segunda-feira, 28 de abril de 2008

Eleição em São Paulo: Quércia fez o jogo do PT de Marta

Esse apoio de Quércia (PMDB) a Kassab (DEM, ex-PFL) pela eleição para Prefeito de São Paulo frustrou muitas expectativas petistas, claro. Mas o estrago que está fazendo na candidatura de Alckmin (PSDB) é muito maior e compensa, com folga, a frustração petista. Deu mais gás a Kassab, certo. Mas transformou Alckmin em barata tonta eleitoral, sem apoio do DEM (ex-PFL), sem apoio do PMDB e com menos apoio ainda do PSDB. Nas próximas pesquisas, é muito provável que Alckmin caia mais e Kassab e Marta cresçam, com vantagem para a candidata petista. Há ainda 2010, com a promessa do apoio de Quércia ao tucano Serra em troca do apoio à candidatura quercista ao Senado. Isso atrapalharia um pouco os planos do PT. Mas é apenas uma promessa... E a conquista da Prefeitura de São Paulo teria um valor inestimável para o PT de Marta.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Eleição americana: Hillary Clinton ganhou sobremorte...

Essa história de que Hillary Clinton ganhou sobrevida com a vitória de terça na Pennsilvânia é uma grande mentira. Ela ganhou por pouco e não existem mais chances de vencer, a não ser em um tapetão cada vez mais improvável. A sua campanha negativista está se voltando contra ela e contra o partido. Até mesmo aliados importantes e de primeira hora, como o New York Times, estão abandonando o barco. Ontem, em editorial, o jornal advertiu que já passou da hora da "Senadora Hillary Rodham Clinton reconhecer que a negatividade, pela qual ela é a principal responsável, só serve para para ferir ela mesma, seu oponente, seu partido e as eleições de 2008". Outro engano é dizer que ela é a vitoriosa dos grandes centros (como Merval Pereira fala em sua coluna de hoje no Globo). A própria Pensilvânia, onde ela acaba de vencer com 10% à frente, desmente isso. Se é verdade que Hillary venceu em Pittsburgh (que tem 310.000 eleitores) com 54% dos votos, a sua vitória foi garantida principalmente nas pequenas localidades, como Cameron, onde ela teve 59% dos 655 votos, ou Sullivan (68% dos 992 votos). Barack Obama venceu na maior cidade, Filadélfia, onde teve 65% dos mais de 430.000 votos. Não há sobrevida para Hillary Clinton. Resta saber se haverá sobrevida para o Partido Democrata.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Eleição americana: o Bin Laden de hoje foi o comunismo de ontem

O uso do medo como arma eleitoral é coisa antiga. Na maioria das vezes não dá certo, porque é preciso saber sair do medo para a esperança. As eleições americanas têm bons exemplos, e um deles é o que Hillary Clinton está usando agora contra Barack Obama. É uma peça de puro terror, onde aparece até Bin Laden. O outro exemplo é o de Jackie Kennedy falando espanhol em campanha para o seu marido. Ela também usa a arma do medo - que na época era o comunismo(!). Mas sabe mostrar o caminho da esperança e conclui: "Que viva Kennedy!".

Eleição americana: o tudo ou nada da Pensilvânia

Reproduzo esse texto de Lucas Mendes, no site da BBC, que descreve muito bem o cenário da disputa de hoje, na Pensilvânia, entre Barack Obama e Hillary Clinton:
Milagre de dois dígitos
Depois de seis semanas sem primárias, mas ricas em campanhas negativas e caras, temos mais um momento decisivo. Com seus 158 delegados, a Pensilvânia é o último dos grandes Estados, mas há décadas não tinha papel tão importante em eleições primárias, porque em geral estavam já decididas quando chegava sua vez de votar. Há seis semanas Hillary Clinton estava liderando em algumas pesquisas com 20 pontos de vantagem. Neste fim de semana, pela primeira vez, uma das pesquisas colocou Obama um ponto na frente da senadora, mas a média está entre cinco e seis pontos a favor dela. Se ganhar por esta margem a campanha vai continuar em crise. Hillary Clinton precisa de uma diferença de dois dígitos, dez pontos percentuais, como aconteceu em Ohio, ou mais, encheriam as velas da senadora, dos republicanos que querem ver mais sangue democrata e deixariam a campanha de Obama em crise. Ela iria para as outras primárias com novo impulso e argumentos para conquistar superdelegados. Ambos derramaram dinheiro no Estado, mas o senador gastou quase o triplo. Na terra de Rocky Balboa, adotado como um dos símbolos de Hillary, que não joga a toalha branca, o senador quer um nocaute para não arrastar a campanha até Indiana - onde ela é favorita - e Carolina do Norte, onde ele lidera graças ao voto negro. E caso ele não derrube Hillary Clinton nesta terça-feira a campanha vai esticar até junho, talvez até a convenção. Rural e urbano, um microcosmo dos Estados Unidos, um dos berços da revolução industrial, o Estado construiu o país com suas estradas de ferro, minas de carvão e usinas de aço. Hoje vive uma prosperidade high-tech cercada de decadência nas antigas cidades industriais. O Estado tem cidades muito liberais e regiões onde dominam religiões fundamentalistas e culto às armas. Barack Obama é favorito nos subúrbios ricos, nos centros universitários - e são muitos - e entre os negros, que representam 10% da população, a maioria concentrada nas duas grandes cidades, Filadélfia e Pittsburgh. Hillary leva vantagem entre os homens mais velhos, as mulheres em geral, entre os católicos, na classe média pobre e nas áreas rurais. A família dela tem uma conexão com a Pensilvânia. O pai nasceu e foi enterrado em Scranton, onde ela passou boa parte da infância. Nas últimas semanas ela cruzou o Estado com uma disposição desesperada, bebendo uísque e cerveja nos bares, populista e com histórias sobre caçadas de patos. O marido Bill e a filha Chelsea, em geral separados, comparecem a pelo menos quatro eventos e comícios por dia. Até a semana passada a campanha do senador Obama tinha sido moderada nos ataques, mas a participação dele no último debate, semana passada, foi fraca, e os marqueteiros decidiram revidar as críticas de Hillary, em dobro. Os candidatos gastaram milhões para registrar novos eleitores, e agora o Estado tem mais 327 mil democratas. Bom para o partido, mas não necessariamente para Hillary. Uma pesquisa mostrou que a maioria tem de 18 a 24 anos e 62% planejam votar em Barack Obama. Desde domingo, diante dos gastos em publicidade e do crescimento de Obama nas pesquisas, os assessores da senadora baixaram as expectativas e acham que se ganhar por 6 ou 7 pontos será ótimo e ela poderá continuar até Indiana e Carolina do Norte e além. Cinco pontos ou menos é o fim. Além disto, a campanha dela está endividada, enquanto a dele tem dinheiro de sobra. Um resultado ruim vai secar os cofres da senadora. Como aconteceu em Ohio, eu acho que ela pode contrariar as pesquisas e conquistar os 2 dígitos milagrosos. Senão, é hora de parar com minhas previsões, de ela dizer bye bye e dar vivas a Obama.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

O neoliberalismo acabou

Na Folha de hoje, Luiz Carlos Bresser Pereira, professor emérito da FGV e ex-Ministro dos governos Sarney e Fernando Henrique, escreveu excelente artigo chamado "Fim da onda neoliberal", que reproduzo na íntegra. Lembro também que em 18 de março escrevi aqui sobre o mesmo tema ("O laissez-faire posto em questão"). Vamos ao artigo de Bresser Pereira:
Fim da onda neoliberal
Chegou ao fim a onda ideológica neoliberal que dominou o mundo nos últimos 30 anos no quadro da hegemonia americana. Dois fatos ocorridos nas últimas semanas marcaram esse fim inglório; de um lado, o socorro do banco de investimento Bear Stearns; de outro, as revoltas populares em vários dos 33 países hoje seriamente atingidos pelo aumento dos preços dos alimentos. Essa ideologia reacionária que visava reformar o capitalismo global para fazê-lo voltar aos tempos do capitalismo liberal do século 19 revelou ter fôlego curto. E não poderia ser de outra forma, já que estava em contradição com os avanços políticos e institucionais que transformaram o Estado liberal do século 19 no Estado democrático e social da segunda metade do século 20. Apoiada na hegemonia americana, a onda ideológica neoliberal teve início em 1980, com a eleição de Ronald Reagan, e chegou ao auge nos anos 1990, com o colapso da União Soviética, mas nos anos 2000 entrou em declínio. Três fatores contribuíram para a crise: 1) o fracasso das reformas e da macroeconomia neoliberais em promover o desenvolvimento econômico dos países periféricos que a aceitaram; 2) o desastre político e humano representado pela guerra contra o Iraque; e 3), mais recentemente, a grande crise bancária que a desregulamentação financeira facilitou. Nos últimos dias, a intervenção para salvar um banco de investimento e a ameaça de fome causada pela elevação dos preços dos alimentos marcam definitivamente o fim da utopia neoliberal de uma sociedade regulada principalmente pelo mercado. Não preciso de maior argumentação para demonstrar por que o socorro do Bear Stearns tem esse sentido. Conforme afirmou na ocasião Martin Wolf abrindo seu artigo semanal, "lembre a sexta-feira, 14 de março de 2008: foi o dia em que o sonho de um capitalismo de livre mercado morreu". (Folha, 26/ 3/08). Engana-se, porém, Wolf em falar em "sonho". Trata-se antes de um pesadelo, porque, se é verdade que o mercado é um excelente alocador de recursos, mesmo nesse campo precisa de regulação para evitar instabilidade. Já em relação aos demais valores que a humanidade tão arduamente construiu, o mercado é cego, ignorando os princípios mais elementares de honestidade, proteção da natureza e justiça social. Essa cegueira assumiu caráter dramático com a notícia de que as populações pobres de pelo menos 33 países estão ameaçadas de fome devido à alta dos preços dos alimentos. Se a ideologia neoliberal dominante nestes últimos 30 anos não houvesse se encarregado de convencer os países pobres de que não precisavam de suas culturas de produtos alimentícios, de que era mais econômico especializar-se em alguma outra atividade (geralmente de valor adicionado per capita igualmente baixo) e importar seus alimentos básicos, os povos desses países não estariam agora em justa revolta. Creio que existem boas razões para acreditarmos no desenvolvimento econômico e político dos povos. É absurda, porém, a ideologia que pretende alcançar o bem-estar econômico capitalista sem se beneficiar do desenvolvimento político democrático -sem contar com a ação corretiva e regulatória do Estado democrático e social que tão arduamente a sociedade moderna vem construindo e do qual faz parte um mercado livre mas regulado. Não teremos saudades do neoliberalismo.
LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA , 73, professor emérito da Fundação Getulio Vargas, ex-ministro da Fazenda (governo Sarney), da Administração e Reforma do Estado (primeiro governo FHC) e da Ciência e Tecnologia (segundo governo FHC), é autor de "Macroeconomia da Estagnação: Crítica da Ortodoxia Convencional no Brasil pós-1994".
Internet: www.bresserpereira.org.br // lcbresser@uol.com.br

Eleição no Rio: César Maia aposta tudo em Crivella

A essa altura do campeonato, o Prefeito César Maia (DEM, ex-PFL) já sabe perfeitamente que não tem como fazer seu sucessor na Prefeitura do Rio. Até pouco tempo, ele ainda tinha alguma esperança, porque contava com a possibilidade de uma aliança com o PMDB de Picciani e Garotinho. Acreditou... dançou. O PMDB de Sérgio Cabral aliou-se ao PT de Lula e está apoiando o candidato Deputado Alessandro Molon. Além disso, veio a epidemia da dengue (que virou DEMgue...) e veio também uma percepção cada vez mais forte e abrangente de que a cidade está abandonada e de que César Maia não está mais interessado em administrar. Como resultado, as pesquisas não deixam a sua candidata, Deputada Solange Amaral, decolar. Diante desse cenário nada favorável, César Maia debruça-se sobre o tabuleiro de xadrez pensando apenas em 2010. Claro que ele ainda vai tentar o que pode para eleger alguns Vereadores e massificar a nova sigla e o número de seu partido. Mas a sua sobrevivência política passa por sua eleição ao Senado e a reeleição de seu filho, Rodrigo Maia, como Deputado Federal. O melhor modo de conquistar uma das duas vagas em disputa para o Senado é tirar o Senador Marcelo Crivella (PRB) do caminho e ainda conquistar o seu apoio. Para isso, César Maia já está se preparando para apoiar Crivella no segundo turno das eleições para Prefeito. Assim, poderemos ter um confronto curioso. De um lado, Crivella, da base de apoio de Lula e do mesmo partido do Vice Zé Alencar, contando com o apoio do DEM (ex-PFL) de César Maia, do PTB de Roberto Jefferson, da Igreja Universal e da Record. Do outro lado, pelo menos duas hipóteses no segundo turno: 1ª hipótese) Molon, do PT do Presidente Lula, com o apoio do PMDB do Governador Sérgio Cabral, do PP de Dornelles, da Igreja Católica e da Globo; 2ª hipótese) Gabeira, do PV dele mesmo, com apoio do PSDB de Fernando Henrique e do PPS de Roberto Freire (nessa hipótese, o PT de Lula pode apoiar Crivella, enquanto o PMDB de Sérgio Cabral pode apoiar Gabeira). Seja como for, a César Maia só interessa a vitória de Crivella.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Eleição no Rio: Molon entrou no eleitorado de César Maia

O Ex-Blog de César Maia primeiro bateu no pré-candidato a Prefeito do Rio, Deputado Federal Fernando Gabeira (PV-PSDB), por causa de um "exílio-aposentadoria". E hoje resolveu bater no pré-candidato Deputado Estadual Alessandro Molon (PT-PMDB-PP-PSB), fazendo outra suposta denúncia, dessa vez porque o site do Deputado estaria registrado no nome de uma empresa de canetas (A MISTERIOSA RELAÇÃO ENTRE “A CANETA CONTINENTAL", E O DEPUTADO MOLON DO PT-RJ!). Na verdade, isso significa que Molon deve estar entrando também no eleitorado de César Maia - e é o próprio César Maia que afirma isso, considerando suas palavras sobre marketing eleitoral: "O seu adversário é aquele que disputa voto com você na sua base eleitoral; não é o seu antagônico. (...) Você ataca o seu adversário para reforçar a sua identidade. (...) Você ataca quem está disputando o mesmo tipo de eleitor". Aliás, ele está certíssimo no marketing.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Eleição no Rio: Crivella está perdido no tempo - ou não?

Toda semana sai uma nota sobre as alianças do candidato a Prefeito do Rio Senador Bispo Marcelo Crivella e o tempo que ele vai ter no Horário Gratuito de Rádio e TV. E a informação está sempre errada. Hoje, no Informe do Dia, Crivella diz acreditar que, com a nova aliança com o PR, terá "uns bons cinco minutos". A Folha, mais próxima do tempo correto, fala que, em cada bloco de meia hora, "o pré-candidato deve contar com pouco mais de três minutos". Pelos meus cálculos, considerando que a aliança será entre PRB, PTB e PR e considerando 10 candidatos a Prefeito, Crivella contará, em cada bloco de meia hora, com um pouco menos de 3 minutos, algo entre 2'40" e 2'50". Mas talvez o objetivo de Crivella seja exatamente esse: inventar notícia em torno de seu tempo de TV. Nesse sentido, ele não está perdendo tempo...

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Segundo César Maia, os mosquitos da DEMgue estão levando os votos de Solange Amaral para Gabeira

No seu Ex-Blog de hoje, César Maia (DEM, ex-PFL) baixa o cacete no pré-candidato verde-tucano Fernando Gabeira, que teria pedido contagem do tempo morando no exílio para efeito de aposentadoria. Dá para ver claramente que o Prefeito do Rio de Janeiro, está preocupado com os votos que sempre foram seus e que podem voar para Gabeira. Na verdade são os votos da classe média conservadora do Rio de Janeiro, lacerdistas, tradicionais eleitores de César Maia, Denise Frossard et caterva. Estão desorientados, decepcionados com o final de governo de César Maia, dispostos a embarcar no primeiro mosquito que aparece. Ele não precisava se preocupar tanto - a epidemia acaba logo...

14 de abril: 78 anos sem Maiakóvski

Bastaria o poema "Liubliú" para mostrar a inventividade de Maiakóvski. Em um anel, mandou gravar as iniciais da mulher que amava (L.IU.B. - Lília revna Brik), de modo a se perceber, circularmente, a palavra "amo", liubliú.

sábado, 12 de abril de 2008

Pesquisa GERP para eleição do Rio: surpresa em todos os índices

Por princípio, confio em todos os institutos de pesquisas. Principalmente porque sei que pesquisa não tem erro. Mas quero confessar que alguns resultados me deixam atônito, tão surpreso como se estivesse vendo alma do outro mundo. Foi o que aconteceu quando vi o resultado dessa Pesquisa GERP que está sendo publicada no Informe do Dia (campo nos dias 10 e 11 de abril, 800 entrevistas, margem de erro provável de 3,46%). Em primeiro lugar, está o Senador Bispo Marcelo Crivella (PRB), com 30% - surpresa até entre os mais fiéis. Em segundo, o Deputado Federal Fernando Gabeira (PV-PSDB-PPS) - a surpresa é tamanha, que dizem que os tucanos querem lançá-lo em São Paulo. Em um segundo bloco, empatados tecnicamente, estão Jandira Feghalli (PCdoB) e o Deputado Estadual Alessandro Molon (PT-PMDB-PP-PSB). Ela está com 10% (surpresa geral, já que há 15 dias seu nome chegava aos 20%); ele está com 9% (surpresa até para mim, que estava apostando que ele pulasse de 1% para 5% ou 7%, graças ao "efeito Sérgio Cabral"). No terceiro bloco, também empatados tecnicamente, estão a Deputada Federal Solange Amaral (DEM, ex-PFL) e o Deputado Federal Chico Alencar (PSOL). Ela tem 4% (provavelmente surpreendida pelo mosquito da DEMgue, já que há 2 semanas caminhava com 2 dígitos); ele está com 3% - e o mais surpreendente aqui é que há séculos não acontece nada de novo com seu índice.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Isto É protege Serra por causa da "estética"...

Essa reportagem de hoje da Folha ("Revista "IstoÉ" faz adulteração em imagem comprada da Folha") é no mínimo curiosa. Trata de uma foto da Folha que teria sido adquirida pela isto É para ilustrar a reportagem "O MST contra o desenvolvimento". Segunda a Folha, a foto foi adulterada: "A revista apagou digitalmente a expressão "Fora Serra", referência ao governador José Serra (PSDB-SP). A frase aparecia, na foto original, pichada numa placa de trânsito por integrantes do MST na rodovia Arlindo Bétio, que liga SP a MS e PR". Fui em busca da foto na internet (acho que é exatamente essa aí de cima) e realmente notei traços de manipulação digital: o vermelho acima da palavra "PARE" está muito limpinho, mas a parte superior da letra "R" mostra tinta preta, como se fosse continuação de algo escrito acima. Não vi a foto original, mas acho que deve ter sido algo assim. Mas o mais interessante foi a justificativa dada pela revista: "Em e-mail enviado ontem à Folhapress, agência de notícias do Grupo Folha, o editor-executivo da agência IstoÉ, César Itiberê, confirmou a adulteração e pediu desculpas. "Houve realmente manipulação por photoshop [programa de computador] da imagem dos sem-terra, com intenção absolutamente estética" (grifo nosso). Pergunta que não quer calar: era apenas o nome de Serra ou tinha a foto também?

quarta-feira, 9 de abril de 2008

The day after Bush: exército americano abandona o Iraque... Blackwater invade.

Dois terços dos americanos são contra a presença do seu exército no Iraque, que só traz mortes para os seus jovens. Obviamente essa pressão da opinião pública está pesando na escolha do presidente que substituirá Bush, e os atuais pré-candidatos estão tendo que deixar bem clara a sua posição sobre a presença americana no Iraque. Os dois Democratas, Barack Obama e Hillary Clinton, já se colocaram a favor da retirada; o Republicano John McCain defende apoio mais forte ao Governo Iraquiano. Mas o que tudo indica é que, qualquer um dos três que vença, o que se está planejando é uma superprodução hollywoodiana, onde tudo é fake. Sairão as tropas oficiais, entrarão as tropas mercenárias (que no momento já têm o mesmo tamanho no Iraque). Quem denuncia isso são Naomi Klein ("The Shock Doctrine: The Rise of Disaster Capitalism") e Jeremy Scahill ("Blackwater: The Rise of the World’s Most Powerful Mercenary Army"). Eles dizem também que a situação com os mercenários pode ficar muito pior, porque eles trabalham em segredo, sem contabilizar baixas ou ações e estão melhor equipados. Além disso, há o fato de que pela primeira vez (se não me engano) as empresas de mercenários estão contribuindo mais para os Democratas do que para os Republicanos. Jeremy Scahill esteve esses dias em entrevista no Milênio da GloboNews (para quem não assistiu, o vídeo estará disponível no site a partir do dia 14) fazendo a denúncia. E reproduzo aqui o artigo feito pela dupla que tirei do site Vermelho:
Naomi Klein e Jeremy Scahill: Obama, Hillary e a guerra
Os ativistas contra a guerra devem mudar suas táticas eleitorais. Nem Hillary nem Obama têm realmente um plano para finalizar a ocupação do Iraque, mas isso os obrigaria a mudar sua posição. "E?" foi a resposta de Dick Cheney quando lhe perguntaram na semana passada sobre o fato de que a opinião pública esteja esmagadoramente contra a guerra no Iraque. "É lógico que não se pode levar em consideração essas pesquisas", disse. Dias depois, sua atitude em relação ao número de soldados americanos mortos no Iraque ter chegado a 4 mil, mostrou o mesmo grau de simpatia. Eles "colocaram o uniforme de forma voluntária", disse o vice-presidente à ABC News. Esse espesso muro de indiferença ajuda a explicar o paradoxo no qual nos encontramos, diante do acampamento anti-guerra nos EUA 5 anos depois da ocupação do Iraque: o sentimento contra a guerra é o mais forte jamais vivido, mas nosso movimento parece que está minguando. Cerca de 64% dos americanos respondem aos pesquisadores que se opõem à guerra, mas ninguém diria isso diante do magro número de participantes das últimas concentrações ou noites de vigília. Quando se pergunta porque não expressam suas opiniões contra a guerra por meio do movimento anti-belicista, muitos dizem que, sinceramente, perderam a fé no poder dos protestos. Muitos marcharam contra a guerra antes de seu início, marcharam no primeiro, segundo e terceiro aniversário... e, mesmo assim, 5 anos depois, os líderes dos EUA levantam os ombros e respondem um "E?" Por isso é que este é o momento para que o movimento anti-belicista mude suas táticas. Deveríamos dirigir nossas energias para onde se pode ter mais impacto: os principais candidatos democratas. Muitos argumentam outras coisas. Dizem que, se queremos acabar com a guerra, deveriamos simplesmente eleger um candidato que não seja John McCain e ajudá-lo a vencer: já nos ocuparemos dos detalhes uma vez que os republicanos estejam desalojados do número 1.600 da avenida Pennsylvania (endereço da Casa branca, em Washington, nota da redação) Algumas das vozes antibelicistas mais proeminentes — do MoveOn.org até o Nation, a revista para a qual nós dois escrevemos — elegeram este caminho, e assim têm dado seu apoio à campanha de Obama. Isso é um erro estratégico muito sério. É durante uma campanha fortemente disputada que as forças contra a guerra podem ter o poder de mudar de fato a política americana. Tão logo elegermos alguém, estaremos fadados a cumprir o papel de simples coadjuvantes. E quando se trata de Iraque, há pouco que aclamar. Se dermos uma olhada na retórica que tem ocorrido até o momento, fica claro que nem Barack Obama nem Hillary Clinton têm realmente planejado terminar a ocupação. Entretanto, podemos forçar os dois a mudarem suas posições, graças a uma batalha nas primárias singularmente extensa. Apesar das petições a Hillary para que se retire em novembro da "unidade", é um fato que Hillary e Obama estão todavia plenamente na liça, lutando ferozmente por cada voto, o que dá ao movimento contra a guerra a melhor posição para exercer pressão. E nossa pressão é fatalmente necessária. Pela primeira vez em 14 anos, os fabricantes de armamentos estão doando mais aos democratas que aos republicanos. Os democratas receberam 52% das doações políticas dessa fase eleitoral, feitas pela indústria da defesa — muito superior aos 32% de 1996. Esse dinheiro está encaminhado a modelar a política externa e, por agora, parece que foi gasto muito bem. Enquanto que, tanto Hillary como Obama denunciam com muita paixão a guerra, ambos têm planos bem detalhados para continuá-la. Os dois reconhecem que pretendem manter a enorme Zona Verde, incluída a monstruosa embaixada dos EUA, e manter o controle americano do aeroporto de Bagdá. Teriam acantonada no país uma "força de choque" dedicada a operações de contra-terrorismo, assim como pessoal de treinamento para os militares iraquianos. além dessas forças militares dos EUA, o exército de diplomatas da Zona Verde necessitará medidas de segurança fortemente armadas, que atualmente são realizadas pela Blackwater e outras empresas de segurança privada. Neste momento há tantos mercenários quanto soldados mantendo a ocupação, desse modo esses planos poderiam implicar dezenas de milhares de membros de pessoal americano, entrincheirados indefinidamente. Com um grande contraste em relação a essa ocupação reduzida, chega a mensagem inequívoca de centenas de soldados que serviram no Iraque e no Afeganistão. A associação Irak Veterans Against the War (Veteranos do Iraque Contra a Guerra), que no início de março levaram a cabo as sessões de Winter Soldier, em Silver Spring, Maryland — baseadas na investigação Winter Soldier de 1971, na qual os veteranos relataram as atrocidades dos EUA no Vietnã — não dão seu apoio a nenhum candidato ou partido Em troca pedem uma retirada imediata e incondicional de todos os soldados e mercenários americanos. Quando isso veio de alguns ativistas pacifistas, a postura do "fora já" foi chamada de ingênua. É mais difícil ignorá-la quando vem direto de centenas de soldados que serviram — e seguem servindo — no fronte. Os candidatos sabem que muito da paixão que alimenta suas campanhas provém do desejo de muitos democratas da base de terminar com essa desastrosa guerra. Mas o crucial é que os candidatos já deram mostras de serem vulneráveis à pressão do acampamento pela paz. Quando a revista Nation revelou que nenhum dos candidatos dava seu apoio à legislação que impedisse o uso da Blacwater e outras companhias de segurança privada no Iraque, Hillary mudou de rumo. Se converteu em lider política dos EUA mais importante que apoiava a proibição — remetendo respeito também a Obama, que se opôs à guerra desde o princípio. É exatamente aí onde queremos que estejam os candidatos: superando-se um ao outro para demonstrar em que medidam podem ser levados a sério ou de acabar com a guerra. Esse tipo de batalha tem o poder de emular os eleitores a romper o cinismo que ameaça ambas as campanhas. Recordemos que, ao contrário da atual administração Bush, esses candidatos necessitam o apoio desses dois terços de americanos que se opõem à guerra no Iraque. Se a opinião se transforma em ação, eles não estarão em condições de emitir um "E?"

sábado, 5 de abril de 2008

Eleições 2008: o gato por lebre do tempo na TV

O Globo de hoje noticia que o PTB vai oferecer, em sua aliança com o Senador Crivella (PRB), 3 minutos no tempo na TV durante o horário eleitoral da eleição municipal do Rio. Não é bem assim. O PTB elegeu 22 Deputados Federais em 2006 (a bancada tem 20 atualmente). Isso lhe garante, em qualquer lugar do Brasil com Horário Eleitoral Gratuito, cerca de 102 segundos diários ou 51 segundos por programa. Nada além disso. Político não pode fazer aliança sem saber fazer essa conta direitinho.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Diasgate: ao contrário de Dilma, o Senador Álvaro Dias parece que não tem o que fazer

Hoje mesmo alguém me perguntou qualquer coisa sobre essa tal de CPI do Cartão e respondi que estava igual à Ministra Dilma Roussef - "tenho mais o que fazer!" Mas no final do dia ouvi os berros da jornalista da sala ao lado: "Esse Álvaro Dias não tem mesmo o que fazer! Foi ele que armou tudo! Agora ele está acabado!" Ela berrou mais algumas coisas que prefiro não repetir aqui. Mas compreendi muito bem o que ela quis dizer. Na falta de coisa melhor para fazer como oposicionistas, esses políticos de maus hábitos tramam mil e uma maneiras de desconstruir o Governo Lula. Não conseguem nada, claro. E com suas tramas só conseguem se afastar cada vez da única coisa que poderia derrubar Lula: o apoio do povo. Ajudar o país e conquistar votos, isso eles não sabem fazer.