sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Cesar Maia tem meia razão


No seu Ex-Blog de hoje, Cesar Maia critica o marqueteiro João Santana por ter alertado o pré-candidato a Governador do Rio, Lindberg (PT), que se a sua campanha não conseguir 5 minutos para os programas de TV, “fica difícil competir com Luiz Fernando Pezão (PMDB), que já possui o tempo do PSD e do Solidariedade”. Cesar Maia diz que “isso depende da dispersão dos candidatos e do quadro eleitoral”, no que está certo. E lembra que em 2000, na campanha para Prefeito do Rio, ele próprio, “com menos de 2 minutos foi para o segundo turno”. Poderia ter lembrado também da campanha de 98, quando Garotinho, com apenas 3’19” de tempo na TV, derrotou as campanhas milionárias de Luiz Paulo Corrêa da Rocha e de Cesar Maia, que tinham, cada uma, aproximadamente o dobro do tempo.
Se é verdade que o tempo maior na TV não é condição sine qual non de vitória eleitoral, é verdade também que o tempo maior pode trazer muitas vantagens. Indica mais apoio, dá mais credibilidade e pode ajudar a passar um clima vitorioso. Além disso, o maior tempo de um candidato no seu programa eleitoral implica maior número de inserções de 30”, mais comerciais da campanha que são transmitidos durante a programação normal. Essas inserções, quanto mais, melhor. No caso da eleição do Rio, João Santana está certo em pedir mais tempo - um tempo que pode, sim, fazer diferença.

Leia o texto de Cesar Maia:

JOÃO SANTANA DÁ CONSELHO BOBO A CANDIDATO DO PT NO RIO!
   
1. A bobagem. (Lauro Jardim - Radar Online, 30) João Santana avisou a Lindbergh Farias que as alianças para a campanha no Rio de Janeiro têm que alcançar, pelo menos, cinco minutos para os programas de TV. Hoje, o PT tem pouco mais de três minutos de espaço na propaganda partidária. Menos que isso, fica difícil competir com Luiz Fernando Pezão, que já possui o tempo do PSD e do Solidariedade.
    
2. (Ex-Blog) Isso depende da dispersão dos candidatos e do quadro eleitoral. Em 2000, Cesar Maia, no Rio, com menos de 2 minutos foi para o segundo turno. Aí os tempos igualam. Essa eleição de 2014 no Rio tem a maior dispersão de todas para governador. Tempo de TV não fará diferença: se passar dos 15% se vai para o segundo turno. Cabral, para prefeito, em 1996, tinha um latifúndio de tempo de TV. Abriu disparado e por um mínimo passou para o segundo turno.  Etc.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Em eleição, o mais importante é enxergar lá longe


Interessante o Ex-Blog desta terça-feira, 21, em que Cesar Maia procura comparar a próxima eleição para Governador do Estado do Rio de Janeiro com a de 98, quando se candidataram, entre outros, Luiz Paulo Correa da Rocha (PSDB, PMDB, PSD, PL e apoiado pelo então governador Marcello Alencar), Garotinho (da coligação PDT, PT,PSB, PC E PCdoB) e o próprio Cesar Maia (DEM, PP e PTB). A tese de Cesar Maia procura usar isso como exemplo negativo para o PMDB de Sérgio Cabral. Afinal, “Luiz Paulo partiu com os mesmos 5% de Pezão” e chegou ao final com “8% sobre o total dos votos emitidos” (15,51% dos votos válidos, enquanto Garotinho teve 46,86% e o próprio Cesar Maia 34,30%). Claro que é um exemplo a se considerar, mas sob outro enfoque.
Fiz a campanha de Garotinho em 98 (a partir de 16 de junho) e desde o começo o adversário principal era Cesar Maia. Em maio, eles estavam na faixa dos 30%, enquanto Luiz Paulo patinava na faixa dos 3 a 5%. Isso permaneceu assim até julho/agosto, quando Garotinho começa a descolar de Cesar Maia e pula para a faixa dos 40%. Garotinho, além de representar a união de Interior e Baixada, representava a união das forças populares (Brizola) com a classe média progressista, de esquerda, representada por PT, PSB, PCB e PCdoB. Luiz Paulo era apoiado pelo governador que teria traído o trabalhismo e privatizado, como bem aponta a Wikipédia, “uma série de empresas estatais como a CERJ (Companhia de Eletricidade do Estado do Rio de Janeiro), BANERJ (Banco do Estado do Rio de Janeiro), CONERJ, TELERJ, CEG (Companhia Estadual de Gás), Flumitrens e o próprio Metrô e ainda extinguiu a CTC-RJ (Companhia de Transportes Coletivos do Estado do Rio de Janeiro)”.
Garotinho, que tinha sido considerado o melhor prefeito (Campos) do Brasil, na época representava também “sinceridade”, “juventude”, “obras mais humanas”, “povo”. Cesar Maia, que não soube aproveitar as suas grandes realizações como Prefeito do Rio, ficou associado (segundo quali que realizamos) a “falsidade”, “arrogância”, “elite”, “não gosta de povo” (declaração de que ia jogar creolina nas calçadas para afastar os moradores de rua foi crucial). Nesse embate entre “povo” e “anti-povo”, não sobrou espaço para Luiz Paulo, nem com toda a máquina que existisse.
O cenário hoje é bem diferente. Há dois candidatos em disputa séria (Lindberg, do PT, e Pezão, do PMDB) e dois (Crivella, do PRB, e Garotinho, do PR) que, apesar de liderarem as pesquisas no momento, não parecem que disputam pra valer. Parecem muito mais dispostos a negociar apoio ou a se cacifar e cacifar os seus partidos para as próximas eleições. Ao contrário do que propõe Cesar Maia, hoje vale muito mais olhar pra frente do que olhar pra trás.

Leiam o texto do Ex-Blog:
ELEIÇÃO NO RIO: PMDB PODERIA OLHAR TAMBÉM PARA TRÁS!
       
1. (Ex-Blog) Em 1998 o PSDB, no governo, lançou o vice-governador e secretário de obras, Luiz Paulo Correa da Rocha, candidato a governador. O PMDB apoiou e Luiz Paulo passou a ter um enorme tempo de TV. O governador Marcelo Alencar enfrentava desgaste, mas nada comparado com Sérgio Cabral agora. O PSDB tinha 46 prefeitos e praticamente todos os da região metropolitana. A campanha do PSDB foi feita por Duda Mendonça. Luiz Paulo partiu com os mesmos 5% de Pezão. Subiu e chegou a 8% sobre o total dos votos emitidos.

Obs.: a ilustração acima foi transformação de uma que encontrei na internet.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

2014, o ano que já terminou



Esses dias saiu na coluna "Extra! Extra!", de Berenice Seabra, uma nota com uma síntese feita por Chico Alencar, deputado federal do PSOL, sobre o que temos pela frente: “o primeiro semestre culmina com o meio século do golpe de 64; o segundo, com a Copa da Fifa e das manifestações; o terceiro, com a eleição; e o quarto com o balanço disso tudo e do PIB anual, sobre o qual os economistas não se entendem, como de hábito”. Claríssimo, diz tudo, não tem como errar. Podemos até avançar em alguns detalhes. Por exemplo, temos certeza que os saudosistas da ditadura tentarão provar benefícios da tortura e da falta de liberdade, mas as vozes democráticas serão mais fortes. A Copa, apesar das tentativas vândalas, será um sucesso – quem sabe, até para a Seleção. Com relação às eleições, é claro que não existe o “favas contadas”. Sempre há surpresas, mas, no principal, que é a eleição presidencial, a surpresa seria haver surpresa. Dilma será reeleita, provavelmente, no primeiro turno.
Em política, nunca se desiste, claro. Mas a disputa real, hoje, já não é tanto pelo primeiro lugar (se é que isso é possível...), mas, sim, pelos espaços que o Governo e as oposições ocuparão a partir de 2015. O Governo trabalha, óbvio, para vencer a próxima eleição logo no primeiro turno. Mais do que isso. Quer ampliar seu espaço no Congresso, consolidar as alianças (principalmente com o PMDB) e quer decidir quem vai ficar em segundo lugar. O ideal petista é que em segundo lugar fique Aécio, porque é um candidato de menor futuro e deixaria Eduardo Campos com menos fôlego. Isso serve tanto para a eleição em um turno quanto em dois. Acrescente-se a isso, no caso de dois turnos, que o eleitor de Campos-Marina fluiria mais facilmente para Dilma do que o eleitor de Aécio. Os dois candidatos da oposição, com certeza, pensam praticamente o contrário. Eles já sabem que não vencerão. E lutam desesperadamente entre si para crescer no Congresso e conquistar junto ao público oposicionista o título de melhor alternativa ao próximo candidato petista em 2018.
2018, sim, será a hora da verdade para o PT. E o cronômetro já startou!
P.S. – com relação aos balanços de fim de ano sobre PIB, inflação, juros, desemprego, etc., não há o que discutir, porque a “verdade” será ditada pelo mercado através da grande mídia.

domingo, 5 de janeiro de 2014

Para Fernando Henrique, “mudar o rumo” é “voltar atrás no tempo”





O artigo de Fernando Henrique Cardoso publicado neste domingo ("Mudar o rumo") é de uma ousadia monumental. Começa pela chamada: “a política externa precisa rever seu foco”. Qual foco? Aquele do seu Ministro das Relações Exteriores, que tirou os sapatos para poder entrar nos Estados Unidos? Política de submissão geopolítica? Ficar de braços cruzados enquanto os Estados Unidos espalham bases em torno do Brasil e ficam de olho grande no Atlântico Sul?
Dando continuidade a sua “aula”, FHC escreve: Para que exportemos mais e para dinamizar nossa produção para o mercado interno, a ênfase dada ao consumo precisará ser equilibrada por maior atenção ao aumento da produtividade, sem redução dos programas sociais e demais iniciativas de integração social”.
Exportemos mais? Nos seus governos, o ano em que exportamos mais foi 2002, com pouco mais de 60 bilhões de dólares. Desde 2005, nunca mais exportamos menos do que 118 bilhões de dólares e em 2013 exportamos mais de 242 bilhões de dólares.
Sobre a participação da Petrobras nos leilões do pré-sal, escreve: “A imposição de que a Petrobras seja operadora única e responda por pelo menos 30% da participação acionária em cada consórcio, somada ao poder de veto dado às PPSA nas decisões dos comitês operacionais, afugenta número maior de interessados nos leilões do pré-sal, reduz o potencial de investimento em sua exploração e diminui os recursos que o Estado poderia obter com decantado regime de partilha”. Como reduz?!? O Estado torna-se sócio, participando diretamente dos ganhos. Além disso, a Petrobras é uma das maiores empresas do mundo, domina como ninguém a exploração em águas profundas e tem realizado um trabalho excepcional para o país. Se ela não serve para essa função, quem mais serviria?
Ataca também a inflação, que, segundo ele, só não estaria fora da meta “porque os preços públicos estão artificialmente represados”.  Será que ele esqueceu que nos seus últimos quatro anos de governo a inflação foi de 8,9% (1999), 6,0%(2000), 7,7%(2001) e 12,5%(2002)? Isso apesar das taxas de juros altíssimas: 18,99% (dez/1999), 15,76% (dez/2000), 19,05% (dez/2001) e 24,9% (dez/2002).
Fernando Henrique tem a suprema ousadia de encerrar seu artigo dizendo que a esperança que tem é a da vitória das oposições em 2014. Ou seja, quer sua turma de volta ao poder. Mas para que ninguém perca o rumo por causa dessas loucuras de verão de um ex-presidente, reapresento algumas manchetes da Folha de 3 de março de 1999:
“Desemprego em SP é recorde com 9,18%”, “Trabalhador perdeu 0,5% da renda em 98”, “Emprego industrial cai pelo nono ano”,  “Governo aperta ainda mais o crédito”, “Dólar bate novo recorde apesar da atuação conjunta do BC e BB”, “Crise no Brasil afeta indústria argentina”, “Reservas externas caem para US$ 35,6 bilhões em fevereiro”, “Empresas tentam rolar dívida externa dando mais garantias”, “CNI defende intervenção do BC no câmbio e vê risco de calote”, “TST já admite conceder reajuste salarial com alta da inflação”, “Bolsa cai 1,38% e título da dívida despenca”.
Nesse túnel do tempo ninguém quer entrar. O povo é contra o "meia-volta, volver"" da oposição.

sábado, 4 de janeiro de 2014

O balança mas não cai do comércio exterior



Os jornais de ontem, dia 3, fazem questão de destacar que o resultado de nossa balança comercial em 2013 foi péssimo. Nada mais justo, afinal foi mesmo muito ruim e o papel da imprensa é esse mesmo de noticiar. Não quero entrar nos porquês do resultado, apenas quero comentar o tom do noticiário. Foi uma coisa catastrófica. Parecia que o resultado tinha sido negativo. O Globo chegou a manchetar "O pior resultado em 13 anos", provavelmente procurando associar o número do PT com coisa ruim. Está certo, esse é o papel da oposição (com trocadilho). Porém, se procurasse dar uma informação mais ampla, poderia dizer que, em 3 anos, o Governo Dilma nunca teve resultado negativo. Nem o Governo Lula, em seus 8 anos. Já o Governo FHC, em 8 anos, só teve resultado positivo nos últimos dois anos. Alguém pode dizer que teria sido herança maldita, mas logo percebemos que, antes, a balança sempre foi positiva. Na verdade, desde 1981 a nossa balança comercial só esteve negativa no Governo FHC. Será que todos já esqueceram? É só balançar bem a cabeça que a memória volta.
Dados do site http://www.portalbrasil.net/economia_balancacomercial.htm. Exceto o resultado de 2013, que veio do Globo