Caetano sempre foi surpreendente, muitas vezes contra tudo e contra todos. Quando ainda era apenas “irmão da Maria Betânia”, xingou aos berros toda a platéia do cinema Paissandu, no Rio, que vaiava um documentário (chatésimo) sobre a irmã. Foi surpreendente também no auditório do TUCA, em São Paulo, quando enfrentou (com discurso brilhante) a platéia que vaiava o seu “É Proibido Proibir”. Brilhante em toda a sua música, instigante, às vezes hermético, mas sempre trazendo algo novo e muitas vezes com ousadia (como a ousadia do seu sousândrico “Gilberto Misterioso”). Meticuloso, como em “Gema”, associando “brilhante” com “lua-sol” (em chinês, o ideograma “brilhante” é composto pelos ideogramas “lua” e “sol”), ou em “O Quereres” (“Onde queres o livre, decassílabo”). Na sua entrevista do dia 5 no Estadão, Caetano faz charme simpático dizendo "eu sou daquelas moças... não estudei direito", mas demonstra (como sempre) muita leitura, acompanhamento do que acontece no mundo. Disse coisas até interessantes, apesar de algumas vezes simplórias. Aliás, quando começa a discursar no campo político, ideológico ou filosófico, surpreendentemente não surpreende. Parece mais um Maria vai com as outras, tamanha a sua ignorância. O que ele declarou sobre Lula, por exemplo, foi analfabeto, cafona e grosseiro. A análise que fez dos principais nomes políticos demonstra um despreparo completo, tipo da pessoa que se deixa levar pela mídia dominante e depois solta suas diatribes. Ele tem todo o direito de dizer o que bem entende, criticar quem quiser criticar. Mas lamento que faça declarações tão bobas e fora de propósito. Um país que produziu o gênio Caetano Veloso não merece conviver com suas caetanices políticas.
sábado, 7 de novembro de 2009
Caetano, o gênio ignorante
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Tuca - teatro da PUC de São Paulo