quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Bush piscou para a paz

Depois de muitos anos de intransigência, o Governo Bush deu um passo em direção a um "diálogo de alto nível com o Irã e a Síria", informa a Reuters. Parece que os sucessivos insucessos na opção pelo confronto e a pressão da maioria Democrata no Congresso e dos aliados sauditas abriram os teimosos olhos bushianos. A estratégia da diplomacia ganhou força, tendo como exemplo o sucesso nas conversas com a Coréia do Norte sobre as usinas nucleares. O Governo Bush percebeu também que não havia como estabelecer a paz no Iraque, na Palestina e em Israel sem a participação dos países vizinhos. "Em um movimento surpreendente, a Secretária de Estado Condoleezza Rice aproveitou um depoimento no Senado para anunciar a participação de duas conferências sobre como estabilizar o Iraque. A primeira conferência, no próximo dia 10, em Bagdá, será de trabalho. E a segunda, envolvendo ministros, deverá ser no começo de abril, provavelmente em Istambul". A Síria já confirmou a participação e o Irã está analisando o convite. Tomara que esse namoro vá longe.

Nelson Jobim na frente?

Há até pouco tempo talvez houvesse dúvidas na própria equipe de Nelson Jobim sobre a disputa com Michel Temer pela presidência do PMDB. Mas agora estão todos certos da vitória. Deve ser o efeito Governadores / Planalto. Pessoalmente, continuo achando difícil. Veremos.

Os negros americanos estão trocando a branca pelo negro

A última pesquisa Washington Post-ABC News revela que a senadora Hillary Clinton continua bem à frente de Barack Obama na disputa pela indicação Democrata para a eleição presidencial de 2008 nos Estados Unidos. Mas a diferença está caindo, graças principalmente à mudança do voto afro-americano. Há um mês atrás, Hillary (que é branca) tinha a preferência de 60% dos eleitores negros contra apenas 20% de Obama (que é negro). Na última pesquisa (realizada por telefone, do dia 22 ao dia 25 de fevereiro, com 1082 eleitores, margem de erro de 3 pontos; mostra especial de 157 negros, margem de erro de 8 pontos), a vantagem passou para 44% a 33% - a favor de Obama...(correção). Entre os Republicanos, aumentou a diferença entre Giuliani e McCain. Giuliani tem uma vantagem de 2 para 1, graças à conquista dos protestantes brancos.

A segurança americana é um perigo

Até agora a inteligência (!) americana não sabe como um homem-bomba do talibã conseguiu explodir a maior base m ilitar na região, quase conseguindo também explodir o Vice-Presidente Dick Cheney. Não dá pra confiar...

Bolsa: a crise chinesa na verdade foi americana

Ontem o dia foi vertiginoso para o mundo das bolsas de valores. E o detonador foi a China, que iniciou tudo com uma queda de quase 9% na Bolsa de Xangai. Como constatou o Diário do Povo, "foram as maiores perdas dos últimos 10 anos". Aparentemente a causa foi o boato de que o Governo Chinês passaria a intervir no mercado buscando maior transparência e os investidores ficaram receosos de perderem os imensos ganhos que têm lá. Mas o que deu pânico de verdade foram as ameaças concretas vindas dos Estados Unidos. Primeiro, o discurso de Alan Greenspan, ex-todo poderoso do "banco central", feito na segunda-feira, quando teria dito que o crescimento americano estava perto do fim (, segundo o site da BBC, o Wall Street Journal nega; ele teria dito que "é possível, mas não provável") . Depois veio a notícia que de que as encomendas feitas pelos Estados Unidos em janeiro tinham sido "surpreendentemente fracas", causando grandes perdas nas ações dos exportadores asiáticos. O resultado foi aquilo que todo mundo viu (e há muito tempo não via), com perdas incalculáveis para o mundo financeiro. Hoje, quarta, a Bolsa de Xangai fechou em alta de 3,94%. Mas as asiáticas continuam em queda, aguardando a reação da Bolsa de Nova York. Segundo a BBC, Hong Kong caiu 2,46%, Tóquio caiu 2,85%, Filipinas 7,0%, Malásia 3,3%, Coréia do Sul, 2,5%. O mais provável, com o previu o Ministro Guido Mantega, é que tudo volte ao normal. Leia também The New York Times.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Divisão dos lucros do petróleo ajuda a paz no Iraque

Os iraquianos chegaram a um acordo dificílimo: determinaram um novo critério para distribuição dos benefícios do petróleo que pode agradar a todos os envolvidos na guerra entre os grupos locais. A questão toda estava em como satisfazer os sunitas, já que as regiões que eles dominam têm, no momento, produção menor de petróleo. Havia a pretensão de dividir os ganhos do petróleo mais ou menos como é aqui no Brasil, priviegiando as regiões produtoras. Isso favoreceria os xiitas e curdos, e essa era uma das principais razões das disputas. O Governo Iraquiano decidiu adotar o critério de dividir os benefícios por todo o país em função da população de cada região. Além disso, descobriu maior potencial de produção nas regiões sunitas, o que vai significar maior investimento estrangeiro para os seus domínios. Sem dúvida, um passo importante para a pacificação. Os problemas que surgem agora são de outra ordem. Primeiro, os investidores estrangeiros querem maior segurança para os possíveis contratos. Segundo, e mais difícil, é o censo: não há acordo final sobre a real população de cada grupo. Diz-se que são 20% de sunitas, 20% de curdos e 60% de xiitas - mas os sunitas dizem que eles, sim, é que são a maioria. Mais algumas mortes podem surgir por causa disso... Leia mais na reportagem de Edward Wong para o New York Times.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

A reforma ministerial já está feita

A reforma ministerial, desde o princípio, teve apenas dois pontos a considerar seriamente: 2010 e Michel Temer. O problema de 2010 é que existem dois ministeriáveis que também são pré-candidatos a Presidente da República, Marta e Ciro. Lula precisava que Ciro aceitasse ser Ministro, para poder também nomear Marta. Ciro não é bobo e sabe que, por enquanto, ele tem mais cacife fora do ministério do que sendo Ministro. Terá tudo que precisa do governo e poderá mostrar-se ao mesmo tempo independente para virar oposição diante de qualquer ameaça, vinda de São Paulo ou do próprio Presidente. Conta a seu favor grande número de eleitores no up-Nordeste (perdendo em favoritismo apenas para o próprio Lula), além de boa aceitação no Sul-Sudeste. Lula dificilmente escolherá Marta para Ministra, sem o Ciro para equilibrar (a questão não é tanto a "pressão" petista ou o fato de ela se transformar em uma "sombra" para seu governo; o Governo não quer, com a sua presença no ministério, fortalecer oposições). Como Ciro já disse que não aceita a proposta, a questão é saber qual a melhor posição para Marta. Quanto a Michel Temer, ele está no Governo - vencendo ou perdendo (pouco provável) para Nelson Jobim. Ele detém votos importantes na Câmara e nas convenções estaduais do PMDB (no Rio, por exemplo, onde Temer pode favorecer Sérgio Cabral ou Garotinho). Com relação aos outros cargos nos ministérios, tudo continua como está ou como a mídia disse que está.

domingo, 25 de fevereiro de 2007

Grã-Bretanha: um dos principais centros de tráfico de crianças do mundo

O jornal inglês The Independent de ontem estampou em sua 1ª página: "5.000 crianças são escravas do sexo no Reino Unido". Essa é a principal revelação de um estudo global sobre o tema que está sendo divulgado hoje pela Joseph Rowntree Foundation. O relatório mostra um quadro arrasador de exploração, via internet, de crianças de até mesmo 5 anos de idade e de mulheres "vulneráveis" que são vendidas no mercado do sexo ou forçadas a trabalhar como domésticas. Calcula-se que o mercado de tráfico humano movimente mais de 20 bilhões de reais por ano (mais ou menos o que o Estado do Rio de Janeiro deve arrecadar este ano!), e já é considerado a segunda maior indústria do crime, perdendo apenas para as drogas. Autoridades e organizações de caridade britânicas estão impressionadas com crescimento do "negócio". Descobriram que as gangs, principalmente da Romênia, Lituânia e África, estão visando a Grã-Bretanha, porque os outros mercados europeus, como Espanha e Itália, estão saturados. Informações como essa são importantíssimas para forçar as autoridades a desenvolverem políticas sociais de valorização das crianças e adolescentes. (Em vez de transformá-los simplesmente em criminosos, como a mídia parece sonhar, é preciso dar mais educação e garantir programas de recuperação dos infratores.)

sábado, 24 de fevereiro de 2007

Iraque: quantos civis morreram?

Recebi um pedido de Mauricio Ferracciu Pagotto para divulgar o número de iraquianos mortos em conseqüência da invasão do Iraque. Existe um site, Iraq Body Count, que dá aproximadamente o número de civis mortos. Supõe-se que quase todos sejam iraquianos. A contagem, até a última quarta-feira, dia 21 de fevereiro, estava em um mínimo de 56.880 e um máximo de 62.613 civis mortos. A propósito: qualquer um pode adicionar um contador dos corpos no seu site.

País sério?

Encontrei o Piero Mancini, italiano que virou brasileiro, mas que ainda tem todo o jeito de italiano, e perguntei o que ele tinha achado da queda do primeiro-ministro Prodi, na Itália. Ele respondeu rindo: "Apenas dois votos comunistas derrubaram o governo! Aquele, sim, não é uma país sério..."

Conferência de Oslo: mais uma tentativa de evitar desperdício de vidas

A Conferência de Oslo encerrada ontem aprovou uma declaração condenando as bombas de fragmentação (ou sub-munição) - armas perigosíssimas, que acabam causando muitas vítimas na população civil. Dos 49 participantes, 3 não assinaram o diocumento - Japão, Polônia e Romênia. A Conferência não contou com a participação dos Estados Unidos e Israel (segundo Le Monde) nem de Rússia e China (segundo o site Último Segundo/Agência Estado). Os quatro países são fabricanyes desse tipo de bomba... O porta-voz do Departamento de Estado americano, Sean McCormack, chegou a declarar que "estimamos que essas armas têm seu lugar garantido, desde que utilizadas com tecnologia e regras adequadas". Le Monde: Uma bomba de fragmentação representa um nível inaceitável de perigo e sofrimento para civis. Uma única bomba pode conter 650 bombas menores que se espalham por grande área. Teoricamente, elas devem explodir na hora do impacto, mas isso não acontece sempre, podendo explodir casualmente anos depois. Segundo relatório da Handicap International, 98% das vítimas dessas bombas são civis e o número já deve chegar a dezenas de milhares de vítimas. (Acessar também "Bombas inteligentes e mortais".)

Iraque: xii, prenderam o xiita errado...

Amar Abdul Aziz al-Hakim / NYT O Governo Bush ficará conhecido (também) como um dos mais trapalhões da história americana. A própria figura do presidente deixa mal-estar, aparenta uma esperteza inicial para, logo depois, fazer-nos sentir diante de um parvo. As imagens que o mundo assistiu logo após o atentado do 11 de Setembro são a maior demonstração disso, mas podemos ter constatações quase diárias - basta acompanhar o quadro de discursos presidenciais inesquecíveis apresentado no Late Show de Dave Letterman. As trapalhadas de Bush transbordam para todo o seu governo. Tem trapalhada maior do que as fraudes de sua própria eleição? Tem, sim. A invasão do Iraque é imbatível. Desde as falsas armas químicas até os desmandos de seus soldados, tudo tem sido um monte de trapalhadas. Trapalhadas que fazem mal ao mundo inteiro, causam as mortes de milhares de inocentes. A última trapalhada foi a prisão e humilhação de Amar Abdul Aziz al-Hakim, filho do poderoso líder xiita Abdul Aziz al-Hakim, um dos maiores aliados (se é que se pode dizer assim...) de Bush (The New York Times). Os líderes iraquianos aliados de Bush estão indignados e não aceitam desculpas. Não entendem que seja possível uma trapalhada desse tamanho. Depois de 1.439 dias de invasão, 3.154 mortos (até dia 23) e 23.417 feridos (Iraq Coalition Casualties), os homens de Bush ainda não percebem claramente as diferenças entre sunitas, xiitas, curdos, católicos, muçulmanos, etc. Deve ser difíccil, mesmo. Talvez com mais uns 10 anos de invasão eles aprendam o que é uma coisa e o que é outra. Difícil vai ser eles perceberem a diferença entre o que é e o que não é ser humano...

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

Irã: Conselho Permanente de Segurança da ONU não chegará a acordo

Com o anúncio da Agência Internacional de Energia Atômica de que o Irã não suspendeu suas atividades nucleares, o mundo chega a mais um impasse. Estados Unidos, Inglaterra e França pressionarão por sanções mais duras contra o Irã. Mas serão medidas "bem mais duras do que Rúissia e China poderão aceitar", como noticia o jornal Pravda. A reunião dos diplomatas dos 5 países será segunda-feira, em Londres. Enquanto o representante americano Nicholas Burns já anuncia mais pressão contra a "arrogância iraniana", o embaixador russo junto às Nações Unidos, Vitaly Churkin, diz que "não se pode perder de vista que a meta não é tomar resoluções ou impor sanções - a meta é uma solução política".

Apesar da reportagem do Globo, é preciso investir muito mais na recuperação do menor infrator

O Globo de hoje traz reportagem com direito a chamada na primeira página intitulada "Menor infrator custa 28 vezes mais que aluno". Usando dados divulgados em 2006 pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), o jornal mostra que o custo mensal de um menor infrator no Brasil é de 4.400 reais po mês, o equivalente ao que se gasta para manter uma classe de 28 alunos no ensino público fundamental. Em nenhum momento fala que, além de "casa, comida, roupa lavada", médico, dentista, psicólogo e segurança, as unidades de internação têm escolas e oficinas de trabalho. O tom da reportagem soa condenatória a "gastos" tão elevados. Há inclusive uma citação da subsecretária de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente, vinculada à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Carmem Silveira de Oliveira, aproveitando "o alto custo da internação de menores infratores para argumentar que o aumento da punição aos jovens infratores não é garantia para a redução da violência urbana". Há nisso tudo um erro básico de se opor o investimento em educação ao investimento na recuperação do menor infrator. Não há oposição, a equação é outra: quanto menos se investir em educação, mais vai ser necessário investir na recuperação do menor infrator; quanto menos se investir na recuperação do menor infrator, mais vai ser necessário investir em segurañça pública e em presídios. Em vez de defender a redução dos "gastos", as autoridades responsáveis devem procurar investir mais e melhor na recuperação do menor. Com uma estrutura apropriada, certamente obteremos resultados melhores. Um bom exemplo é o de uma jovem de 17 anos (já é mãe...) que, mesmo internada em uma unidade de recuperação do Rio de Janeiro, conseguiu estudar e acaba de ser aprovada no vestibular de Direito. Um simples exemplo como esse vale mais do que mil reportagens sanguinárias como as que tomam conta da mídia diariamente. (Leia também "A morte e a outra morte do menino João (o caso Veja)", postagem sobre esse tema no Blog do Mello .)

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Ségolène e Sarkozy empatam na França

Segundo o instituto CSA, a candidata do PS (Partido Socialista), Ségolène Royal (49%) está tecnicamente empatada com o candidato da UMP (União por um Movimento Popular, direita), Nicolas Sarkozy (51%), em um possível 2º turno na eleição para a presidência francesa, que ocorrerá em abril. A pesquisa, feita no dia 20, por telefone, com 884 eleitores, mostra Ségolène pela primeira vez liderando no 1º turno: 29% contra 28% de Sarkozy. Mostra também o avanço do candidato François Bayrou, da UDF (União pela Democracia Francesa, de centro-direita), que pulou de 13% para 17%. Se Bayrou for para o 2º turno com qualquer um dos dois, terá grandes chances de vitória. Mas no momento a comemoração maior está entre os socialistas.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

Iraque: coalizão de um Bush só

Toni Blair decidiu tirar 1.600 soldados, dos 7.100 que mantém no Iraque. Bush e sua Secretária de Estado, Condoleezza Rice, tentam provar que isso não é nada demais, mas a verdade é que se trata de um duro golpe na política bushiana para o mundo. Nenhum dos seus aliados está tendo apoio da opinião pública para um alinhamento automático aos Estados Unidos. Já morreram 3.405 soldados no Iraque (veja a tabela) e ninguém vislumbra números menores. O Senador Ted Kennedy lembrou que "16 países retiraram suas tropas do Iraque ou as reduziram de forma expressiva" (O Globo / BBC Brasil). A Espanha já retirou todos os seus soldados, a Dinamarca e a Lituânia também começam a cair fora. Na Itália, o governo de centro-esquerda de Romano Prodi acaba de cair porque insistia em manter 2.000 soldados italianos na guerra americana dentro do Afeganistão (BBC Brasil). Esse quadro fotalece cada vez mais a oposição do Partido Democrata que, com grande apoio da opinião pública americana, faz tudo para largar a política sanguinária estabelecida no Iraque.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

Eleições na França indefinidas

Segundo pesquisa do Ifop (realizada de 13 a 15 de fevereiro) para escolher o presidente ( ou a presidenta...) francês no dia 22 de abril, o candidato Nicolas Sarkozy (UMP) tem 53% das intenções de voto contra 47% de Ségolène Royal (PS) em possível 2º turno. Segundo pesquisa do Ipsos (realizada de 13 a 15 de fevereiro, pelo telefone), ele teria 55% e ela 45%. Embora o quadro atual favoreça a direita, o resulrtado final não está definido. Leia mais npo Nouvel Observateur.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

A Guerra Fria esquenta outra vez

Mísseis / Google

O Financial Times de ontem publicou reportagem (de Demetri Sevastopulo em Washington, Neil Buckley em Moscou, Daniel Dombey em Londres e Jan Cienski em Varsóvia) sobre a ameaça da Rússia de pular fora do tratado de controle de armas nucleares. É a sua resposta aos planos americanos de instalar uma rede de mísseis defensivos no Leste Europeu. O argumento de Yury Baluyevsky, Chefe do Estado Maior do Exército Russo, é simples: apesar do tratado de 1987, russo-americano, que trata de forças nucleares intermediárias, banir mísseis com alcance de 500 a 5.500 km, há "evidências (...) de que muitos países estão desenvolvendo e aperfeiçoando foguetes de médio alcance". Acontece que os Estados Unidos estão negociando com a Polônia e a República Tcheca a instalação de radares e mísseis interceptadores. É verdade que o primeiro-ministro polonês, Jaroslaw Kaczynski, já declarou que sua participação no sistema depende de certas condições. Mas Vladimir Putin já advertiu que a instação desses mísseis pode levar a nova corrida armamentista, e não aceitou a desculpa americana de que os mísseis são apenas para proteção contra a Coréia do Norte e o Irã. Oficiais da OTAN dizem que os que os russos querem de verdade é participar do sistema de mísseis defensivos. Ou seja: por trás de tudo está uma grande disputa em parte política, em parte por interesses no mercado armamentista (se é que é possivel fazer a separação). A nós, pobres mortais, só resta roer os dentes e torcer para que essa nova "guerra fria" não acabe em "Fogo!".

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Chávez reduz o próprio programa na TV para apenas... 1 hora e meia!

Google

Uma das notas mais engraçadas foi dada pelo Plantão Globo de hoje, às 21:30h, a partir de notícia divulgada pela Reuters. Diz o texto que Chávez prometeu à filha reduzir o seu programa de TV dominical para apenas (!) 90 minutos. Atualmente, o "Olá, Presidente" dura 8 horas (atenção: 8 horas!!!) com Chávez contando piadas, cantando e fazendo pronunciamentos políticos. Ninguém acredita que ele cumpra a promessa de reduzir o programa. Mas, se ele cumprir, o povo venezuelamo certamente vai deixar que ele fique mais uns 200 anos no poder...

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Hillary cai, Obama sobe

Nova pesquisa Rasmussen, de ontem, 12 de fevereiro, entre os Democratas, mostra Hillary em queda e Obama subindo.

Um monumento para Bush

Recebi de uma amiga - que é meio escocesa, meio paulista - esse texto bem engraçado sobre Bush:
Tenho a honra de ser do Comitê para arrecadar 5 milhões de dólares para um monumento de George W. Bush. Primeiro a gente pensou em colocá-lo no Monte Rushmore, mas descobrimos que não havia espaço para duas caras. Então decidimos erguer a estátua de George em Washington, no Hall da Fama. Mas ficamos em dúvida sobre como colocá-la. Não ficava bem ao lado da estátua de George Washington (que nunca disse uma mentira) nem ao lado da estátua de Richard Nixon (que nunca disse uma verdade), já que George nunca soube a diferença. Finalmente decidimos colocá-la ao lado de Cristóvão Colombo, o maior Republicano de todos. Afinal, ele não deixou ninguém saber onde estava indo, e quando chegou lá não sabia onde estava; voltou sem saber onde esteve, dizimou a maioria da população enquanto esteve lá – e ainda fez tudo isso com o dinheiro dos outros. Obrigado. Comitê pelo Monumento de George W. Bush. P.S. Até agora arrecadamos $ 0,35 (cortesia de Dick Cheney)

A China demorou, mas falou do próprio feito.

Jornais do mundo inteiro apressaram-se em noticiar o texto praticamente aprovado feito pela China sobre a desnuclearização da Coréia do Norte. Eu só não conseguia encontrar nada em jornais da China e da Coréia do Norte... Finalmente, hoje, quase amanhã, o Diário do Povo On Line (versão em inglês) falou mais sobre o grande avanço. Mas ele foi além da questão da garantia de apoio internacional energético à Coréia do Norte em troca da suspensão de suas atividades nucleares. Fala, por exemplo, que, de acordo com comunicado da "conversação dos seis" (China, CN, EUA, CS, Japão e Rússia) "os Estados Unidos devem começar a parar de tratar a Coréia do Norte como estado defensor do terrorismo e como inimigo, nas relações comerciais internacionais". Essa terceira fase do quinto round da "conversação dos seis" foi concluída em Pequim depois de 6 dias de trabalho árduo - e valeu a pena.

Minoridade penal: só não podemos perder a razão

Demorei de propósito a tocar nesse assunto. Tudo que envolve bandidagem, violência, principalmente quando se trata de menor de idade, é naturalmente carregado de emoção descontrolada. Ação e reação acabam sendo igualmente irracionais. São dois lados que passam a atuar como se estivessem todos do mesmo lado, o da barbárie. Não podemos considerar essa violência que vimos em casos como o da morte do pequeno João como uma questão individual. Não se pode dizer que o menor e os maiores responsáveis pelo crime têm temperamento assassino (mesmo por que isso nem existe...). A questão é obviamente social. Melhor dizendo: anti-social. E, quanto mais anti-social, mais se mostra irracional. Reagir irracionalmente contra é igualmente anti-social. Por outro lado, não se deve buscar a solução de passar a mão na cabeça. Há um combate real do social com o anti-social do qual não se pode arredar o pé. Não há como admitir a barbárie, não importa de onde venha. A questão é saber se em alguns casos há possibilidade de trazer "bárbaros" para a "turma do social". Muitos já chegaram a nível praticamente irrecuperável. A cultura que os formou transformou-os em fanáticos, a exemplo do que vemos no fanatismo religioso ou na cultura dos kamikazes japoneses, famosos na Segunda Guerra. O irracionalismo, nesses casos, é muito forte, difícil de ser superado. Temos que combatê-los com firmeza, mas, ainda assim, não podemos ser bárbaros no seu combate. Além disso, há aqueles com possibilidade de "recuperação", principalmente entre os mais jovens, ainda não completamente "aculturados pela barbárie" e que podem fortalecer "nossas fileiras". O trabalho junto a eles não pode ser feito com pura emoção, nem a favor nem contra. Por exemplo: a redução da maioriadade penal tem razão? Não, claro que não. Primeiro, porque significaria indiferenciar os violentos criminosos como bárbaros irrecuperáveis. Segundo, como já alertou Cesar Maia em seu Ex-Blog, não temos espaço para penalizar mais ninguém. Nossas cadeias não comportam nem mesmo os que já estão presos, por isso vamos pensar de novo. O mais lógico, talvez, fosse ampliar a maioridade penal. Por outro lado, não há como manter a minoridade penal do jeito que está. Isso não ajuda a fortalecer nosso "exército anti-barbárie". É preciso o óbvio, em primeiro lugar: uma sociedade mais justa, com menos desigualdades, com mais emprego, oportunidade para todos, casa, comida, saúde, educação, com valorização dos nossos jovens. E são necessárias também ações práticas e imediatas. Acabar com a disputa das esferas municipal, estadual e federal. Tirar crianças e adolescentes do abandono e colocá-los em espaços diferenciados e preparados para recuperação. Educação. Auto-estima. Investimento na inteligência. E, principalmente, é preciso acabar com o exibuicionismo tanto dos políticos de quinta categoria como da mídia idem. Barbárie se vence com a vontade de ser inteligente.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Ségolène traz mais cor para o povo francês

Ségolène / Le Monde
“Quero uma França mestiça", gritou Ségolène Royal, a nova candidata do Partido Socialista Francês para as eleições presidenciais deste ano. Com o lançamento de sua campanha, os socialistas ganham novo alento e os franceses em geral podem esperar mudanças profundas no seu dia-a-dia. Já era hora. O berço do racionalismo vive um dos seus momentos mais irracionais, com inúmeros conflitos sociais, desemprego, violência juvenil, conflitos raciais, desordem em geral, com 7 milhões de franceses mal sobrevivendo com o salário-mínimo e com dois milhões de crianças na pobreza. “Diversidade é uma sorte, a nossa sorte”, disse a candidata, que anunciou um “pacto presidencial” que promete muito. Por exemplo, 25% por cento no aumento do salário mínimo (de 1.250 para 1.500 euros). Tratamento de saúde grátis para os menores de 16 anos. Distribuição gratuita de métodos contraceptivos para menores de 25 anos. Plano massivo de qualificação profissional. Novo esquema das escolas para favorecer a mistura social em vez de consolidar guetos. ("A França não é mais o país branco e homogêneo do passado” lembrou ela). Enquadramento de jovens delinqüentes, com serviço militar ou trabalhos humanitários. Limite de 25% do salário por toda a vida no valor dos aluguéis para pessoas com baixos salários, como forma de vencer a crise da habitação. Ségolène disse que a França precisa voltar a crescer, que pretende também transformar a França num país de excelência ambiental e, até 2020, com 20% do consumo de sua de fontes renováveis (a França tem 76,4% de sua energia de origem nuclear; no Brasil, quase 50% da energia elétrica distribuída no Estado do Rio de Janeiro são de Angra I e II, correspondendo a 1,5% do total nacional). “O tempo da audácia e da imaginação chegou”, disse a candidata para delírio de seus simpatizantes e alegria do povo francês. Leia mais no Le Monde, no Libération e também o texto da correspondente Deborah Berlinck para O Globo.

domingo, 11 de fevereiro de 2007

Lula está certo quando dá bronca no PT pelas brigas que saem na imprensa e está certo também quando diz que não há racha no PT

Lula apareceu no encontro do Diretório Nacional do PT e reclamou de ver mais notícias sobre as brigas internas do PT do que notícias sobre as realizações do Governo. Estava certo. As lideranças do PT têm que estar mais atentas às manipulações da grande imprensa conservadora. Desde 2005, qualquer grão de areia petista pode virar terremoto nas manchetes do dia seguinte. Mais: a imprensa usa esses “problemas petistas” para tentar minar o Governo. As lideranças petistas – não importa de qual tendência interna – não pode se entregar à manipulação da imprensa. Isso é contra sua própria tendência, seu próprio partido, seu próprio governo. Fora do ambiente petista, Lula declarou que o PT “não está dividido nem rachado (...) está exercitando uma coisa que chamamos de democracia”. A imprensa tratou de ver nisso uma contradição – afinal, o PT está ou está rachado? Claro que não está. Esse tipo de debate interno no PT sempre existiu – desde que o PT é PT. E não significa racha. Pode parecer loucura, mas é exatamente isso que o Lula falou – o exercício da democracia. Devo dizer que essa democracia petista, nas vezes que presenciei, me pareceu extremamente chata – mas devo reconhecer que parece necessária ao partido. Talvez as tendências minoritárias estejam se aproveitando da imprensa conservadora para tentar minar o chamado Campo Majoritário que conta, entre outros, com o grupo liderado por José Dirceu, que foi por muitos anos a principal referência interna. Se isso é verdade, é um risco muito grande, que pode minar a todos. A imprensa conservadora não pode ser vista como tendência interna – e sim como adversária. Aliás, isso serve não apenas para o PT. É uma regra básica para todos os partidos progressistas.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

"Pedê" pro PFL

Esse nome que inventaram para substituir o PFL (PD, de Partido Democrata) ainda vai dar muito o que falar. Mas a Coluna do Ancelmo de hoje no Globo foi a primeira a escrever (correção: o Blog do Mello escreveu sobre isso com muita antecedência - e eu tinha lido!) aquilo que todo mundo estava pensando. Diz a nota: "O novo nome do PFL é PD. Em francês, pedé (fala-se pedê“), quer dizer... deixa pra lá. Para um partido que nasceu nordestino com a pronúncia de “pefelê”... francamente".

Será que a mudança do nome muda o PFL?

O Deputado Federal Rodrigo Maia, do PFL do Rio de Janeiro, deu entrevista a Paulo Henrique Amorim tentando explicar por que o PFL (Partido da Frente Liberal) pretende mudar o nome para PD (Partido Democrata). No começo, ele se atrapalhou um pouco e disse que "o PFL entende que a forma de se renovar, gerar expectativas futuras, é exatamente a renovação". Claro que devemos dar um desconto, afinal todos nós estamos sujeitos a sem querer dizer esse tipo de obviedade no meio de uma entrevista. Mas a questão é que é difícil tentar explicar essa "renovação" do PFL. Continua o Deputado Rodrigo Maia: "O nome acabou representando para boa parcela da sociedade brasileira uma coisa antiga, do passado". Corretíssimo. Mas ele não esclareceu que essa percepção negativa foi passada pelo partido e seus representantes antigos, do passado. E não adianta pensar que mudar o nome apropriando-se do nome do Partido Democrata americano vai adiantar alguma coisa. Seria mais apropriado, aliás, mudar para Partido Republicano - mas esse nome não está disponível. O PFL procura se aproximar de um modelo como o Partido Conservador inglês, mas para isso não precisava mudar o nome. Ao contrário, acho que deveria reforçar a sigla PFL e dar mais clareza ao eleitor do que pretende com sua "modernidade conservadora". Acredito que, se depender apenas da mudança de nome, essa "renovação" não vai gerar renovação.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

Iraque: velhas armas para derrubar helicópteros modernos

Os oficiais americanos estão confusos, não sabem se o aumento do número de helicópteros derrubados no Iraque é por acaso ou se significa mudança de tática dos grupos de resistência. Nas últimas 3 semanas, foram derrubados 6 helicópteros, inclusive um especial para transporte da Marinha que teve 7 soldados mortos. Desde o início da ocupação, no mínimo 57 helicópteros caíram, com morte de pelo menos 172 americanos. O helicóptero continua sendo o meio de transporte mais seguro no Iraque e, obviamente, o aumento de sua queda preocupa os oficiais americanos. Principalmente sabendo que, historicamente, "o desenvolvimento de táticas contra helicópteros provou ser fator importante em conflitos onde as guerrilhas conquistaram grandes vitórias contra adversários mais poderosos, inclusive nas batalhas da Somália, do Afeganistão e do Vietnã". O mais instigante é que a maioria desses helicópteros está equipada com sofisticada tecnologia antimíssil, mas continua vulnerável às armas convencionais disparadas da terra. Um comandante da força aérea em Bagdá disse que esses casos recentes de quedas de helicópteros parecem provocados por velhas armas disponíveis no Iraque e não pela chegada de novos equipamentos ou tecnologia. "Eu nunca vi nada igual", disse o atônito comandante americano. Leia mais no The New York Times.

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

Iraque: um dos maiores problemas militares para Bush é civil

Um grupo de oficiais superiores dos Estados Unidos declarou a Bush e a seu Secretário de Defesa, Robert Gates, que a nova estratégia para o Iraque pode falhar, se as forças de ocupação não puderem contar, com urgência, de mais civis para levar avante os planos de reconstrução e desenvolvimento político. Os militares acham que o Congresso e outros ministérios civis do governo devem se comprometer com mais dinheiro e mais gente para se juntar aos militares nos esforços de recuperação da economia, indústria, agricultura, justiça, etc. Enfim, eles precisam de civis para consertar o que estão destruindo. No momento, existem cerca de 6.000 civis, o que é pouco, comparado com os 132.000 (brevemente podendo chegar a 153.000) militares que estão lá. O problema é que é difícil seduzir as pessoas para empregos no Iraque. Os militares são treinados para fazer o que fazem e ir para onde mandarem. Mas com os civis é diferente. Precisam de treinamento e de muita $edução.

terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

São Paulo vira caça de Kassab

Atenção, cidadão comum de nossa querida São Paulo: não proteste. Dependendo da distância que você estiver do Prefeito da cidade, você vira caça imediatamente. As cenas de ontem, distribuídas intensamente pelas emissoras de TV, dão arrepios. Pode ser que elas representem o adeus de Kassab às pretensões eleitorais de 2008.

O IBGE vai acabar infartando Fernando Henrique e Míriam Leitão

Para desespero dos corvos de plantão, o IBGE informou ontem que o crescimento da indústria brasileira em dezembro de 2006 foi acima do esperado. Apesar do índice anual (2,8%) ter sido inferior ao de 2005 (3,1%), o resultado foi mais disseminado pelos diferentes setores e por isso mais equilibrado. Os programas sociais impulsionaram a produção de transformadores de energia e computadores, com alta de 51,6%. Houve expansão de 5,7% na produção de bens de capital, significando mais investimentos na economia. O setor que reúne máquinas para escritório e equipamentos de informática teve alta de 51,6%! (em 2005 tinha crescido 17,3%) "A produção de computadores explica essa alta e foi impulsionada, segundo Isabella Nunes, do IBGE, pelo programa Computador para Todos, do governo federal, que promoveu isenções fiscais e ofereceu condições de crédito mais vantajosas (...)Também houve alta de investimentos em máquinas para construção (8,2%) e para energia (22,2%). Este último segmento, mais do que representar ampliação da oferta de energia do país, reflete os efeitos de outro programa federal: o Luz para Todos, que incentivou a produção de transformadores.Outros números mostram o avanço dos investimentos. Estêvão Kopschitz, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), lembra que os insumos para construção civil, que são destinados a ampliar a capacidade produtiva da economia, cresceram 4,5%, bem acima do 1,3% de 2005. (...) Os bens de consumo não-duráveis (como vestuário e alimentos, mais influenciados pelo mercado interno) avançaram 1,4% frente a novembro.Vendas e estoques indicam aquecimento em 2007. Dezembro também registrou alta de 2,92% nas vendas industriais, em relação a novembro, divulgou ontem a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Foi o melhor desempenho em 28 meses. Essa alta foi acompanhada por uma acomodação no número de horas trabalhadas na produção (-0,69% frente a novembro), o que indica queda nos estoques.— Este ano já começa embalado — afirmou Paulo Mol, da CNI. — Iniciamos 2007 com estoques em baixa, o que é o sonho de todo o empresário". E - horror dos horrores para a corvaria! - o IBGE informou que "a indústria terminou o primeiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com uma expansão média anual de 3,5% — taxa superior ao 1,3% e aos 2,5%, respectivamente, do primeiro e do segundo mandatos de Fernando Henrique Cardoso". Leia também em O Globo.

Aumentou a média diária de soldados americanos mortos no Iraque

Segundo o site Iraq Coalition Casualties, já morreram, até ontem, 3.100 soldados americanos na invasão do Iraque. A maior média de mortes diária foi no primeiro mês da invasão (3,26/dia). A média dos 1.419 dias de ocupação é de 2,18 mortes/dia. Mas em 2007 a média está subindo, tendo alcançado, até ontem, 2,75 mortes/dia. É o tipo de média que não faz bem a ninguém.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

A Imprensa decidiu rachar o PT

O PT está fazendo 27 anos, mas parece que a Imprensa está descobrindo o partido agora. Chega a ser engraçado, se não fosse absolutamente ridículo, ler manchetes, reportagens e colunas - motivadas por alguns documentos que estão sendo lançados em função do 3º Congresso que se aproxima - que resolveram declarar que há um racha no meio petista. É bom que se saiba que esse tipo de "racha" sempre existiu no PT. O PT não é igual a partidos como o PMDB, uma verdadeira federação de partidos dominados por lideranças regionais ou mesmo estaduais. Nem é como alguns partidos que adotaram uma espécie de centralismo "fisiológico". O PT constitui-se de um grande número de correntes do pensamento de esquerda ou progressistas que disputam, sim, espaço e hegemonia entre elas. Às vezes parecem disputas sangrentas, mas na maioria das vezes tudo acaba em cantos emocionantes de unidade e de luta. Nas direções sindicais acontece algo semelhante, algumas vezes com disputas que saem do campo das idéias para o campo físico. Mas não se iludam, costuma haver muita harmonia nessas disputas. Esse documento distribuído pelo grupo do Ministro Tarso Genro e que já ganhou destaque como se fosse o pomo da discódia petista teve seu principal conceito, "refundação do PT", lançado em 2005. Na época foi uma hábil descoberta para se tentar aplacar a ira da Imprensa. Serviu até de tábua da salvação para alguns petistas que imaginavam que o partido ia acabar. A realidade é outra e talvez esse conceito não seja mais útil. Ele provavelmente está sendo utilizado agora muito mais como marca do grupo, uma espécie de guia para atuações internas. Daqui até julho, a temperatura interna do partido vai esquentar. Mas certamente não vai acabar no racha que a Imprensa preconiza. Aliás, os rachas na imprensa são muito maiores e quase sempre saudáveis.

sábado, 3 de fevereiro de 2007

Eleição da Câmara: não existe ciúme nem ansiedade, só existe 2010

Muitas reportagens sobre a recente eleição da Câmara e do Senado tratam a questão como se fosse briga de marido e mulher. "O Deputado tal ficou com ciúme do outro Deputado", "O partido tal estava com muita ansiedade"... Quem faz política de verdade tem metas e métodos bem definidos. Não há por que estranhar, por exemplo, a não-aliança entre PFL e PSDB. Os dois, com perfil eleitoral muito semelhante, precisam se diferenciar e um precisa conquistar o espaço (e votos) do outro. Além disso, hoje, os principais nomes para 2010 são Ciro, Serra e Marta, que precisavam participar do poder para chegarem fortes à disputa. Vamos lançar olhos sobre 2010:

Ciro, paulista, tem o Nordeste e boa inserção na região Sudeste. O partido (PSB) é pequeno, por isso ele precisava muito da vitória de Aldo. Isso enfraqueceria o PT, que poderia se sentir forçado a uma aliança sem ser o cabeça da chapa em 2010.

Serra, principal referência da Oposição, orientou os votos pensando em enfraquecer Ciro e o PFL e, ao mesmo tempo, fortalecendo-se com a viabilização de uma boa gestão em São Paulo. Ainda contou com a ajuda de Aécio (que deve pensar mais ou menos igual, mas perde no confronto direto com Serra).

O PT estava tateando em busca de um rumo para 2010. Precisava de qualquer maneira cacifar-se para a disputa. E isso significava reconstruir-se onde mais perdeu: São Paulo e toda a região Sul-Sudeste. O nome de Marta é o que mais se destaca e isso faz com que Mercadante se mantenha discreto.

Temos o PMDB, que não pretende disputar com nenhum nome. Mas que quer chegar a 2010 com poder ampliado para dividir entre seus caciques.

Temos o PFL, que luta para deixar de ser sombra e poder fincar sua própria bandeira conservadora no Planalto. Apesar de contar com políticos habilidosos, o PFL tem dificuldade em conquistar simpatias com sua "modernidade conservadora".

Ao contrário do que se fala, o Governo Lula saiu fortalecido com a vitória de Chinaglia, porque precisava cuidar do seu calcanhar de Aquiles eleitoral, São Paulo e a região Sudeste. O PAC já é um bom passo nesse sentido, mas com o fortalecimento do PT (e até do aliado PMDB) o passo será maior.

A questão ambiental ajudou Bush a derrotar Al Gore

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Na eleições de 2000, Al Gore tinha tudo para ser eleito Presidente dos Estados Unidos com relativa facilidade. Era o Vice-Presidente de um governo bem avaliado, tinha o apoio do Presidente Clinton e mostrava ser melhor preparado do que Bush, o candidato Republicano. (É verdade que Al Gore teve mais votos, mas a fraude e o complexo e ultrapassado sistema de votação americano passaram o bastão para Bush.) Em certa altura da corrida eleitoral, os estrategistas do candidato Rebublicano estavam meio perdidos na conceituação da campanha, já que Bush era inferior em todos os quesitos, menos preparado em tudo. Restou aos estrategistas a diferenciação pelo caráter. Parece estranho para nós, mas eles descobriram na "firmeza do que dizia" o ponto positivo de Bush. Uma das pièces de resistance da campanha republicana foi exatamente em cima da questão do meio ambiente. Al Gore tinha (e tem) uma visão muito mais progressista, realista e simpática sobre a questão, enquanto Bush sempre foi a personificação da destruição do meio ambiente. Mas os estrategistas de Bush fizeram um comercial onde apresentavam as idéias de um e de outro, ao mesmo tempo em que mostravam imagens das fazendas que os dois candidatos tinham. Nas propriedades de Al Gore havia quase 30 atentados ao meio ambiente, nas propriedades de Bush não havia nenhum. Bush demonstrou que tinha "caráter", "falava com seriedade" e venceu. Mas o mundo, como ficou demonstrado, perdeu...

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

Eleição na Câmara: Arlindo dá show

O novo Presidente da Câmara do Deputados, Arlindo Chinaglia, deu entrevita hoje no Bom Dia Brasil e já mostrou a cara nova na Câmara do Deputados. Em primeiro lugar, os entrevistadores, Claudia Bontempo e Alexandre Garcia, estavam tão desconfortáveis que parecia que eles é que estavam sendo entrevistados e que essa era a primeira vez. Claudia Bomtempo começou muito mal a entrevista, com uma inverdade:"O Senhor, ainda como candidato, foi o único candidato, a defender esse aumento de 92%..." Um absurdo completo que demonstra desinformação e campanha contra a candidatura petista. Chinaglia não perdeu a serenidade mas não se acovardou. Destruiu todas as armadilhas e as inverdades montadas pelos entrevistadores. Mostrou clareza de pensamento e disposição para conduzir com grandeza os trabalhos da Câmara dos Deputados - para desespero dos lacerdistas de plantão.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

Eleição na Câmara: deu a lógica

Arlindo Chinaglia acaba de se tornar Presidente da Câmara com 261 votos. Tanto quanto a vitória de Renam para Presidente do Senado, foi um resultado esperado. Este Blog de certa forma já anunciava que o resultado seria esse. Hoje pela manhã, conversando com amigos, previ vitória de Chinaglia no primeiro turno com 265 votos. Errei por muito pouco. Claro que ter dois turnos foi muito mais lógico e eu pensava assim. Vitoriosos: o Governo, o PT, José Dirceu, o PMDB (principalmente o de Michel Temer), José Serra e, de certo modo, até Aécio Neves. Derrotados: o PFL, o PSDB lacerdista, Fernando Henrique, Alckmin, Tasso (e Ciro) e, principalmente, a grande imprensa.

Bush "elege" Obama

Em entrevista ao canal Fox News, Bush declarou que o pré-candidato Democrata à Casa Branca, Senador Barack Obama, um tipo sedutor. É objetivo. Fiquei impressionado quando o conheci em pessoa, mas ainda tem um longo caminho a percorrer antes de ser presidente". Obama é negro, crítico ferrenho da invasão do Iraque e é considerado estrrela ascendente na política americana. Apesar disso, nos últimos dias ele perdeu terreno para a pré-candidata Hillary Clinton. Com essa declaração, Bush procura inflar a candidatura Obama para aumentar o confronto nas fileiras Democratas. Leia notícia completa na AFP.

Tereza Cruvinel fica indignada com Gabeira

A cronista do jornal O Globo, Tereza Cruvinel, estava de férias e voltou hoje com a corda toda. Sua análise sobre as eleições no Congresso estão bem feitas (coisa cada vez mais rara na grande imprensa) e mostram que ela estava de férias, mas estava conectada. Fala uma coisa que eu só tinha visto escrito neste Blog: o Governo Lula ganha tanto com a vitória de Aldo quanto com a vitória de Chinaglia. Ela tende a acreditar que o PSDB votará com a chapa liderada pelo PT e lembra um dado importante:a vitória no primeiro turno da Câmra não se dará necessariamente por 257 votos (maioria simples dos 513 deputados). Para ganhar, "basta a metade mais um dos votantes, desde que a maioria vote. Uma forte abstinência dos novos, por exemplo, pode influir muito no resultado". Mas Tereza Cruvinel mostrou que estava realmente conectada ao comentar uma declaração do Deputado Federal Fernando Gabeira (PV-RJ), nome que ganhou luzes recentemente por ter enfrentado Severino Cavalcanti (que ele tinha ajudado a eleger) e por ter assumido o que seria uma postura "ética". Gabeira, que no passado destacou-se por posições, digamos, mais libertárias, declarou que "a noite de Brasília é infestada por deputados, lobistas e prostitutas". Tereza Cruvinel, com a nota "Fala fácil", chamou a atenção do Deputado "ético-libertário". Disse ela: "Vinda de quem vem, a frase choca por sua carga de preconceito e generalização, que ofende todos os que freqüentam a noite na capital. Em relação às prostitutas, soa estranhíssimo porque Gabeira é também autor do polêmico projeto que regulamenta essa antiga e deprimente atividade, o que para muitos pode servir de estímulo à sua expansão. Para quem acaba de submeter-se a uma nova eleição, colhendo grande êxito, é também estranha a estigmatização da figura do deputado, como se a função tornasse desprezíveis todos os que a exercem. Já os lobistas, existem em Brasília e em qualquer outra arena de poder. Estamos mesmo no tempo do sucesso pela palavra fácil".