domingo, 25 de julho de 2010

Vox versus Datafolha: qual a margem de não-erro?

Ontem me perguntaram qual instituto de pesquisas eu achava melhor, Vox ou Datafolha. É o tipo da pergunta sem resposta, considerando-se dois dos maiores e mais conceituados institutos de pesquisa de opinião do país. Mas também não há como esconder que os resultados do Datafolha têm sido apoiados pela Oposição e seus órgãos de comunicação, enquanto os resultados do Vox Populi têm sido apoiados pelo Governo Lula. Com relação aos métodos, prefiro o de entrevistas pessoais e domiciliares do Vox, realizadas preferencialmente nos fins de semana, e, no caso dos dias úteis, provavelmente com esforço especial no início da noite. O objetivo é localizar o eleitor diretamente na moradia. O método de determinar fluxos populacionais utilizado pelo Datafolha é aplicado preferencialmente nos dias úteis. É claro que há muitos outros fatores importantes, como números de entrevistas, regiões e microrregiões, etc, que podem interferir para um ou outro lado. No confronto dessas últimas pesquisas do Vox e do Datafolha com resultados tão diferentes, é bom observar que, apesar de o Datafolha falar de 10.905 entrevistas, sua margem de erro é de 2%, compatível com 2.400 entrevistas. Na verdade, houve desproporcionalização para avaliar com boa margem alguns estados. Com 3.000 entrevistas (fez mais 9.600 estaduais), a pesquisa do Vox Populi teve margem de erro de 1,79%. A verdade verdadeira é que um dos dois errou feio nos últimos resultados. A razão disso ter ocorrido nunca saberemos. Pessoalmente, tendo a considerar o resultado do Vox Populi correto. Essa semana teremos também o Ibope. Vamos ver. Acho que está cada vez mais difícil a situação tucana, que ainda vai ter que enfrentar debates, Horário Eleitoral e o poderoso Lula. Fiz dois gráficos com a evolução em 2010 da média mensal dos votos válidos nas diversas pesquisas nacionais (em ambos considerei apenas os três candidatos principais). A diferença é que no primeiro o Datafolha tem dois resultados em julho, mas no segundo coloquei apenas o do início do mês. Apostei que o Vox Populi está mais perto da verdade.


(clique nos gráficos para ampliar)


sexta-feira, 23 de julho de 2010

Receita da baixaria


Nessa confusão de dossiês, aloprados, denúncias infundadas e pesquisas mais ou menos, é preciso cabeça fria, não perder jamais a objetividade. A pergunta a ser feita é: a quem interessa o caos, o disse-me-disse, o escândalo nas primeiras páginas? A Dilma certamente não interessa. Lidera as pesquisas, tem o apoio de Lula, o governo da qual parte com destaque tem demonstrado grande competência na condução do país, conta com a mais ampla aliança partidária, ainda tem todo o Horário Gratuito pela frente. A Serra, ao contrário, interessa desestabilizar esse cenário. Arranjou um amuleto de aloprado para Vice, conquistou um estranho sigilo fiscal rompido, arrebanhou com facilidade o apoio da grande mídia e partiu para o socos e pontapés. Aos tucanos, não resta alternativa. Mas acredito que agora não tem remédio. Vão ter buscar outra Receita.

domingo, 11 de julho de 2010

Espanha ou Holanda? Eis a questão...


É uma decisão difícil - por quem torcer? Amsterdã ou Barcelona? Gaudí ou Mondrian? Tenho paixão pelos dois países. Acho que na hora vou saber. Sem que isso sirva de pista, coloco para nosso vídeo dominical esse trecho de Antonio Gades. Quero lembrar também que na véspera do jogo Brasil e Holanda este Blog profetizou: “Aposto em 2x1 e final contra a Espanha”. O Blog do Gadelha é melhor que polvo!

domingo, 4 de julho de 2010

Pesquisas Datafolha e Ibope mantêm tendências de crescimento para Dilma e de queda para Serra

 (Clique no gráfico para ampliar)

Que o desespero tomou conta da Oposição, ninguém tem dúvida. A trapalhada da escolha do Vice é a melhor demonstração. Essas pesquisas Datafolha e Ibope estão sendo usadas como tábua de salvação para que a campanha do tucano Serra não acabe antes de começar oficialmente. Na minha opinião, elas não retratam a realidade com precisão. Mas não quero entrar nesse tipo de polêmica. O fato concreto é que mesmo essas duas últimas pesquisas não encerram as tendências que os três candidatos vêm tendo esse ano: Dilma crescendo, Serra caindo e Marina estagnada. Digo mais: a tendência de vitória de Dilma ainda no primeiro turno permanece forte. No gráfico, você pode confirmar isso acompanhando a média dos "votos válidos" de todas as pesquisas deste ano. Inclusive neste mês de julho com as pesquisas Datafolha e Ibope.

Um alemão para o domingo

Não quero pisar no sofrimento argentino. Mas não pude deixar de pensar em um alemão para nossa música de domingo. Voltei a Stockhausen, dessa vez com Helikopter-Streichquartett (quarteto de cordas com helicópteros). Sem ironia.

sábado, 3 de julho de 2010

Carta (de Mino com apoio) Capital

Minha vida de jornalista profissional começa com Mino na direção da fabulosa Veja (que saudades). Portanto, devo muito a seu talento. E esse reconhecimento sempre houve, mesmo quando não concordava (desde aqueles tempos) com suas ideias. Sempre aplaudi sua ousadia, seu pioneirismo, a qualidade de seu trabalho jornalístico, sempre questionador – questionador, inclusive, da forma de fazer jornalismo.
Hoje, mais uma vez quero aplaudi-lo. O editorial de sua Carta Capital de apoio à candidatura Dilma é preciso, esclarecedor, corajoso e bastante diferenciado do que faz a grande imprensa. Embora não concorde com tudo que escreveu, tem meu respeito. Na íntegra:
Por que apoiamos Dilma?
Mino Carta
Resposta simples: porque escolhemos a candidatura melhor

Guerrilheira, há quem diga, para definir Dilma Rousseff. Negativamente, está claro. A verdade factual é outra, talvez a jovem Dilma tenha pensado em pegar em armas, mas nunca chegou a tanto. A questão também é outra: CartaCapital respeita, louva e admira quem se opôs à ditadura e, portanto, enfrentou riscos vertiginosos, desde a censura e a prisão sem mandado, quando não o sequestro por janízaros à paisana, até a tortura e a morte.
O cidadão e a cidadã que se precipitam naquela definição da candidata de Lula ou não perdem a oportunidade de exibir sua ignorância da história do País, ou têm saudades da ditadura. Quem sabe estivessem na Marcha da Família, com Deus e pela Liberdade há 46 anos, ou apreciem organizar manifestação similar nos dias de hoje.
De todo modo, não é apenas por causa deste destemido passado de Dilma Rousseff que CartaCapital declara aqui e agora apoio à sua candidatura. Vale acentuar que neste mesmo espaço previmos a escolha do presidente da República ainda antes da sua reeleição, quando José Dirceu saiu da chefia da Casa Civil e a então ministra de Minas e Energia o substituiu.
E aqui, em ocasiões diversas, esclareceuse o porquê da previsão: a competência, a seriedade, a personalidade e a lealdade a Lula daquela que viria a ser candidata. Essas inegáveis qualidades foram ainda mais evidentes na Casa Civil, onde os alcances do titular naturalmente se expandem.
E pesam sobre a decisão de CartaCapital. Em Dilma Rousseff enxergamos sem a necessidade de binóculo a continuidade de um governo vitorioso e do governante mais popular da história do Brasil. Com largos méritos, que em parte transcendem a nítida e decisiva identificação entre o presidente e seu povo. Ninguém como Lula soube valerse das potencialidades gigantescas do País e vulgarizá-las com a retórica mais adequada, sem esquecer um suave toque de senso de humor sempre que as circunstâncias o permitissem.
Sem ter ofendido e perseguido os privilegiados, a despeito dos vaticínios de alguns entre eles, e da mídia praticamente em peso, quanto às consequências de um governo que profetizaram milenarista, Lula deixa a Presidência com o País a atingir índices de crescimento quase chineses e a diminuição do abismo que separa minoria de maioria. Dono de uma política exterior de todo independente e de um prestígio internacional sem precedentes. Neste final de mandato, vinga o talento de um estrategista político finíssimo. E a eleição caminha para o plebiscito que a oposição se achava em condições de evitar.
Escolha certa, precisa, calculada, a de Lula ao ungir Dilma e ao propor o confronto com o governo tucano que o precedeu e do qual José Serra se torna, queira ou não, o herdeiro. Carregar o PSDB é arrastar uma bola de ferro amarrada ao tornozelo, coisa de presidiário. Aí estão os tucanos, novos intérpretes do pensamento udenista. Seria ofender a inteligência e as evidências sustentar que o ex-governador paulista partilha daquelas ideias. Não se livra, porém, da condição de tucano e como tal teria de atuar. Enredado na trama espessa da herança, e da imposição do plebiscito, vive um momento de confusão, instável entre formas díspares e até conflitantes ao conduzir a campanha, de sorte a cometer erros grosseiros e a comprometer sua fama de “preparado”, como insiste em afirmar seu candidato a vice, Índio da Costa. E não é que sonhavam com Aécio...
Reconhecemos em Dilma Rousseff a candidatura mais qualificada e entendemos como injunção deste momento, em que oficialmente o confronto se abre, a clara definição da nossa preferência. Nada inventamos: é da praxe da mídia mais desenvolvida do mundo tomar partido na ocasião certa, sem implicar postura ideológica ou partidária. Nunca deixamos, dentro da nossa visão, de apontar as falhas do governo Lula. Na política ambiental. Na política econômica, no que diz respeito, entre outros aspectos, aos juros manobrados pelo Banco Central. Na política social, que poderia ter sido bem mais ousada.
E fomos muito críticos quando se fez passivamente a vontade do ministro Nelson Jobim e do então presidente do STF Gilmar Mendes, ao exonerar o diretor da Abin, Paulo Lacerda, demitido por ter ousado apoiar a Operação Satiagraha, ao que tudo indica já enterrada, a esta altura, a favor do banqueiro Daniel Dantas. E quando o mesmo Jobim se arvorou a portavoz dos derradeiros saudosistas da ditadura e ganhou o beneplácito para confirmar a validade de uma Lei da Anistia que desrespeita os Direitos Humanos. E quando o então ministro da Justiça Tarso Genro aceitou a peroração de um grupelho de fanáticos do Apocalipse carentes de conhecimento histórico e deu início a um affair internacional desnecessário e amalucado, como o caso Battisti. Hoje apoiamos a candidatura de Dilma Rousseff com a mesma disposição com que o fizemos em 2002 e em 2006 a favor de Lula. Apesar das críticas ao governo que não hesitamos em formular desde então, não nos arrependemos por essas escolhas. Temos certeza de que não nos arrependeremos agora.