e ex-secretário de segurança da Rosinha, fez cheque cidadão, asfaltou estradas, fez a farmácia popular de idosos. Gabeira é apresentado como político que defende o meio ambiente e a liberdade das pessoas para decidir sobre seus valores e costumes, afirma sempre a ética e apoia a senadora Marina Silva e é por ela apoiado. Lindberg é apresentado como prefeito de Nova Iguaçu, reeleito, pertence ao PT do presidente Lula, e é próximo ao presidente há vários anos.
                   
5. Com essa tabela de qualificações, a eleição para governador embola, com todos os 4 candidatos muito próximos, com um pouco mais de 20%. E na série de cinco sondagens desde setembro, as posições se alternam, mas sempre na margem de erro (se fosse uma pesquisa de opinião).
                   
6. Essas sondagens são feitas em no máximo três dias, de preferência num só, com 4 mil telefonemas curtos, com a pergunta e as qualificações e se troca de ordem os nomes a cada telefonema. Usa-se 50 jovens telefonando durante o dia e a noite, apresentando o curso superior que cursam: Fulano, aluno de jornalismo da Faculdade tal...; sicrano, aluno de direito da faculdade qual..., etc.
                   
7. Num quadro como esse nenhum dos 4 pode dizer que estará no segundo turno e todos eles poderão estar no segundo turno.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

LatinPanel: um Brasil como nunca se viu

O estudo feito pela LatinPanel e divulgado pelo Estadão (reportagem de Márcia Chiara) deixa bem clara a diferença entre o Governo Lula e os governos anteriores: “Pobres já gastam 5% mais que ricos”. Alguém conseguiria imaginar essa manchete no Governo Fernando Henrique, por exemplo? A opção pelos mais pobres e por uma política mais nacionalista é a marca registrada do Governo Lula, e quero ver alguém ter marca que supere essa nos próximos anos. O estudo da LatinPanel mostra avanço do consumo das classes D e E do Norte e Nordeste em relação às classes A e B do Sudeste. “Nos últimos 12 meses até setembro deste ano, as classes D e E das regiões Norte e Nordeste do País gastaram R$ 8,8 bilhões com uma cesta de alimentos, produtos de higiene pessoal e limpeza. Essa cifra é 5% maior que a desembolsada pelas camadas A e B (R$ 8,4 bilhões) que vivem no Sudeste do País no mesmo período com esses itens”, revela o estudo. “Inflação em baixa, que dá mais poder de compra ao consumidor, ganhos de renda dos trabalhadores que recebem salário mínimo e o fato de a crise não ter afetado as camadas de menor renda explicam o avanço do consumo dos bens não duráveis pelos mais pobres”, segundo Christine Pereira, diretora da empresa e responsável pela pesquisa. Os dados da pesquisa foram obtidos a partir de visitas semanais a 8,2 mil domicílios para auditar o consumo de 65 categorias de produtos. Diz a reportagem que, para o economista chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges, “boa parte do avanço do consumo dos mais pobres se deve ao aumento real do salário mínimo de 5,7% concedido neste ano – e o salário mínimo pesa muito nas regiões Norte e Nordeste”. Se a coisa continuar assim, para desespero de gregos e tucanos, teremos que alterar a famosa frase de Maria Antonieta para: “Se não têm brioches, que comam pão”. Leia mais clicando aqui.

domingo, 8 de novembro de 2009

Elio Gaspari compara as soluções anticrise de Lula e Fernando Henrique

Interessante essa comparação feita hoje por Elio Gaspari, na Folha e no Globo:
Duas crises financeiras, dois resultados
Um malvado devorador de números fez um exercício e comparou as iniciativas tomadas pelo tucanato durante a crise financeira internacional de 1997/1999 com as medidas postas em prática pelo atual governo desde o ano passado. Fechando o foco nas mudanças tributárias, resulta que os tucanos avançaram no bolso da patuléia, enquanto Nosso Guia botou dinheiro na mão da choldra.
Entre maio de 1997 e dezembro de 1998, o governo remarcou, para cima, as alíquotas de sete impostos, além de passar a cobrar um novo tributo.
A alíquota do Imposto de Renda do andar de cima passou de 25% para 27,5%. O IOF de créditos pessoais dobrou e aumentaram-se as dentadas nas aplicações. O IPI das bebidas ficou 10% mais caro e a alíquota do Cofins passou de 2% para 3%. Tudo isso e mais a entrada em vigor da CPMF, que arrecadou R$ 7 bilhões em 1997.
A voracidade arrecadatória elevou a carga tributária de 28,6% para 31,1% do PIB. O produto interno fechou 1998 com um crescimento de 0,03% e a taxa de desemprego pulou de 10% para 13%. Em 1999, o salário mínimo encolheu 3,5% em termos reais.
A crise financeira mundial de 2008/2009 foi mais severa que as dos anos 90. Em vez de aumentar impostos, o governo desonerou setores industriais, baixou o IPI dos carros, geladeiras e fogões, deixando de arrecadar cerca de R$ 6 bilhões nos primeiros três meses do tratamento. Uma mudança na tabela do Imposto de Renda das pessoas físicas, resolvida antes da crise, deixou cerca de R$ 5,5 bilhões na mão da choldra.
A carga tributária caiu de 35,8% do PIB para 34,5%. Em 2009, o salário mínimo teve um ganho real de 6,4%.
O desemprego deu um rugido mas voltou aos níveis anteriores à crise.
Ao que tudo indica, a crise de 2008 sairá pelo mesmo preço que a de 1997/98: um ano de crescimento perdido.
As duas situações foram diferentes, mas o fantasma do populismo cambial praticado pela ekipekonômica de 1994 a 1998 acompanhará o tucanato até o fim de seus dias. O dólar-fantasia teve uma utilidade, ajudou a reeleger Fernando Henrique Cardoso. Ele derrotou Lula em outubro e o real foi desvalorizado em janeiro.

Cinema sem cor e sem movimento

Morreu Anselmo Duarte. Triste para o cinema. De alegre, apenas a lembrança de sua famosíssima entrevista para o Pasquim, quando declarou, se não me engano, que "dava 12 por dia".

sábado, 7 de novembro de 2009

Caetano, o gênio ignorante

Caetano sempre foi surpreendente, muitas vezes contra tudo e contra todos. Quando ainda era apenas “irmão da Maria Betânia”, xingou aos berros toda a platéia do cinema Paissandu, no Rio, que vaiava um documentário (chatésimo) sobre a irmã. Foi surpreendente também no auditório do TUCA, em São Paulo, quando enfrentou (com discurso brilhante) a platéia que vaiava o seu “É Proibido Proibir”. Brilhante em toda a sua música, instigante, às vezes hermético, mas sempre trazendo algo novo e muitas vezes com ousadia (como a ousadia do seu sousândrico “Gilberto Misterioso”). Meticuloso, como em “Gema”, associando “brilhante” com “lua-sol” (em chinês, o ideograma “brilhante” é composto pelos ideogramas “lua” e “sol”), ou em “O Quereres” (“Onde queres o livre, decassílabo”). Na sua entrevista do dia 5 no Estadão, Caetano faz charme simpático dizendo "eu sou daquelas moças... não estudei direito", mas demonstra (como sempre) muita leitura, acompanhamento do que acontece no mundo. Disse coisas até interessantes, apesar de algumas vezes simplórias. Aliás, quando começa a discursar no campo político, ideológico ou filosófico, surpreendentemente não surpreende. Parece mais um Maria vai com as outras, tamanha a sua ignorância. O que ele declarou sobre Lula, por exemplo, foi analfabeto, cafona e grosseiro. A análise que fez dos principais nomes políticos demonstra um despreparo completo, tipo da pessoa que se deixa levar pela mídia dominante e depois solta suas diatribes. Ele tem todo o direito de dizer o que bem entende, criticar quem quiser criticar. Mas lamento que faça declarações tão bobas e fora de propósito. Um país que produziu o gênio Caetano Veloso não merece conviver com suas caetanices políticas.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

PSDB acredita que vai crescer no Nordeste. Você acredita em carochinha?


O Nordeste continua sendo uma peixeira atravessada na garganta dos tucanos. Já fizeram tudo quanto é “marketing” para conquistar o voto nordestino, e até agora nada. Fernando Henrique já comeu buchada de bode, subiu em jegue, colocou chapéu de couro e ainda não pegou o espírito da coisa. Desolado com o fraco desempenho de seus candidatos, o PSDB decidiu “treinar cabos eleitorais no Nordeste”. Vão gastar 450 mil reais em um curso para formar “multiplicadores de votos” na região. No curso, por exemplo, vão ensinar a biografia de Serra e Aécio – e se ensinarem a de Fernando Henrique, aí, sim, é que vai ser um estrondo! Diz a reportagem da Folha que, “sob a coordenação de um cientista político e um consultor de marketing, os futuros cabos eleitorais serão submetidos até a treinamento de técnica de abordagem e persuasão” e receberão “um passo a passo para aproximação com eleitor, a exemplo do praticado entre empresa e clientes”. Agora pergunto: alguém acredita no poder de persuasão do bico tucano recheado de paulistês? Difícil, é ou não é? Para que esse curso consiga sucesso de verdade, dou minha sugestão de abordagem: “Bom dia, Nobre Eleitor. Vai querer Lula aí?”

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Cesar Maia não tira a Benedita da cabeça

Ontem, quando li o Ex-Blog de Cesar Maia cobrando a presença de Benedita na questão do combate ao “crack”, liguei pra ela. Primeiro quis saber se ela estava se recuperando bem da cirurgia no joelho e passei logo para a pergunta: “O que você achou da notinha do Cesar Maia?” Ela não tinha lido, claro. Li a nota e perguntei o que achava. Ela mudou de assunto, mas tenho certeza que falaria algo como “ou ele está desinformado ou está apenas fazendo política”. A Secretaria conduzida por Benedita esteve bastante presente nos últimos dias esclarecendo e apresentando o que tem sido feito sobre a assistência a dependentes de crack. Portanto, quero ir mais longe: certamente Cesar Maia também dispõe de novas pesquisas que apontam Benedita muito bem avaliada para o Senado. Por isso ele procura fixar uma imagem negativa nela para uso futuro, na batalha eleitoral. Benedita faz bem em não responder. Como sempre digo, quem está na frente não olha pra trás.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

NY: Bloomberg ganhou, mas saiu perdendo

Ontem, aqui neste Blog, quando as pesquisas davam 15 pontos de vantagem para Michael Bloomberg (Independentes, Republicanos) na disputa para Prefeito de Nova York, eu dizia que William Thompsom (Democratas, Famílias Trabalhadoras) tinha chances. Bloomberg venceu, realmente – mas por apenas 4 pontos de vantagem, 50% a 46%. Ele venceu por sua experiência para enfrentar a crise (a cidade tem 5 bilhões de dólares de déficit, e a questão econômica foi decisiva), pela maioria (56%) do eleitorado feminino (Thompson venceu entre os homens, 49% a 48%), pela maioria (46%) do eleitorado branco (67% a 29%), pelo apoio da maioria (36%) católica e de judeus (18%), contra o apoio do eleitorado (24%) de protestantes, que deu vitória a Thompson de 59% a 39%. O Democrata foi o candidato dos homens, dos negros e hispânicos, dos eleitores na faixa de 30-44 anos, dos que ganham abaixo de 50.000 dólares por ano, dos que têm baixa escolaridade, dos desempregados (a cidade está com taxa de 16% de desemprego), dos que moram no Bronx e no Brooklyn (42% do eleitorado) contra os que moram em Manhattan, Queens e Staten Island (os outros 58%). Mas Bloomberg perdeu votos (100 mil a menos do que na última eleição) por causa da arrogância do excesso de dinheiro em campanha e por causa da revolta dos menos favorecidos economicamente. Os Democratas estão comemorando. Veja aqui o perfil do eleitorado.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Tristes tropiques...

Morreu Lévi-Strauss...

Terceiro Mandato: a Mídia de Bananas tem tudo para exigir golpe em Nova York


Em Honduras é proibido. Na Venezuela é deplorável. No Brasil, nem pensar. Mas nos Estados Unidos, onde não é permitido a qualquer pessoa exercer 3 vezes o cargo de Presidente, um Prefeito pode tentar  um terceiro mandato, alterando as leis junto com a Câmara dos Vereadores. Foi o que fez o Prefeito Michael Bloomberg de Nova York. Como ele é arqui-milionário, não usa chapéu texano e é bam-bam-bam dos meios de comunicação, ninguém ousa levantar a voz contra. O fato é que, depois da manobra, Bloomberg está gastando cerca de 100 milhões de dólares (sua fortuna é de cerca de 17 bilhões...) para tentar exercer o terceiro mandato. Lidera as pesquisas, disputando com o Democrata William Thompson (que está bem atrás, mas tem chances) e mais 7 candidatos. Aguardo ansiosamente nossa Mídia exigir intervenção de Michelleti na Big Apple...

domingo, 1 de novembro de 2009

Fernando Henrique parte para baixaria e preconceito

Pretendia comentar o artigo de hoje de Fernando Henrique no Globo ("Para onde vamos?"). Tinha visto o texto e separado. Depois vi o que ilustrava o artigo e fiquei surpreso. A imagem da mão com um dedo a menos, representando Lula, me pareceu apelativa, preconceituosa, pura baixaria. Alguém, por favor, diga que estou enganado, que é bobagem minha, que eu é que estou sendo preconceituoso. Desespero, a gente entende; baixaria, não.