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segunda-feira, 31 de março de 2014

Há 50 anos...

Vamos recordar através das primeiras página do Jornal O Globo.
O Globo do dia 31 de março de 1964: reagindo à "comunização do Brasil"...


O Globo do dia 1º de abril de 1964: no seu acervo, esse comunicado.


O Globo do dia 2 de abril de 1964: a alegria pelo "ressurgimento da democracia"...


domingo, 4 de dezembro de 2011

"A Europa está entregue aos especuladores. É preciso romper com os neoliberais", declarou Mário Soares


Entrevista publicada no Globo do ex-presidente português.

RIO - Mário Soares respirou política e socialismo a maior parte de seus 86 anos. Referência na esquerda portuguesa e europeia, ele abre o verbo diante do terremoto econômico e político que ameaça seu país e o continente, ao defender a democracia do assédio dos mercados. De sua boca saem palavras como "vergonha", "roubalheira", "criminosos" quando se refere aos especuladores e às agências de classificação de risco e à forma como vêm se impondo sobre os governantes europeus. Ex-premier, ex-presidente e europeísta, Soares acaba de lançar em Portugal a autobiografia "Um político assume-se". Na véspera da segunda greve geral no país este ano, há dez dias, ele encabeçou, com outros políticos e intelectuais, o manifesto "Mudança de rumo", atacando o neoliberalismo e incentivando os portugueses a saírem às ruas para protestar contra as medidas de austeridade: "Sou a favor de uma sociedade em que haja o mercado livre, mas com regras éticas e disciplina", diz ele, por telefone, da fundação que leva seu nome, em Lisboa.

Sandra Cohen: O senhor declarou que se a Europa não mudar, haverá uma revolução. O que é preciso mudar diante de tão grave cenário econômico?
MÁRIO SOARES: É mudar o modelo econômico, acabar com essas aventuras do neoliberalismo, com essas roubalheiras, com a economia virtual, com as agências de risco, que estão a descontrolar completamente a vida não só da Europa, mas do mundo inteiro. É preciso uma mudança de paradigma, uma ruptura. O que é extraordinário é que os dirigentes políticos atuais, aqueles que mandam ou que julgam que mandam, como é o caso da senhora Merkel e do senhor Sarkozy, não mandam. Quem efetivamente manda hoje são os mercados, não são os Estados. Os mercados e as agências de classificação de risco começam a dizer coisas, e as finanças mudam completamente às custas deles. Os Estados só obedecem. É absurdo que sejam os mercados a mandar. Sou a favor de uma sociedade em que haja o mercado livre, mas com regras éticas e disciplina.  
Sandra Cohen: Houve então uma distorção dos princípios da União Europeia?
SOARES: Houve uma total distorção e não só na União Europeia como em toda parte. Mesmo na ONU. Quando aparece uma série de organizações, como G-7, G-8 e o G qualquer coisa, são criações para acabar e destruir com a ONU e que paralisam os fenômenos. Veja, por exemplo, os Objetivos do Milênio, que foram assinados por cerca de cem chefes de Estado. Eram as melhores metas e não se fez nada até agora. Está tudo assim, descontrolado. E não é só na Europa e por causa do euro. Tudo está em causa. Li um artigo de uma autoridade do Reino Unido já cogitando o futuro depois do euro. Por que a libra esterlina não acaba? Porque há emissões sobre emissões, assim como se faz com o dólar nos EUA. Se o Banco Central Europeu fabricasse moeda, esses problemas desapareceriam. Mas tudo está entregue aos especuladores, que só se interessam em ganhar dinheiro e fazer fortuna.
Sandra Cohen: O senhor estava à frente de Portugal quando o país aderiu à União Europeia...
SOARES: Aderimos no mesmo dia que a Espanha, após oito anos de negociações difíceis. Foi um acontecimento imenso para a Península Ibérica e para a América Latina. Depois da nossa Revolução dos Cravos e da redemocratização da Espanha, após a morte de Franco, houve uma série de rupturas e mudanças em diversos países. Mas veio a queda da ideologia comunista e os americanos se acharam donos do mundo e lançaram o neoliberalismo, do qual estão sendo vítimas, como nós, europeus. Queremos agora outra revolução, uma ruptura com o neoliberalismo. Começaremos vida nova, com novo projeto de desenvolvimento.
Sandra Cohen: Qual a responsabilidade dos socialistas nessa crise?
SOARES: As duas famílias ideológicas que fundaram a UE foram, de um lado, os socialistas ou social-democratas, que são a mesma coisa exceto em Portugal. E de outro, as democracias cristãs. Foram essas famílias que fizeram esse projeto europeu, que era um farol e um exemplo no mundo inteiro. Foi o projeto mais importante que se fez no mundo, um projeto de paz, de justiça social e bem-estar para as populações, respeito pelos direitos humanos e pelas democracias. Isso nos deu um grande desenvolvimento. O mundo olhava para a União Europeia como um projeto extraordinário. Não é por acaso que povos que se debateram em duas guerras cruentas no século XX tenham vivenciado mais de 50 anos em paz. É isso tudo que está em causa hoje com essas mudanças econômicas e com esses especuladores, que são verdadeiros criminosos.
Sandra Cohen: Mas em que os socialistas erraram?
SOARES: Houve um socialista inglês chamado Tony Blair, que nunca foi socialista, que enganou as pessoas, mas não a mim. Ele tentou colonizar o Partido Socialista em função do que chamou de Terceira Via, que era uma ligação ao neoliberalismo. E muitos socialistas europeus prevaricaram com seus partidos, que entraram em crise e em decadência. E, por outro lado, houve quem colonizasse as democracias cristãs como partidos populares, que são outra coisa.
Sandra Cohen: Como o senhor vê os governos que são liderados por tecnocratas, como Grécia e Itália?
SOARES: Da pior maneira, isso ofende a democracia, onde tudo deve ser decidido pelo voto. Não faz o menor sentido.
Sandra Cohen: O que o senhor acha do governo do primeiro-ministro português, o social-democrata Pedro Passos Coelho?
SOARES: Ele é um homem sério, decente e um patriota. Mas é um neoliberal. Não é da minha família política. Não é com austeridade que se resolvem problemas como os que temos em Portugal. Temos que ter uma certa austeridade, mas não que arrase o crescimento econômico e faça subir o desemprego como está ocorrendo. Senão, daqui a um ano, teremos imposto muitos sacrifícios aos portugueses e estaremos ainda pior.
Sandra Cohen: Na semana passada, o senhor liderou um manifesto criticando as medidas de austeridade em Portugal...
SOARES: Não fui contra. Num momento em que Portugal estava numa situação muito difícil e sem liquidez, fui partidário de pedir dinheiro à Europa. Mas não é justo que senhores que vêm da troika (comitê formado por FMI, do BCE e Comissão Europeia) possam governar Portugal porque temos pouco dinheiro ou estamos em dificuldade.
Sandra Cohen: O senhor cogitou criar um novo movimento paralelo ao Partido Socialista, como foi especulado?
SOARES: Não, de jeito nenhum, é pura especulação. Fui um dos fundadores do PS, fui socialista durante toda a minha vida política ativa e nunca deixarei de ser. Nunca pensei em criar um movimento próprio.

domingo, 5 de junho de 2011

O Globo insiste em provar que herrar é umano

(clique na imagem para ampliar)

Quem me deu o toque foi meu filho Tiago, 16 anos, lendo o jornal de ontem. Na mesma edição em que puxa a orelha do MEC por distribuir livros didáticos com erros crassos, o Globo, uma falha depois, em importante reportagem sobre a modernização das Forças Armadas, tratando de questões geopolíticas, coloca a sigla do Amazonas (AM) no mapa do Amapá (AP). Nada demais. As duas reportagens são importantes. Quem sabe, o erro do jornal deve ter tido proposital, em defesa do MEC...

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

The American Way of Censorship



Na ditaduras, a censura é comum, certo? Certo.
Nos Estados Unidos, conhecidos como a maior democracia do mundo, isso não acontece, certo? Errado.
A Guerra do Iraque e a prisão de Guantánamo já comprovaram que o governo americano utiliza-se da tortura quando bem quer. E agora o Caso Wikileaks serve para demonstrar que a censura também faz parte do menu do governo que tão ardentemente critica Cuba, China, Coreia, Venezuela, etc., etc. A ação do governo americano – através principalmente do seu Departamento de Estado – procurou desde o primeiro instante impedir que o Wikileaks divulgasse a arrogância da política externa. Procura, ainda hoje, classifica o líder do Wikileaks, Julian Assange, como espião e faz o que pode para conseguir a sua extradição e prisão – seria em Guantánamo? Fez pressão contra a sua (liberdade de) imprensa e agora chega à censura direta, proibindo que nos computadores de sua Força Aérea haja acesso a sites não apenas de jornais como The Guardian (inglês), Le Monde (francês), Der Spiegel (alemão) ou El País (espanhol) como o próprio The New York Times, que publicou uma nota na sua edição de terça-feira, mas, surpreendentemente, não protestou. Pecado desses jornais (o mesmo da Folha, do Globo e de outros órgãos de comunicação brasileiros)? Divulgar o que o Wikileaks tornou público!
Ninguém tira da minha cabeça que também houve dedo do governo na escolha pela revista Time do criador do Facebook (ao invés de Assange, como era de se supor) como Personalidade do Ano. Yahoo, The New York Times e outros criticaram a decisão da Time. Jacob Weisberg, editor-chefe da Slate, escreveu em seu twitter (@jacobwe) “Gutless of Time not to name Assange” (“não escolher Assange foi covardia da Time”). Acho que foi mais do que isso – foi censura disfarçada. Que podemos esperar do novo “American way of life” – cancelamento das próximas eleições?
Todos nós esperamos que os Estados Unidos continuem como os grandes defensores da democracia – por mais que ela tenha seus defeitos, certo?

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

PIB de 2010 deverá ser o maior desde a ditadura

Essa história dos PIBs é usada como cada um bem entende. O Globo de hoje, por exemplo, tentou usar o PIB para dizer na sua manchete da primeira página que o Governo Lula foi um horror: "Brasil cresceu na era Lula menos que emergentes e AL". Esse dado é verdadeiro, mas, isolado, esconde a verdade principal: desde os tempos da ditadura, o Brasil não teve PIB tão alto como deverá ter este ano, cerca de 8%. Isso sem inflação, sem congelamento de preços (Plano Cruzado), além de ter reduzido a miséria e a pobreza e, consequentemente, de ter reduzido o abismo social. Sem contar ainda com o crescimento que o país teve no cenário mundial: em 2011, segundo projeções do FMI, a economia brasileira deverá ultrapassar a italiana, indo do oitavo para o sétimo lugar. Busquei aqui e ali a evolução do PIB brasileiro nas últimas seis décadas procurando identificar cada um dos governos. Vejam o gráfico (clique para ampliar):


sábado, 20 de março de 2010

Merval contra O Globo


Merval Pereira é o principal colunista político do jornal O Globo, de plumagem bem tucana. Mas não é exatamente o jornalista do escarcéu, demonstra seriedade em muito do que escreve. Na sua coluna de hoje ele dá prova disso, ao contrariar inteiramente a manchete do seu jornal. Ao tentar colocar o seu candidato, José Serra, de bem com o Rio, O Globo procurou em primeiro lugar criar intrigas com Dilma. Colocou na manchetona da primeira página que “após Serra, Dilma reconhece os direitos do Rio”. Mas o mancheteiro esqueceu de ler antes a coluna de Merval, “O preço político”, publicada hoje mesmo.
Lá na coluna podemos constatar que “a ministra Dilma Rousseff não ficou em cima do muro, mesmo correndo o risco de ir contra a maioria dos estados”. E mais: “Diferentemente do presidente Lula, ela antecipou sua posição a favor da manutenção do sistema atual de divisão dos royalties”. E Merval vai além, ao criticar o candidato tucano: “Serra teve uma primeira reação inteiramente equivocada ao dizer que não sabia detalhes da questão dos royalties, pois só lera pelos jornais, e teve que tentar recuperar a posição no dia seguinte, quando deu uma declaração firme contra a alteração da distribuição, se reincorporando à luta ao lado do Rio e do Espírito Santo”. (grifos nossos)
Talvez fosse o caso de dizer que alguns desvarios do Globo não conseguem passar da primeira página...

quinta-feira, 18 de março de 2010

O BRASIL FOI ÀS RUAS!



A mega manifestação de ontem, no Rio de Janeiro, contra a emenda Ibsen, foi muito mais do que o protesto dos estados produtores de petróleo contra a ameaça de perda dos royalties. Ontem era o Brasil inteiro voltando às ruas, mesmo debaixo de temporal. Mais do que tudo, foi a comemoração da democracia, uma homenagem aos bons tempos que o país vive. A lamentar, a ausência de Cesar Maia e a tentativa tardia e oportunista de Serra tentar pegar carona no sucesso do evento. Magnífica a foto de Domingos Peixoto para o Globo.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Manchetes do Globo, de tsunamis a marolinhas


Os mancheteiros do Globo pautam seu dia-a-dia por marolinhas e tsunamis. Por oposição a Lula, fazem um tsunami; por imposição da realidade, têm que surfar na marolinha. Vejam o festival aquático de hoje:
Manchetão da capa – tsunami (não foi tsunami, graças à marolinha)


Página 27 – marolinha (Brasil ficou em 4º do mundo)

Página 25 – tsunami (não foi tsunami, graças à marolinha)

Página 28 – marolinha (graças à marolinha, crescimento maior que antes)

Página 29 – tsunami (no subtítulo, Lula fez melhor que Fernando Henrique)


Página 27 – marolinha (graças à marolinha, Brasil vive em ondas crescentes... positivas)


quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Revelações de 50 anos atrás

O Globo de hoje publica na seção “Há 50 anos” quem a revista Radiolândia escolheu em 1959 como vencedores do Disco de Ouro, Microfones de Ouro, Antenas de Prata e Revelações do Ano. Vejam que maravilha:
EM REUNIÃO ontem realizada na sede de “Radiolândia”, a equipe dessa revista escolheu os vencedores dos concursos Disco de Ouro, Microfones de Ouro e Antenas de Prata.
Eis alguns dos premiados com o Disco de Ouro: arranjador, Severino Filho; cantora, Vera Lúcia; compositor, Antônio Carlos Jobim; intérprete folclórico, Stelinha Egg; letrista, Dolores Duran; melhor 78, “Noite de Moscou”, com o conjunto Farroupilha; melhor LP, “Confidências”, com Vera Lúcia; revelação feminina, Celi Campelo; revelação masculina, João Gilberto; sambista, Moreira da Silva; solista, Moacir Silva.
Ganhadores de Microfones de Ouro: animador de auditório, César de Alencar; cantor, Anísio Silva; cantora, Vera Lúcia; conjunto vocal, Trio Irakitã; conjunto instrumental, Sexteto de Radamés; comentarista esportivo, Benjamim Wright; disc-jockey, Mário Luís; instrumentista, Valdir Azevedo; locutor, Orlando de Sousa; locutora, Anita Taranto; locutor esportivo, Doalcey Camargo; maestro, Alceu Bochino; narrador, Luís Jatobá; produtor, Ghiaroni; ator, Domício Costa; atriz, Ida Gomes; ator cômico, Wellington Botelho; atriz cômica, Nádia Maria.
Fizeram jus às Antenas: animador, Murilo Néri; animadora, Lídia Matos; ator, Ítalo Rossi; atriz, Fernanda Montenegro; cantor, Carlos José; cantora, Hebe Camargo; comediante masculino, Ronald Golias; comediante feminina, Ema D’Ávila; diretor, Wilton Franco; entrevistador, Hilton Gomes; garota propaganda, Araci Rosas; locutor, Osvaldo Sargentelli; locutor de notícias, Léo Batista; narrador esportivo, Luís Mendes; produtor, Sérgio Britto; produtor humorístico, Francisco Anísio; programa infantil, “O mundo é da criança”; programa musical, “Noturno”; programa esportivo, “Vale tudo na TV”; programa humorístico, “Praça da Alegria”; programa feminino, “Sessão das cinco”; programa de entrevista, “Prêto no branco”; propaganda (em slide), Salgadinhos Piraquê; revelação feminina, Norma Blum; revelação masculina, Jô Soares.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Caso Honduras: O Globo trata seus leitores com escárnio

A manchete do Globo de hoje é um total desrespeito a seus leitores, em primeiro lugar, e também à inteligência, ao jornalismo, aos próprios profissionais, aos interesses nacionais. “Ação do Brasil acirra crise e tensão cresce em Honduras” – qual foi a “ação” do Brasil? A ação de um representante sonolento abrindo as portas da nossa embaixada para a entrada da esposa do Presidente deposto? A ação de garantir a integridade de nossa representação diante das ameaças de golpistas hondurenhos? Procuro nas páginas internas do próprio Globo e não encontro respostas. Será que essa manchete não passa de mais um material de propaganda anti-Lula? Quando é que o Globo vai parar com essa pouca vergonha (que, aliás, não surte efeito algum, como provam as pesquisas de opinião pública)? Com atitudes assim, o Globo faz com o jornalismo o que o troglodita Puccinelli pretendia fazer com Minc: estupro em praça pública.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Arapongagem: César, Brizola e O Globo

Concordo com a indignação de César Maia em seu Ex-Blog de hoje contra o tratamento que O Globo tem dado à liberação das informações secretas da ditadura militar. É um absurdo tratar o produto de uma arapongagem esdrúxula como verdade absoluta – principalmente com o fato de um dos acusados, Brizola, já morto, não ter condições de se defender. Por mais que os serviços de informações e contrainformações serem importantes, a sociedade não pode ficar subordinada a eles. Lembro, em 92, quando fazia a campanha de Benedita (PT) para Prefeita do Rio, que alguém me trouxe lá na produtora uma pessoa supostamente da comunidade de informações que oferecia a possibilidade de gravar e fotografar César Maia (também concorrendo à Prefeitura) em encontros com bicheiros. Para reforçar sua capacidade “profissional”, ele me disse que poderia, no dia seguinte, me entregar fita com tudo que seria falado na produtora depois que ele fosse embora. Recusei e nunca mais quis ouvir falar da figura. Também a direção do PT teria se recusado, na época, a gravar depoimento de alguém que seria parente de César Maia e estava disposto a fazer denúncias, aparentemente sem qualquer prova. O depoimento talvez mudasse o resultado eleitoral, mas utilizá-lo foi considerado irresponsabilidade. Denunciar o que está errado é dever de todos. Mas combater o “denuncismo” também é.

domingo, 30 de novembro de 2008

Empréstimo Caixa-Petrobras: o Globo dá aula de não-jornalismo

Quando alguém quer fazer o anti-jornalismo, certamente procura ocultar informações, usar informações falsas, etc. O que O Globo fez ontem e hoje sobre o empréstimo da Caixa para a Petrobras não teve nada disso. Foi tudo claramente errado, sem aparentar tentativas de ocultar informações. Vejam os títulos da primeira página e da página interna: “CEF não ouviu auditores no socorro jumbo à Petrobras” e “Operação fora do padrão”, respectivamente. Ainda na primeira página, podemos ler: “Contrariando a praxe, a direção da Caixa Econômica Federal (CEF) não consultou seus auditores para liberar os R$ 2 bilhões para a Petrobras em fins de outubro”. No subtítulo da parte interna também lemos: “CEF não consultou auditores antes de conceder crédito de R$ 2 bi à Petrobras, contrariando a praxe”. Mas logo no início da reportagem traz uma declaração do presidente da Associação Nacional dos Auditores Internos do banco (Audicaixa), Antonio Augusto de Miranda e Souza: “Devido ao tamanho e ao ineditismo do empréstimo de R$ 2 bilhões feito pela Caixa Econômica Federal (CEF) à Petrobras, os auditores da instituição financeira avaliam que deveriam ter sido consultados previamente para verificar os termos e as condições do negócio”. Ora, aqui começa a contradição da reportagem. Não foi dito que a auditoria seria uma praxe. Ao contrário, Antonio Augusto de Miranda e Souza declarou que, “devido ao tamanho e ao ineditismo (grifo noso), ele considerava que seria um procedimento “desejável e prudente” que daria “mais conforto à direção da Caixa”. O presidente da Audicaixa chega a afirmar que a consulta não é obrigatória. O desejo de dar uma notícia negativa para o Governo Federal foi mais uma vez mais forte do que exercer a boa prática do jornalismo. O Globo produziu em sua primeira página uma notícia que merecia menos do que uma coluna inteira. Como, aliás, fez hoje, em mais uma falha do bom jornalismo. Todos sabem que um erro de primeira página mereceria uma correção de primeira página. Mas o Globo escondeu em menos de uma coluna a correção feita pela Caixa: “auditores não precisam ser consultados”. Simplesmente porque “a função deles é auditar as operações já realizadas”. Tudo tão óbvio, não é mesmo? Então por que toda a presepada? Essa reportagem do Globo deveria fazer parte de todos os cursos de jornalismo do país. É um desserviço que pode acabar servindo a um bom jornalismo.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Que é isso, ex-companheiro?

O candidato Fernando Gabeira, tucano verde do demo, deu sua primeira grande pisada na bola, em uma campanha em que ele parecia surfar nas nuvens. Perdeu toda sua fleuma ao comentar ao telefone a recusa de sua ex-companheira de primeiro turno, a vereadora eleita Lucinha, em apoiar proposta gabeirense que vai contra os interesses dos eleitores dela. Berrou Gabeira: "Lucinha está de salto alto, é uma analfabeta política, tem uma visão suburbana e precária". O pior (se é que tem pior...) vem depois. Quando soube que seu destempero tinha sido ouvido pela imprensa, destratou os repórteres. O Globo, que sempre o apoiou, descreve assim sua reação: "No fim da tarde, em frente ao prédio onde mora, em Ipanema, Gabeira ficou irritado ao saber que a conversa tinha sido ouvida: — Eu fazia isso também quando era repórter, mas é invasão de privacidade. Quando uma pessoa está falando ao telefone, você (repórter) dá um tempo. Se colocar alguma informação do que você ouviu, eu vou desmentir... Eu declarei isso para você? Você diz, então, que me ouviu conversando ao telefone, que invadiu a minha privacidade e que está publicando". Essa atitude não combina com a imagem de um prefeito livre, leve e solto que ele estava vendendo. A influência de César Maia chegou cedo demais... .

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Globo versus Globo

O Globo de hoje é um bom exemplo de como opera um jornal que se preocupa mais em fazer oposição sistemática do que em informar com um mínimo de objetividade. Na sua primeira página, aquela que fica exposta nas bancas para ser vista por milhões de transeuntes, o jornal estampou "PIB cresce 5,8% com mais gastos de governo". Na parte interna, na seção de Economia, para ser lida apenas por especialistas ou curiosos mais especializados, a manchete é outra: "Demanda interna faz país crescer 5,8%". Na reportagem completa você pode ter informações que de certo modo desmentem a manchete da primeira página. Por exemplo: "um crescimento totalmente baseado na demanda doméstica"; "As eleições fizeram o consumo do governo ter a maior expansão desde o primeiro trimestre de 2002, também ano eleitoral. Frente ao fim de 2007, o avanço foi de 4,5%. Contra o início do ano passado, 5,8%. Rebeca (Rebeca Palis, gerente de Contas Nacionais Trimestrais do IBGE) afirma que as taxas foram puxadas pelos estados e municípios"; "a demanda doméstica avançou 7,7%"; "Outro ponto positivo foi o investimento (alta de 15,2%)"; "aumento do crédito habitacional, que fez a construção registrar seu melhor momento desde 2004, como um dos fatores a impulsionar o investimento no início do ano"; "foi a indústria que levou a economia no primeiro trimestre". Todo cuidado é pouco ao se ver um jornal hoje em dia.

sábado, 25 de agosto de 2007

A capa do O Globo de hoje é um primor de campanha anti-Lula

É preciso tirar o chapéu para o pessoal do jornal O Globo, porque eles são muito competentes na sua campanha anti-Lula. São trabalhos muitas vezes silenciosos, apesar de gritantes. Essa primeira página de hoje é um exemplo. A manchete fala dos réus do mensalão, em função do julgamento no STF. Mas a foto que ilustra a reportagem é uma foto de Lula cabisbaixo - que na verdade faz parte de outro assunto. A busca da vinculação de Lula com o mensalão é sutil e ao mesmo tempo escandalosa. Tanto pode significar que Lula é um dos reús como pode significar que Lula chorou (a legenda da foto fala em "Ataques, elogios e choro") por causa de seus amigos. Na verdade, o choro real de Lula refere-se a outro assunto. Ele chorou "ao contar histórias de sua juventude pobre na periferia paulista: em cerimônia de lançamento do PAC no Paraná, criticou a imprensa, a elite e o ex-presidente FH, fez elogios a Geisel e Getúlio, e evitou o tema do mensalão", como "confessa" o jornal, sem muito destaque. É uma peça de propaganda política no melhor estilo Goebbels.
Sem ligação com Goebbels, lembro do caso do jornalista de um estado nordestino que ficou chateado por ter saído da equipe de Veja. Ele também era editor de um pequeno jornal e, uma semana depois da demissão, noticiou a visita de Vitor Civita, o dono da Editora Abril, à sua cidade com uma foto imensa de primeira página. Graças à diagramação (como essa do Globo) parecia que a foto de Vitor Civita era ilustração da manchete principal: "Preso o chefe dos contrabandistas"...

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Acidente da TAM: Organizações Globo abandonam o jornalismo e escancaram campanha contra Governo Federal

Nas capas do Extra e do Globo de hoje, as Organizações Globo fazem tudo, em verdadeira forçação de barra e total anti-jornalismo, para associar o Governo Federal à tragédia da TAM.