O PT está fazendo 27 anos, mas parece que a Imprensa está descobrindo o partido agora. Chega a ser engraçado, se não fosse absolutamente ridículo, ler manchetes, reportagens e colunas - motivadas por alguns documentos que estão sendo lançados em função do 3º Congresso que se aproxima - que resolveram declarar que há um racha no meio petista. É bom que se saiba que esse tipo de "racha" sempre existiu no PT. O PT não é igual a partidos como o PMDB, uma verdadeira federação de partidos dominados por lideranças regionais ou mesmo estaduais. Nem é como alguns partidos que adotaram uma espécie de centralismo "fisiológico". O PT constitui-se de um grande número de correntes do pensamento de esquerda ou progressistas que disputam, sim, espaço e hegemonia entre elas. Às vezes parecem disputas sangrentas, mas na maioria das vezes tudo acaba em cantos emocionantes de unidade e de luta. Nas direções sindicais acontece algo semelhante, algumas vezes com disputas que saem do campo das idéias para o campo físico. Mas não se iludam, costuma haver muita harmonia nessas disputas. Esse documento distribuído pelo grupo do Ministro Tarso Genro e que já ganhou destaque como se fosse o pomo da discódia petista teve seu principal conceito, "refundação do PT", lançado em 2005. Na época foi uma hábil descoberta para se tentar aplacar a ira da Imprensa. Serviu até de tábua da salvação para alguns petistas que imaginavam que o partido ia acabar. A realidade é outra e talvez esse conceito não seja mais útil. Ele provavelmente está sendo utilizado agora muito mais como marca do grupo, uma espécie de guia para atuações internas. Daqui até julho, a temperatura interna do partido vai esquentar. Mas certamente não vai acabar no racha que a Imprensa preconiza. Aliás, os rachas na imprensa são muito maiores e quase sempre saudáveis.