terça-feira, 24 de novembro de 2009

Transferir ou não transferir os votos – eis a questão



A última pesquisa CNT-SENSUS, além dos índices de aprovação do Governo Lula e os diversos cenários de intenção de voto, traz comparações entre Lula e Fernando Henrique que são bem interessantes. No confronto direto, de quem foi melhor, é brincadeira: 76% para Lula, 10% para Fernando Henrique (com índices negativos assim, o melhor seria pegar a toga e voltar para Paris). Mas o índice mais complexo (e mais contundente) é o da transferência de votos. Ninguém gosta, a priori, de declarar que seu voto é influenciado por outros. Nos grupos de discussão (de pesquisas qualitativas), é comum ver as pessoas baterem no peito dizendo que ninguém ensina em quem votar, e, mais adiante, acabarem confessando que escolheram o candidato por indicação da mãe, da tia, da vizinha, do amigo, etc. Declarar, portanto, que votaria em um candidato apoiado por outra pessoa é difícil – o que torna ainda mais surpreendente o índice de transferência que Lula apresenta: 51,7%, soma de “Único que votaria” (20,1%) com “Poderia votar” (30,6%). Fernando Henrique só consegue 17,2% (3% + 14,2%). Pior: 49,3% não votariam em candidato apoiado por Fernando Henrique (contra apenas 16% de Lula). Na sua coluna de hoje (“Recados Eleitorais”), Merval Pereira passa por cima desses índices de transferência de votos e ainda faz de conta que o poder de transferência de Lula não passa de 20% (Dilma “atingiu o patamar de 20% que, não por coincidência, é o mesmo índice dos que dizem que votariam no candidato indicado por Lula”). Na verdade, esse é apenas o sonho de todo bom tucano...