quinta-feira, 31 de agosto de 2006

Marqueteiros de Alckmin desafiam a fúria de tucanos, pefelistas e da imprensa

Nada de fogo no palheiro. O programa de Alckmin desta quinta-feira à noite foi muito bom, sem precisar baixar o cacete no Lula. Um ritmo excelente, emocionante, um Alckmin quase convincente. Aliás, esse é o ponto mais fraco do programa - o candidato. Alckmin teria que ter feito um descondicionamento comportamental antes da campanha. Os lábios apertados, inseguros, um ar ligeiramente falso, tudo isso contribui contra a campanha pessedebista. Os marqueteiros têm que enfrentar os desvairios de Antonio Carlos Magalhães, Fernando Henrique Cardoso, Cesar Maia e outros menos cotados e ainda têm que fazer omelete de um chuchu. A competência e o bom senso predominaram e foram tirados os quadros de pura agressão desesperada (agora adotados por Cristovam, que adotou também uma postura e um jogo de câmeras ridículos, aparentemente emprestados pelo candidato petista do Rio, Vladimir Palmeira...). Os marqueteiros alckmistas devem ter desconfiado da isca fácil. Se a agressão continuasse, só serviria para ceder direito de resposta ao adversário, e mais nada. Além disso, pra que fazer um programa de pura batelança, se a grande imprensa já está fazendo isso sem parar? Mas, se o programa de Alckmin está tão bom, porque não consegue alterar o cenário? Fácil: porque o programa de Lula está melhor. Enquanto Alckmin acelera, Lula desacelera. Alonga-se nos temas, fala de coisas simples do povo, amorna a campanha, dentro de uma linha sábia para quem está liderando com folga. Repito meu conceito preferido: quem está na frente não olha pra trás. E é exatamente isso que a campanha de Lula consegue fazer. Os entrevistadores do Jornal da Globo se exasperam, e Lula segue firme, chamando um e outro de "Meu filho", "Minha filha". Os blogs vociferam, TVs, rádios, revistas e jornais mancheteiam absurdos, todos querendo transformar Lula em um ser satânico, e ele fala que no nosso Brasil de misérias muitas vezes, antes mesmo de pescar, é preciso dar um jeito de matar a fome, nem que seja conseguindo comida com o pescador que está ao lado. Alguém tem argumento contra uma boa história de pescador? Os marqueteiros de Alckmin já demonstraram que têm lá sua competência, e é bom saber que essa campanha 2006 está cheia de bons marqueteiros. Mas o melhor de todos ainda é o próprio Lula.

Afinal, qual o papel da imprensa na disputa presidencial?

Gráfico OBM Todo mundo que acompanha o noticiário da grande imprensa sobre a corrida presidencial percebe claramente as tendências de cada jornal, de cada jornalista ou colunista, às vezes até de cada repórter. Mas pode ocorrer de o leitor misturar o seu próprio partidarismo e acusar a imprensa injustamente de parcialidade. Por isso achei bem interessante a pesquisa do Observatório Brasileiro de Mídia medindo a cobertura dos candidatos feita pelos jornais O Globo, Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Jornal do Brasil e Correio Braziliense, desde o dia 6 de julho deste ano. A notícia foi distribuída pela Reuters (acesse aqui) e reproduzida pelo Blog do Josias. (Você aqui tem acesso direto ao site do Observatório Brasileiro de Mídia.) No gráfico acima, você pode ter uma visão geral, deixando bem claro que a cor vermelha significa notícia negativa, a cor verde significa notícia neutra, a cor azul significa notícia positiva e a cor cinzenta é o total de reportagens. Os noticiários medidos foram (da esquerda para a direita, no gráfico) sobre Alckmin, Lula Candidato, Lula Presidente, Heloísa Helena e Cristovam Buarque. Os números não deixam dúvidas. Alckmin vinha voando em céu azul na imprensa, até a segunda semana de agosto (teve o seqüestro dos jornalistas da Globo) e deu outra avermelhada agora no final do mês. Mesmo com todo esse vento azul a favor, o candidato não sai do vermelho... nas pesquisas. Lula Candidato é vermelho como o partido. Não tem jeito, o noticiário é contra. Talvez isso prove que pobre não lê jornal, porque nas pesquisas está tudo azul. Lula Presidente é vermelho até os dentes. As notícias sobre o “presidente” conseguem ser mais negativas do que sobre o “candidato”. Heloísa Helena, onde está sua cor? Vinha navegando em um mar azul, mais azul do que o mar de Ipanema. Mas nos últimos dias começou a perder sua nova cor... e a ganhar a antiga de volta. Cristovam Buarque é difícil de corar. Tudo azul, mas com certa instabilidade. Veremos os próximos dias.

Quem nasceu pra chuchu só sabe fazer salada

Alckmin no Vermelhinho, O Globo Alckmin resolveu viajar ao Rio e tentar mostrar que pode até ser chuchu, mas não é banana - e só conseguiu pepinos. No lugar de tomar chope, pediu cafezinho; no lugar de pôr açúcar no café, pôs sal; no lugar de entrar no famoso Amarelinho, quase entra em um cine pornô e acabou entrando no bar ao lado, o Vermelhinho - a cor do LULA! Só faltou subir na Pedra da Gávea pensando que era o Pão de Açúcar...

Ibope diminui a indecisão no Rio

Pesquisa Ibope, a partir do publicado no Globo A pesquisa Ibope divulgada ontem pela Rede Globo sobre as eleições para Governador no Rio de Janeiro traz como principal informação a queda dos Indecisos, tão súbita quanto a subida (questionada por este Blog) na pesquisa anterior. Se os Indecisos caem, Sérgio Cabral sobe e aumentam as chances de sua vitória no primeiro turno: passou de 52% para 55% em votos válidos. Outra informação importante foi a subida de Denise Frossard (confirmando o que este Blog tinha imaginado já no dia 20 de julho), tirando votos de Crivella. O resto continua igual, inclusive os Programas Eleitorais. É verdade que Eduardo Paes melhorou muito, mas não conta pra nada. O programa de Crivella perdeu o que tinha de ótimo, que eram as imagens com Lula, e voltou ao inexplicável (é verdade que agora Crivella fala!). E o programa de Vladimir continua um caso à parte. Ele está cumprindo o que promete todo dia: fazer um programa diferente – ou seja, de um candidato que não quer se candidatar... Na semana passada um dirigente do PT me perguntou se eu achava que o Vladimir chegaria aos 10%. Respondi que sim, desde que Lula se mudasse completamente para o Rio e carregasse o Vladimir nas costas. Ele riu e não continuei o meu pensamento: se isso acontecesse, Lula também poderia chegar aos 10%...

quarta-feira, 30 de agosto de 2006

Detonaram Heloísa Helena

Heloísa Helena, O Globo Será que Heloísa Helena acreditou mesmo que continuaria como musa de Ipanema até o verão? Que conseguiria ser uma Rosa de Luxemburgo tupiniquim sem que recebesse bordoadas? Doce ilusão. Ela foi inflada enquanto servia aos interesses de um possível 2º turno. Acreditavam que ela poderia ajudar Alckmin a ganhar fôlego para enfrentar Lula. Quando perceberam que ela não iria longe, bye-bye. Deixou de ser a Bela para ser apenas a Fera. Hoje ela só recebe críticas. O nome da vez passou a ser Cristovam Buarque. Até o Cesar Maia agora elogia o seu programa (que antes chamava de sonololento).

O programa eleitoral de Alckmin pariu... um apresentador!

Não entendo a euforia tucana com a “virada” no programa eleitoral de Alckmin na TV, ontem à noite. Esperava-se o candidato partindo para o ataque, denúncias, manchetes sensacionalistas, edição policialesca, tudo bem no estilo Cesar Maia. E o que vimos foi um apresentador separado do bloco principal, quase passando desapercebido, destacado para atacar Lula. O que foi mesmo que ele disse? O Blog do Noblat ironizou, achando que era um novo candidato, inteiramente desconhecido. Parecia mesmo. Aliás, parecia produção de partido nanico de quinta categoria. Eymael, Bivar e PCO fazem melhor. Alô, marketeiros do Alckmin: vocês estão imitando o tucano cearense Lúcio Alcântara e abandonando o candidato? Descobriram que não tem 2º turno? Cadê a disputa eleitoral? Em que turno veremos oposição competente? (Se é que existe...)

Bolsa Família nos EUA

Ontem foi divulgado o índice de pobreza nos Estados Unidos e o resultado deixa preocupações, como se pode concluir na reportagem do correspondente do jornal O Globo em Washington, José Meirelles Passos. (Ou na reportagem de Rick Lyman, no The New York Times) A melhoria no padrão de vida Americana foi insignificante (0,1%) e a desigualdade aumentou. De 2004 para 2005, o número de miseráveis (37 milhões ou 12,6% da população) praticamente continua o mesmo. Mas, entre 89 e 2006, a renda dos mais pobres piorou. Enquanto a faixa mais faixa da população teve aumento de apenas 3%, a classe média teve aumento de 4,5%, os ricos tiveram de 42 % e os milionários de 75%! Alguém conhece distribuição de renda mais adequada para o país mais rico do mundo? A situação lá por cima é tão preocupante que sugiro a Lula, no caso de sua re-eleição, colocar como programa de governo a exportação do Bolsa-Família para os Estados Unidos.

Bush, o Alckmin dos americanos

As eleições parlamentares estão se aproximando e os candidatos ao Senado ou à Câmara de Deputados dos Estados Unidos estão fazendo com Bush o mesmo que os tucanos fazem aqui com Alckmin: batendo asas para bem longe. Entre os candidatos democratas ou independentes, isso é normal. Querem mesmo é mostrar a diferença que têm do presidente republicano. Mas o que mais impressiona, pelo que se pode concluir da reportagem do correspondente do jornal O Globo em Washington, José Meirelles Passos, é a fuga dos candidatos republicanos. Eles querem separar sua imagem dos fracassos da administração Bush, em temas como o da Guerra do Iraque. Dificilmente os democratas deixarão de ter maioria tanto no Senado quanto na Câmara. Bastará para isso a conquista de 6 vagas no Senado e, na Câmara de 435 vagas, conquistarem 15 a mais do que já têm hoje. O que é bom para a oposição aqui é bom para a situação. Ou, como diria Lula, em qualquer parte do mundo política se daz com o que se tem, não com o que se quer. Assinantes, acessem aqui para ler mais.

terça-feira, 29 de agosto de 2006

Em almoço de mais de meio milhão de reais, Fernando Henrique faz discurso de quem se prepara para novo partido em 2007

Foi em almoço, hoje, em São Paulo, para 518 empresários, a 1.000 reais por cabeça. Fernando Henrique esbravejou contra Lula. Fez o trabalho sujo que todos exigiam de Alckmin. Será que ele acha com isso que vai reverter o quadro eleitoral? Claro que não. Fernando Henrique e outros pessedebistas coroados já mandaram a vaca pro brejo e devem estar com outra preocupação: o pacto que Lula está desenhando para o segundo mandato. Eles perceberam que, se a coisa continuar como está, o PSDB entrará bem fraquinho em qualquer negociação. A debandada está crescente e alguém precisa cuidar do rebanho tucano. Caso se concretize a tal “concertación” de centro-esquerda, com que asa os tucanos voarão? De centro-direita, claro, sem direito a muro de consolação. É preciso recuperar o partido. Reposicioná-lo. Impedir a fuga em massa de políticos e eleitores. Está certo Fernando Henrique com seu discurso. Se os tucanos não colocam logo o bico no mundo, vai dar muita pena...

Debate ao vivo entre Mahmoud Ahmadi-Nejad e George W. Bush: o show da vida

O Presidente do Irã, Mahmoud Ahmadi-Nejad, lançou o desafio nesta terça-feira: um debate na TV, ao vivo, com Bush! Para discutir “os diversos problemas do mundo e possíveis soluções”! Com uma única condição: que o debate não seja censurado nos Estados Unidos! É tudo que eu gostaria de assistir. Essa, certamente, seria uma excelente forma de resolver os problemas do mundo. Isso me faz lembrar de histórias que contam do antigo Japão, onde as aldeias, em vez de entrarem em guerra, colocavam seus principais lutadores de sumô para lutar até a morte. A aldeia derrotada dessa forma teria que se submeter à outra. Mais racional, não acham? Esse debate ao vivo (ufa!) Estados Unidos X Irã só poderia ter como patrocinadores as 3 grandes religiões monoteístas, o islamismo, o cristianismo e o judaísmo. Nada de indústria bélica nem Coca Cola. Se os produtores de petróleo e de água potável quisessem financiar, teria que ser por baixo do pano – ou do manto. Posso sugerir também que o debate seja interativo, para que qualquer ser humano seja capaz de deletar de vez as barbaridades que assistirem. Saiba mais na reportagem de Gareth Smyth diretamente de Teerã para o Financial Times.

Cristovam cresce em cima de Heloísa

Eu estava começando a escrever minhas previsões sobre as próximas pesquisas, quando saiu o resultado da CNT/Sensus de hoje: Lula subiu de 47,9% para 51,4%; Alckmin passou de 19,7 para 19,6; Heloísa Helena de 9,3 para 8,6; Cristovam de 0,6 para 1,6; Outros de 1,8 para 1,4; e Não-Votantes de 20,9 para 17,7. Eu, na verdade, estava achando que Lula oscilaria 1 ou 2 pontos para cima ou para baixo; que Alckmin subiria 1 pontinho; e o resto mais ou menos igual ao que saiu. Mas a pesquisa confirma o principal do meu pensamento: Cristovam começa a subir um pouquinho, em cima de eleitores de Heloísa Helena. Ele está se mostrando um candidato mais consistente do que ela, com melhor exposição e com um discurso de oposição melhor estruturado, mais firme, menos histérico e com a sua proposta de educação bem definida. Não é nada que possa alterar o cenário de vitória no 1º turno. Mas mostra uma candidatura madura, com perpectivas, apesar de não contar com recursos nem com as facilidades de crescer com os apelos da moda.

Jandira X Dornelles: a disputa do Rio

No meio desse marasmo eleitoral, com tantas limitações e tantas certezas de vitória no primeiro turno, é bom assistir a uma disputa acirrada, como é o caso da disputa no Rio de Janeiro para a vaga no Senado. Liderando as pesquisas empatados, Jandira Feghali e Francisco Dornelles retratam oposição em quase tudo. Mulher X Homem; Segunda Idade (49 anos) X Terceira Idade (71 anos); Touro X Capricórnio; Paranaense X Mineiro; Esquerda X Direita; Capital X Interior; Classe Média X Povão; Baterista Profissional e Médica do Coração X Finanças Públicas e Direito Financeiro; Vladimir Palmeira X Sérgio Cabral; PCdoB X PP; 5 Mandatos (1 de Deputada Estadual e 4 de Deputada Federal) X 5 Mandatos (todos de Deputado Federal). As oposições são inúmeras, as semelhanças são algumas. Jandira sempre esteve na oposição pelo PCdoB. Quer dizer, quase sempre, porque o PCdoB, dentro do jargão da esquerda, era considerado “oportunista”, ou seja, com táticas e estratégias formuladas com mais “concessões” à “burguesia”. Mas, com toda certeza, ela esteve mais engajada na luta pela democracia. Dornelles, maçon (segundo consta), destacou-se na política pelas mãos de Tancredo Neves, de quem era amigo, sobrinho e futuro Ministro da Fazenda. Foi ele que Tancredo (com maus pressentimentos e antes de partir para a operação que teve que fazer pouco antes da posse), chamou e disse: "Mas tem que ser o Sarney, Dornelles!" (Dornelles acabou tornando-se ministro da fazenda de Sarney e, entre outras coisas, foi o responsável pela frase “Deus seja louvado” nas cédulas do dinheiro brasileiro, pedido do Pastor Manoel Ferreira a Tancredo.) Jandira, que sempre foi do PCdoB, através do seu partido, sempre esteve ligada aos movimentos sociais e sindicais, de um modo geral oposicionista; Dornelles (PDS, PFL, PP,PPB, PPR e novo PP) sempre esteve fortemente associado ao poder, como todo-poderoso Ministro de Estado da Fazenda (1985), Ministro de Estado da Indústria, do Comércio e do Turismo (1996-1998) e Ministro de Estado do Trabalho e Emprego (1999-2002). Jandira destacou-se mais na Capital, onde disputou a última eleição para prefeita; Dornelles, apesar de também já ter disputado a Prefeitura do Rio (92), destacou-se mais na Região Metropolitana e no Interior, onde sempre apoiou e foi apoiado pela maioria dos Prefeitos. Jandira ficou em segundo lugar em votos (264.384) na última eleição para a Câmara Federal e Dornelles ficou em terceiro (219.012). Uma grande semelhança entre os dois é que ambos, principalmente através de seus partidos, deram forte apoio ao governo Garotinho...

segunda-feira, 28 de agosto de 2006

Se Lula e Alckmin tivessem começado o Horário Eleitoral com os programas que veicularam no último sábado, o cenário poderia ser outro

Bio-diesel, Google A mudança foi impressionante. O programa de Alckmin mesmo não sendo nada fabuloso mostrou outra cara. Mais dinâmico, mais agressivo, mais popular, com mais grandeza. Eles só não conseguiram ainda corrigir a boca de Alckmin, com lábios finos, retos, e com o tique nervoso de apertá-los ou mordê-los. É uma imagem de insegurança, falsidade, que derruba qualquer um. No programa da re-eleição, vimos o oposto. Um candidato sorridente, de cara boa, confiável, querida do povo – mas com um programa horrível. O programa do Bio-diesel, necessário, foi absolutamente burocrático, cansativo, tão ruim que até mereceu aplausos de César Maia. O eleitor de Lula que assistiu ao programa deve até agora estar se perguntando: “Esse bio-diesel, se come, se bebe ou o quê?” Para sorte de Lula, Alckmin não tem mais tempo nem apoio para uma forte reação. A indicação de vitória no 1º turno é cada vez mais forte, com ou sem bio-diesel.

Heloísa Helena bateu no teto

Este Blog deixou bem claro desde o começo: as chances de Heloísa Helena crescer sempre foram em dois campos, na conquista de indecisos e/ou na desilusão dos alckmistas. Agora tudo indica que as duas fontes estão secando. Nessa última pesquisa Ibope/Estadão, Lula subiu para 49%, Alckmin subiu um ponto (22%), Heloísa Helena caiu para 9% e o índice dos Não-Votantes (Brancos+Nulos+Indecisos) ficou em 17% – ou seja, sem gordura para queimar por ninguém. Mais grave para a candidata psolista: Alckmin estancou a queda. O discurso ético deixou de encantar os alckmistas que Heloísa Helena poderia conquistar. Ou seja, o discurso ético já lhe rendeu o que tinha que render. O foco do PSOL não é mais 2º turno – com certeza, 2008 não sai da cabeça dos psolistas. O partido terá dificuldades com a cláusula de barreira, mas Heloísa Helena poderá ser uma grande eleitora ou, melhor dizendo, uma grande candidata para 2008. A Prefeitura do Rio, por exemplo, poderá estar em seus planos. Apesar dos arroubos ultraesquerdistas, essa batida no teto eleitoral vai fazer com que o partido cada vez mais tenha os pés no chão.

Será que Cesar Maia é mulherengo?

Cesar Maia sempre esteve ligado a mulheres com nomes fortes – ou que se tornaram fortes depois de se relacionarem (politicamente) com ele. Lembro de Maria Silvia, sua célebre Secretária de Fazenda no primeiro mandato e que chegou a ser cogitadíssima para sucedê-lo no comando da Prefeitura do Rio (preferindo ser executiva da CSN). Depois lembro de sua candidata ao governo do Estado do Rio, em 2002, Solange Amaral, que não apenas defendia o “pensamento cesarmaiano” como procurava ser na TV exatamente como ele, mesmos gestos, mesmos tiques nervosos. Nesta campanha vimos como ele se tornou tão próximo de Heloísa Helena, procurando orientá-la na campanha, dando dicas importantíssimas, comportando-se como se fosse seu marketeiro particular. Denise Frossard, nem se fala. Assumiu completamente a postura Cesar Maia. Está seguindo todos os mandamentos, na esperança de ser sua candidata em 2008. E nesse último fim de semana vimos a jornalista Míriam Leitão em suas colunas de sábado e domingo, no jornal O Globo, repetir as idéias de Cesar Maia quase palavra por palavra. No sábado, sua coluna se apresentou como marketeira da campanha de Alckmin, detalhando como deveria ser a sua linha de ataque a Lula, exatamente dentro do pensamento de Cesar Maia. Na coluna de domingo, Míriam Leitão foi beber na mesma fonte de Cesar Maia para falar da corrupção no mundo. Citou o artigo de Stan Greenberg no Financial Times (exposto aqui no dia 22 de agosto), a partir de uma pesquisa do instituto Greenberg Quinlan Rosner apontando a “corrupção” como o terceiro maior problema que preocupa o mundo, atrás de “desemprego” e “qualidade de vida”. Assim como Cesar Maia, Míriam Leitão não se refere ao trecho em que Greenberg concorda que “a guerra à corrupção está minando a democracia, ajudando a eleger líderes errados e desviando a atenção da sociedade de problemas urgentes” nem o trecho em que ele também concorda “que um foco na corrupção nem sempre produz bons resultados”. Definitivamente, Cesar Maia faz escola entre as mulheres. Por isso, pode, sim, ser considerado um mulherengo... político.

sexta-feira, 25 de agosto de 2006

Alckmin lidera pesquisa nas redações. Será que é isso mesmo?

Repórter, Google O site Maxpress (acesse aqui) declara que tem o mais completo cadastro de jornalistas do Brasil e fala de uma pesquisa sobre a intenção de voto nas redações para presidente. Essa pesquisa teria sido feita pelo Instituto Franceschini de Análises de Mercado, a pedido da Revista Imprensa associada ao Maxpress e à ABERJE (Associação Brasileira de Comunicação Empresarial). Teriam sido feitas 407 entrevistas, a partir do mailing da Maxpress, nas redações do Brasil inteiro, com o seguinte resultado para respostas espontâneas: se a eleição fosse hoje, o candidato da aliança Geraldo Alckmin, venceria nas redações brasileiras com 31,7% dos votos; Lula ficaria em segundo, com 20,6%, seguido de perto por Heloisa Helena com 16,2%; Cristovam Buarque teria 3,2%. Nenhum dos outros candidatos pontuou na pesquisa. Teriam se declarado indecisos 15,2%, enquanto 13% teriam afirmado que votarão em branco ou nulo. O site não fala de registro da pesquisa, não fala de data de campo nem da margem de erro (para 407 entrevistas, a margem de erro é, em princípio, de 4,9%). A pesquisa poderá até ter sido 100%, mas o profissionalismo jornalístico ficou com 0%.

Site do governo americano confunde Rio com São Paulo. Deve ser por isso que eles se perdem tanto no Oriente Médio...

Turista, Google Os desacertos americanos ao redor do mundo (principalmente no Oriente) sempre demonstraram que eles são fracos em geografia. As consultas a mapas devem ser consideradas coisas do outro mundo. E O Globo de hoje mostra exatamente isso, a falha no site do Bureau de Assuntos Consulares do Departamento de Estado Americanos que alerta seus turistas sobre os ataques do PCC... no Rio! (esse site pode ser acessado aqui) Eles já devem ter alterado, porque não consegui encontrar exatamente esse trecho. Mas encontrei outras informações deliciosas como alertar os turistas americanos sobre possíveis ações de terroristas nas nossas fronteiras com a Colômbia e com Argentina e Paraguai (os traficantes poderiam estar sendo financiados por organizações terroristas). De bom para nós é o início do texto, onde se diz que o Brasil tem uma economia em ascensão e facilidades turísticas nas cidades maiores. Alertam também para que não se repitam os gestos obscenos que outros turistas americanos fizeram – isso pode dar cadeia. Ao final, podemos dizer que o Brasil foi apresentado como menos perigoso do que o Irã e o Iraque...

quinta-feira, 24 de agosto de 2006

Horário Eleitoral Gratuito continua um sucesso de audiência

A pesquisa Datafolha demonstra o valor do Horário Eleitoral Gratuito para o processo político brasileiro. Perguntadas sobre se teriam assistido os programas dos candidatos específicos no Horário Eleitoral Gratuito, as pessoas responderam positivamente. Veja os índice: Presidência) Lula 46%, Alckmin 43%, Heloísa Helena 40% Rio de Janeiro) Sérgio Cabral 37%, Crivella 33%, Denise Frossard 28% Minas) Aécio 38%, Nilmário 24% São Paulo) Serra 36%, Quércia 30%, Mercadante 28%. São índices que se equivalem aos do Jornal Nacional, Novela das 8 (agora às 21:30) ou Novela das 7. São dados impressionantes. Mas o mais impressionante é a imprensa não perceber. O Globo, por exemplo, preferiu dizer que “a maioria dos eleitores não assistiu à propaganda na TV”. Eu diria que a imprensa é 100% cega – ou não quer ver.

Espiões americanos em choque por causa do Irã

Spy vs Spy, criação do refugiado cubano Antonio Prohia, revista MAD A guerra do Iraque causou no mínimo uma grande baixa nos Estados Unidos: a queda de confiança nos serviços de espionagem americanos. Desde que a administração Bush enganou o mundo com dados de seus serviços secretos sobre as “armas biológicas” de Sadam Hussein, os espiões não são mais os mesmos. O mundo não acredita mais, o congresso americano não acredita e, pior, os espiões não se acreditam mais – se é que algum dia acreditaram. As reclamações sobre a “inteligência” americana ficaram mais fortes com a recente divulgação do relatório do congresso americano sobre o Irã. Os congressistas acusaram diretamente as agências de inteligência de minimizarem o papel do Irã na relação com o Hesbolá e de superestimarem a previsão do tempo necessário para o Irã produzir uma arma nuclear. O consenso entre as agências é de que o Irã pode levar de 5 a 10 anos para construir a sua própria bomba. E os republicanos perguntam irritados: “E se a Coréia do Norte ajudar?” A questão é que os espiões não têm certezas suficientes. Eles não podem garantir, por exemplo, que o Irã tenha ordenado ou controlado os ataques do Hesbolá contra Israel. Antes das armações feitas para justificar a Guerra do Iraque, eles teriam mais certezas. Hoje, preferem ficar na dúvida. “É claro que o Irã lucrou com a situação”, disse o General Wayne A. Downing Jr., antigo comandante de Operações Especiais e conselheiro de antiterrorismo no primeiro governo Bush. “Mas será que o Irã está manipulando tudo? Os caras com quem tenho falado dizem que não”. Talvez os espiões saibam mais do que querem afirmar. Mas sabem também que algumas informações duvidosas podem ser usadas pela administração Bush para forçar ações de guerra. Na dúvida, os espiões preferem ficar em silêncio. Enquanto isso, a política belicista de Bush bate cabeça. (Leia reportagem de Mark Mazzeti no

quarta-feira, 23 de agosto de 2006

Mais uma vez Cesar Maia faz análise quase perfeita do cenário eleitoral para presidente. Quase...

TV Ex-Blog No Ex-Blog de hoje, Cesar Maia faz mais uma de suas boas análises eleitorais, com conclusões que geralmente favorecem o seu desejo político. Sobre a pesquisa Datafolha divulgada ontem, diz ele que a mais importante informação “é quanto à avaliação de Lula. Pela primeira vez sua avaliação está acima da intenção de voto, com isso pela primeira vez ocorre uma correlação entre ambas, na medida que, como se sabe, avaliação ótimo+bom é teto de decisão de voto. Este crescimento da avaliação para 52% é claro reflexo do programa eleitoral de Lula, que se concentra em mostrar feitos do governo Lula, mesmo que não sejam dele.” Cesar Maia está certíssimo nisso, o que deve desagradá-lo muito. Há semanas, em função do “teto” de ótimo+bom para o seu governo, Cesar dizia que bastavam “apenas 3 pontinhos” para garantir o 2º turno. Agora faltam 6 pontões e meio! Cesar Maia também está certo, quando afirma que a “assistência aos programas é excelente, chegando a 46%, quase de um para dois, o que mostra o potencial de impacto dos mesmos.” Perfeito, concordo com isso, como pode ser lido duas postagens antes dessa. Mas Cesar falha na conclusão do seguinte trecho: “Lula e Alckmin voltaram a disputar a eleição para Prefeito do Brasil, com temas sócio-municipais-estaduais, como assistência social e ensino de primeiro e segundo graus. Até aqui não há candidato estadista. Uma tática defensiva cuja chance de desmontar seria muito grande pela fragilidade da figura do presidente-prefeito.” A figura do presidente-prefeito não é nada frágil, na atual conjuntura. A grande maioria do eleitor de Lula está querendo exatamente isso, um presidente mais próximo, que entenda melhor as necessidades da população mais pobre, que saiba dar carinho e soluções imediatas. Estratégia corretíssima da campanha de Lula e dificílima de ser derrotada. Cesar volta a estar certo no trecho seguinte: “Na próxima semana se entra naquele período em que o eleitor já acostumado ao programa não dá muita bola, e acelera o processo de troca de opiniões – jogo da coordenação, como dizem os especialistas – com seus conhecidos, e as informações recebidas. E entra neste jogo sem informação inoculada de desconstrução de Lula. Volta a dar atenção aos programas nos últimos dez dias. Pode não ser suficiente. Especialmente porque os candidatos a governador, senador, deputados, vão para um salve-se quem puder que vimos nos ultimos dias em estados do nordeste, e que acentuam a imagem de Lula.”

Com quantas palavras se faz um programa eleitoral?

Site Informe News Na sua coluna de ontem (“Sem Espontaneidade”), no jornal O Globo, Merval Pereira cita o livro “Política perdida: como a democracia americana foi banalizada por pessoas que pensam que você é estúpido”, de Joe Klein, para concordar que as campanhas eleitorais perderam espontaneidade e coragem em troca dos conselhos dos marqueteiros. Na Folha de hoje (assinantes, acessem aqui), Marco Antonio Villa (professor de história da Universidade Federal de São Carlos (SP) e autor, entre outros livros, de "Jango, um Perfil") reclama dos candidatos por não apresentarem um programa de governo. Diz ele: “Até hoje, nenhum dos candidatos apresentou seu programa de governo – e estamos a menos de 40 dias da eleição. O Brasil é um país estranho: as alianças políticas são estabelecidas e as pesquisas eleitorais são realizadas sem que os partidos ou os eleitores saibam o que pensam os candidatos. E todos acham isso absolutamente natural. O que foi apresentado são idéias vagas sobre alguns temas – e apenas porque os candidatos são provocados por perguntas de jornalistas.” E também na Folha, Marcos Nobre (professor de filosofia política da Unicamp e pesquisador do Cebrap), em texto com título de “300 palavras” (assinantes, acessem aqui), escreve que “O Horário eleitoral se transformou em um teste: não é lugar de apresentar proposta alguma; é o lugar de não cometer erros. Como escreveu Renata Lo Prete, os marqueteiros trabalham com um vocabulário de 300 palavras, escolhidas a dedo em pesquisas qualitativas. Comete menos erros quem faz a melhor propaganda com esse estoque de palavras.” O que isso tudo quer dizer? Que os candidatos são burros, não sabem escrever nem fazer programa de governo? Que os marqueteiros são demônios que enfeitiçaram os candidatos, obrigando-os a seguir suas ordens? Que os eleitores são estúpidos? Que somente jornalistas e filósofos são donos da verdade? Há muita verdade em tudo que foi dito. Mas precisamos entender que o que acontece com as campanhas eleitorais é o mesmo que acontece com o mundo moderno, principalmente no mundo das comunicações: saturação. A mente humana está saturada de informação (basta ver a quantidade de blogs que existem...) e já armazenou uns 300 bilhões de programas de governos. Há um processo de seleção natural, de simplificação, para poder ainda absorver alguma coisa. As pessoas que estão na miséria, passando fome, não estão tão interessadas em saber se o país deve ou não deve ter imposto único ou se a política cambial que prejudica os exportadores deve ser alterada. Eles querem saber qual é o candidato que vai ser resolver o problema da pobreza. E não adianta falar qualquer linguagem – tem que ser a que eles entendam. O mesmo acontece com o público de empresários, mais interessados em um bom gerente para garantir os seus lucros. A classe média de esquerda quer bons salários, lazer e a defesa de sua utopia. Não adianta tentar atender a todos – um não entende a linguagem do outro, ou entende mal. Um programa de governo completo, complexo e necessário ajuda, mas não ajuda muito – e ás vezes até atrapalha. As campanhas, na verdade, são feitas ao longo da vida. Elas são concebidas em função de tudo que foi feito e dito antes, através de jornais, rádios, TVs, livros, eventos, salários, etc. Quando um candidato chega à campanha, as predisposições já estão em alto grau de consolidação. E aí ele só precisa (com apoio ou não dos marketeiros) reconhecer e se identificar com o que já existe. Portanto, o que vale realmente é um único conceito, ou uma única palavra: o “candidato dos pobres”, o “candidato dos ricos” a “candidata da esquerda (ou guerreira)”, o “candidato da educação”. Coragem, espontaneidade, claro que devem existir – desde que sigam regras elementares de comunicação. Além disso, não podemos esquecer Napoleão Bonaparte: “Bravura, a gente nasce com ela; mas coragem é produto do pensamento”.

Horário Eleitoral Gratuito: mais uma vez a Folha de São Paulo erra o título

As empresas de comunicação brasileiras têm o péssimo hábito de combater a existência do Horário Eleitoral Gratuito. Muitas vezes elas têm razão, quando criticam baixa qualidade de muitos programas exibidos. Mas o Horário é importante para a prática da democracia e deve ser estimulado, não combatido. As criticas devem ser feitas no sentido de melhorar o Horário, não eliminá-lo. Na semana passada (dia 18) mostrei neste Blog que o jornal Folha de São Paulo preferia valorizar em sua manchete 16% de aparelhos de TV ligados que não estavam sintonizados e menosprezar os impressionantes 43% que estavam assistindo o Horário Eleitoral Gratuito. Não percebem a importância de se obter 43% de audiência, qualquer que seja o programa – um programa eleitoral, então, nem se fala! Hoje a Folha repete a dose de, digamos, preconceito, com a manchete “Maioria não assiste a propaganda eleitoral”. E o que diz a reportagem? (Assinantes, acessem aqui) Que na primeira semana do Horário Eleitoral Gratuito, o programa de Lula foi assistido por 46% dos eleitores, o de Alckmin foi assistido por 43% e o de Heloísa Helena por 40%. Alô, repórteres, alô, editores, alô, empresários de comunicação – vocês acham isso pouco? Em que planeta vocês vivem? Qual a idéia que está por trás de suas manchetes e reportagens? Será que vocês não entendem a importância desses índices? Ou não querem entender? O Horário Eleitoral Gratuito é um importante financiamento público de campanhas eleitorais que está sendo aprovado pela população e está sendo muito bem aproveitado pelos eleitores. Não queiram piorar nosso processo eleitoral. É preciso combater o que atrapalha o Horário Eleitoral Gratuito, isso, sim. Se queremos uma boa e necessária reforma política, temos que começar pela reforma de nossas reportagens políticas.

terça-feira, 22 de agosto de 2006

Atenção, marketeiros de Alckmin: vai ter 2º turno... no Congo!

Joseph Kabila, Google Recebi essa notícia, distribuída pela Reuters, mostrando que a histórica eleição pós-guerra na República Democrática do Congo está a caminho de um segundo turno entre o presidente e um ex-líder rebelde. A apuração dos votos mostrou que Joseph Kabila obteve 44,5% dos votos e terá que enfrentar o 2º colocado, Jean-Pierre Bemba, que teve 20%. A votação transcorreu com tranqüilidade, com milhões votando pacificamente, apesar de insegurança no leste, onde rebeldes continuam a perambular e há ameaças de boicotes em cidades hostis a Kabila. Mas a maior tropa de paz do mundo, com 17 mil soldados da ONU, apoiada por 1.000 europeus, supervisionou o processo de paz que culminou nas eleições, que custaram 450 milhões de dólares e geraram grandes problemas de logística e segurança. Como o 2º turno ocorre também no dia 29 de outubro (como seria – ou será? – no Brasil), essa é mais uma oportunidade para alguns marketeiros brasileiros...

Cesar Maia faz análise quase perfeita da campanha presidencial. Só esqueceu duas coisinhas...

No Ex-Blog de hoje, Cesar Maia faz análise da campanha de Alckmin, cobrando maior empenho da equipe pessedebista em expor o tema “corrupção” para tentar derrotar Lula. Diz ele: “Uma campanha com candidato à reeleição tem suas características básicas que se repetem no mundo todo. A tendência do eleitor é ficar com quem conhece, a menos que a percepção do governo deste seja um desastre. Se for, provavelmente este não será candidato. A chave da vitória da oposição é exaltar os erros e desvios do governo e projetar um governo ainda pior para o período seguinte, afetando a percepção. A corrupção tem sido um tema crescente na agenda das campanhas eleitorais pelo mundo afora, respondendo a reação da opinião pública a casos que surgem ou se tornam conhecidos pela capacidade de investigação e a exposição de imagens. O caso brasileiro – sob patrocínio do governo de Lula – é de longe o mais grave. A campanha de Lula na TV comete um erro que poderia ser fatal ao se fixar no que – diz que – foi feito. Não projeta expectativas além da rolagem do próprio governo (fez e fará mais). Mas a de Alckmin comete erro maior, pois se fixa em fazer afirmações mais ou menos genéricas,do que fará e se esquece de dizer ao eleitor porque não deve votar em Lula.” Em seguida, ele escreve um texto, “Corrupção e Eleições”, onde cita um artigo que saiu no Financial Times, “escrito pelo pollster maior do Partido Democrata dos EUA, Stan Greenberg”. Conforme o Ex-Blog, no artigo, "Greenberg diz que a corrupção está se tornando um tema maior nas eleições pelo mundo afora: da vitória do Hamas, na Palestina, ao Partido Conservador no Canadá, passando pela derrota de Berlusconi na Itália. São exemplos de eleições onde a corrupção foi a agenda da campanha. Em 20 países estudados é o terceiro tema com 21% das citações, na média”. O artigo diz: "Aqueles políticos que tomem a dianteira no tema – explicando os seus custos, identificando os autores e oferecendo soluções – serão capazes de estar em sintonia com a maioria dos eleitores em eleições nacionais, marchando na frente do que está se tornando uma demanda global por transparência e mudança." Cesar Maia só esquece duas coisas: 1) Não cita o trecho em que Greenberg declara que “no ano passado, Moises Naim, editor da Foreign Policy, escreveu no Washinton Post que ‘a guerra à corrupção está minando a democracia, ajudando a eleger líderes errados e desviando a atenção da sociedade de problemas urgentes’. Mr. Naim e outros estão certos", continua Greenberg, "quando dizem que um foco na corrupção nem sempre produz bons resultados”. E cita o exemplo palestino. 2) Cesar Maia confunde "Lula" com "Governo". Em termos de marketing eleitoral, isso pode ser fatal. César oferece o link para Stan Greenberg.

Governadores do Rio, mais um capítulo

Candidatos RJ, Google Apesar de Sérgio Cabral estar com indicação de vitória no 1º turno, a sua vantagem não é tão folgada quanto a que se vê em Minas, São Paulo, Maranhão e outros estados. Por isso, a campanha na TV fica mais interessante. Vejamos alguns exemplos. Vladimir, do PT. É sem dúvida a experiência mais interessante. Ele patina em 1% ou 2% e, por isso. não disputa nada pra valer e pode experimentar tudo. Entregou-se às brincadeirinhas de publicitários e está ganhando público. Exagera nos closes (enquadramento lançado com sucesso por Roberto Freire, na campanha presidencial de 89), nas caretas, no jogo de câmeras. Bonito videodesign e, de vez em quando, um texto interessante. Breve pode chegar aos 3% ou 4%. Principalmente se levar a sério a tarefa de substituir Milton Temer como candidato de Heloísa Helena. Será que ele vai apoiá-la para Prefeita do Rio em 2008? Lupi, do PDT. Seu programa ficou com inveja do programa de Edson Santos, Federal do PT, e resolveu copiar seu erro de português, colocando “à” no lugar de “há”. Essas produtoras... Denise Frossard, do PPS (melhor dizendo, do Cesar Maia). Melhorou o desempenho e achei o programa mais dinâmico. Cesar está conseguindo posicioná-la bem para uma possível candidatura à Prefeitura de 2008. (Cuidado com sua pupila, Heloísa Helena...) Sérgio Cabral, do PMDB. Repetiu a boa peça sobre segurança. O programa é bem feito, mas não agrada completamente. O candidato parece cansado. A edição pode ajudar. Crivella, do PRB. Repetiu o (bom) comício com Lula. Está aproveitando o tempo dos aliados. Milton Temer, do PSOL. Bateu papo com o Vice, atual Vereador Eliomar Coelho, o famoso “Marquês de Arataca” dos tempos universitários, em Brasília. Concluindo: a programação é boa de ver, mas ainda está morna – o que normalmente favorece quem está na liderança.

Empresa ligada a guerra doa quase 4 milhões de dólares para campanha parlamentar... nos Estados Unidos

Site da BAE americana A BAE faz parte de um grupo de sistemas de defesa britânico com forte presença nos Estados Unidos, Reino Unido, Suécia, Israel e África do Sul, empregando cerca de 45.000 pessoas e com faturamento anual de 10 bilhões de dólares. Segundo reportagem do jornal inglês Financial Times, compilando dados do Political Moneyline (site americano que rastreia contribuições a grupos políticos), a BAE tornou-se uma das mais poderosas empresas contribuintes (18º lugar) na atual campanha parlamentar americana. Cerca de 3,7 milhões de dólares, sendo 68% para candidatos do Partido Republicano. Não é nada, não é nada, já dá pra fazer uma guerrinha... Assinantes do Financial Times podem ter mais informações acessando aqui. O acesso ao Political Moneyline é aqui (assinatura anual de 2.650 dólares por pessoa...). Site da BAE aqui. BAE americana aqui.

domingo, 20 de agosto de 2006

O Programa de Alckmin está bom, mas o de Lula está melhor

Pobre, Alckmin. Fez tudo certinho no programa de TV. A direção de arte está boa, a iluminação está boa, a direção está boa, a edição está muito boa, a biografia está boa, o candidato está bem – mas isso não basta, porque o principal adversário, disparado na liderança, está melhor. Bom o depoimento de ex-“companheiro” decepcionado com Lula. Boa a proposta anti-esportes. Contra o Programa de Alckmin: o jingle não é lá essas coisas (o Dominguinhos de Fernando Henrique era melhor); não tem emoção, com uma cara pessedebista demais. O Programa de Lula está mais eficiente e mais emocionante. Boa produção, também. Jingle melhor. Excelente aproveitamento dos apresentadores, com distribuição racial politicamente correta. E o candidato está de cara boa. Os outros dois principais adversários estão com a mesma dificuldade de Alckmin. Heloísa Helena também apresenta ótimo programa, com ótimo aproveitamento de tempo. Os quadros “criativos” são bons, convincentes. A candidata está bem. O texto está bem feito. Mas dificilmente crescerá em cima dos eleitores de Lula. Tem que contar com a fuga dos eleitores de Alckmin. Cristovam Buarque é outro que tem ótimo programa e ótimo posicionamento (o presidente da educação). Mas vai ser difícil ir além. Não existe situação melhor do que essa para Lula. Se tudo continuar como está, Lula deverá crescer ainda mais, em cima do “voto útil”. Se os adversários resolverem partir para o estilo "tudo ou nada" contra Lula, ao contrário do que pensa Cesar Maia, poderá ser ainda pior. “O que fazer?”, é a pergunta que está corroendo os marketeiros da oposição.

Quem está mais indeciso, o eleitor ou o Ibope?

Essa última leva de pesquisas do Ibope não trouxe grandes novidades nas principais disputas. Lula continua ganhando no 1º turno, assim como Aécio em Minas, Serra em São Paulo e Sérgio Cabral no Rio. Uma coisa apenas me chamou atenção: no Rio Janeiro, Sérgio Cabral caiu 6 pontos, os outros candidatos permaneceram estáveis e os Indecisos cresceram 4 pontos. Faz sentido? Em princípio, pode fazer, sim. Se considerarmos, por exemplo, que o Horário Eleitoral fez mal à candidatura Sérgio Cabral, levando parte de seu eleitorado a se tornar Indeciso. Mas é difícil acreditar que ele seja o único afetado pela TV, ainda mais quando notamos que não há nada de novo na telinha adversária. O índice dos Não-Votantes (Brancos+Nulos+Indecisos) ficou muito alto no Rio (31%, contra 28% em São Paulo e 20% em Minas, por exemplo), com uma alta de 3 pontos com relação à pesquisa realizada uma semana antes. Feitos os cruzamentos, verificamos que a alta da Indecisão se dá principalmente nas faixas de eleitores de Renda Baixa e de eleitores do Interior – exatamente nas faixas onde Sérgio Cabral é mais forte. O que estaria ocorrendo? Duas novas hipóteses: perda de apoio do eleitorado do Garotinho (será?) ou descuido de entrevistador. O eleitor que marca Indeciso pode muitas vezes estar apenas querendo esconder o seu voto ou se livrar do entrevistador. Nessas horas, um bom entrevistador pode cobrar mais definição. Tenho notado que o Ibope tem apresentado índices de Não-Votantes maiores do que outros institutos (na pesquisa anterior, teve 28% contra 20% do Datafolha). Pode ser questão de política ou de método da empresa ou retrato fiel do que está ocorrendo. Seria algo a ser estudado e confirmado nas próximas pesquisas. ATENÇÃO: Li agora à tarde a pesquisa do Instituto Informa publicada hoje no jornal O Dia. Sérgio Cabral 45%; Crivella 18%; Denise Frossard 14%, Outros 7%; Não-Votantes 16%. Principais diferenças entre as duas pesquisas: Informa 2.000 entrevistas, Ibope 1200; Informa antes do Horário Eleitoral, Ibope pegou os dois primeiros dias. Ibope: Sérgio Cabral 36%; Crivella 19%; Denise Frossard 8%, Outros 6%; Não Votantes 31%. Vamos ficar atento às próximas pesquisas.

sexta-feira, 18 de agosto de 2006

HORÁRIO ELEITORAL GRATUITO: GOVERNADORES DO RIO

Infelizmente, tive que gravar o Horário Eleitoral Gratuito de quarta-feira e só ontem à noite pude assistir. Quero fazer observações sobre os programas dos principais candidatos ao Governo do Estado do Rio de Janeiro, Vladimir, Eduardo Paes, Denise Frossard, Crivella e Sérgio Cabral, nessa ordem, do menor para o maior ibope. Vladimir. Tem uma história excelente. Invejável, admirável. Lembro que há mais de um ano, quando começou a história do mensalão, fui chamado pelo PT-RJ para fazer o programa partidário e defendi com veemência a participação de Vladimir. A sua história daria credibilidade ao PT, mostraria o velho PT de lutas e glórias. Foi uma pena que Vladimir (para preservar sua imagem, creio) não quis participar. Agora, candidato a Governador, ele apresenta sua história. Mas, lamentavelmente, ela veio precedida de um quadro onde ele aparece de cartola e varinha de condão, “ironizando” os políticos. Ele não deveria ter feito isso com a sua própria história... Eduardo Paes. O melhor do programa foi a participação do candidato Zito, ex-Prefeito de Caxias (RJ). A direção de arte é boa, mas houve falha no enquadramento de Eduardo Paes, que ficou com a cabeça reduzida. Denise Frossard. É um programa cômico. O seu desempenho é muito fraco, não sei se por culpa própria ou da direção. César Maia participa conceituando muito bem a eleição: só existem dois lados, o dos que querem que o que está aí permaneça igual e o dos que não querem. Mas, ao contrário do que ele próprio ensina, esqueceu de “dar imagem ao pensamento”. Ele deveria mostrar com imagens o que é um e outro. Por exemplo: “os que querem continuar com esse clima de insegurança, como eu mesmo testemunhei na semana passada, onde uma criança chorava na porta de casa, com medo de ser assaltada no caminho da eacola...” Perdeu a chance de fazer isso no início do Horário, quando, como ele também sabe, a audiência e a atenção são maiores. Crivella. Fez papel de bobo. Primeiro por não aparecer no programa, desperdiçando tempo precioso junto ao eleitorado. Depois, por ter apresentado um quadro ridículo, combatendo o preconceito contra ele – que realmente existe, que deve ser combatido, mas que deve ter aumentado após o quadro... Sérgio Cabral. Esperava mais do programa. É um programa rico, como se esperava, mas sem emoção. O quadro inicial, “A Força do Rio” (que me lembrou “Força, Rio”, do governo Moreira), é um boa idéia que, infelizmente, mostra muita obra e pouco povo. Pouco, não – nenhum! Sérgio Cabral falando no escritório (deve ser real, da própria casa ou de algum amigo) está bem. Mas não precisava falar dentro de uma van em movimento, brincadeirinha desnecessária. O Preto Jóia deste ano não foi tão bom quanto no passado e o jingle ficou devendo. Parabéns pelo depoimento da Rosinha. Apesar da rejeição que hoje ela carrega, seria desrespeitoso não convidá-la. Em 98, apesar dos fortes ataques que o candidato adversário Cesar Maia fazia contra o brizolismo, Garotinho convidou Brizola várias vezes para participar do programa. Foi o próprio Brizola que, sabiamente, recusou. NOTAS APÓS A VEICULAÇÃO DAS 13 HORAS: 1) Fui informado que, após sua apresentação no Horário Eleitoral, Vladimir passou a ser muito cumprimentado nas ruas. Não tenho dúvidas disso. 2) Recebi um telefonema simpaticíssimo de Guto Graça justificando as dificuldades do primeiro quadro de Crivella. Quero aproveitar para dar parabéns pelo programa de agora à tarde, mostrando o maior comício da temporada e mostrando Crivella. 3) O programa de Sérgio Cabral apresentou um excelente quadro sobre segurança. Competente, necessário, estava devendo. 4) Algumas pessoas cobraram a ausência de comentários sobre Milton Temer e Lupi. Falha nossa. O programa do Milton Temer está muito bom, com ótimo aproveitamento de Heloísa Helena e de Ziraldo. A frase "Corrupção ninguém agüenta; vote 50" é muito boa. Quanto ao Lupi, a produção é limitada e "La, lé, li, ló, Lupi" é dose... Mas o uso das tradicionais bandeiras brizolistas é bom.

Horário Eleitoral Gratuito aprovado: 43% de audiência na Grande São Paulo!

Por mais que haja uma crise política se arrastando há mais de 1 ano, por mais que as regras eleitorais tenham inibido as campanhas, por mais que os escândalos se sucedam, a população ainda demonstra grande interesse pelo processo eleitoral. Segundo reportagem da Folha, nos dois primeiros dias de campanha na telinha, dias 16 e 17, no horário nobre, quase 2,5 milhões de domicílios da Grande São Paulo tinham seus televisores sintonizados especificamente no Horário Eleitoral Gratuito. Vou repetir: especificamente no Horário Eleitoral Gratuito! 43% de audiência! Mais do que a grande maioria dos índices de audiência deste país. Isso prova o acerto do Horário Eleitoral Gratuito, uma das mais eficientes e criativas formas de financiamento público de partidos políticos. Nesse aspecto, o Brasil está bem à frente dos Estados Unidos, por exemplo. Onde a propaganda é paga e caríssima, favorecendo unicamente os grupos milionários e poderosos. Em 1974, Nova York, quando entrevistei Jeff Greenfield, ex-speech writer de Robert Kennedy e, na época, conceituado consultor político da Garth & Associates (passou para a CNN), perguntei o que ele mudaria no sistema eleitoral americano e ele respondeu: “O dinheiro. Sou a favor do tempo gratuito na TV, contribuições públicas e campanhas menores. Procuraria facilitar o registro eleitoral e também a votação, passando o dia das eleições de terça para domingo”. Como vemos, já em 1974 eles queriam o exemplo brasileiro (sem contar a urna eletrônica...). Há muito lobby contra o Horário Eleitoral Gratuito, com o argumento de que é chato, tira a liberdade de escolha, etc (Nessa reportagem da Folha, por exemplo, a manchete destaca os 16% de televisores ligados que não assistem o Horário Eleitoral Gratuito!). Reconheço que o despreparo político e as espertezas políticas de muitos candidatos contribuem contra o Horário Eleitoral Gratuito. Mas a democracia exige que ele permaneça. E exige também que seja aperfeiçoado. O que só será possível com uma reforma política, realizada através de Assembléia Constituinte convocada exclusivamente para isso. (Nesse ponto, discordo de José Dirceu que, em nome da urgência, defende que a reforma seja feita através da próxima legislatura. A urgência é real e o aprofundamento da reforma também.) Temos que levar para o eleitor um processo político cada vez melhor. O Horário Eleitoral Gratuito será campeão absoluto de audiência. MAIS NOTÍCIAS: 1) O Ex-Blog de Cesar Maia concorda com este Blog. Veja o que ele acaba de divulgar: "HORÁRIO ELEITORAL: UMA GRANDE AUDIÊNCIA! Se atentarmos bem, é a audiência da TV GLOBO em dias normais! E mais diversificada pois soma todas as TVs." 2) A Coluna do Ancelmo, hoje, no jornal O Globo, divulga pesquisa do Vox Populi, indicando que 20% dos telespectadores assistem o Horário Eleitoral Gratuito com atenção! Esse dado é sensacional, um índice certamente maior do que a quase totalidade dos programas. 3) Pasmem: a audiência da final da Taça Libertadores, jogo Internacional X São Paulo, também teve o índice de 43%!

quarta-feira, 16 de agosto de 2006

Nota Zero: Serra culpa nordestinos pelo fraco desempenho de São Paulo na educação

Montagem de Serra no SPTV Não quero acreditar que o professor José Serra seja capaz, em sã consciência, de culpar os nordestinos pelo reprovação de São Paulo no quesito “educação”. Mas foi isso que ele fez. Talvez um descuido de linguagem. Talvez um preconceito que ele próprio desconhecia. O fato é que ele fez isso. Ao culpar a migração por problemas de São Paulo, estava culpando os nordestinos, que são a maioria. Culpou exatamente quem mais ajudou a construir o mais rico dos nossos estados. Pior: replicou a entrevista que deu ao SPTV no seu site de campanha, como podemos comprovar aqui. Chico Pinheiro fez a pergunta: “Temos uma outra questão seríssima aqui em São Paulo que é a questão do ensino, a baixa qualidade da educação. São Paulo foi reprovada em educação nas provas”. E Serra respondeu: “Não chegou a ser reprovado, teve 7º, 8º lugar, que não corresponde, mas não é reprovação, não é abaixo da média do Brasil. São Paulo tem que entender o seguinte: diferentemente dos estados do Sul, que são os que têm melhor situação, São Paulo tem muita migração, muita gente que continua chegando, este é um problema". Serra não deveria esquecer que nordestino também vota...

Horário Eleitoral Gratuito: é pagar pra ver

TV. Google Começou o programa mais esperado das eleições brasileiras. E o mais esperado também por Alckmin (PSDB) para iniciar(!) sua campanha. No primeiro dia, tivemos os candidatos a presidente e os candidatos a deputado federal. Fiz anotações: 1) “Emocionante” o jingle do candidato Eymael, que diz assim: “Ei, Ei, mael...”. 2) Heloisa Helena (PSOL) ficou devendo. Ela corre o risco de seguir demais os conselhos de Cesar Maia e perder vigor. O ataque a Lula (PT) foi fraquinho. 3) No programa da tarde, pasmem, Alckmin abriu falando para “Minha senhora, meu senhor”. Um “profundo” espírito de comunicação com o grande público! 4) O candidato Bivar (PSL) atacando a Folha e a imprensa de um modo geral – alguém quer me explicar o que foi aquilo? 5) Cristóvam Buarque (PDT) e Lula exageraram no pankake. A sorte de Lula foi o bom ajuste da iluminação. No caso de Cristóvam, Amaury, que sabe lidar com câmeras, observou que o diafragma poderia estar um pontinho fechado. 6) Teve um candidato que se apresentou como “o deputado da inclusão digital”. Isso é permitido? 7) Eurico Miranda (PP) estava lá! 8) Cesar Maia, o grande estrategista da campanha de Denise Frossard (PPS), pisou feio na bola: esqueceu de colocar legenda ou sinais para surdo-mudo em todas as peças da coligação (agora é obrigado por lei), tanto do PPS, quanto do PFL e do PV. Logo a Denise Frossard, que tem dificuldades com pessoas com deficiência física. 9) Aliás, as legendas permitiram ver erros de português que não aparecem nas falas. O mais gritante foi o do candidato Edson Santos (PT) que falava em “A cinco mandatos...”, no lugar de”Há cinco mandatos...” Soube que foi um erro entre produtoras diferentes. 10) O programa de Lula foi longe o melhor. As realizações foram bem sintetizadas, as prioridades do próximo governo (educação, reforma política e segurança) foram bem colocadas e havia mais emoção, principalmente com o lindo jingle. E Lula apresentou sua tradicional cara alegre, bem diferente da que apresentou na entrevista do Jornal Nacional. Alckmin veio com um programa no estilo Fernando Henrique, pretensamente eficiente. Tentou pôr emoção com um jingle, mas ficou devendo. Talvez Alckmin esteja esperando o segundo dia para iniciar a campanha...

O debate foi cancelado.

Tv 'controlada' O primeiro debate entre os presidenciáveis não aconteceu. Com a ausência de Lula, os outros candidatos gastaram o tempo trocando figurinhas na telinha da Bandeirantes. A audiência foi baixíssima – em torno de 5%,quando poderia ter alcançado uns 15% (na Globo, os debates ficam na faixa dos 40%). Para não perder a viagem completamente, os candidatos usarão as imagens em edições especiais para seus programas eleitorais, onde contarão com audiência maior (30%-40%). Certamente a imagem da cadeira vazia será utilizada para mostrar que Lula fugiu do debate. Com a ausência inteligente (ou esperta) dos candidatos líderes, o próximo passo será debater a sobrevivência dos debates...

segunda-feira, 14 de agosto de 2006

Era o que faltava: Irã utiliza arma tipicamente americana - um blog...

Home page do site do presidente iraniano O Plantão Globo divulgou nesta tarde que o Presidente do Irã, Ahmadinejad, lançou o seu blog, com direito a perguntas e respostas, em quatro línguas, em farsi, árabe, francês e... inglês! Obviamente, além de sua biografia, o Presidente Iraniano pergunta sobre a crise mundial atual. Pergunta: "você acha que o objetivo dos Estados Unidos e Israel, ao atacar o Líbano, é engatilhar outra guerra mundial?" Como a língua inglesa não deve ser bem recebida no Irã, ao invés de "world war" (guerra mundial), ele escreveu "word war" (guerra de palavra). Tomara que eu esteja errado e tudo não passe de uma guerra de palavras. Seria muito melhor que as disputas se resolvessem com o lançamento de blogs, no lugar de bombas. Se estiver interessado, acesse aqui.

Tarde inolvidable entre hermanos

Chávez cumpriu a promessa e visitou Fidel. O Granma divulgou várias fotos com esta reportagem. Para ver as fotos, acesse aqui. A reportagem está aqui. Como anunció el sábado, al lanzar su candidatura presidencial, Chávez vino a La Habana a festejar el cumpleaños 80 de su hermano Fidel. Raúl lo recibió en el aeropuerto y lo estrechó en el abrazo de un pueblo que le agradece al líder amigo su grandeza humana y actitud solidaria. Fue una tarde inolvidable, compartida entre hermanos de sangre y de causa, que trajo fuerzas y aliento nuevos al aguerrido Comandante de mil batallas empeñado en una nueva victoria por la vida.

Seymour Hersh, da New Yorker, revela o que este Blog divulgou há 2 semanas: a administração Bush planejou a guerra do Líbano com muita antecedência

No dia 1º de agosto, com o título de “Israel não vai parar o massacre”, este Blog divulgou trecho do artigo de Alexander Cockburn, da newsletter americana CounterPunch, “O triunfo do realismo maluco”, onde ele demonstrava que o seqüestro dos soldados israelenses foi apenas o pretexto que estava se procurando há algum tempo. O massacre do Líbano estaria sendo planejado há pelo menos um ano. Desde 2001 o Pentágono teria a lista de 7 países para atacar, dentro de uma planejada campanha de 5 anos: Iraque, Síria, Líbano, Líbia, Irã, Somália e Sudão. Tudo isso faria parte do pensamento estratégico descrito por C. Wright Mills (sociólogo americano) no seu livro The Causes of World War Three, em 1958 (mesmo ano em que Eisenhower enviou seus marines para o Líbano...), como sendo “the crackpot realism” (algo como “realismo maluco”). Agora, o jornalista Seymour Hersh – o primeiro jornalista a divulgar a tortura de presos iraquianos em Abu Ghraib – escreveu na revista The New Yorker um artigo cheio de revelações de altas autoridades americanas mostrando como tudo foi planejado. A guerra faria parte (como também antecipamos aqui) de um plano maior de invasão do Irã. O grupo do vice-Presidente americano Dick Cheney estaria decidido a invadir o Irã como parte de uma estratégia político-eleitoral e, por isso, precisava antes enfraquecer o Hesbolá. As análises que fizeram das forças do Hesbolá estavam erradas e a opção por destruição aérea não deu certo (tentaram imitar o que foi feito com sucesso em Kosovo, mas os objetivos e cenários eram diferentes). Com a derrota de Israel, estão reavaliando o ataque ao Irã – ação que conta com a oposição do secretário de defesa Rumsfeld, que não quer pôr em risco as forças no Iraque (Rumsfeld conheceu de perto a derrota no Vietnã e faz tudo para evitar outra). Leia trechos do artigo de Seymour Hersh ou leia o artigo completo acessando a revista The New Yorker. • “Se a mais poderosa força da região não pôde pacificar o Líbano, que tem apenas 4 milhões de habitantes, é preciso cuidado com o Irã, mais preparado estrategicamente e com uma população de 70 milhões de pessoas, declarou Richard Armitage, que foi da secretaria de estado do primeiro mandato Bush.” • “No começo deste verão, antes dos seqüestros do Hesbolá, várias autoridades israelenses estiveram em Washington para obter luz verde para os bombardeios”. • “A força aérea israelense realizou mais de 9.000 missões até a última semana.” • “O plano israelense, de acordo com um antigo oficial superior de inteligência, era fazer uma prévia do que os Estados Unidos fariam no Irã.” • “Uzi Arad, que serviu no Mossad (serviço secreto israelense), declarou que nunca tinha visto uma decisão pela guerra ser tomada tão rapidamente.” • “Israel estudou a guerra do Kosovo como modelo para ataque aéreo. Os israelenses chegaram a dizer que fariam em 35 dias o que eles tinham feito em 70.”• “Surpreendentemente, o General Moshe Kaplinsky assumiu a operação, substituindo o general Udi Adam. O medo de Israel era que Nasrallah (líder do Hesbolá) aumentasse a crise lançando mísseis sobre Tel Aviv. E aí fica a dúvida: se Nasrallah atinge Tel Aviv, o que Israel fará?”

O CASO TV GLOBO: NA VERDADE, SEQÜESTRARAM TODA A IMPRENSA...

domingo, 13 de agosto de 2006

Igreja católica, igreja evangélica, candomblé e todos os santos se unem em orações por Fidel

Fidel, The New York Times Fidel é o sonho vivo. No dia de seus 80 anos de vida, vale ler a reportagem “Culto de Oração por Fidel”, de JOEL MAYOR LORÁN, no jornal cubano Granma (“Vovozinha”, em inglês). “Não pedimos a Deus que Fidel seja eterno, mas que esteja o maior tempo possível onde seja útil, proclamaram diante da convocatória da Seção Ecumênica em Defesa da Humanidade”, segundo a reportagem. A doutora Miriam Ortega, presidenta para a América Latina e o Caribe do Conselho Mundial de Igrejas, falou de vários povos no continente orando junto aos cubanos, porque o projeto histórico empreendido por Fidel tem sido o único a ocupar-se dos outros países, do analfabetismo, da dor e da fome. “Não é isso que o Evangelho nos exige?”, perguntou. O engraçado disso tudo é que nós, aqui no Brasil e com certeza em muitas partes do mundo, fomos educados sabendo que Fidel era uma espécie de anti-Cristo, o terror das igrejas, um “comedor de criancinhas”. Ver agora uma união como essa, tão ampla, em defesa de Fidel e de Cuba só nos dá a certeza de que o perigo maior sempre foi a propaganda anti-cubana. Clique aqui para ler o artigo completo – e Viva Fidel!

sábado, 12 de agosto de 2006

Israel perdeu a guerra

AP/Sebastian Scheiner/Le Monde Um dos mais poderosos exércitos do mundo teve que reconhecer a força da milícia Hesbolá, até recentemente considerada um bando de fanáticos despreparados. Pior: o prestígio junto aos Estados Unidos como grandes estrategistas militares foi abalado. Ao aceitar o acordo da ONU com cessar-fogo imediato, Israel admitiu sua incapacidade de cumprir a meta original, que era destruir o Hesbolá. “O Primeiro Ministro Olmert e seu Ministro da Defesa Amir Peretz foram golpeados pela percepção de que conduziram mal a guerra”, diz Steven Erlanger em sua análise no The New York Times (acesse o texto completo aqui; outro texto, de Greg Myre, também do The New York Times, aqui.). Mais grave foi o orgulho que o israelense tem por seu exército, atingido mortalmente. “Haverá pesadas críticas sobre a performance do exército israelense contra o Hesbolá, sobre as falhas em análises estratégicas, em inteligência e em treinamento, especialmente entre os reservistas”. E Erlanger continua: “as críticas serão severas também sobre o despreparo da administração, às voltas com a imagem de milhares de pobres israelenses correndo atônitos, durante um mês, para abrigos antibombas decrépitos, sem serviços públicos ou suprimentos adequados”. Com o cessar-fogo da ONU, os estrategistas Bush-israelenses ganharão tempo para se recuperar da derrota e se preparar para nova batalha – certamente contra o Irã –, dentro do pensamento do “realismo-maluco” (“the crackpot realism”, conceito do sociólogo americano C. Wright Mills já exposto neste Blog, na postagem “Israel não vai parar o massacre” do dia 1º de agosto). Infelizmente, a derrota (ou a vitória) de Israel não significa paz para a região. Tanto o povo israelense quanto o povo árabe, tanto judeus, quanto católicos ou muçulmanos, todos continuarão sua guerra insana, na disputa por água, petróleo, religião ou areia. O povo israelense não agüenta mais viver inseguro, o povo libanês (ou palestino) não agüenta mais viver na miséria. Mesmo assim, por muitos e muitos anos, todos continuarão a perder a guerra.

Notícias sobre rodas

Cesar Maia, O Dia Três notícias sobre o tema “ônibus” me chamaram atenção. A primeira foi a de César Maia e sua implantação dos elevadores em ônibus para atender portadores de deficiência física. É uma iniciativa louvável, que chega com bastante atraso e que esperamos ver se expandir. Ponto para César Maia (que também soube tirar proveito, posando de deficiente físico para toda a imprensa registrar). Outro boa notícia saiu no Informe do Dia, o programa “Estudou, Passou”, lançado pela Prefeitura de Volta Redonda. Pelo programa, a Prefeitura garante passe livre total para os estudantes que tiram boas notas (os outros pagam meia). Serve de estímulo aos alunos. Ponto para o Prefeito Gothardo. A terceira notícia é negativa, trata dos 163.735 alunos da cidade do Rio de Janeiro que ficaram sem transporte gratuito por que o RioCard, cartão eletrônico do passe-livre, ainda não ficou pronto! Milhares de crianças não podem ir á escola por falta de dinheiro para a passagem! E é claro que faltou vontade de entregar o RioCard em tempo hábil. É preciso entender que passe livre para estudantes não é despesa, é investimento. Nota zero para os responsáveis (Rio Ônibus e Fetranspor) e ponto para o Deputado Carlos Minc, que está mobilizando o Ministério Público em defesa dos estudantes. O Prefeito de Volta Redonda, Gothardo Netto, esclarece que o "Estudou, Passou" é para todos os estudantes municipais; antes eles pagavam meia-passagem, mas agora estão totalmente isentos, com essa iniciativa. O ponto continua.

sexta-feira, 11 de agosto de 2006

Entrevista do Jornal Nacional: Lula errou no cenário

Lula no Jornal Nacional Para ser austero não é necessário ser soturno. E esse foi o maior erro de Lula na sua entrevista de ontem no Jornal Nacional. Claro que ele ganhava pontos trazendo a entrevista para o seu terreno, transformando a “entrevista com o candidato” em “entrevista com o Presidente”. Mas os marqueteiros carregaram na tinta. O ambiente estava carregado e Lula começou carrancudo. O que compensou esse desastre visual foram as respostas muito boas para o óbvio quesito “mensalão”. Convenceu em tudo que disse. E deu uma escorregadela quando trocou “inflação” por “salário”. Não deveria ser comparado com os outros entrevistados, por causa dos cenários diferentes. Mas como o que seria vantagem virou desvantagem vale a nota: 6.

quinta-feira, 10 de agosto de 2006

Cesar Maia escreve mais um capítulo da novela mexicana “El Calderón de Xuxu se entornó”

Cesar Maia é admirável na sua obsessão por marketing/política. Estudioso há muitos anos (eu gostaria de ter dedicado o mesmo tempo...), apaixonado, vibrante, inovador, incansável nas explicações “científicas”. Infelizmente, por mais que procure parecer sério e profundo, a sua paixão atrapalha tudo. Quando tem um objetivo político na cabeça, tudo tem que se encaixar no que já estava determinado, todas as análises buscam ser a síntese que ele pretendia desde o início. Todas as pesquisas têm que confirmar o que ele predisse – caso contrário estão erradas ou são desonestas. Ontem mesmo, dia 9, ele levantou suspeitas sobre os resultados da Sensus, a primeira dessa leva de pesquisas a mostrar a retomada do crescimento de Lula, a subida de Heloisa Helena e a queda de Alckmin. Insinuou que a pesquisa servia apenas para defender os interesses da Confederação Nacional do Transporte (CNT). Depois veio o Datafolha confirmando os resultados e hoje o Ibope veio confirmar também. Cesar Maia já fez de tudo para transformar chuchu em manjar – sempre sem sucesso. Tentou ensinar técnicas que ele, erradamente, acha que deram certo com o candidato Calderón, do México. Tentou, erradamente, fazer de Heloisa Helena a motivação para um 2º turno que daria vitória a Alckmin. Tudo em vão. Alckmin cada vez mais mostra que é apenas o que o resto do país já sabia desde o começo: chuchu. Mas Cesar Maia não desiste. E aguardamos ansiosamente em seu ex-Blog desta sexta-feira, 11, mais um capítulo da novela que ele insiste em escrever. Haja Calderón para tanto Xuxu...

Pesquisa Datafolha: quem são os adversários de Crivella e Denise, de Mercadante e Quércia, de Nilmário e Fábio?

Os candidatos que não estão na frente nas pesquisas costumam eleger o líder como adversário único. Claro que faz sentido, já que é o líder que mais ameaça tirar o seu 1º lugar no pódio eleitoral. Por isso, conduzem todas as suas estratégias no sentido de bater em quem está na frente – e nem sempre esse é o melhor caminho, principalmente quando há dois turnos. Com 2 turnos, pode haver inicialmente dois pódios, o que muda o quadro e as estratégias. Vejamos o exemplo do Rio, onde o Datafolha deu Sérgio Cabral 42, Crivella 19, Denise Frossard 9, Outros 10 e Brancos-Nulos-Indecisos 20, com um quadro quase cristalizado. O principal adversário, tanto de Sérgio Cabral quanto de Crivella e Denise Frossard, são os Brancos-Nulos-Indecisos. São eles que podem levar ou não a eleição para o 2º turno. Sérgio tem que lutar para que eles se mantenham como estão ou cresçam em cima dos outros candidatos. Crivella e Denise Frossard, além de lutarem entre si pelo segundo lugar, têm que derrotar os Brancos-Nulos-Indecisos, conquistando seus corações e mentes. Os caminhos para isso podem ser ou de bater em quem está na frente, ou de bater em quem está ao lado ou de não bater em ninguém, bastando mostrar as propostas que os Brancos-Nulos-Indecisos estão querendo. Em São Paulo, Serra tem uma diferença maior, mas ainda pode ser atropelado pelos Brancos-Nulos-Indecisos, que também estão com 20%. Identificar muito bem essas situações é fundamental para garantir um 2º turno ou, quem sabe, a vitória final. Ah, sim, tem o Aécio, em Minas. A melhor estratégia para os adversários é rezar...

Cristóvam Buarque empata com Heloisa Helena no Jornal Nacional

Cristóvam Buarque no Jornal Nacional Cristóvam Buarque está patinando nos índices baixos das pesquisas para a candidatura à presidência. Suas aparições na TV e nos telejornais também têm sido monótonas, solitárias, sem molho de espécie alguma e sempre com o predomínio do tema educação. O Globo de hoje diz que ele é um candidato de uma nota só. Mas ele se saiu bem no Jornal Nacional. Falou unicamente em educação, claro, o que foi bom. Isso fixa definitivamente sua marca como “o candidato da educação”. Úma marca muito boa e que, bem exposta, pode trazer excelentes frutos. Seus ataques ao Governo Lula foram bem feitos. A defesa dos professores e de verbas adequadas para a educação também. Falhou um pouco ao confessar erros, mas compensou essa falha ao falar do sonho de ser o ministro que acabaria com o analfabetismo no Brasil. Faltou-lhe o carisma, um pouco mais de calma e uma voz melhor. Nota 6.

quarta-feira, 9 de agosto de 2006

Pânico no Comitê

PSDB altera enquete (veja notícia completa no Plantão Globo) sobre reforma política dentro de seu próprio site... Comitê pessedebista se reúne em Brasília para discutir estratégia... Álvaro Dias defende “insistir na questão ética e nos resgate dos escândalos”... Alckmin reclama de evento fraco em Madureira, Rio, diz que é “campanha de deputado”... A disparada para baixo que o candidato tucano teve nas últimas pesquisas acendeu todas as luzes vermelhas na campanha e deixou evidente um clima de pânico. Que Alckmin não faria sucesso, até o Cesar Maia tinha certeza. Mas a oposição pessedebista sonhava com uma tentativa de segundo turno. A subida de Heloisa Helena (ao contrário do que planejava Cesar) em cima dos votos de Alckmin tornou mais distante o 2º turno e fez os tucanos caírem na real. Alckmin ainda tenta reagir com um “pacote anti-corrupção”. Mas corre o risco de ver o pacote explodir em seu colo...

Pesquisa Sensus e Datafolha: Lula vence já no primeiro turno e Alckmin dispara rumo ao 3º lugar

Apesar de Cesar Maia protestar e de apresentar um grande malabarismo de números, as pesquisas estão cada vez mais claras sobre as eleições presidenciais. As conclusões mais óbvias são as seguintes: 1) Lula tem seus índices inabaláveis, na faixa dos 40% para cima. 2) Os outros candidatos, principalmente Alckmin e Heloisa Helena, trocam intenções de votos entre eles, mas não conseguem atingir as intenções de Lula. 3) Os únicos a cair foram Alckmin (-4, Datafolha; -7,5, Sensus) e Indecisos (-1, Datafolha), o que fortalece a tese de vitória no 1º turno. 4) A idéia-mestra de Cesar Maia de que o teto dos índices do “candidato Lula” seria o índice de avaliação do “governo Lula” (ele não percebe que não há identificação total entre o "candidato" e o "governo") e que isso levaria ao 2º turno, naufragou com essas pesquisas, porque a avaliação do governo também subiu. 5) Heloisa Helena provavelmente ganha espaço entre os “indecisos” da faixa popular, mas cresce principalmente no eleitorado de Alckmin, que anda fraco pra chuchu. Isso é o mais evidente – o resto é torcida contra.

O ataques de São Paulo são políticos

Claro o PSDB está certo quando afirma que esses ataques, que estão acabando com a tranqüilidade do povo paulista e, por tabela, de todo o povo brasileiro, são inteiramente políticos. O PCC (Partido de Cualquer Coisa...) está aproveitando o período de propaganda eleitoral para exibir suas pretensas qualidades, confrontadas com seus principais adversários, as autoridades paulistas, pertencentes ao PSDB e ao PFL: 1) Mais organização 2) Mais competência 3) Mais ousadia 4) Mais corrupção 5) Mais união. O discurso parece meio chuchu, mas, com estratégia bem criativa e ocupando toda a mídia nacional, esse partido começa a demonstrar que realmente é mais eficiente dos que os governos paulistas dos últimos anos. Prova disso está, pelo menos em parte, na queda dos índices do ex-Governador Alckmin (PSDB). Esperamos que esse “partido” não passe pela “cláusula de barreira”...

Heloisa Helena passou raspando no Jornal Nacional

Heloisa Helena, Jornal Nacional A candidata Heloisa Helena sem dúvida alguma trouxe novidade para as entrevistas do Jornal Nacional. Ao contrário da cara sem sabor de Alckmin na noite anterior, ela trouxe um sabor mais brasileiro. Valorizada pelas duas pesquisas que mostravam seu crescimento, apresentou-se alegre e mais à vontade. Demonstrou, para o grande público, domínio do ambiente político e, principalmente, não se deixou dominar pelos entrevistadores da Globo. Não fez as trapalhadas de Alckmin, apesar de se atrapalhar um pouco nas questões de reforma agrária e da invasão do Congresso, mas cometeu o erro dos erros - promoveu o Bolsa-Família, carro-chefe do adversário Lula. No Jornal das 10 foi ingênua (ou teve "esperteza" de candidata) no entendimento das relações do executivo com o legislativo. Agradou mais do que desagradou – mesmo tendo falado demais (complicando-se com os entrevistadores), o que é um ponto crítico junto ao eleitor povão. Nota 6.

terça-feira, 8 de agosto de 2006

Alckmin quer forças armadas em São Paulo

Posto destruído em São Paulo, Folha Agora, além dos candidatos Serra, Quércia e Mercadante, o candidato Alckmin pede forças armadas para resolver o problema da violência em São Paulo. Ele só não teve coragem de dizer isso com todas as letras, porque poderia parecer que estaria dando razão ao adversário Lula. Mas vejam suas palavras indiretas: ele disse que a segurança é “questão de caráter nacional”. Disse que Presidente da República “tem que estar à frente” e que deve “assumir a responsabilidade”. E ainda disse que a violência em São Paulo deixou de ser crime comum para ser terrorismo. Tudo isso leva à exigência das forças armadas para resolver o problema, não há outro entendimento. O que não dá para entender é quando Alckmin afirma que, com as 12 prisões de ontem à noite, espera-se chegar à cúpula do crime. Pergunta-se: a cúpula do PCC não está na prisão?

Alckmin foi reprovado

Jornal Nacional, 7 de agosto de 2006 A entrevista de Alckmin no Jornal Nacional teve a seu favor a divulgação de sua candidatura. Como dizem que seus índices estão baixos por que ele é pouco conhecido, a Globo deu uma boa ajuda. O Jornal Nacional tem audiência suficiente para projetá-lo. Mas ele não se ajudou. Foi reprovado em educação, mostrando desconhecimento sobre o tema e sobre a situação real da educação no estado que governou. Foi reprovado em segurança, tentando culpar unicamente o governo federal pelos erros de segurança em São Paulo. Se a violência paulista, como afirmou Alckmin, saiu do âmbito do crime comum para se transformar em terrorismo, não seria o caso de chamar as forças armadas, como oferece o Ministro da Justiça? Foi reprovado no quesito corrupção, tentando explicar o inexplicável, fazendo tudo para mostrar um PSDB santo. Foi reprovado na questão dos aposentados, tentando resolver problemas causando outros. Foi reprovado na percepção de candidato forte para a presidência. Não passou credibilidade para o cargo que postula, não demonstrou firmeza nem propostas claras. A campanha pessedebista espera que ele se prepare mais e tenha um desempenho melhor no horário gratuito de TV. Nota 3.

segunda-feira, 7 de agosto de 2006

O mundo se surpreende com a organização do Hesbolá na guerra contra Israel

Todos nós já estávamos acostumados com os conflitos do Oriente Médio, era Golias super-armado de um lado contra um Davi pé-rapado de outro. Resultado: Golias vencia sempre, com muita facilidade. Essa nova guerra Israel-Líbano mudou o script. O frágil e desorientado Davi organizou-se e cresceu. O que antes se alimentava de fanatismo hoje se alimenta de inteligência, disciplina – e um bom apoio de Síria e Irã, através de treinamento e um bom arsenal de armas modernas, que ninguém é de ferro... Desde a última ocupação israelense, em 2000, a milícia xiita-libanesa Hesbolá não tem feito outra coisa a não ser organizar-se, conquistar corações e mentes da população civil, treinar e armar-se. Um dos grandes carregamentos de armas teria ocorrido em dezembro de 2003, quando ocorreu um terremoto no Irã. Os aviões de ajuda humanitária da Síria teriam voltado com armas para o Hesbolá. Armas modernas, de controle sofisticado, mísseis anti-tanques e anti-casernas(!), que viraram um pavor para os soldados israelenses. “O Hesbolá é uma milícia treinada como um exército e equipada como um estado, e seus combatentes não são como o Hamas ou os palestinos em geral; são treinados e altamente qualificados(...) estamos surpresos”, declaram soldados que voltam do front. O Hesbolá construiu uma rede de túneis para realizar ataques-surpresa com seus mísseis e sumir inesperadamente, a exemplo do que os chechenos fizeram para atacar o exército russo. Trata-se de um pequeno exército de apenas 2.000-4.000 homens, mas com uma grande rede de militantes temporários capazes de garantir logística e armazenagem de armas e munição. Timur Goksel, consultor político sênior da Unifil, a Força Interina das Nações Unidas no Líbano, fala com admiração do Hesbolá: “Eles não temem mais o exército israelense como antigamente. Sabem que é feito de pessoas normais, com seus pontos fracos e seus pontos fortes. Eles estudaram a guerra assimétrica (desproporcional) e têm a vantagem de lutar em seu próprio terreno, entre seu povo, que eles prepararam para enfrentar exatamente o tipo de avanço israelense. Eles querem que Israel estenda suas linhas de suprimentos para ficar mais fácil atingir”. Olhando esse novo cenário, é bom saber que o fanatismo cede terreno à inteligência. Mas seria melhor ainda se todas as partes envolvidas usassem a inteligência para acabar com a insanidade da guerra. Acesse reportagem do The New York Times.

Napoleão e a imprensa

Napoleão Bonaparte, Google

Não há dúvidas sobre a importância da imprensa para a humanidade. A informação, a análise, a fiscalização, o debate, o abrir horizontes, estimular o ser humano na sua caminhada permanente. Mas nem sempre o jornalista faz um bom trabalho ou um trabalho independente. Pode ser por problemas de formação, com faculdades ainda capengas lançando profissionais despreparados. Pode ser por um mercado de trabalho desestruturado, com poucas oportunidades e péssimas condições de emprego. Pode ser por causa dos interesses financeiros ou políticos das empresas jornalísticas. O jornalista Luiz Gutemberg, por exemplo, costumava dizer que é difícil encontrar um órgão de imprensa que não dependa do poder público. E essa parece ser uma história antiga, como revelam as manchetes do jornal francês “Le Moniteur”, em 1815. Em 7 de março, surgiu a informação de que Napoleão Bonaparte tinha deixado a ilha de Elba e avançava com 1.200 homens rumo a Paris. Foram essas as manchetes que descreveram esse avanço: • O ogro da Córsega acaba de desembarcar no golfo Juan. • O tigre chegou a Gap. • O monstro dormia em Grenoble. • O tirano atravessou Lyon. • O usurpador está a quarenta léguas da capital. • Bonaparte avança a grandes passos, mas nunca entrará em Paris. • Napoleão estará amanhã em frente das nossas muralhas. • O Imperador chegou a Fontainebleau. • Sua Majestade Imperial entrou no Castelo das Tulleries, no meio dos seus fiéis súditos. Moral da história: como é difícil ser jornalista!

domingo, 6 de agosto de 2006

Como Israel destrói mais: com bombas ou com o racionamento de água?

Richard Harth é um escritor de New Orleans que sobreviveu ao furacão Katrina. Ele escreveu no newsletter CounterPunch sobre o sofrimento do povo palestino por causa da falta de água (acesse Squeezing the Last Drops from Palestine, Espremendo as Últimas Gotas da Palestina) e começa o texto descrevendo o próprio sofrimento em New Orleans, para concluir: “Além do caos, eu me lembro bem da sede, a ansiedade para ter água (potável). Era o nosso momento Gaza”. A região palestina conta com 3 principais fontes de água – o Rio Jordão (aquele de Jesus e João Batista, que vai do Mar Morto ao Galileu), o Aqüífero (espécie de rio subterrâneo) da Montanha (na chamada “Margem Ocidental”) e o Aqüífero Litorâneo (na Faixa de Gaza). Antes da famosa Guerra dos Seis Dias, em 1967, Israel só detinha 3% da Bacia do Rio Jordão, apesar de já ter construído uma complexa infraestrutura de canais, estações, reservatórios e aquedutos que desviava 75% do Jordão para o usufruto israelense. Depois de 1967, Israel passou a ter controle total. A Síria e a Jordânia ainda têm direito a algum uso, mas os palestinos são proibidos de beber das águas do Rio Jordão. Têm que se virar com os aqüíferos e seus caminhões-pipa. Mesmo assim, apenas 19% da água estão disponíveis para os palestinos... O grupo de direitos humanos chamado “Se eles soubessem” (If They Knew) descreve mais problemas: “Na Margem Ocidental (região a oeste do Rio Jordão, encampada por Israel), cerca de 50 poços e 200 cisternas foram destruídos ou separados de seus proprietários pelo Muro construído na área – que também precisou da destruição de outros 25 poços e cisternas, além de 35 km de aquedutos somente na sua construção. Ao considerar Gaza e Margem Ocidental como duas coisas independentes, Israel também proíbe que os palestinos gazeanos utilizem a água do Aqüífero da Montanha e tratem de sobreviver com o Aqüífero Litorâneo e seus 90% de água não-potável! Pior: os palestinos não têm outra escolha a não ser beber essa água não-potável, que se degrada ainda mais. Seguindo as cotas israelenses, os palestinos da Margem Ocidental têm direito a 70 litros de água por pessoa/dia e os da Faixa de Gaza têm direito a apenas 13 litros, enquanto o mínimo humanamente concebível é de 100 litros, de acordo com a Organização Mundial de Saúde! As conseqüências são óbvias. Desespero, doenças, destruição lenta e sofrida de todo um povo. É como se estivessem planejando uma espécie de “lavagem étnica”.

sexta-feira, 4 de agosto de 2006

Pesquisa Ibope/CNI e Vox Populi: Heloisa Helena avança sobre Alckmin

A nova pesquisa Ibope/CNI divulgada nesta sexta-feira não traz grandes novidades na disputa principal: Lula continua inalterável, vencendo no 1º turno e, na hipótese de um segundo turno, amplia a diferença sobre o 2º colocado. A maior novidade está na candidata psolista Heloisa Helena, que começa a tirar pedaços maiores da candidatura pessedebista. Na pesquisa Vox Populi divulgada por Tão Gomes, o quadro é idêntico. Ibope CNI: Lula 44, Alckmin 25 e Heloisa Helena 11. Na Vox Populi, Lula 45, Alckmin 26 e Heloisa Helena 11. Nada deverá mudar substancialmente, a não ser a disputa do 2º lugar entre Heloisa Helena e Alckmin. No Rio, tenho certeza que ela ficará em 2º.