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quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Governo Dilma: o silêncio é de ouro?


O que a grande mídia mais fez nos últimos 8 anos foi tentar derrubar o Governo Lula. Não conseguiu, tornou-se a grande derrotada. Pior: viu as verbas polpudas da propaganda governamental distribuídas também por centenas de veículos de comunicação menores e pulverizados por todo o país. Mas Lula só pôde enfrentar e vencer a poderosa mídia graças ao seu carisma, seu trânsito livre na máquina petista, sua habilidade política e seu acerto na economia. Isso lhe garantiu a sustentação popular que o tornou irremovível.
Dilma vive situação diferente. Não tem o mesmo carisma nem o trânsito livre na máquina petista. Sua habilidade política ainda está sendo testada. E a economia precisa de pequenos ajustes, diante do cenário internacional (cujas relações também merecem enfoque ligeiramente diferente). A mídia e toda a oposição percebem isso e procuram dar o bote. O primeiro passo é tentar cavar conflitos entre o Governo Dilma e o Governo Lula, entre o PT e o PMDB. A coluna de hoje de Merval Pereira no Globo (“Silêncio de ouro”) destaca que o silêncio de Dilma adotado até agora “não lhe foi imposto, mas adotado por ela como maneira de não entrar em choque com o hiperativo Lula quando ele ainda estava em pleno gozo de suas prerrogativas presidenciais e dava mostras diárias de que lhe custaria muito abandonar o poder. Depois da posse, Dilma continua em silêncio, o que parece ser uma estratégia para impor um ritmo diferente ao governo sob nova administração”. Mais adiante: “(...) a presidente Dilma, que quando ministra parecia estar ligada à ala mais radical do petismo, mostra-se nesses primeiros dias de governo de uma sensatez à prova de má vontades políticas, e começa mesmo a corrigir distorções do governo anterior”. Ledo engano oposicionista.
Entre o PT e todos os aliados é natural que haja diferenças, senão eles seriam um partido único. Na verdade, há mais proximidade do que afastamento. A mudança que ocorre agora no relacionamento (principalmente entre PT e PMDB) também é natural – afinal, antes Lula substituía o seu partido, mas agora o PT tem que andar com as próprias pernas. E o silêncio de Dilma está longe de tentar demonstrar diferenças com relação a Lula. Ao contrário, com o seu "silêncio" ela procura ao mesmo tempo neutralizar a mídia e as oposições e apaziguar um ou outro partido da base. O seu silêncio, ao invés de ser uma “maneira de não entrar em choque com o hiperativo Lula”, é uma forma de capitalizar os ecos do discurso lulista junto à opinião pública, tão importante nesse início de governo. Dilma não fala, porque precisa que a voz de Lula continue no ar nessa fase de transição. Não há razão para atrair desde já todas as iras oposicionistas contra o seu governo. Dilma vai deixar sua marca, sim. Mas no momento o seu silêncio, de fato, é de ouro. E ela não vai entregar esse ouro a ninguém.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Tomada do Alemão: a mídia sob mira



(foto O Globo)

A cobertura jornalística da tomada do Complexo do Alemão, no Rio, tem sofrido forte bombardeio por causa de sua espetacularidade. Realmente, foi um grandioso espetáculo midiático, que ganhou o mundo nessa última semana. Mas isso é condenável?
Primeiro, precisamos considerar que a questão da segurança pública faz anos que é um espetáculo midiático. Inúmeros programas popularescos, no Rádio e na TV, diariamente entram aos berros na vida de milhões de brasileiros explorando a violência urbana com fins meramente de audiência. E a mensagem final leva rigorosamente à mesma conclusão: “vamos acabar com essa bandidagem a tiro!” De certa forma, são irmanados a essa bandidagem, porque sem ela não teriam seus espetáculos.
O que mudou agora, então? Em primeiro lugar, as ações terroristas dos traficantes levaram o clima de medo - que antes era restrito às comunidades - para toda a população o que despertou o sentimento de “Basta!” em cada morador do Rio de Janeiro. Em segundo lugar, o sistema Globo entrou com tudo na parada. Ampliou a visibilidade do problema e aliada às outras emissoras deu um tom mais jornalístico, com uma cobertura de grande alcance. Em terceiro lugar, ao invés de endeusar os traficantes, a cobertura jornalística mostrou a sua fragilidade e, ao contrário do que se faz diariamente, valorizou a força policial, estimulando a população (principalmente a local, mas também em todas as áreas e em todos os segmentos) a reagir e a integrar-se à polícia nos ataques aos traficantes (a enxurrada de telefonemas ao Disque-Denúncia é prova). Em quarto lugar, deu mais transparência às ações policiais, inibindo os policiais corruptos e motivando os policiais sérios, fortalecendo o comando de segurança.
Digam o que disserem, a Tomada do Alemão foi marco histórico. A autoestima dos bons policiais ficou em alta, deu mais força à seriedade do comando de segurança, desmistificou o poder até então absoluto dos traficantes, criou sérios danos materiais e estratégicos ao narcotráfico, abriu a perspectiva de vida melhor a toda a população. E a mídia com seu “pastiche midiático” teve grande contribuição nisso tudo. O que não quer dizer que já estamos vivendo no melhor dos mundos. Ainda falta muito para chegarmos lá. Mas com certeza podemos mirar o futuro com outros olhos.

domingo, 31 de outubro de 2010

Segundo turno: derrota do obscurantismo


Tem uma coisa que valeu a pena ter o segundo turno: o obscurantismo teve que mostrar sua cara com todas as nuances – se é que as trevas têm meio-tom...
Veio aborto, veio casamento gay, veio a mídia, veio o Papa e tudo que é preconceito tentando derrotar os avanços do Novo Brasil. Pegaram pesado, usaram todas as baixarias possíveis e imagináveis. Felizmente esse Novo Brasil pôde contar com sistema de vacinação, igualmente poderoso, chamado Lula. A sua presença no segundo turno criou nova dinâmica na campanha. As ruas voltaram a ser vibrantes, e até o Horário Eleitoral Gratuito petista teve condições de se redimir. O Brasil volta a ganhar luz e Dilma caminha com força para a vitória.

sábado, 23 de outubro de 2010

Com quantas bolinhas se monta uma farsa?


Toda a argumentação da tucanália e de sua filial Globo gira em torno de uma ou duas bolinhas (tudo bem, uma bolinha e um rolinho de fita adesiva...) acertando a cabeça de Serra. Pergunto: a segunda bolinha justifica a farsa? Claro que não. Nem mesmo mil bolinhas justificariam. Nem justificariam a encenação montada pelo Jornal das Bolinhas (ex-Jornal Nacional), com o apoio da imperícia de Ricardo Molina. São mais do que justificadas a indignação de Lula e as vaias dos jornalistas do próprio telejornal global. Ou será bolal?
NOTA: Quero avisar que sou campeão no jogo das bolinhas!

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

HEM?!?!


O Horário Eleitoral da Mídia (HEM) é bem diferente do Horário Eleitoral Gratuito. Foi regulamentado pela Lei nº 0171/02 e não aceita nenhuma proporcionalidade. Ou melhor, só existe uma “proporcionalidade”: 100% dos candidatos, partidos políticos e caluniadores em geral que façam oposição a Lula têm espaço e tempo garantido, a qualquer hora do dia ou da noite, sete dias na semana, trinta dias no mês, 365 dias no ano, para atacar o Governo Lula, a candidata Dilma, o PT e quem mais estiver pela frente. Não há direito de resposta.
Felizmente existe o Horário Eleitoral Gratuito, onde a campanha de Dilma faz um bom trabalho. Ou melhor, fazia. Porque o Programa tem ficado repetitivo, meio que imobilizado pela guerra sem tréguas da Mídia. O Programa de Serra (que ontem foi bem superior), sabiamente, tem deixado a baixaria por conta da Mídia. Foi um Programa propositivo (demagógico, claro), com mais emoção e um Serra entusiasmado, interagindo com o eleitor.
O Programa da Dilma tem que sair da inércia e preparar uma resposta à altura, em termos de emoção e motivação do eleitorado, principalmente da faixa popular. Não tem quali que me convença do contrário.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

A mídia e a oposição com seus partidos em pedaços

Excelente esse artigo de Maria Inês Nassif, publicado hoje no Valor. Mostra de forma concisa (e exata) o erro primário cometido pelos partidos de oposição na sua estratégia de comunicação com o eleitorado de perfil popular. É um bom retrato do que ocorre nessa corrida eleitoral.

Um modelo partidário trazido do atraso
Maria Inês Nassif (Valor)

A "mexicanização" do quadro partidário brasileiro é um debate a ser colocado em devidos termos. A ameaça de que o PT, depois das eleições de outubro, se transforme num Partido Revolucionário Institucional (PRI), que governou o México de 1929 a 2000, é apresentada como "denúncia". Isso é, no mínimo, um equívoco. A questão merece ser tratada criticamente por todos os atores do cenário político, sob pena de a eleição consolidar, de fato, e por um bom tempo, um único partido com condições de acesso ao poder pelo voto. Essa perspectiva está colocada não porque o PT trapaceou, mas porque a oposição acreditou demais no seu poder de influenciar massas via convencimento das elites. É uma estratégia medíocre de ação política, num mundo onde o acesso à informação tem aumentado e ao mesmo tempo saído da órbita exclusiva da influência dos grandes grupos, e num Brasil onde um grande número de cidadãos-eleitores deixou a pobreza absoluta, outro tanto ascendeu à classe média, a escolaridade aumentou, o acesso à internet é maior e a influência das elites sobre os mais pobres tornou-se muito, muito relativa.
Oposição não mobilizou militância nem formou quadros. Dos partidos na oposição, apenas o P-SOL, em passado recente, e o PPS, quando remotamente era PCB, conseguiram pelo menos formular idealmente um conceito de partido de massas. O P-SOL fracassou porque foi criado na contramão de um crescimento espantoso do PT, partido do qual se originou, e do recuo de setores que, durante o mensalão, ensaiaram abandonar o partido de Lula. Amedrontados com a retórica pré-64 da oposição, esses setores acabaram lentamente retornando à órbita do petismo. O PCB conseguiu a façanha de ser um partido de massas apenas quando tinha um líder carismático, Luiz Carlos Prestes. Como viveu boa parte de sua existência na clandestinidade, é difícil saber se teria vocação para sair da política de vanguarda e ganhar substância em setores mais amplos. O PPS, que o sucedeu, certamente não mostra essa capacidade. O PT continua a exceção no quadro partidário. A estrutura montada pelo partido nacionalmente, quando começava a se perder na burocratização da máquina, foi salva pelo lado popular do governo Lula e pela ofensiva oposicionista. O partido não é mais o que era quando foi fundado, mas é certo que tem uma representação social. As demais legendas, em especial as de oposição, não conseguiram sair da camisa de força dos partidos de quadros. O PSDB, que catalisou a oposição a Lula, e o DEM, com o qual é mais identificado, terceirizaram a ação partidária para uma mídia excessivamente simpática a um projeto que, mais do que de classes, é antipetista. Todo trabalho de organização partidária, de formulação ideológica e de articulação orgânica foi substituído por uma única estratégia de cooptação, a propaganda política assumida pelos meios de comunicação tradicionais. A vanguarda oposicionista tem sido a mídia. Esta, espelhando-se na velha estrutura social do país, tem praticado uma conversa exclusiva com os seus: assumiu um discurso para agradar a elite, que por sua vez perdeu quase totalmente seu poder de influência sobre os menos ricos e escolarizados. Os partidos de oposição e a mídia falam um para o outro. Pouco têm agregado em apoio popular, que significaria voto na urna e, portanto, vitória eleitoral. A ideia de propaganda política via mídia, que para a esquerda pré-Muro de Berlim era uma parte da estratégia de tomada do poder, e para os social-democratas a estratégia de conquista do poder pelo voto, tornou-se a única ação efetiva da oposição brasileira, exercida, porém, de fora dos partidos. Teoricamente, a mídia tradicional brasileira não é partidária. Na prática, exerce essa função no hiato deixado pela deficiente organização dos partidos que hoje estão na oposição ao presidente Lula. E o produto final não é exatamente a agregação de adeptos, mas uma conversa entre iguais, que se autoalimenta de um discurso trazido do udenismo, pouco propenso a conduzir um debate propriamente ideológico. Esse não é um fenômeno pós-Lula simplesmente, embora os dois governos do presidente petista tenham dado grande contribuição a esse descolamento entre a "opinião pública" e a "opinião dos pobres". Logo no início da redemocratização, foi instituído o voto do analfabeto. Ao longo dos dois últimos governos - portanto, nos últimos 15 anos - ocorreram ganhos de cidadania via aumento de escolaridade e renda que, por si só, incentivam a autonomia do voto. Nos últimos sete anos, os programas de transferência de renda reforçaram essa tendência. Esse contingente de novos eleitores ganhou autonomia de voto e se descolou da mídia tradicional. Nesse universo, os formadores de opinião pública - por sua vez formados pela mídia - não têm o mesmo acesso que tinham antigamente. O ingresso dos antigos desletrados na era da informação tem se dado pela televisão - e aí o horário eleitoral gratuito é neutralizador - e um pouco pela internet, mas a decisão política ocorre por ganhos de cidadania. Como a mídia tradicional é a única a operar como "propagandista" dos partidos de centro e de direita que nunca acharam necessário incorporar militância, formar quadros ou mesmo publicizar ideário, é de se supor que a capacidade de formação de consensos da mídia tradicional seja pouco significativa numa parcela do eleitorado que ascendeu recentemente ao mercado consumidor. O bloco oposicionista, que inclui não apenas os partidos, mas a mídia tradicional, não entendeu as mudanças que ocorreram no país. O modelo partidário que trazem na cabeça é um que pressupõe alinhamento automático de parcelas da população com líderes distantes ou donos de votos locais, ou a submissão da "ignorância" popular à opinião formada por iluminados. O novo Brasil não comporta mais isso. Esse modelo de política é elitista, porque não parte do princípio que as pessoas são iguais inclusive no direito de formar uma opinião própria.
Maria Inês Nassif é repórter especial de Política. Escreve às quintas-feiras no Valor.

sábado, 14 de agosto de 2010

Pesquisa Datafolha: Dilma está a dois pontos de vencer no primeiro turno


 (clique no gráfico para ampliar)

A Mídia tenta tapar o sol com a pesquisa, mas não tem jeito – Dilma está mesmo a um pequeno passo de vencer no primeiro turno. Com os números do Datafolha nas mãos, alguns jornais fizeram simulação de votos válidos e apresentaram a soma de todos os outros candidatos com 6  pontos à frente de Dilma, 53% a 47%. Não sei de onde tiraram isso. Com os números divulgados (Dilma 41, Serra 33, Marina 10 e os outros quase 1), Dilma já tem 48% dos votos válidos, ficando a apenas 2 pontos da vitória no primeiro turno. Coisa que deve acontecer nas intenções de votos das próximas pesquisas.

sábado, 3 de julho de 2010

Carta (de Mino com apoio) Capital

Minha vida de jornalista profissional começa com Mino na direção da fabulosa Veja (que saudades). Portanto, devo muito a seu talento. E esse reconhecimento sempre houve, mesmo quando não concordava (desde aqueles tempos) com suas ideias. Sempre aplaudi sua ousadia, seu pioneirismo, a qualidade de seu trabalho jornalístico, sempre questionador – questionador, inclusive, da forma de fazer jornalismo.
Hoje, mais uma vez quero aplaudi-lo. O editorial de sua Carta Capital de apoio à candidatura Dilma é preciso, esclarecedor, corajoso e bastante diferenciado do que faz a grande imprensa. Embora não concorde com tudo que escreveu, tem meu respeito. Na íntegra:
Por que apoiamos Dilma?
Mino Carta
Resposta simples: porque escolhemos a candidatura melhor

Guerrilheira, há quem diga, para definir Dilma Rousseff. Negativamente, está claro. A verdade factual é outra, talvez a jovem Dilma tenha pensado em pegar em armas, mas nunca chegou a tanto. A questão também é outra: CartaCapital respeita, louva e admira quem se opôs à ditadura e, portanto, enfrentou riscos vertiginosos, desde a censura e a prisão sem mandado, quando não o sequestro por janízaros à paisana, até a tortura e a morte.
O cidadão e a cidadã que se precipitam naquela definição da candidata de Lula ou não perdem a oportunidade de exibir sua ignorância da história do País, ou têm saudades da ditadura. Quem sabe estivessem na Marcha da Família, com Deus e pela Liberdade há 46 anos, ou apreciem organizar manifestação similar nos dias de hoje.
De todo modo, não é apenas por causa deste destemido passado de Dilma Rousseff que CartaCapital declara aqui e agora apoio à sua candidatura. Vale acentuar que neste mesmo espaço previmos a escolha do presidente da República ainda antes da sua reeleição, quando José Dirceu saiu da chefia da Casa Civil e a então ministra de Minas e Energia o substituiu.
E aqui, em ocasiões diversas, esclareceuse o porquê da previsão: a competência, a seriedade, a personalidade e a lealdade a Lula daquela que viria a ser candidata. Essas inegáveis qualidades foram ainda mais evidentes na Casa Civil, onde os alcances do titular naturalmente se expandem.
E pesam sobre a decisão de CartaCapital. Em Dilma Rousseff enxergamos sem a necessidade de binóculo a continuidade de um governo vitorioso e do governante mais popular da história do Brasil. Com largos méritos, que em parte transcendem a nítida e decisiva identificação entre o presidente e seu povo. Ninguém como Lula soube valerse das potencialidades gigantescas do País e vulgarizá-las com a retórica mais adequada, sem esquecer um suave toque de senso de humor sempre que as circunstâncias o permitissem.
Sem ter ofendido e perseguido os privilegiados, a despeito dos vaticínios de alguns entre eles, e da mídia praticamente em peso, quanto às consequências de um governo que profetizaram milenarista, Lula deixa a Presidência com o País a atingir índices de crescimento quase chineses e a diminuição do abismo que separa minoria de maioria. Dono de uma política exterior de todo independente e de um prestígio internacional sem precedentes. Neste final de mandato, vinga o talento de um estrategista político finíssimo. E a eleição caminha para o plebiscito que a oposição se achava em condições de evitar.
Escolha certa, precisa, calculada, a de Lula ao ungir Dilma e ao propor o confronto com o governo tucano que o precedeu e do qual José Serra se torna, queira ou não, o herdeiro. Carregar o PSDB é arrastar uma bola de ferro amarrada ao tornozelo, coisa de presidiário. Aí estão os tucanos, novos intérpretes do pensamento udenista. Seria ofender a inteligência e as evidências sustentar que o ex-governador paulista partilha daquelas ideias. Não se livra, porém, da condição de tucano e como tal teria de atuar. Enredado na trama espessa da herança, e da imposição do plebiscito, vive um momento de confusão, instável entre formas díspares e até conflitantes ao conduzir a campanha, de sorte a cometer erros grosseiros e a comprometer sua fama de “preparado”, como insiste em afirmar seu candidato a vice, Índio da Costa. E não é que sonhavam com Aécio...
Reconhecemos em Dilma Rousseff a candidatura mais qualificada e entendemos como injunção deste momento, em que oficialmente o confronto se abre, a clara definição da nossa preferência. Nada inventamos: é da praxe da mídia mais desenvolvida do mundo tomar partido na ocasião certa, sem implicar postura ideológica ou partidária. Nunca deixamos, dentro da nossa visão, de apontar as falhas do governo Lula. Na política ambiental. Na política econômica, no que diz respeito, entre outros aspectos, aos juros manobrados pelo Banco Central. Na política social, que poderia ter sido bem mais ousada.
E fomos muito críticos quando se fez passivamente a vontade do ministro Nelson Jobim e do então presidente do STF Gilmar Mendes, ao exonerar o diretor da Abin, Paulo Lacerda, demitido por ter ousado apoiar a Operação Satiagraha, ao que tudo indica já enterrada, a esta altura, a favor do banqueiro Daniel Dantas. E quando o mesmo Jobim se arvorou a portavoz dos derradeiros saudosistas da ditadura e ganhou o beneplácito para confirmar a validade de uma Lei da Anistia que desrespeita os Direitos Humanos. E quando o então ministro da Justiça Tarso Genro aceitou a peroração de um grupelho de fanáticos do Apocalipse carentes de conhecimento histórico e deu início a um affair internacional desnecessário e amalucado, como o caso Battisti. Hoje apoiamos a candidatura de Dilma Rousseff com a mesma disposição com que o fizemos em 2002 e em 2006 a favor de Lula. Apesar das críticas ao governo que não hesitamos em formular desde então, não nos arrependemos por essas escolhas. Temos certeza de que não nos arrependeremos agora.

domingo, 13 de junho de 2010

Até Elio Gaspari critica as abutrinagens da notícia

Na última quarta-feira, critiquei aqui no Blog (Os abutres da notícia) a rapinagem que a grande mídia costuma fazer no seu afã ani-Lula e usei como exemplo as notícias sobre os 9% do PIB. Hoje Elio Gaspari também faz seu protesto sobre o uso e abuso de conjunções adversativas que têm o objetivo único de alterar a informação original.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Os abutres da notícia



Não precisamos ir longe para perceber que a nossa mídia, impregnada pelo oposicionismo aloprado, só quer ver destruição. O Brasil acaba de apresentar 9% de crescimento do PIB do primeiro trimestre de 2010, comparado com o primeiro trimestre de 2009. Isso é bom ou ruim? Não é bom, não – é estupendo! Mas o que faz a nossa mídia? Em vez de comemorar, estimula o medo da inflação, o medos dos juros altos, o medo de um PIB menor nos próximos meses, o medo de queda de consumo, etc. Tudo óbvio – e que obviamente contará com o controle do Governo. Para a mídia, o que importa é ser do contra.
Outro nessa linha é Cesar Maia, um “contra” de primeira, que escreveu no Ex-Blog de ontem: “o tão decantado crescimento do PIB do Brasil em 2010 se esquece que em 2009, especialmente nos primeiros meses, o PIB decresceu”. É verdade, decresceu 0,8%. Mas ele (e todo mundo) esquece de falar que na época a expectativa era de decrescer 3%. Esquece também que o primeiro trimestre de 2009 caiu 0,8% sobre o primeiro trimestre de 2008 – que tinha crescido 5,8% sobre o primeiro trimestre de 2007! E por aí vai. Mas nada disso conta para a mídia tresloucada que, antes mesmo de dar a notícia, quer acabar com ela.
É bom a Dilma ir se preparando para os próximos 8 anos desse abutrismo.
A imagem do abutre foi tirada do blog “Ninho d’Aninha”.

terça-feira, 13 de abril de 2010

A diplomacia americana ainda não sabe falar chinês


Que será que deu na Casa Branca para espalhar que a China estava a seu lado contra o Irã? O assessor do Conselho de Segurança Nacional americano, Jeff Bader, chegou a declarar que os chineses “estão preparados para trabalhar conosco”!
O Diário do Povo de hoje coloca a notícia nos eixos com a manchete “China declara que sanções não resolvem a questão nuclear iraniana”. E na manchete principal, sintomaticamente, o jornal informa que o “Presidente Hu participa do Encontro sobre Segurança Nuclear, tem encontros dos BRICs e visita Brasil, Venezuela e Chile”. Claro que não seria diferente. O Irã é uma fonte de energia estratégica e não pode ser jogada pra escanteio assim sem mais nem menos. Precisa ser estimulado para negociações mais amplas, não forçado a uma rendição inexplicável.
Como explicar mais essa trapalhada da diplomacia americana – falta de cursos de chinês? Aliás, como explicar todo esse Encontro? Qual será o proveito de tudo isso? Como explicar que Israel tenha decidido não participar? Se o objetivo fosse realmente o de garantir mais segurança para o mundo contra a ameaça nuclear, mereceria todo o nosso aplauso. Mas com o objetivo de obter unanimidade contra o Irã mostrou-se um grande fiasco. A nossa imprensa adora chamar Lula de “ingênuo” (ontem chegou a dizer que ele estava isolado entre os líderes), mas fecha bem os olhinhos para as barbaridades da “tucana” Hillary Clinton.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Manchetes do Globo, de tsunamis a marolinhas


Os mancheteiros do Globo pautam seu dia-a-dia por marolinhas e tsunamis. Por oposição a Lula, fazem um tsunami; por imposição da realidade, têm que surfar na marolinha. Vejam o festival aquático de hoje:
Manchetão da capa – tsunami (não foi tsunami, graças à marolinha)


Página 27 – marolinha (Brasil ficou em 4º do mundo)

Página 25 – tsunami (não foi tsunami, graças à marolinha)

Página 28 – marolinha (graças à marolinha, crescimento maior que antes)

Página 29 – tsunami (no subtítulo, Lula fez melhor que Fernando Henrique)


Página 27 – marolinha (graças à marolinha, Brasil vive em ondas crescentes... positivas)


terça-feira, 3 de novembro de 2009

Terceiro Mandato: a Mídia de Bananas tem tudo para exigir golpe em Nova York


Em Honduras é proibido. Na Venezuela é deplorável. No Brasil, nem pensar. Mas nos Estados Unidos, onde não é permitido a qualquer pessoa exercer 3 vezes o cargo de Presidente, um Prefeito pode tentar  um terceiro mandato, alterando as leis junto com a Câmara dos Vereadores. Foi o que fez o Prefeito Michael Bloomberg de Nova York. Como ele é arqui-milionário, não usa chapéu texano e é bam-bam-bam dos meios de comunicação, ninguém ousa levantar a voz contra. O fato é que, depois da manobra, Bloomberg está gastando cerca de 100 milhões de dólares (sua fortuna é de cerca de 17 bilhões...) para tentar exercer o terceiro mandato. Lidera as pesquisas, disputando com o Democrata William Thompson (que está bem atrás, mas tem chances) e mais 7 candidatos. Aguardo ansiosamente nossa Mídia exigir intervenção de Michelleti na Big Apple...

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

"Esse canal de televisão é um partido político": não é frase do Chávez nem sobre a Globo

Quem falou isso foi David Axelrod, principal assessor de comunicação de Obama, no programa "This Week", da ABC, ao defender a decisão da Casa Branca de passar a tratar a Fox News como partido, não jornalismo. Peguei a notícia da coluna Toda a Mídia, de Nelson de Sá, da Folha: "Mr. Rupert Murdoch tem talento para fazer dinheiro, e eu entendo que sua programação é voltada a fazer dinheiro. Só o que argumentamos é que eles não são um canal de notícias de verdade. Não só os âncoras, mas a programação. Não é notícia de verdade, mas forçar um ponto de vista. E nós vamos tratá-los assim, e outras organizações jornalísticas deveriam tratá-los assim". O chefe da casa civil, Rahm Emanuel, sublinhou, também ontem na CNN, que outras organizações não deveriam "deixar-se guiar pela Fox News". Aqui no Brasil, a mídia está quase pedindo registro partidário no TSE...

domingo, 11 de outubro de 2009

Reforma política: mãe de quem mesmo?

Não li o livro “Brasil pós-crise”, coordenado pelos economistas Fábio Giambiagi e Otávio Barros, com textos tanto de nomes ligados ao Governo Lula quanto ao Governo Fernando Henrique. Li a coluna de Merval Pereira de hoje no Globo, comentando alguns de seus aspectos e destacando como ponto central “um grupo de capítulos sobre as diversas reformas estruturais que precisariam ser feitas pelo futuro governo, mas que dependem de uma delas, a reforma política, considerada “a mãe” de todas as reformas, mais complexa e delicada, que pode colocar a perder o clima político que permitiria a aprovação das demais”. Na coluna é citado particularmente o artigo do economista Alexandre Marinis, da Consultoria Mosaico, que buscaria o “timing de uma verdadeira reforma política”. Mas Merval toca em dois pontos do artigo que, a meu ver, são no mínimo discutíveis. O primeiro diz respeito à “concentração de poderes nas mãos do presidente da República, gerando um hiperpresidencialismo de fato, um fenômeno não apenas brasileiro, mas que se espalha pela América Latina”. Se isso existe, é responsabilidade em primeiro lugar da Constituição (que não foi escrita por um Presidente da República) e em segundo lugar de parlamentares (e até de partidos) que negociam seus votos como se negocia banana nas feiras livres. Esse “fenômeno”, aliás, é observado não apenas no Brasil ou na América Latina – mas é mais intenso onde os partidos são fracos. Poderia dizer que com a lógica do nosso sistema político, ao contrário do que sustenta Marinis, o Executivo jamais terá poder para levar adiante reformas sem a “negociação” com parlamentares – que talvez sejam, de fato, os que concentram poder nas mãos. O segundo ponto diz respeito à afirmação de que estando “a maioria eleitoral nas regiões Sul e Sudeste, os presidentes quase sempre saem dessas regiões, com raras exceções como a eleição de Collor, que Marinis considera uma anomalia”. Já mostrei aqui que, ao contrário do que diz o artigo, a maioria eleitoral está nas regiões Nordeste e Sudeste e os presidentes e seus vices sempre saem daí, desde o fim da ditadura. A Câmara dos Deputados reflete essa maioria. O Senado sim, formado por 3 representantes de cada um dos estados mais o Distrito Federal, reflete a maioria federativa do Norte-Nordeste-Centro Oeste - e se mostra muito mais conservador. Concordo com o pessimismo de Marinis sobre uma reforma política que vá contra os interesses desse Congresso que detém a chave do poder perpétuo. E concordo com Merval Pereira que Alexandre Marinis sonha quando fala de uma Constituinte específica independente e transformadora. Afinal, caso fosse convocada, ela poderia estar profundamente dependente da nossa mídia conservadora.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Honduras, divisor de águas profundas

Todos já sabem o que aconteceu em Honduras, aquele pedaço de terra menor (em tamanho e população) do que o nosso Ceará, situado entre as águas profundas do Caribe e do Pacífico, um dos países mais pobres do continente, que sobrevive graças à venda de café e banana para os Estados Unidos. Um grupo de políticos (e militares) da direita hondurenha, sentindo-se traído pelo antigo aliado Zelaya, deu um golpe de estado e expulsou o Presidente eleito, que não aceitou calado e movimentou-se em busca de apoio internacional. O Brasil destacou-se na sua defesa. Zelaya, em movimento ousado, retornou clandestinamente a seu país e instalou-se na Embaixada do Brasil. O governo brasileiro não pôde fazer nada, e fez bem em não reagir contra. A tática dos golpistas e seus apoiadores era empurrar com a barriga até que o golpe virasse fato consumado e aceito por “usucapião”. A nova situação provocada por Zelaya em nossa embaixada exigiu definição dos atores envolvidos. Os golpistas tiveram que arreganhar os dentes e mostrar os trogloditas que realmente são. Os Estados Unidos tiveram que deixar exposta a ambiguidade de seu jogo: ao mesmo tempo que Obama deseja uma política mais liberal para o continente, os assessores da Secretária Hillary Clinton insistem na importância de apoiar os golpistas para não ceder espaço à política chavista. OEA e países emergentes tomaram posição firme contra o golpe. O Conselho de Segurança, comandado pelos Estados Unidos, mostrou-se frágil. Mas o importante é que os golpistas sentiram o golpe e tentam desesperadamente voltar atrás em suas truculências. Até contrataram empresa de relações públicas para melhorar sua imagem – na minha opinião, tarde demais. Tarde demais também para nossos políticos, intelectuais e jornalistas que, no afã anti-Lula, apressaram-se em demonstrar simpatia pelos golpistas hondurenhos. Buscaram justificativas “constitucionais” para o golpe. Chamaram o Itamaraty de bando de trapalhões. Torceram o nariz para o presidente democraticamente eleito “por causa” da proximidade de Chávez e do seu chapelão texano. Demonstraram, isso sim, mentalidade subserviente, que acredita que o melhor slogan para o Brasil seria “no, we can’t”. Fecharam os olhos para o que diz o resto do mundo, como o jornal inglês The Independent, em sua reportagem The rise and rise of Brazil: Faster, stronger, higher, onde afirma que "a ação brasileira (...) pegou Washington no contrapé e expôs um claro abismo na confusão hondurenha entre Obama – que quer uma ação decisiva para repor Zelaya no poder – e uma vacilante Hillary Clinton”. Ou o argentino Clarín na reportagem El protagonismo de Brasil en Honduras modifica su tradición: “Ahora Brasil ha salido del Sur y se ha tornado un protagonista fundamental de la principal crisis de América latina del Norte. Está en el centro de los acontecimientos en Honduras. No actúa en forma compartida o multilateral, sino individualmente, como gran potencia. Es una novedad histórica. Brasil es hoy la representación de la comunidad internacional en una crisis que se profundiza, se polariza y escala”. Honduras foi um divisor também para nós, brasileiros. Opôs, de um lado, o atraso, a cabeça colonizada, o conservadorismo, o neoliberalismo, e, de outro, um Brasil que soube crescer, reduzir desigualdades, conquistar espaço, projetar-se no mundo e preparar-se para assumir um lugar de relevância no futuro.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Caso Honduras: O Globo trata seus leitores com escárnio

A manchete do Globo de hoje é um total desrespeito a seus leitores, em primeiro lugar, e também à inteligência, ao jornalismo, aos próprios profissionais, aos interesses nacionais. “Ação do Brasil acirra crise e tensão cresce em Honduras” – qual foi a “ação” do Brasil? A ação de um representante sonolento abrindo as portas da nossa embaixada para a entrada da esposa do Presidente deposto? A ação de garantir a integridade de nossa representação diante das ameaças de golpistas hondurenhos? Procuro nas páginas internas do próprio Globo e não encontro respostas. Será que essa manchete não passa de mais um material de propaganda anti-Lula? Quando é que o Globo vai parar com essa pouca vergonha (que, aliás, não surte efeito algum, como provam as pesquisas de opinião pública)? Com atitudes assim, o Globo faz com o jornalismo o que o troglodita Puccinelli pretendia fazer com Minc: estupro em praça pública.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Será que aparelharam o "entre aspas" da Mônica Waldvogel?

Talvez fosse o caso de dizer que deu pena ver a Mônica Waldvogel conduzir o seu mais recente programa anti-Lula, o "entreaspas" exibido na última terça-feira. No afã de produzir material de propaganda da Oposição, não se preocuparam em apurar a fundo as informações sobre o novo "escândalo". Aliás, isso é comum, mas dessa vez o feitiço virou contra o feiticeiro. Tudo pronto para provar que a Receita estava "aparelhada" pelo Governo, que estaria fazendo "política" com o dinheiro do contribuinte, e que a Petrobras era uma grande vilã que não estava pagando tudo que devia ao Fisco. Um fiasco, isso sim. Os três senhores acima de qualquer suspeita, capitaneados pela figura de Everardo Maciel, chefe da Receita nos governos de Fernando Henrique, convidados para valorizar o "espetáculo", discordaram de tudo que a pauta insinuava. Mônica ficou visivelmente desarvorada, sem saber o que fazer com a ironia e as perguntas ferinas que tinha acalentado para aquele momento. Não explicaram para ela a guerra interna da Receita que corria solta independente do "caso" Lina-Dilma. A Petrobras estava errada? Não, respondeu Everardo com veemência, esclarecendo que foi ele mesmo responsável pelas normas que permitiam a Petrobras (e qualquer empresa) agir como agiu. O Governo "politizou" a Receita? Não, responderam uníssonos os três convidados, acrescentando: "Quem politizou foi a Lina". Agora, as perguntas que não querem calar: quem foi o responsável por tamanho desastre telejornalístico? quem confiscou a produção? quem quer sabotar Mônica Waldvogel? será que o novo diretor de jornalismo é do PT? Você já deve ter visto a entrevista. Se quiser revê-la, essa é uma chance.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Guerra total! Decretado o fim do noticiário!

"O grande triunfo do adversário é fazer-nos crer o que diz de nós." Paul Valéry
(Peguei essa frase acima do twitter MagazineBrasil)
A mídia entrou com força total na campanha eleitoral 2010. Não existe mais busca da verdade, tentativa de imparcialidade, um mínimo de objetividade, praticamente não existe mais notícia. Jornalismo investigativo acabou. Aquelas velhas perguntas do o que, quem, onde, como, quando e por que agora têm resposta única: Lula e o PT são culpados - não se sabe por que nem de quê. O objetivo é tenta derrotar Lula em 2010 para colocar de volta os de sempre no poder. Ainda assim, apesar de todo esse esforço concentrado, parece muito difícil a Oposição vencer as eleições de 2010. A marca Lula, apoiada nos ganhos sociais e econômicos, Bolsa Família, PAC, retomada do desenvolvimento, destaque no cenário internacional, educação, superação da crise, etc, etc, etc, tudo isso me parece imbatível. Eles não conseguirão fazer o Brasil crer que o certo é tudo o contrário. Nem mesmo com a ajuda da Blackwater (agora disfarçada de Xe...) Oposição e Mídia conseguirão vencer essa guerra.

domingo, 16 de agosto de 2009

Marina Silva, fatos e versões

Considero como fato a saída de Marina do PT. Mas as versões sobre sua saída estão de tal maneira distorcidas que às vezes fica difícil até mesmo entender o que se pretende. Vamos ao mais simples. A primeira notícia mais bombástica é a de que a sua candidatura vai causar grande estrago na candidatura apoiada por Lula para a próxima eleição presidencial. A Época desta semana, que tem Marina na capa, chega a afirmar que a simples hipótese de sua candidatura “abalou os fundamentos de uma disputa eleitoral que caminhava para ser um modorrento plebiscito entre a candidata do governo, a ministra Dilma Rousseff (PT), e o principal nome da oposição, o governador paulista, José Serra (PSDB)”. Não consigo entender que fundamentos foram abalados e fico ainda mais confuso quando vejo reportagem do Estadão dizendo que “Pesquisa dá Dilma atrás de Marina em dois cenários”. Quando leio a pesquisa do Ipespe (coordenada por Antonio Lavareda), telefônica, com 2 mil entrevistas feitas em 22 e 23 de julho, percebo que o Deus nos acuda é ainda maior: Marina já teria 10% das intenções de votos e, em cenário sem Heloísa Helena, teria 24%!!! Prefiro me aliar a César Maia e Eliane Catanhêde e dizer que talvez as coisas não sejam tudo isso que se fala. A pesquisa Datafolha (4.100 entrevistas entre 11 e 13 de agosto) divulgada ontem (que mostra Marina com 3% das intenções voto) dá apoio a esse pensamento. O Datafolha mostra que os dois candidatos aliados de Lula (Dilma e Ciro) têm mais de 30% das intenções de voto (enquanto Serra oscila de 38% para 37%). E diz mais: que um candidato apoiado por Lula teria 42%. Que fundamentos, então, foram abalados? Claro que há um efeito psicológico inicial. Mas Heloísa e Cristovam também tiveram em 2006. César Maia lembrou isso e também foi buscar o exemplo guatemalteco das eleições presidenciais de 2007. Escreveu em seu Ex-Blog: “As eleições abriram com Rigoberta Menchú, líder indígena e ambiental e ícone internacional com Prêmio Nobel da Paz em 1992, liderando (...) com folga as pesquisas. No final obteve apenas 3,09% dos votos no primeiro turno, em sétimo lugar”. César Maia conclui com “Aprender sempre é bom. Até para evitar os mesmos erros”. Ele evidentemente está preocupado com o estrago que Marina pode fazer em sua campanha no Rio. Gabeira, candidato a Governador pelo PV, seria um bom apoio para a candidatura de César Maia ao Senado (por exemplo), dentro de uma aliança com o DEM e PSDB. Mas, com Marina candidata, a aliança teria prejuízos (no Horário Eleitoral com certeza) e Gabeira teria que trocar a prioridade do discurso ético-conservador pelo ecológico-obaoba. Esse seria apenas um dos inúmeros efeitos “tiro no pé da Oposição” que a candidatura Marina pode trazer. Como Heloísa Helena (talvez a maior prejudicada agora), Marina tenderia a conquistar os votos de quem já decidiu não votar nos candidatos de Lula, concentrados provavelmente na classe média de São Paulo e Rio (a divulgação dos cruzamentos da pesquisa poderá comprovar isso). Claro que a grande mídia, principal partido de Oposição no momento, deseja explorar tudo que pode da candidatura Marina, transformando versões em fatos consumados e arrasadores. São fatos como esses que me causam aversão.