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segunda-feira, 14 de abril de 2014
A oposição em busca do tempo perdido
Há exatamente 3 anos (14/04/2011) postei no meu Blog: “Povão ou Classe Média: em defesa de Fernando Henrique". Comentei um texto de Fernando Henrique onde ele defendia que a oposição deveria conquistar a classe média. No meu Blog, concordei: “Poucas vezes Fernando Henrique – historicamente confuso – foi tão preciso como foi agora em seu artigo O Papel da Oposição. Ele simplesmente defendeu a definição de um foco para o discurso da oposição desnorteada. E na busca do seu norte não adianta inventar muito – tem que ter afinidade, sintonia, precisão. Nem adianta a aventura de assumir o foco que o adversário já consolidou. Todos sabemos que o foco povão está nas mãos de Lula e seu PT. Fernando Henrique percebeu isso e tratou de fortalecer o foco diferencial, da classe média, mais sintonizada com tucanos e demos”. Aécio, Álvaro Dias, Roberto Freire e todo o grupo majoritário da oposição foi contra. Achavam que tinha que insistir no “povão”, onde o PT predominava – e predomina. A comentarista de política da Folha, Eliane Cantanhêde, que na época nem tratou do assunto, escreveu ontem um artigo, “Oposição mostra sua cara”, onde diz que Aécio e Eduardo Campos agora se pautam “por um discurso de Fernando Henrique, em 2011, apontando o foco das campanhas: a nova classe média, filha da estabilização da economia de FHC e da inclusão social de Lula”.
Estão chegando tarde. Deixaram um bom tempo Dilma navegar tranquilamente, com seu PAC e a imagem de gerentona (obviamente, não é nada fácil agradar a “dois senhores”, e Dilma acabou voltando atrás na conquista da classe média). Mas a oposição ficou em situação pior, como aquela pessoa que viaja para os Estados Unidos, não aprende falar inglês e esquece o português...
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quinta-feira, 5 de abril de 2012
Dilma, Ibope e a classe média, segundo Merval
Na sua coluna de hoje no Globo, “Dilma agrega apoios”, Merval Pereira faz uma análise bem correta sobre os resultados da pesquisa CNI/Ibope de ontem, que aponta aprovação de Dilma com 77%, novo recorde. Diz ele que esse Ibope “pode ser explicado por uma conjunção de apoios, pois ela mantém a hegemonia na Região Nordeste (82%) e entre os cidadãos que ganham entre um e dois salários (59%), mas conseguiu ser igualmente bem avaliada entre os eleitores com renda familiar superior a dez salários mínimos (60% de ótimo e bom) e na Região Sudeste (75%)” (grifo nosso). Em seguida conclui: “Isso quer dizer que a maneira de governar de Dilma tem agradado à classe média, sem perder o apoio das classes mais populares”.
Perfeito. O que me espanta é a demora que a mídia mais conservadora, bem representada por Merval, teve para compreender isso tudo. O primeiro grande nome da oposição a perceber o que estava ocorrendo foi Fernando Henrique, demonstrando sua preocupação no artigo “O Papel da Oposição”, pré-divulgado no dia 12 de abril do ano passado. Na época, escrevi aqui no Blog (FHC: finalmente o grão-tucano mostra bom-senso), aplaudindo a sua perspicácia: “Isso significará que Fernando Henrique, além de reconhecer as realizações de Lula, já percebeu o estrago que Dilma está fazendo no seu eleitorado preferencial. A capacidade que ela tem tido de agradar a classe média (e a mídia) mostrou-se complementar ao que Lula fez e está deixando a oposição em polvorosa. Fernando Henrique ainda terá a ‘ousadia’ de sugerir que a oposição deve buscar a classe média ‘em lugares onde os partidos praticamente não existem, como as redes sociais da internet’”. Dois dias depois, quando ele finalmente publicou seu artigo pré-divulgado(!), escrevi (“Povão” ou “Classe Média”: em defesa de Fernando Henrique): “Fora do poder e na entressafra eleitoral, a oposição tucana, de perfil mais elitizado, tem mesmo que tentar se manter forte e unida através do discurso classe média, principalmente diante da 'ameaça Dilma', que conquista brilhantemente largas fatias não só da classe média, como da classe mídia... FHC ainda demonstra mais um momento de lucidez ao aconselhar o partido 'a priorizar as novas classes médias, gente mais jovem e ainda não ligada a partido nenhum e suscetível de ouvir a mensagem da socialdemocracia'”.
No dia 19 de agosto de 2011, escrevi (A herança mal dita de Lula): "Apesar de toda a campanha contra, Lula conseguiu eleger Dilma para sucedê-lo. Inicialmente, ela era tratada como marionete, burocrata, politicamente despreparada para o cargo. Ninguém foi capaz de dar valor a seu trabalho na Casa Civil, e pré-anunciavam uma administração fracassada. Espertamente, Dilma tratou de passar a mão na cabeça da classe média mal amada – e deu certo. Deu certo até demais".
Em outras palavras: esse Ibope da Dilma já estava previsto antes de sua eleição. Só não viu quem não acreditava no que via.
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quinta-feira, 14 de abril de 2011
“Povão” ou “Classe Média”: em defesa de Fernando Henrique
Poucas vezes Fernando Henrique – historicamente confuso – foi tão preciso como foi agora em seu artigo “O Papel da Oposição”. Ele simplesmente defendeu a definição de um foco para o discurso da oposição desnorteada. E na busca do seu norte não adianta inventar muito – tem que ter afinidade, sintonia, precisão. Nem adianta a aventura de assumir o foco que o adversário já consolidou. Todos sabemos que o foco povão está nas mãos de Lula e seu PT. Fernando Henrique percebeu isso e tratou de fortalecer o foco diferencial, da classe média, mais sintonizada com tucanos e demos. Em nenhum momento defendeu abrir mão do povão no processo eleitoral, como foi interpretado por alguns oposicionistas afoitos. “Ora, eu venci duas eleições com o voto desse povão!”, protesta ele com toda razão – ou será que alguém já esqueceu sua imagem de chapéu de couro montado em um jegue? Ou comendo buchada de bode? Ele sabe perfeitamente que a conquista do voto povão exige “linguagem” mais direta, imediata – e sabe também que quem detém o poder tem melhor condição de falar direto com o povo, através de programas sociais. Fora do poder e na entressafra eleitoral, a oposição tucana, de perfil mais elitizado, tem mesmo que tentar se manter forte e unida através do discurso classe média, principalmente diante da “ameaça Dilma”, que conquista brilhantemente largas fatias não só da classe média, como da classe mídia...
FHC ainda demonstra mais um momento de lucidez ao aconselhar o partido “a priorizar as novas classes médias, gente mais jovem e ainda não ligada a partido nenhum e suscetível de ouvir a mensagem da socialdemocracia”. Ele está apostando nas parcelas da nova classe média que vão procurar se adequar a novos valores, esquecer que um dia já foram povão. Aécio reagiu contra o abandono do povão, mas o estado dele, Minas Gerais, é um caso diferente e que serve para reforçar a tese de Fernando Henrique. O atual governador mineiro, Anastasia, além de ter nas mãos o poder local, conhece muito bem a máquina pública e ainda faz o tipo bem povão, conversa com um e com outro, desloca-se com desenvoltura pelo interior – algo estranho ao tucano comum.
Na minha opinião, essa postura de Fernando Henrique é a melhor que a oposição pode tomar, embora ainda esteja longe de lhe garantir a volta ao poder central. É o melhor a ser feito para proporcionar um status confortável de oposição por muitos e muitos anos. O resto... bem, o resto é o resto.
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terça-feira, 5 de agosto de 2008
Grupo Globo sempre do contra

quarta-feira, 19 de março de 2008
"A Imprensa e a Classe Média", segundo César Maia
No seu Ex-Blog de hoje, César Maia produz um bom texto sobre a relação "imprensa-classe média" que merece ser lido. Claro que por trás de suas análises sempre existe um marketing eleitoral próprio (vou tratar disso na próxima postagem), mas isso não invalida o que foi dito. Eis o texto:
A IMPRENSA E A CLASSE MÉDIA!
- O segmento da imprensa que tem como referência a classe média, e no caso, especialmente os jornais e revistas, tratam com uma equação muito mais complexa do que muitos imaginam. Os grupos ativos e ideológicos da classe média, e que por isso mesmo atraem e mobilizam a cobertura da imprensa, em geral agitam ofertas e necessidades quase sempre minoritárias.
- Tem características muito diferentes dos mesmos grupos que falam para os setores populares, pois estes vocalizam demandas óbvias e primárias, em relação a emprego, moradia, saúde, escola, urbanização... e portanto falam para a grande maioria destes setores. Claro que o mesmo acontece com a imprensa direcionada aos setores populares. Com isso se dá uma natural sinergia entre os grupos ativos e a imprensa, neste caso.
- Com a classe média não é assim. Em geral os grupos ativos e ideológicos sinalizam demandas de vanguarda ou de valores que na maioria das vezes não são socialmente significativas. Muitas vezes a imprensa se surpreende com a sensação que teve que o tema mobilizava e os fatos mostraram que prevaleceu a grande maioria silenciosa que não viu seus interesses incorporados, neles.
- São muitos os exemplos. Drogas, aborto, e tantos outros. Agora mesmo no caso do IPTU. Mobilizar a classe média para pagar mais imposto era uma contradição nos termos e só poderia ter resultado no que resultou: só os ideológicos -e nem todos- responderam de fato, insignificantemente. O lógico seria na defesa da classe média: "-pague para não perder dinheiro". E foi o que a racionalidade econômica produziu, apesar da campanha.
- As famílias de classe média enfrentam ou se preocupam em enfrentar no futuro, problemas de drogas com seus filhos. O tema liberação choca a grande maioria dela. O aborto é sempre indesejável - para os que admitem, e claro para os que não admitem. Ninguém pode ser a favor do aborto, o que seria uma aberração. O que se pode discutir é a criminalização. Mas não é assim que a questão é percebida. E com isso esses grupos ativos se isolam e ficam falando consigo mesmos.
- Outro risco é usar temas que tem a concordância natural da classe média, mas que por não terem como resultar em médio prazo, terminam provocando uma sensação de impossibilidade e frustração, e terminam produzindo como mensagem final, a idéia que nada daquilo tem solução, retirando força desta ou daquela cobertura temática da imprensa.
- Muitas vezes os temas gratos a classe média dentro de uma redação de órgão de imprensa, criam a sensação de que respondem as demandas e expectativas da classe média. E terminam afetando os laços de confiança entre imprensa e a classe média. Claro, e por isso tudo, é muito mais fácil fazer imprensa popular: os mesmos temas que sempre avançam, imagens impactantes e manchetes chamativas. Com a classe média, não é tão simples. É muito mais complexo.
quinta-feira, 3 de janeiro de 2008
Saudades da CPMF

domingo, 9 de dezembro de 2007
Eleições 2008: em São Paulo, Alckmin cai e Marta sobe para empate técnico na liderança

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quarta-feira, 7 de novembro de 2007
Todos querem a CPMF
Só quem é contra de verdade a CPMF quem tem que desembolsar. E ninguém venha me dizer que isso corresponde à maioria do povo brasileiro. A maioria real nem sabe do que se trata. Os empresários são contra e têm suas razões; podem ser convencidos do contrário, caso tenham lucro mais adiante. A classe média tende a ser contra, um pouco para proteger o bolso, um pouco para ser contra o Governo Lula. Mas a classe média não é totalmente insensível e bem que pode ser motivada pelos ganhos sociais. Os políticos são a favor, mas querem ser do contra, para ver se ganham algo desse bolo. O DEM (ex-PFL), por exemplo, é “filosoficamente” contra. E está certo, já que pretende posicionar-se como o fiel representante da classe média conservadora moderna (se é que se pode imaginar algo assim...). Mas só é “filosoficamente” contra circunstancialmente. Coloque-o no poder e, logo logo, vai inventar uma CPMF de novo tipo. O PSDB é obviamente a favor, mas tem que ser do contra. Os tucanos precisam se defender dos avanços do DEM (ex-PFL) junto ao eleitorado de classe média, mas não querem perder de vista o eleitorado maior que pode lhe garantir o poder nos estados e, quem sabe, até na Presidência da República. Por isso vivem passando de um lado pro outro do muro. A base aliada parece ser obviamente a favor, mas pode até ser do contra, dependendo do naco que lhe será reservado. A grande verdade nisso tudo é que o CPMF continuará sendo arrecadado – seja lá o nome ou a cara que venha ter.
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terça-feira, 30 de outubro de 2007
Argentina, um país e duas caras
A vitória de Cristina Fernández de Kirchner mostrou claramente - como já tínhamos tratado aqui, no domingo, na postagem "Na Argentina, como no Brasil, a classe média sente-se fora do poder" - a divisão do país em duas grandes partes. De um lado, os setores médios da sociedade, concentrados nos centros urbanos, onde Cristina foi derrotada impiedosamente. Na Capital Federal (Buenos Aires), por exemplo, era comum a frase "não conheço ninguém que vá votar em Cristina", o que se confirmou nas urnas, onde ela obteve um distante segundo lugar. Por outro lado, garantindo a vitória da atual Primeira-Dama, às vezes com mais de 70% dos votos, encontramos amplos setores "donde reinan la marginación y la pobreza", como escreve Carlos Pagni no artigo "La fisura social que marcó el voto", no La Nación de hoje. Cristina Fernández de Kirchner não venceu em grandes cidade, como a Capital Federal, Rosario, Córdoba, Mar del Plata, La Plata, Bahía Blanca, Vicente López e San Isidro (as exceções foram San Miguel del Tucumán e Mendoza). Seu voto veio das pequenas cidades ou do campo, exatamente de onde se luta muito para resolver problemas imediatos, campo fértil para o populismo. Isso significa um atraso para todo oa país? Claro que sim. Mas nunca vai ser possível superar essa situação com uma oposição votando com soberba (como teria se referido o Chefe de Gabinete Civil argentino sobre o voto portenho ou buenosairense). Unir as "duas Argentinas" é o grande desafio.
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domingo, 28 de outubro de 2007
Na Argentina, como no Brasil, a classe média sente-se fora do poder
Cerca de 21 milhões de argentinos (dos 27.090.192 habilitados) votam hoje para a Presidência da República. E a Senadora Cristina Fernández (Kirchner), atual Primeira-Dama, deve ser eleita no primeiro turno com algo em torno de 9 ou 10 milhões de votos. Ela será eleita apesar da oposição de boa parte da mídia e da chamada classe média (na maioria concentrada na Capital), que prefere a candidata Elisa Carrió (de acordo com as pesquisas, em um segundo lugar bem distante). Qual o segredo da vitória? Apesar de Cristina já ser uma política consagrada, a razão principal está na política econômica de seu marido, o atual presidente, Nestor Kirchner. Ele é acusado de ter praticado populismo econômico, mas ninguém discute o sucesso na recuperação da Argentina, que afundava na recessão e no desemprego, quando ele assumiu. Naquela época, o jornal La Nación chegou a afirmar que ele não duraria 6 meses no cargo - e ele não apenas cumpriu o mandato como está garantindo a sucessão. É verdade que vai deixar problemas, como a inflação em alta. Mas é verdade também que fazia tempos que o povo argentino não vivia tão bem. Até mesmo a classe média. Para acompanhar os resultados eleitorais a partir das 21 horas, acesse http://www.resultados2007.gov.ar
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segunda-feira, 15 de outubro de 2007
Governo Lula trabalha contra a CPMF
Primeiro foi o Ministro Guido Mantega declarando que, se a CPMF não for aprovada, o Bolsa-Família será reduzido. Depois o Governo inteiro passou a dizer que, sem a CPMF, os programas sociais do Governo Lula serão prejudicados. E eu pergunto: quem eles querem conquistar? A Oposição, que está louca para acabar de vez com a popularidade de Lula? A mídia, que não vê a hora de colocar o fim de Lula nas manchetes? Ou será a classe média conservadora do Sudeste-Sul Maravilha, que vê nesses programas sociais apenas um populismo oportunista construído com seu rico dinheirinho que escorre pelo imposto? A estratégia está errada. Se quer conquistar um pouco da opinião pública de classe média, o Governo deve apelar para o risco da falta de dinheiro para segurança ou para o risco de aumento de impostos. Se quer conquistar votos no Senado, aí são outros quinhentos.
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domingo, 23 de setembro de 2007
Sou classe média
Fiz a pergunta "Afinal, classe média é o quê?" (duas postagens abaixo) e recebi contribuições. O publicitário, de Criação, Luiz Favilla me mandou a resposta dele, na versão de Max Gonzaga, que reproduzo.
Afinal, classe média é o quê?
Eu estava pretendendo escrever sobre essa pesquisa CNI/IBOPE que mostra a expectativa da população brasileira para os próximos seis meses, mas li um texto bem interessante da Tereza Cruvinel no Globo de hoje e preferi reproduzir na íntegra aí mais abaixo. Ela fala, com propriedade, que a oscilação negativa do Governo Lula ocorreu na classe média: "Não na 'nova classe média' que o governo considera fruto de suas políticas, composta por pobres emergentes que estão entrando na sociedade de consumo, mas na velha e tradicional classe média, de gente com curso superior que ganha mais de dez salários mínimos e que, na campanha do ano passado, votou mais em Alckmin que em Lula". Isso me recordou que há um tempo atrás quase escrevi sobre a classe média para um livreto que o jornalista Luiz Gutemberg pretendia editar. Por falta de tempo, acabei não dando continuidade. É um tema que sempre envolve muitas interrogações. As organizações clandestinas de esquerdas, nascidas na classe média, tinham verdadeira ojeriza ao assunto em suas intermináveis discussões teóricas. A ABIPEME - Associação Brasileira de Institutos de Pesquisa de Mercado resolve sua questão com sua classificação sócioeconômica com pontos que envolvem renda, formação escolar, posse de bens de conforto familiar e chega à seguinte pontuação: classe A, 89 pontos ou mais; classe B, de 59 a 88 pontos... e por aí vai. É uma saída, mas que nem sempre dá certo. Conheço o recrutador de um instituto de pesquisa que costuma dizer: "Ás vezes um camarada classificado como classe A chega aqui, eu olho o sapato e vejo logo que não é..." No nosso momento específico, onde vemos uma espécie de aliança entre os partidos de oposição, com a grande imprensa e os setores mais conservadores do que seria a classe média, a melhor definição talvez seja a que meu amigo Laerth Pedrosa costumava dar quando morava na Inglaterra. Em vez de falar middle class (classe média, em inglês), ele preferia usar medium class - algo como classe dos veículos de comunicação de massa. Faz sentido. A seguir, o texto "Classe média", de Tereza Cruvinel:
A divulgação dos indicadores socioeconômicos favoráveis ao governo coincidiu com a revelação, pela pesquisa CNI-Ibope, de uma queda, ainda que ligeira e dentro da margem de erro, na popularidade do presidente Lula. Os 50% que em junho consideravam o governo bom e ótimo caíram para 48%, e os 66% que aprovavam a forma de Lula governar, para 63%. Mais uma vez, a oscilação negativa ocorreu dentro da classe média. Não na “nova classe média” que o governo considera fruto de suas políticas, composta por pobres emergentes que estão entrando na sociedade de consumo, mas na velha e tradicional classe média, de gente com curso superior que ganha mais de dez salários mínimos e que, na campanha do ano passado, votou mais em Alckmin que em Lula. Deve haver, na composição da variação negativa de agora, resquícios do apagão aéreo e respingos da crise do Senado, que envolveu um aliado importante como Renan Calheiros, ao lado de quem Lula nunca se recusou a aparecer. O julgamento do STF também pode ter despertado a lembrança da decepção com os escândalos do PT. A pesquisa mostrou elevada rejeição à CPMF. Mas se, na média, 54% defenderam o fim do imposto ainda este ano, na classe média o índice foi de 72%, contra 48% entre os que ganham de dois a três salários mínimos. Se a aprovação média do governo foi de 48%, entre os pobres foi de 53% e na classe média, de 38%. Ainda é um bom índice, sinal de que a rejeição não é hegemônica, embora o contraste interclasses seja grande. A rejeição da classe média a Lula era bem mais baixa no início do primeiro mandato, 11%, segundo o Datafolha de março de 2003. Em 2004, depois do caso Waldomiro, a aprovação ao governo Lula no segmento começou a cair. Com o escândalo do valerioduto, em 2005, a rejeição passou a dominar a classe média. Nessa época, o Datafolha registrou 46% de rejeição ao presidente nessa camada social, contra uma aprovação de 18%. Na campanha de 2006, Lula recuperou parte da classe média, sobretudo no segundo turno, neutralizando a preferência anterior de Alckmin, que perdeu 2,5 milhões de votos no segundo turno. O governo continua querendo reconquistar a classe média, mas não encontra o discurso e a política certos. Iniciado o segundo mandato, o grande estrago foi feito pelo apagão aéreo. Avalia que ela também vem se beneficiando do crescimento, embora os pobres é que estejam ganhando mais. E isso, de certa forma, indispõe os segmentos médios mais conservadores ou mesmo preconceituosos, que, receando perder alguma coisa, reagem a qualquer distribuição. Detestam o Bolsa Família. A popularidade é alta entre os pobres, mas o governo sabe que, tendo a classe média contra, é sempre mais difícil governar. Continua querendo reconquistá-la. No pronunciamento do ministro Mantega, na sexta-feira, houve mensagens nesse sentido. Por isso, entre as concessões tributárias que podem ser apresentadas para garantir a aprovação da CPMF no Senado, pode surgir uma nova mexida no Imposto de Renda. Uma correção do valor das deduções por dependente e gasto escolar cairia bem.
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sábado, 8 de setembro de 2007
O Senador Bispo Crivella, entre a cruz e a caldeirinha da Classe Média

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terça-feira, 14 de agosto de 2007
Nelson Jobim, o Presidente da Classe Média

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segunda-feira, 6 de agosto de 2007
Classe Média X Lula
As eleições passadas demonstraram e as chamadas "crises" recentes confirmam que está se formando um fosso quase intransponível entre Lula e a Classe Média. Obviamente, essa intolerância está sendo estimuladas por grupos oposicionistas e está longe de levar a índices de reprovação ao Governo que sejam superiores aos índices de aprovação popular. Mas é sempre bom para o Governo estar alerta. Garotinho, ex-Governador do Rio de Janeiro, costumava se preocupar com a rejeição que tinha na Classe Média - até que desistiu. Ele dizia: "Sou do Interior, não sou elegante, sou casado, tenho família, tenho 9 filhos, sou evangélico, não bebo, não fumo e não cheiro - a Classe Média nunca vai me aceitar!" Deu no que deu. A Folha de hoje publica análises da última pesquisa Datafolha e reproduzo aqui a entrevista de Leandro Beguoci com José Murilo de Carvalho, "Classe média se divorciou de Lula":
FOLHA - As vaias na abertura do PAN, o movimento "Cansei" e o desgaste com o caos aéreo são sinais são sinais de que acabou a lua-de-mel entre Lula e a classe média?
JOSÉ MURILO DE CARVALHO - A lua de mel com a classe média já tinha acabado desde a última eleição. As vaias são a manifestação pública do divórcio.
FOLHA - Quais são as conseqüências para o governo, a curto e médio prazo, da insatisfação? E para o PT?
CARVALHO - Alguém disse muito bem que já se pode ganhar eleição sem classe média, mas é difícil governar sem ela. A classe média não pode ser conquistada com Bolsa Família nem com aumentos de salário mínimo. E ela é a senhora da opinião pública. Se quiser evitar mais turbulência, o governo terá que aplacá-la de algum modo.
FOLHA - O PT e a CUT traçam paralelo entre movimentos insatisfeitos com Lula e organizações apoiadoras do golpe de 1964. Há quem compare o "Cansei" à "Marcha da Família". O que o sr. acha disso? CARVALHO - Retórica. Dificuldade de aceitar oposição. Dificuldade de entender que há um Brasil importante entre o povão e os banqueiros.
FOLHA - Há alguma chance de o "Cansei" ganhar força a ponto de se tornar um grupo comparável ao MST durante o governo FHC?
CARVALHO - Não. A classe média foi para as ruas em 1964 movida por razões religiosas e políticas, como o anticomunismo, muito fortes, que tinham respaldo popular. Voltou na campanha das Diretas e na do impeachment do presidente Fernando Collor, também com respaldo popular. Agora, esse respaldo é improvável. O apagão ético e o apagão aéreo ajudam a desmoralizar o governo, mas não despertam a reação das classes mais pobres.
FOLHA - O presidente disse que a oposição está brincando com a democracia e que ele sabe, como ninguém, colocar gente nas ruas. Qual o significado das declarações?
CARVALHO - É uma ameaça explícita. É o que [o presidente] Hugo Chávez fez e está fazendo na Venezuela.
FOLHA - Lula também disse que só os pobres poderiam estar bravos, já que os ricos ganharam muito dinheiro com seu governo. Isso é uma forma de "getulismo" escancarado?
CARVALHO - As afirmações do presidente nunca primaram pela coerência. A política econômica tem, sim, favorecido, e muito, o setor financeiro e bastante o povão, mas não a classe média, que está espremida entre o tostão e o milhão. E é ela que está mais descontente.
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