quinta-feira, 29 de novembro de 2007

O Império mostra sua cara na Bolívia

Foto Folha de São Paulo Esta foto de um manifestante anti-Morales usando a cara de Darth Vader (Guerra nas Estrelas) é bem o retrato do que pode estar acontecendo na Bolívia.

Austrália não se afina mais com Bush e resolve tocar em outra banda

Google O novo primeiro ministro trabalhista Kevin Rudd mudou inteiramente o ritmo do governo na Austrália. A sua primeira nota dissonante foi a indicação para ministro do meio ambiente do ex-líder da banda de rock Midnight Oil (punk-hard rock, dissolvida em 2002) e ativista ambientalista, Peter Garrett. Dentro desse clima, Rudd apóia o Tratado de Kioto, que é abominado por Bush. Sem nem ainda ter tomado posse (foi eleito sábado), ele se prepara também para retirar os soldados australianos que estão a serviço dos Estados Unidos na guerra suja do Iraque. Isso prova que Bush está cada vez mais desafinado com o mundo.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

O maior uso do dinheiro público para campanha eleitoral

Esse encontro que Bush promoveu em Annapolis, nos Estados Unidos, foi um verdadeiro derrame de dinheiro público, aparentemente com o intuito único de tentar fortalecer os Republicanos nas próximas eleições presidenciais americanas. Dezenas de chefes de estado mobilizados e um grande aparato da mídia - pra quê? Um Bush enfraquecido, um premier israelense sob intensa pressão interna reunidos com líderes muçulmanos divididos. Até a Palestina, possivelmente a maior interessada em que tudo desse certo, foi ao encontro cheia de dúvidas. Todo mundo está cansado de saber que a paz não é o objetivo de Bush, e o Iraque sente isso na própria carne. Então, pra que tudo isso? Talvez o tiro tenha saído pela culatra e Bush fique ainda mais enfraquecido. Foi dinheiro (público) jogado fora. Enquanto isso, estamos dia a dia mais distantes de um mundo de paz...

terça-feira, 27 de novembro de 2007

IDH: Brasil entre os primeiros

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil aumentou em relação ao ano passado e permitiu que o país entrasse pela primeira vez no grupo dos países de Alto Desenvolvimento Humano. O IDH, calculado anualmente pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), foi divulgado nesta terça-feira e faz parte do "Relatório de Desenvolvimento Humano 2007/2008 – Combater as Mudanças do Clima: Solidariedade Humana em um mundo dividido". Entre os principais motivos da ascensão do Brasil estão o crescimento do PIB per capita entre 2004 e 2005 e o aumento da expectativa de vida ao nascer. Boa notícia para o Brasil, má notícia para a oposição - cada vez mais com menos discurso...

CPMF passou, Renan ficou, o mensalão de Minas pipocou, Fernando Henrique escorregou - e à oposição, o que restou?

A aprovação da CPMF, na minha opinião, são favas contadas. Muda um pouco aqui, um pouco ali, mas vai ser aprovada, não importa a cara final. Renan Calheiros vai sobreviver como personagem folclórico. Como bem disse, acho que foi o Noblat, não existe ninguém no Senado preocupado em defenestrá-lo. A história do mensalão deixou de ser uma exclusividade anti-Lula/PT - os tucanos reivindicam a sua fatia na história. O Congresso Tucano reduziu-se a Fernando Henrique escorregando nas palavras - ou seja, não decolou. Certamente o discurso oposicionista ainda vai insistir na CPMF, mas de fato resume-se no momento a duas palavras: Chávez e Morales. Palavras, aliás, que estão ilustradas na primeira página do Globo de hoje, com o título "CONSTITUIÇÃO INCENDEIA BOLÍVIA E VENEZUELA". A Folha também noticia na primeira página - mas o destaque maior é para os incêndios de Paris. O Estadão segue o mesmo caminho. Que mais a oposição pode inventar? Terceiro mandato? TV pública? É, pode ser... mas é muito pouco.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Ahmadinejad, ao contrário de César Maia, vive dilema hamletiano sobre seu blog

Na sua última postagem, datada do dia 18, Mahmoud Ahmadinejad, o polêmico (no Ocidente, pelo menos...) líder iraniano, escreveu o título "Ler ou escrever, eis a questão!" (خواندن یا نوشتن؟ مساله این است). Ele se desculpa porque levou meses, desde a última postagem - mas trata logo de esclarecer que mantém o seu compromisso de dedicar 15 minutos por semana ao blog. A dedicação ao blog, continua ele, é muito maior, por causa da leitura das numerosas - e extensas - mensagens que tem recebido. Na verdade é isso que tem atrapalhado: de tanto ler, não consegue mais escrever. Pede que reduzam a extensão das mensagens para poder continuar atendendo a todos. Ahmadinejad deveria consultar César Maia para saber como ele consegue tempo...

Poços da Petrobras: recordar é profundo

Por acaso encontrei este anúncio que fiz para a Petrobras, acho que na segunda metade da década de oitenta. É um bom anúncio, acho. Mas o mais interessante, no momento, é o trecho em que a Petrobras orgulha-se de seu savoir-faire em águas profundas. Na época, ela podia "extrair petróleo do mar a uma profundidade de 500 metros". O novo poço, Tupi, está entre 5.000 e 7.000 metros de profundidade.

domingo, 25 de novembro de 2007

Mônica e Renan, o casal ternura

Mônica Bergamo publica hoje, na Folha, pérolas graciosas do livro "O Poder que Seduz", de Mônica Veloso, que será lançado na próxima quarta-feira. Lendo essas coisinhas bobas da Corte, só nos resta balançar a cabeça. Selecionei algumas delícias:
Música, perfume e um certo torpor. Champanhe na mão, conversávamos e sorríamos após o jantar [na casa do senador Ney Suassuna]. (...) O vento agitando as cortinas, o barulho de cristais e porcelanas como rumores longínquos vindos da sala. Era como se fôssemos as únicas pessoas no mundo.
Naquele momento, o senador Renan Calheiros olhou nos meus olhos e passou a dizer coisas que gostei de ouvir (...)
[Num segundo encontro, num jantar, em fevereiro] Seus olhos brilharam quando me viu e, indiferente aos outros convidados, não os tirou mais de mim durante o jantar. Parecia uma criança, estava encantado, feliz. (...) Depois passou a me levar ao Senado, onde eu era tratada com a maior deferência."
Conheci um lobista de Minas que contava aos quatro ventos quais parlamentares estavam na sua folha de pagamentos.
Houve um momento, bem no começo da nossa relação, em que pensei em desistir (...) Renan era mais velho que eu e não tinha o gosto pela cultura, pelo cinema, que eu queria em um homem. Não era antenado com as coisas modernas, não vibrava com as novidades, as tendências, só falava sobre política.
O celular tocou. Era ele, radiante como uma criança por ter tomado café com o presidente.
No mundo pode haver milhões de rosas, mas para o Renan eu era uma rosa única, que ele tratava com devoção comovente.
Como qualquer casal apaixonado, tínhamos nossos códigos, nossos momentos e nossas músicas(...) Nossa música marcante foi a do filme "Lisbela e o Prisioneiro". Misturávamos as nossas vozes com a do Caetano e cantávamos, baixinho, olhando no fundo dos olhos do outro: "Agora, que faço eu da vida sem você? Você não me ensinou a te esquecer. Você só me ensinou a te querer, e te querendo eu vou tentando me encontrar...".
Um de seus sonhos mais freqüentes era ir comigo para o Carnaval da Bahia. Não no camarote: queria ir no chão, no estilo sem lenço e sem documento. Totalmente largado.
O Renan parecia ser o homem que eu sempre mereci.
Parece bobo, piegas, como uma adolescente falando, mas o fato é que amei o Renan loucamente, como jamais pensei ser capaz. Amei com a alma, com tudo que há de mais puro no meu ser.
[Em dezembro de 2003] descobri que estava grávida, carregava no ventre o resultado de meu amor com Renan.
Quando contei sobre a gravidez, ele entrou em pânico. Dizia ser impossível. Afinal, argumentou, não éramos mais crianças. Fiquei muito triste com a sua reação. Pela primeira vez, percebi que o amor era lindo, mas a política, para ele, era tudo.
Eu não acreditava que o homem que eu amava, que de tão meigo comigo passei a chamar de "docinho", agia daquela forma (...) Ele sumiu por 20 dias. Não o procurei. Passou Natal, Réveillon e nada do Renan.
Ele prometeu que depois da campanha do desarmamento se "organizaria", o que em bom português queria dizer que se separaria para ficarmos juntos.
Decidimos, então, que eu me mudaria para uma casa alugada no Lago Norte, e lá vivi como reclusa, preocupada em esconder minha gravidez.
[Uma colunista do "Jornal de Brasília", do Distrito Federal] deu uma nota dizendo que eu estava grávida e a criança era filha do senador Renan Calheiros (...) Pediram-me para redigir uma nota, de próprio punho, negando que o filho fosse do Renan. Escrevi, chorando (...) quando ficamos sozinhos, pela primeira vez vi o Renan chorar.
Amei Renan loucamente, como jamais pensei. Amei com a alma, com tudo que há de mais puro no meu ser.
Carregava no ventre o resultado de meu amor (...)
Então, para me precaver, apenas para o caso de ele se recusar a admitir a paternidade, gravei algumas conversas que tivemos durante a gravidez (...) Nunca usei os diálogos para nada, muito menos para fazer chantagem, como insinuaram.
Continuamos nos relacionando. Ainda havia amor entre mim e Renan, sim, mas o encanto tinha acabado. Desde o final de 2003 eu sabia que ele, ao contrário do que me dizia, mantinha uma relação conjugal estável (...).
Não creio que a humilhação do senador tenha sido maior do que a de uma mulher que carregou uma filha na barriga e teve de se esconder, como se fosse uma criminosa.
Nunca imaginei que diria isso, mas a verdade é que tive orgulho de fazer a "Playboy'(...) A beleza venceu a feiúra, a alegria esmagou a tristeza, o aconchego superou a indiferença.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

A preocupação de Fernando Henrique com o português do Lula está virando piada

Fernando Henrique está dando um show de desconhecimento. Na mesma Convenção do PSDB em que atacou Lula e disse que tucanos falam português direito, ele foi saudado com a faixa tucana onde se lia "FANFARÃO" (ver foto). Afinal, quem é o fanfarrão nessa história?

A memória às vezes é Demo...

No Panorama Político de hoje, no Globo, o brasileiro pode refrescar um pouco a memória. Diz o texto, referindo-se ao novo ministro de Relações Institucionais, José Múcio (PTB): "Em 1992, o PFL afastou Múcio da CPI do PC Farias porque ele assumiu posição contra o presidente Fernando Collor". Para quem ainda não sabe, o PFL (ex-ARENA) atende atualmente pelo nome de DEM (alguns tratam por Demo, mas isso é detalhe...).

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Obrigado, Béjart

Maurice Béjart e Pina Bausch até hoje foram os coreógrafos que mais me impressionaram. Quando assisti pela primeira vez o Ballet du Siècle XX, fiquei deslumbrado, maravilhado com a coreografia que introduzia o ruído em um conjunto para fazê-lo ainda mais harmônico. Com sua morte, ficou um ruído.

Professor Texto

Recebi e-mail do Luiz Favilla apresentando o seu Blog (Professor Texto: http://professortexto.blogspot.com/), uma visita que me deixou feliz. Recomendo.

Maluf é Tupi desde criancinha

Tinha recado em casa, tinha recado no escritório, tinha recado na caixa postal, meu celular tinha 311 ligações não respondidas. Era minha sogra - ou, como ela diz, minha sogra preferida. Estava indignada. Tinha acabado de ver uma inserção política com o Maluf (PP) se dizendo responsável pela descoberta do poço Tupi da Petrobras... Reportagem da Folha de hoje deve atender às inquietações de minha sogra:
PP afirma que petróleo em SP é obra de Maluf. O PP de São Paulo tem divulgado desde o dia 14 inserções na TV nas quais apresenta o deputado federal Paulo Maluf como precursor da descoberta de petróleo na bacia de Santos pela Petrobras. "Em 1980, baseado em estudos geológicos, o governador Paulo Maluf criou a Paulipetro. Ao invés de apoio, a iniciativa recebeu calúnias e incompreensões. Vinte e sete anos depois, o projeto de Maluf se confirma. Graças ao petróleo da bacia de Santos, o Brasil vai fazer parte da Opep. PP: visão de futuro", afirma a inserção. Criada pelo então governador Paulo Maluf em 1979, a Paulipetro tentou encontrar petróleo e gás - mas na bacia do Paraná, no interior do Estado. Em 1981 a empresa descobriu pequenos depósitos de gás em Cuiabá Paulista, sem viabilidade comercial. A empresa foi extinta pelo governador Franco Montoro (PMDB), deixando dívidas de US$ 500 milhões. Em 1980, o advogado Walter do Amaral ajuizou ação contra Maluf, que foi julgada improcedente na primeira e na segunda instâncias, mas em 1997 o STJ acatou recurso e condenou Maluf e os demais acusados a devolverem US$ 250 mil ao erário. "Se for eleito governador, não voltarei a procurar petróleo", disse Maluf na época. Em agosto último, o STF confirmou a condenação.

Pastelão do dia: ACM Neto contra Chávez

Nada mais engraçado do que ver o Deputado ACM Neto (DEM, ex-PFL) vociferar contra a entrada da Venezuela no Mercosul. Tudo porque, segundo ele, Chávez é um ditador. Logo quem! ACM Neto, neto de Antonio Carlos Magalhães que, além de seu avô, foi seu guru político. Sobre a relação entre ACM Avô e a ditadura, tudo já foi dito. Não vou gastar os pixels do meu Blog com isso.

domingo, 18 de novembro de 2007

PPS da D: sem comentários....

No Panorama Político de hoje, no Globo, saiu essa nota: Veto. O PPS é contra a entrada da Venezuela no Mercosul (!!!). E rejeita o relator da matéria, Paulo Maluf (PP-SP). Diz Raul Jungmann (PE) que ele foi “um fiel servidor da ditadura militar”. E dizer que os dois foram aliados no apoio ao governo FH...

Contribuinte paga pelas memórias de Fernando Henrique

Outra nota do Panorama Político de hoje, no Globo: BENEFÍCIO FISCAL. O Instituto Fernando Henrique Cardoso captou até agora, pela Lei Rouanet, R$ 3,8 milhões para a preservação, catalogação e digitalização do acervo do expresidente. Entre os 11 doadores, a maior contribuição é da Ambev. Também colaboraram a Gespar Participações, a Rio Bravo Investimentos e a BES Investimentos do Brasil. Elas podem deduzir o valor repassado do Imposto de Renda.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Pânico na oposição conservadora: Cepal comprova a redução da pobreza no Brasil e na América Latina

O "Panorama Social da América Latina-2007" publicado pela Cepal - Comissão Econômica para América Latina e Caribe revela que "o crescimento econômico da América Latina permitiu que 15 milhões de pessoas saíssem da pobreza e 10 milhões deixassem de ser indigentes na região em 2006". A estimativa é de que 2007 se encerre com uma população pobre de 190 milhões de pessoas, o número mais baixo dos últimos 17 anos. Se considerarmos a proporção da população indigente, é a mais baixa dos últimos 27 anos. O documento é apavorante para os conservadores, quando diz (e o próprio Globo reproduz) que "Brasil, Argentina e Venezuela estão entre os países que registraram maiores avanços. Segundo a Cepal, no caso brasileiro, não apenas o crescimento, mas programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, foram determinantes. O país reduziu em 4,2 pontos percentuais tanto a pobreza quanto a indigência entre 2001 e 2006". Brasil, Argentina e Venezuela são exatamente os países mais atacados pela mídia e toda a oposição conservadora. Seus presidentes são "xingados" de populistas. Mas o documento da Cepal demonstra a contradição desse pensamento: ao populista não interessa a redução da pobreza. Ele trabalha com a rapidez desorganizada e a falta de conscientização. Precisa consolidar o poder através de benefícios sociais de pequena monta - rápidos, imediatos, mas que não levam a nenhuma transformação profunda. Com benefícios feitos com um mínimo de organização e que levem à redução substancial da pobreza, o nível de consciência pode se elevar e reduzir área de influência para o populismo. Se você faz uma política do tipo "bica d'água", de cunho puramente eleitoreiro, você é um exemplo perfeito do populista. Mas se você está de fato empenhado na inclusão social, em tirar a população da pobreza e garantir-lhe cidadania, participação no consumo, avanços sociais e econômicos, você está fazendo o básico para uma sociedade menos desigual. Os verdadeiros populistas não aceitam essa situação de transformação mais profunda de nosso mundo. Acesse o site em espanhol da Cepal e também O Globo.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Mauro Santayana: em defesa de Chávez, contra arrogância colonialista

Falha minha, não tinha lido o "Coisas da Política" do dia 12, no JB (para assinantes), texto de Mauro Santayana, que trata do entrevero entre Chávez e Juan Carlos da Espanha (aquele que herdou a coroa contra a vontade do pai, com o apoio do ditador Franco). Mas o Chico Mattos enviou cópia, que reproduzo:
A arrogância colonialista. O presidente Hugo Chávez é descuidado e franco no que fala. Usa, em sua retórica antiimperialista, metáforas quase divertidas, como chamar Bush de diabo. Mas não exagerou ao qualificar o ex-primeiro ministro espanhol José Maria Aznar de fascista. Aznar, produto típico da Opus Dei, que se reorganiza com novo alento na Espanha, sempre tratou a América Latina com desdém. Em 2002, em Madri, atreveu-se a dar ordens ao Presidente Eduardo Duhalde, da Argentina, para que aceitasse e cumprisse as exigências do FMI. Reincidiu na grosseria, ao telefonar a Buenos Aires, logo depois, como um dono de fazenda telefona para seu capataz, a fim de determinar-lhe a assinatura imediata do acordo com o órgão. Conforme disse o próprio Ministro de Relações Exteriores da Espanha, Miguel Angel Moratinos, Aznar deu ordens ao embaixador da Espanha em Caracas para que apoiasse o golpe contra Chávez em 2002. Com o presidente eleito preso pelos golpistas, o Embaixador foi o primeiro a cumprimentar o empresário Pedro Carmona, que, também com o entusiasmado aplauso do representante dos Estados Unidos, tomava posse do governo, para ser desalojado do Palácio de Miraflores horas depois. Não se pode pedir a Chávez que trate bem o ex-primeiro ministro espanhol, embora talvez lhe tivesse sido melhor ignorá-lo no encontro de Santiago. Mas, como comentou, na edição de ontem de El Pais, o jornalista Peru Egurdide, há um crescente mal-estar na América Latina com a presença econômica espanhola, identificada como “segunda conquista”. A Espanha opera hoje serviços como os bancários, de água, energia, telefonia e estradas, que não satisfazem os usuários. Ainda na noite de sexta-feira, em reunião fechada, Lula e Bachelet trataram do assunto com Zapatero, de forma veemente – longe dos jornalistas. Mas se Chávez, mestiço venezuelano, homem do povo, fugiu à linguagem diplomática, o Rei Juan Carlos foi imperial e grosseiro, ao dizer-lhe que se calasse. O Rei, criado por Franco, tem deixado a majestade de lado para intervir cada vez mais na política espanhola – conforme o El Pais critica em seu editorial de ontem. Em razão disso, as reivindicações federalistas dos povos espanhóis (sobretudo dos catalães e dos bascos) se exacerbam e indicam uma tendência para a forma republicana de governo. Pequenos episódios revelam o conflito latente entre os espanhóis e seu rei. Já em 1981, quando do frustrado golpe contra o Parlamento Espanhol, o comportamento de sua majestade deixou dúvidas. Ele levou algumas horas antes de se definir pela legalidade democrática. Para muitos, o golpe chefiado por Millan del Bosch pretendia que todos os poderes fossem conferidos a Juan Carlos, em um franquismo coroado. Os dirigentes latino-americanos tentarão, diplomaticamente, amenizar a repercussão do estrago, mas o “cala a boca” de Juan Carlos doeu em todos os homens honrados do continente. O rei atuou com intolerável arrogância, como se fossem os tempos de Carlos V ou Filipe II. A linguagem de Zapatero foi de outra natureza: pediu a Chávez que moderasse a linguagem. Como súdito em um regime monárquico, não pôde exigir de Juan Carlos o mesmo comportamento – o que seria lógico no incidente. Durante os últimos anos de Franco, a oposição republicana espanhola se referia ao Príncipe com certo desdém, considerando-o pouco inteligente. Na realidade, ele nada tinha de bobo, mas, sim, de astuto, vencendo outros pretendentes ao trono e assumindo a chefia do Estado. Agora, no entanto, merece que a América Latina lhe devolva, e com razão, a ofensa: é melhor que se cale.

Expocuba: apesar das ameças de Bush, aumentam os negócios americanos em Cuba

Foto de Jose Goitia para o New York Times A 25ª Expocuba, a feira cubana anual de negócios, encerrou-se no último sábado. E nela pôde-se ver que os americanos estão cada vez mais interessados - e necessitados - em negociar com Cuba. Escreveu James C. McKinley Jr para o New York Times: "A atmosfera era festiva, com mais de uma dúzia de restaurantes onde as pessoas bebiam Havana Club (rum da melhor qualidade!) e davam baforadas nos famosos charutos cubanos, uma iguaria com que os americanos se deliciam (...) Além de autoridades estaduais, a delegação americana incluiu várias empresas de transporte e do setor agrícola, como Pilgrim’s Pride, Cargill e Purdue. Seus vendedores passavam o dia inteiro trabalhando nos quiosques, voltavam para o Hotel Nacional (um marco art deco) e partiam para aproveitar a noite havanense". O mais curioso era a presença de autoridades americanas, como Dave Heineman, Governador Republicano do Nebraska (na foto comemorando vendas de 11 milhões de dólares). Junto com 100 empresários, viam-se também autoridades do Minnesota, Alabama e Ohio. Como ficam então as ameaças de Bush e seu argumento de que "todo dólar que entra em Cuba ajuda a manter um regime despótico"? Governadores e outras autoridades estaduais contraargumentam simplesmente que a exportação para Cuba (ou seja, a entrada de dólares nos estados Unidos) está "ajudando os seus agricultores" e destacam que não querem "falar de política nacional". Por mais que o raivoso Bush insista no bloqueio econômico, o fato é que Cuba tem um bilhão e meio de dólares para fazer compras e a realidade americana precisa abocanhar uma fatia desse bolo.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

1937/2007: César Maia dá puxão de orelha na mídia

No seu Ex-Blog de hoje César Maia aproveitou as "comemorações" dos 70 anos do Estado Novo (10 de novembro) para trazer algumas informações pertinentes e dizer aos jornalistas que o que se está fazendo com isso está mais para novela do que para história ou jornalismo. Veja o seu texto:
70 ANOS: GETULIO VARGAS E O 10 DE NOVEMBRO DE 1937! 1. As ações dos governos se medem tanto pelas intenções como pelos resultados. E sempre - quando se trata do passado - é básico contextualizar. Falar dos anos 30 é falar de regimes verticais e autoritários pelo mundo todo, com exceção - quase que só - da Grã-Bretanha. O primeiro governo Roosevelt nos EUA não ficou fora disso. Sobre isso vale ler o artigo de Churchill sobre ele, publicado numa coletânea em português. 2. O fato é que 1937 foi uma resposta vertical às tentativas de golpe dos partidos - comunista e integralista - nada democráticos e à debilidade dos partidos que se formavam pós constituinte de 1934, quase todos provisórios e de caráter regional. 3. O fato é que de 1937 saíram as três grandes forças políticas brasileiras pós-autoritárias. Os interventores que ficaram com Getulio Vargas criaram mais tarde o PSD (Benedito Valadares, Amaral Peixoto, Agamenon Magalhães...). Os interventores que não aceitaram continuar e os getulistas que rejeitaram a saída de 1937 formaram depois a UDN (Magalhães... e o próprio Oswaldo Aranha, embaixador nos EUA). E o trabalhismo - governo-sindicatos-esquerda - antes articulado por Pedro Ernesto se estrutura a partir daí. 4. O Brasil com Vargas e Lindolfo Collor, no início da Revolução de 30, constrói o segundo sistema previdenciário no mundo todo. O primeiro foi o alemão ainda no século 19 com Bismarck. No pós-37 esse sistema passa a ganhar ossatura, acompanhado de leis trabalhistas. 5. Portanto, 1937 não pode ser tratado como mais um golpe de caudilho latino-americano. E descontextualizando programas de TV ou matérias de jornais, terminam desinformando e fazendo novela e não história nem jornalismo.

US$ 1.500.000.000.000,00: preço das guerras americanas

Você consegue imaginar o significado de um trilhão e meio? Imagine a velocidade de um segundo, e saiba que um dia compõe-se de 86.400 segundos; um ano, 31.536.000 segundos; 2007 anos, 63.292.752.000 segundos... Para chegarmos a um trilhão e meio de segundos seriam necessários mais de 47.565 anos! Pois bem, em poucos anos o governo americano já conseguiu gastar a incrível cifra de US$ 1.500.000.000.000,00 com as guerras do Afeganistão e do Iraque. US$ 1.500.000.000.000,00 para matar e morrer! Segundo o Iraq Coalition Casualties, até anteontem, já morreram 3.860 soldados americanos no Iraque. Isso sem contar soldados de outras nacionalidades, sem contar os iraquianos e afegãos civis e militares, sem contar milhares e milhares de feridos. O estudo feito por congressistas do Partido Democrata e divulgado pelo Washington Post (Ver também BBC) resolveu estimar, além dos custos óbvios com armas e deslocamento de soldados, os chamados custos ocultos da guerra, como "a alta nos preços do petróleo, os gastos com o tratamento de militares feridos e os juros pagos nos empréstimos tomados para custear as guerras". A conclusão é de que o custo total corresponde a 20 mil dólares "cobrados" de cada família americana. Apesar de ser bem amplo, o estudo ainda está longe de apontar o custo social completo disso tudo.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Por que não continua falando, Chávez?

Quero confessar que às vezes acho o Hugo Chávez muito chato. Mas a bem da verdade o papel dele não é ser simpático a quem quer que seja. Ele tem mais é que ser chato em defesa do povo venezuelano. Por isso, entendo a irritação dos espanhóis com os ataques desconcertantes que Chávez fez a personagens importantes de seu país. Mas acho que Chávez estava no papel dele, principalmente considerando que o governo espanhol teria apoiado a tentativa de golpe contra ele. E muito pior do que a "chatice" de Chávez é a agressão permanente e maciça que se faz ao seu governo. A "grande imprensa" daqui e de boa parte do mundo, que se acha acima de qualquer suspeita (!!!) e guardiã das "verdades" da democracia, resolveu satanizar o "chavismo" e, por conta disso, consegue simplesmente ser insuportável. Sobre esse tema, sugiro a leitura da postagem "Democracia e ditadura na Venezuela e no Brasil" feita hoje no Blog do Mello.

César Maia não entende de mulher

No seu Ex-Blog de sexta-feira, dia 9, o Prefeito César Maia (DEM, ex-PFL) dirigiu alguns "conselhos" de marketing à Ministra Dilma Roussef, "pelas lembranças do tempo em que militava por tantos anos no PDT". Ele deu mais uma justificativa: "O propósito é colaborar. Afinal, dizem que você pode ser a candidata a sucessão do Lula". Na verdade, César Maia acusou o golpe do petromarketing da última quinta-feira e está tentando ridicularizar Dilma, dando-lhe "aulas" de comportamento diante das câmeras. Quero reafirmar que considero César Maia um bom teórico de marketing político, com algumas "práticas" positivas, principalmente quando conseguiu fazer o desconhecido Luiz Paulo Conde seu sucessor em 1996. Mas César Maia acumula grandes fracassos, principalmente como "conselheiro" de candidaturas de mulheres. Em 2002, transformou a candidata ao Governo do Estado do Rio de Janeiro, Solange Amaral, em um clone perfeito de... César Maia - e foi um fiasco absoluto. Em 2006, fez mais ou menos a mesma coisa com a candidata Denise Frossard (PPS), com resultado melhor, mas longe de uma transformação realmente vitoriosa. Ainda em 2006, tentando inflar a candidatura de Heloisa Helena (PSOL), enviou-lhe alguns conselhos, nos moldes desses que enviou para Dilma. Faziam até mais sentido, naquela época, mas não tiveram efeito concreto. E agora, com esses "conselhos" a Dilma, concluí que César Maia (se estiver sendo sincero, o que é difícil...) definitivamente não entende de mulher - ou entende de marketing menos do que se imagina. Disse ele: "Quanto mais baixa a voz, mais atenção desperta. O tom de voz que você usou foi de rádio. Quando isso acontece, seu rosto sai pela tela e a voz por cima do aparelho, dando uma aparência de leão da Metro, rugindo". César Maia estaria certo, se não se tratasse de uma ministra mulher que até agora manteve-se à sombra e que precisa acima de tudo afirmar-se no comando. Ao contrário de Heloisa Helena, que tinha grande visibilidade para seu jeito agressivo bem antes da candidatura, Dilma ainda não teve a exposição necessária para se transformar em candidata de respeito. Para o grande público, neste momento, o que ela precisa é exatamente de um rosto que "sai pela tela". Se realmente é candidata à Presidência (na minha opinião, a melhor opção até agora dentro do PT), ela tem que falar forte agora e suavizar a fala mais à frente. O resto é jogada política de oposição. Veja o texto completo de César Maia:
MINHA CARA MINISTRA DILMA ROUSSEF! 1. Este Ex-Blog se dirige a você pelas lembranças do tempo em que militava por tantos anos no PDT. O propósito é colaborar. Afinal, dizem que você pode ser a candidata a sucessão do Lula. Que bom! Pelo menos não correríamos riscos de termos estes pelegos e chavistas do PT na disputa. 2. Mas esta nota, ministra, é para comentar sua aparição ontem no Jornal Nacional. Na TV, ministra, se fala com voz escandida, suave, pausando as palavras... Quanto mais baixa a voz, mais atenção desperta. O tom de voz que você usou foi de rádio. Quando isso acontece, seu rosto sai pela tela e a voz por cima do aparelho, dando uma aparência de leão da Metro, rugindo. 3. Por outro lado, o tipo de locução que você fez - dar uma notícia boa, com feições e tom de voz, como se estivesse denunciando um caso grave - dá a certeza a quem está vendo, de que você está mentindo, que se trata na verdade do Poço do Visconde (ler Monteiro Lobato). Isso não ajuda a sua candidatura. 4. Cuidado! Os pelegos e chavistas do PT estão de olho em você! Há bons cursos de telegenia a disposição. Em Brasília este Ex-Blog conhece pelo menos uns três de alto nível. Vão lhe ajudar a se comunicar pela TV.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

A Petrobras lançou as manchetes no fundo do poço

Algumas manchetes de ontem: "Petrobras não cumpre a meta de produção de gás" (Valor Econômico), "Governo fez motorista acreditar no GNV e agora põe o pé no freio" (O Dia), "Governo agora pede para abandonar o carro a gás" (Estado de Minas), "Petrobras avisa que gás vai aumentar até 25%" (Globo). Hoje tudo mudou: "Brasil descobre campo gigante de petróleo" (JB), "Petrobras anuncia megacampo de petróleo" (Folha), "Descoberta da Petrobras deve aumentar reservas em 50%" (Estadão), "Governo diz que descoberta fará país virar exportador de petróleo" (Globo), "Nova reserva de óleo pode valer US$ 48 bi" (Gazeta Mercantil), "Brasil festeja reserva gigante de petróleo" (Correio), "Novas reservas de óleo provocam euforia" (Valor), "Petrobras anuncia superpoço, mas não livra o Rio do apagás" (O Dia). No exterior, destaquei duas manchetes: "Brasil descubre en sus aguas un gran yacimiento de petróleo - El hallazgo puede hacer del país una potencia exportadora" (El País, da Espanha) e "Tupi field a boost for Brazil’s Petrobras" (Financial Times, da Inglaterra). A sensação que tive foi de que a mídia amanheceu engasgada, tendo que divulgar notícias favoráveis ao Governo Lula. Claro que houve resistência, mas a notícia é forte demais para ser escamoteada. Acredito também que o Ministro Franklin Martins soube agir com maestria. A seguir, as reportagens no Financial Times e em El País:
Tupi field: a boost for Brazil’s Petrobras, By Sheila McNulty in Houston and agencies Published: November 8 2007 22:43 | Last updated: November 8 2007 22:43. Petroleo Brasileiro, or Petrobras, Brazil’s state-owned oil company, on Thursday said well tests revealed its Tupi field may contain as much as 8bn barrels of oil and natural gas, which would considerably bolster the country’s energy clout. The estimate, if correct, would raise the country’s reserves by 62 per cent and just about put Tupi on par with Norway’s 8.5bn barrels of proved oil reserves. Brazil has 14.4bn barrels of proved reserves of oil and natural-gas equivalent. The news pushed up Petrobras’ shares 9.95 reais, or 14.2 per cent, to 80.2 on the São Paulo stock exchange, the biggest rise in more than nine years. It also lifted the shares of its partners – BG group of the UK, which holds a 25 per cent stake, and Galp Energia of Portugal, which holds 10 per cent. BG Group’s shares rose 9.8 per cent to 989p in London and Galp Energia reported its biggest one-day gain in Lisbon, rising 14 per cent to a record close of €12.35. Petrobras’ news release contained few details beyond the fact that the estimates were made after analysis of the formation tests for a second well in the area. The company also said the oil within was light, which is more valuable because it is cheaper to refine than the heavier crude oil that Brazil mostly produces. “Tupi changes everything for Brazil and Petrobras,’’ said Carlos Renato Nunes, an oil analyst with São Paulo-based brokerage Coinvalores CCVM who has a buy recommendation on Petrobras shares. “Tupi is not only huge, its light oil offers huge cost advantages.’’ And at a time when oil is heading towards $100 a barrel, and energy security is high on the agenda of many governments, the news is sure to boost Brazil’s economic influence. Petrobras, already a well-respected national oil company on the world stage, is likely to receive a further boost from the discovery. “Brazil needs time to evaluate its new oil potential,’’ Dilma Rousseff, president Luiz Inacio Lula da Silva’s cabinet chief, said at a news conference in Rio de Janeiro. “This could make Brazil jump from an intermediate producer to among the world’s largest producers.’’ Tupi is three-quarters the size of Kazakh­stan’s Kashagan field, which holds 12bn barrels of recoverable crude and was the biggest find in the past 30 years. There have only been a few gas discoveries in the past 20 years that would rival it, including the Shtokman field in Russia at 23bn barrels of oil equivalent, and two other Russian finds in the 5bn to 10bn range, Andy Latham, vice-president of exploration services at Wood Mackenzie Consultants in London, said. Brasil descubre en sus aguas un gran yacimiento de petróleo - El hallazgo puede hacer del país una potencia exportadora. JUAN ARIAS / EFE - Río de Janeiro - 09/11/2007. El presidente de Petrobras, Sergio Gabrielli, anunció ayer el hallazgo de un yacimiento de petróleo bajo las áreas marinas que explora en el océano Atlántico en el área de Tupi, en la bahía de Santos, Estado de São Paulo, de 8.000 millones de barriles, lo que puede convertir al país suramericano en un exportador de petróleo, a la altura de Venezuela o Nigeria. Nada más conocerse la noticia, las acciones de la empresa brasileña subieron más de un 15% en la Bolsa de valores de São Paulo. Inmediatamente después, la ministra jefa de la Casa Civil, Dilma Rouseff, convocó una conferencia de prensa junto al ministro de Minas y Energía, Nelson Hubner, para explicar la importancia económica y política del nuevo hallazgo. “Supone que Brasil pasa de intentar ser autosuficiente en petróleo a convertirse en un exportador, como los países árabes o Venezuela”, señaló Rouseff. Y añadió que “podrá cambiar la cara de este país”. Petrobras posee en esa zona el 65% del capital, compartido con la británica BG Group, que posee un 25%, y con la portuguesa Galp Energia, con un 10%. El hallazgo anunciado ayer podría ser sólo uno de varios ricos campos en una extensión de 800 kilómetros de longitud por 200 de ancho en el litoral de los Estados de Río de Janeiro, Espíritu Santo, São Paulo y hasta Santa Caterina, en el sureste del país. Los indicios de nuevos yacimientos apuntan a la necesidad del país de parar y pensar nuevamente respecto a su industria petroler. “Ha cambiado la realidad”, dijo Rousseff al afirmar que el tamaño de la riqueza petrolera de Brasil es ahora “mucho mayor”. Las reservas probadas totales de petróleo y gas de Brasil, a cargo de Petrobras, cerraron 2006 en 10.573 millones de barriles equivalentes. De ese total, 9.000 millones de barriles eran solamente de crudo, según criterios de evaluación aceptados por los organismos fiscalizadores del mercado de capitales de Brasil y Estados Unidos. Petrobras está controlada por el Estado brasileño, pero sus acciones cotizan en las Bolsas de Brasil, Nueva York, Madrid y Buenos Aires.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Todos querem a CPMF

Só quem é contra de verdade a CPMF quem tem que desembolsar. E ninguém venha me dizer que isso corresponde à maioria do povo brasileiro. A maioria real nem sabe do que se trata. Os empresários são contra e têm suas razões; podem ser convencidos do contrário, caso tenham lucro mais adiante. A classe média tende a ser contra, um pouco para proteger o bolso, um pouco para ser contra o Governo Lula. Mas a classe média não é totalmente insensível e bem que pode ser motivada pelos ganhos sociais. Os políticos são a favor, mas querem ser do contra, para ver se ganham algo desse bolo. O DEM (ex-PFL), por exemplo, é “filosoficamente” contra. E está certo, já que pretende posicionar-se como o fiel representante da classe média conservadora moderna (se é que se pode imaginar algo assim...). Mas só é “filosoficamente” contra circunstancialmente. Coloque-o no poder e, logo logo, vai inventar uma CPMF de novo tipo. O PSDB é obviamente a favor, mas tem que ser do contra. Os tucanos precisam se defender dos avanços do DEM (ex-PFL) junto ao eleitorado de classe média, mas não querem perder de vista o eleitorado maior que pode lhe garantir o poder nos estados e, quem sabe, até na Presidência da República. Por isso vivem passando de um lado pro outro do muro. A base aliada parece ser obviamente a favor, mas pode até ser do contra, dependendo do naco que lhe será reservado. A grande verdade nisso tudo é que o CPMF continuará sendo arrecadado – seja lá o nome ou a cara que venha ter.

André Siqueira lança Saldanha

Saldanha era botafoguense, André é vascaíno (dizem as más línguas que é até mesmo partidário de Eurico Miranda...). Mas isso não impediu que André fosse apaixonado pela figura de Saldanha. Provavelmente pela sua atuação no campo do jornalismo e na grande área da política. Começou o treino para o livro há poucos anos, roteirizando um filme, que dirigiu junto com o botafoguense Beto Macedo e que será lançado em 2008. Mas o lançamento do livro terá seu apito inicial no próximo dia 13 de novembro, segunda-feira, às 19 horas, no estádio da Livraria da Travessa - Rua Visconde de Pirajá, 572, Ipanema, Rio de Janeiro. Está sendo aguardado recorde de público - e renda...

domingo, 4 de novembro de 2007

A crise do ganso, a crise do gás

Tenho um sítio com área comum a 13 outros sítios, onde, na parte central, temos 3 laguinhos. Um deles é freqüentado por gansos, barulhentos, mas maravilhosos. Faz 6 anos que tenho o sítio e, nesses 7 meses de novembro, nunca vi seca igual. Os meus 13 vizinhos são da área de energia e trabalham, no Rio ou em São Paulo, em empresas como a ONS, a Light, a Petrobras ou a Eletrobrás, e o síndico - que é da ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) - já tinha me dito, há mais de um mês, que novembro, tradicionalmente, é um mês ruim de água - mas que talvez esse ano fosse ainda pior. Pude constatar com meus próprios olhos (e os gansos puderam sentir isso nas próprias penas) o quanto isso era verdade. Os lagos secaram e os gansos tiveram que se contentar com um volume de água equivalente ao de uma pequena bacia. O meu vizinho-síndico também contou depois que, em função da queda dos níveis d'água nos reservatórios, a energia proveniente de hidrelétricas tinha ficado mais cara e que a ONS tinha recomendado o uso da energia mais barata no momento, a das termelétricas a gás. Entendi que foi em função disso que houve esse corre-corre da Petrobras, tendo que atender seus compromissos com o consumo doméstico e o consumo industrial. Não vi nisso - ao contrário do que pretende a mídia - exatamente uma crise energética, mas, sim, uma re-arrumação antes do previsto. Bem diferente, a meu ver, do apagão tucano, quando, se não me engano, a falta de chuvas não pôde ser contornada por causa da falta de investimento na distribuição de energia. A crise de verdade, hoje, é a do meio ambiente, com transtornos no mundo inteiro. Felizmente, neste fim de semana, caíram dois pés d'água, os lagos ficaram felizes e os gansos puderam sorrir com o seu jeito barulhento de ser.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Programa do DEM: desacertos no ar

O Programa do DEM (ex-PFL) que foi ao ar na última quinta-feira teve a marca da pretensão. Cara de caro, bem produzido. Todos falando como donos da verdade, mas com um grande sofisma logo no começo: se a CPMF deixar de existir (disseram eles), cada família brasileira vai ter 50 reais a mais. Alguém acredita em algo assim? Existe absurdo maior? Por que tanta manipulação? Houve também contradição entre eles: o Governador Arruda orgulhava-se de ter cortado Secretarias em Brasília, enquanto o Prefeito César Maia, do Rio, propunha a criação de mais um Ministério, o de Combate às Armas e às Drogas! Outro momento bastante hilário foi o da insistência em faturar com a "vaia" em Lula. Como falei aqui a respeito das inserções de 30", ninguém entende aquele ruído esquisito como vaia da multidão. Para tentar deixar claro (sem muito êxito), colocaram uma legenda explicando que aquilo era a tal da "vaia". Mas o pior do programa foi o conjunto. Tentaram dar uma cara jovem, mas passaram de verdade apenas a falta de emoção.