quinta-feira, 26 de novembro de 2009

No PT, a soma de 2+2 é 13

O PT, definitivamente, é um partido diferente. E só quem vive o dia-a-dia partidário é que pode ter alguma noção do que isso significa. Analistas e jornalistas tentam desvendar seus mistérios envoltos em tendências, subtendências e subsubtendências, sem sucesso. Os resultados do PED (Processo de Eleição Direta do PT), por exemplo, estão baratinando todas as análises. 2+2 nunca são 4. Algumas conclusões são definitivas, claro. A vitória de José Eduardo Dutra para Presidente Nacional logo no primeiro turno favorece a candidatura Dilma 2010, já que a CNB (tendência majoritária, da qual Dutra faz parte) é a mais ardente defensora da aliança com o PMDB como objetivo estratégico. As táticas não podem perder isso de vista – e é aí que começam os problemas, e também as dificuldades para análise. No PED de Minas, disputaram Reginaldo Lopes (que representa o pré-candidato ao governo Fernando Pimentel) e Gleber Naime (que representa o pré-candidato ao governo Patrus Ananias). Quem venceu? No primeiro turno, Reginaldo teve +/- 47% dos votos e Gleber +/- 39%, o que poderia significar vitória fácil de Reginaldo no segundo turno. Será? Há quem contabilize os 14% das outras chapas direcionados quase totalmente para Gleber. Tudo vai depender das intensas negociações internas que estão sendo realizadas. No Rio de Janeiro, a complicação é menor, embora seja uma situação bem enganadora. Foram cinco candidatos a Presidente: Luiz Sérgio 40%, Lourival Casula 25%, Birmark 23%, Valdek 9%, Taffarel 3%. Luiz Sérgio (CNB) foi o único que ficou com a marca de defesa da aliança com o PMDB no estado, enquanto os outros ou não tomaram partido ou apoiaram a candidatura própria (Lindberg) para governador. Como Luiz Sérgio, mesmo tendo ficado em primeiro lugar, não obteve a maioria absoluta dos votos, vendeu-se a ideia de que Lindberg saiu vitorioso. Ledo engano. Cada um desses candidatos era apoiado por diversas chapas (14 ao todo, representando subtendências, digamos assim) com posições muitas vezes conflitantes em diversos aspectos. Acontece que essas chapas precisavam conquistar fatias da Direção e precisavam se diferenciar junto a seu eleitorado. Muitas delas, que até têm posição a favor da aliança com o PMDB, votaram contra Luiz Sérgio ou lançaram candidato. Mas agora, para o segundo turno, a questão da aliança já está praticamente superada. Primeiro, porque a decisão será do encontro nacional, em fevereiro. Segundo, porque as direções (que são quem decide a questão) já estão formadas – e parece que no caso do Rio a formação é ligeiramente favorável à aliança com o PMDB. Sabiamente, Luiz Sérgio tratou de esclarecer que a aliança local não está na pauta da disputa do segundo turno e procura negociar apoio com o argumento Dilma. Negociações intensas, acirradas, 24 horas por dia, muitas vezes agressivas – mas com a certeza de que haverá sempre uma estrela no resultado final. Particularmente, aposto na vitória de Luiz Sérgio no segundo turno e na composição de uma Direção favorável à aliança no estado. Mas eu também não vivo o dia-a-dia do PT e, quem sabe, minhas contas acabem virando um zero à esquerda. A meu favor apenas a percepção de que no PED 2+2 são realmente 13.