sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Tucanos perdem Sarney

Os tucanos perceberam claramente que seus votos não tinham grande valor na eleição de Sarney para a Presidência do Senado e decidiram apoiar o petista Tião Vianna. Tentam com isso criar confusão no processo de escolha, não apenas no Senado, mas também na Câmara, com ameaças de traição a Temer. Talvez tenham contribuído para fortalecer ainda mais a aliança Lula-PMDB.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Tucanos: ser ou não ser Sarney

A disputa pelas Presidências da Câmara e do Senado, obviamente, têm fortes conotações fisiológicas. Afinal, disputam-se orçamentos astronômicos (3,5 bilhões na Câmara e 1,5 bilhão no Senado – algo assim) e uma imensidão de cargos, poder que não acaba mais. Mas é 2010 que está na pauta principal. As Presidências das duas Casas serão decisivas na agenda dos próximos meses pré-eleitorais e tudo isso terá influência determinante nas alianças nos estados e para a Presidência da República. Sarney na Presidência, os tucanos sabem, fortalece a aproximação entre Lula e o PMDB, dá maior envergadura à candidatura de Dilma, o que exaspera tucanos de todas as plumagens. Por outro lado, apoiar Tião Vianna não prejudica tanto a aproximação Lula-PMDB. Muito ao contrário, pode irritar profundamente os peemedebistas contra a oposiçaõ e – pior – deixará os tucanos sem os almejados cargos na mesa. Tenta-se melar o jogo com a ameaça de traição na até aqui eleição tranquila de Michel Temer para a Presidência da Câmara. Mas tudo isso parece que já são favas contadas. Em vez de viver o drama de ser ou não ser Sarney, os tucanos devem tratar de buscar outra sarna pra se coçar.

Bolsa Família e a crise

A mídia procurou atacar a decisão do Governo de ampliar o Bolsa Família como sendo uma decisão contraditória. "Lula amplia Bolsa Família um dia após cortar o Orçamento", diz a manchete do Globo de hoje. Não há contradição. Bloqueio provisório do orçamento e ampliação do Bolsa Família, ambos foram determinados pela chamada crise financeira global. A ampliação do Bolsa Família é um dos principais instrumentos de combate à crise que o Governo tem. Na passagem de 2003 para 2004, escrevi, em um trabalho de marketing para uma rede de varejo, o que se devia esperar para o ano que começava: "Todos esperam queda dos juros, recuperação econômica do país e forte investimento do Governo na área social. Isso significa mais emprego, maior poder aquisitivo da população e maior inserção da população mais pobre na faixa de consumo". Essa foi uma das chaves do sucesso da política econômica do Governo Lula. E é aí que está chave para abrir a porta da esperança (com perdão do pieguismo) nos próximos meses. Investimento em infraestrutura, fortalecimento das políticas sociais, ampliação do mercado interno – esse é o segredo. O resto é desespero oposicionista.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

A mente subdesenvolvida de Nelson Motta

Nelson Motta sempre procurou ter seu nome associado ao que há de mais avançado da cultura. Desde os tempos do Nelsinho que morava na Paissandu (rua do Flamengo, bairro da Zona Sul do Rio), por exemplo, ele esteve junto à nascente “bossa nova” – e escreveu um bom livro que fala disso, “Noites Tropicais”, que ainda não li todo, mas um dia vou ler. Lembro dele também presente no Tuca (teatro da PUC de São Paulo), em 68, defendendo Caetano Veloso das vaias da juventude retrógrada contra “É Proibido Proibir”, entrevistando o poeta concreto Augusto de Campos. Nelson Motta tornou-se praticamente um tropicalista de carteirinha. Participou de grandes lançamentos do mundo musical, foi, enfim, figurinha fácil no melhor do nosso mundo cultural. Apesar de tudo isso, ele outro dia escreveu um artigo (Churrasco e pizza - Não, ministro, a Itália não é nóis”, O Globo, Estadão) que revela uma cabeça típica de subdesenvolvido subserviente, bem atrasado mesmo. A sua crítica à decisão de Tarso Genro de impedir a extradição do italiano Cesare Battisti fundamenta-se principalmente no conceito de que a Itália é um país mais desenvolvido, melhor do que o Brasil, logo, a Itália está certa e o Brasil está errado. Mas Nelson Motta faz ainda pior, demonstra um primarismo histórico de arrepiar. Disse ele: “(A Itália tem) uma tradição democrática e judiciária muito mais sólida do que a nossa, não recorreu ao terrorismo de Estado, a tribunais de exceção, prisões ilegais e torturas, mesmo nos anos de chumbo". Na “tradição democrática e judiciária” italiana ele esqueceu de incluir o fascismo. Ele deveria também ler a Revista Piauí (aparentemente acima de qualquer suspeita no caso) que diz em reportagem sobre Cesare Battisti: “Havia quem argumentasse que, com leis como a dos arrependidos, a Itália dos anos de chumbo não deveria ser considerada um Estado de direito. Também na Piauí podemos ler: “Só então soube que, três meses antes, o irmão mais velho, que trabalhava na colocação de placas em estradas, havia sido atropelado e morrera. A família lhe mandara cartas com a má notícia, mas o procurador-adjunto as confiscara. Nelson Motta finaliza seu artigo dizendo que, “criado na cultura do churrasco sangrento, em cavalgada desabrida pelos pampas da História, como um anti-Garibaldi sem Anita, Tarso Genro deve estar pensando que na Itália tudo acaba em pizza”. Nelson Motta, que conhece pizza muito bem (li um artigo seu delicioso sobre a pizza do Supermercado Zona Sul, no Rio), deveria saber que a Itália com sabor de Berlusconi certamente prefere que tudo acabe em Mussolini.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Obama toma posse, Palestina agradece

Uma das primeiras manifestações de força positiva de Barack Obama foi obrigar Israel a retirar suas forças de Gaza antes da posse. Talvez com isso tenha favorecido a direita israelense nas próximas eleições, mas ficou dado o recado de que Israel, mesmo sendo um aliado estratégico, não continuará ocupando a cadeira da "co-presidência" americana. Outros avanços poderão ocorrer: formação do Estado Palestino, redefinição de fronteiras e indenização pelas ações desumanas de Israel. A paz é possível, e o Governo Obama poderá dar contribuição decisiva para isso. Yes, they can.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Playing For Change: Song Around the World "Stand By Me"

200 anos de Poe

Hoje, 19 de janeiro, faz 200 anos do nascimento de Edgar Allan Poe - que morreu aos 40 anos. Poeta, contista, ensaísta brilhante. "Os Assassinatos da Rua Morgue" e "A Carta Roubada" são referências em literatura policial. Seus trabalhos de criptografia ganharam fama e, segundo o tradutor e biógrafo Oscar Mendes, "formaram a base para a decifração de uma das mais importantes mensagens, em código secreto, enviados pelos alemães durante a Grande Guerra de 1914-1918". Seu poema "O Corvo" (Raven/nevaR) é fortíssimo.

domingo, 18 de janeiro de 2009

O governo de Israel já alcançou o seu objetivo: vitória eleitoral

O grupo que está no poder em Israel fez uma equação bem simples. Bastam 1.000 mortes (incluindo 300 crianças), milhares de feridos e desabrigados, destruição de alguns hospitais, algumas escolas, inúmeras residências e, de quebra, representações da ONU e de jornalistas. Pronto, o resultado só pode ser um: vitória da coligação que está no poder nas eleições parlamentares do próximo dia 10. No começo do mês a BBC divulgou depoimento de Mouin Rabbani, analista-sênior para o Oriente Médio do International Crisis Group, baseado na Jordânia: "A política interna israelense certamente foi um dos fatores para os ataques. Um dos maiores desafios para Barak (Ministro da Defesa, do Partido Trabalhista) e Livni (Ministra da Política Externa, possível primeira-ministra com a vitória do Kadima) era o fato de que Netanyahu (do oposicionista Likud, que defendia uma posição mais dura contra os palestinos) estava à frente nas pesquisas. A popularidade de Barak (antes dos ataques) estava tão baixa que ele se tornou uma não-entidade". Israel não contava com o nível de reação que o Hamas apresentou, demonstrando firmeza e mais preparo do que era contabilizado. É curioso também do histórico das relações de Israel com o Hamas. Assim como os Estados Unidos inventaram Saddam Hussein para enfrentar o Irã e depois tiveram que destruí-lo, Israel inventou o Hamas (junto com Arábia Saudita e a Síria) para enfrentar o Al-Fatah de Arafat. Como a criatura obviamente voltou-se contra o criador, agora eles tentam destruí-lo - e com isso ganhar uns votos a mais. Mas se a "criatura" conseguir manter-se viva, os votos podem mudar de lado...

domingo, 11 de janeiro de 2009

Uma voz israelense pela paz possível

O jornalista israelense Tom Segev é colunista do Haaretz e escreveu para o Washington Post esse artigo que O Globo reproduziu:
Um novo fatalismo
JERUSALÉM. Ao fim do 10º dia da operação de Israel na Faixa de Gaza, eu estava zapeando na TV.
As imagens se tornavam mais e mais horríveis. Então um amigo me ligou para falar que um canal estava transmitindo “Cristo no Monte das Oliveiras”, de Beethoven.
Ao ouvir Beethoven na TV eu estava fazendo o que mais e mais israelenses tendem a tentar nestes dias: escapar das notícias e se refugiar em atividades culturais e não-políticas. Esse escapismo reflete o novo fatalismo israelense.
Pertenço a uma geração de israelenses que cresceu acreditando na paz. Ao fim da Guerra dos Seis Dias, de 1967, eu tinha 23 anos e não tinha dúvidas de que em 40 anos a guerra árabe-Israel teria acabado. Hoje, meu filho, de 28 anos, não mais acredita em paz assim como muitos israelenses. Eles sabem que Israel talvez não sobreviva sem paz, mas de guerra em guerra, eles têm perdido o otimismo.
Agora me vejo como parte dessa maioria de israelenses que não acredita mais na paz.
Acredito num melhor gerenciamento do conflito, incluindo diálogos com o Hamas, um tabu que precisa ser quebrado.
A necessidade do engajamento dos Estados Unidos tem me conduzido, assim como a muitos israelenses, a abrigar esperanças na administração de Barack Obama.
A coisa mais amigável que Obama pode fazer por Israel seria induzir o país a se voltar para sua proposta original: ser um Estado judeu e democrático.
O governo Obama poderá ser mais útil e ter mais sucesso tentando simplesmente gerenciar o conflito, mirando no mais urgente objetivo: fazer a vida mais suportável para israelenses e palestinos.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Israel está perdendo a guerra

Quero dizer em primeiro lugar que não consigo mais assistir às imagens dessa guerra suja. A matança de centenas de civis, incluindo mais de 200 crianças, me deixam completamente arrasado. Mas não podemos recuar. Temos que nos unir a todos aqueles que lutam contra o absurdo dessa sórdida invasão israelense. O povo israelense merece viver em paz, e não pode ficar entregue a seus governos sanguinários. O povo palestino idem. No campo da opinião pública, está a derrota mais óbvia dos truculentos de Israel. Mas a derrota também está evidente no campo político e no campo militar. Um dos exércitos mais poderosos do mundo não consegue uma vitória desde 1982, quando derrotou a OLP em Beirute (ver adiante texto do Counterpunch com entrevista com o líder do Hamas Khaled Meshal), e agora, depois de já ter completado mais de duas semanas de fogo intenso, não consegue nada conclusivo contra um inimigo praticamente desarmado, sem água, sem alimento, sem ter para onde correr. Militarmente, essa investida é um desastre. E politicamente é pior ainda. Conseguiu fortalecer o seu maior adversário (Hamas), conseguiu unir os árabes, conseguiu até mesmo unir as Nações Unidas contra suas ações e, pior, não conseguiu atrair o Irã para uma aventura na região. Sob a pressão das eleições parlamentares agora em fevereiro (a candidata Tzipi Livni do Kadima, partido da situação, estava em desvantagem nas últimas pesquisas contra o ultradireitista Netanyahu, do Likud) e pressionado também pela posse de Barack Obama agora no dia 20, Israel fez um movimento extremamente arriscado que pode levar a perdas significativas. Dificilmente poderá evitar a formação do Estado Palestino. Dificilmente manterá as fronteiras atuais. Dificilmente deixará de devolver pelo menos parte da água que usurpou. O tempo logo mostrará. Por enquanto, vale a pena ler o texto de Alexander Cockburn, do Counterpunch, que inclui trecho da entrevista com Khaled Meshal:
Israel's Onslaught on Gaza: Criminal, for Sure; But Also Stupid
By ALEXANDER COCKBURN
In contrast to the grim forecasts of many fine contributors to this site over the past days, your CounterPunch editors have been inclined to take the view that Israel’s onslaught on Gaza, appalling though the carnage has been, is not only a crime but a blunder, like the attack on Lebanon in 2006, which demonstrated Israel’s military weakness, and the corruption of its armed forces after long years of bravely tormenting unarmed Palestinian peasants at check points, sawing down their olive groves and crushing their homes with bulldozers and high explosive.
The left has a tendency to demonize its enemies in terms of proficiency in administering their dastardly onslaughts. Through this optic, the claims of the arms manufacturers are always taken at face value, whether about the effectiveness of bunker busters, or devices to detect Hamas’ Qassams. In our latest newsletter we print a long interview with Hamas’ leader in Damascus, Khaled Meshal, conducted by CounterPuncher Alya Rea, myself and others, including former US Senator James Abourezk. Meshal made a case for Israel’s decline in military effectiveness:
Meshal: Since 1948, if we want to draw a curve of Israel’s progress, do you think that this curve is still heading up, or maybe is at a plateau, or is heading down? I believe that the curve is now in descent. And today, the military might of Israel is not capable of concluding matters to Israel’s satisfaction. Since 1948, you may notice that Israel has defeated 7 armies. In ’56 they defeated Egypt. In ’67 they defeated 3 countries: Egypt, Syria, and Jordan. In ’73, the war was somewhat equal in both sides between Egypt and Israel, if not for Nixon’s airlift to Israel’s forces at that time, the map of the world would be different. In ’82 Israel defeated the PLO in Beirut.But since ’82, 26 years ago, Israelis has not won any war. They did not defeat the Palestinian resistance, and they did not defeat the Lebanese resistance. Since that time, Israel has not expanded but has contracted. They have withdrawn from southern Lebanon and from Gaza. These are indicators that the future is not favorable to Israel. Then today Israel, with all its military capabilities – conventional and unconventional – are not enough to guarantee Israel’s security. Today, with all these capabilities, they can’t stop a simple rocket from being launched from Gaza. Hence the big question is, can military might ensure security? Hence, we may say that when Israel refuse the Arab and the Palestinian offer, a state of Palestine on the border of 1967, Israel is losing a big opportunity. Some years down the road, a new Palestinian generation, new Arab generations, may not accept those conditions, because the balance of power may not be in Israel’s favor.
Hamas, as I remarked last week, has been greatly strengthened by the current attack and the status of President Abbas reaffirmed as a spineless collaborator with Israel; Mubarak likewise; Syria and Turkey alienated from Western designs; Hezbollah and Iran vindicated by the world condemnation of Israel’s barbarous conduct. For months Israel besieged Gaza, starving its civilian inhabitants of essential supplies with no effective international reproach. It’s hard to take dramatic photographs of an empty medicine bottle, but easy to film a bombed out girl’s dorm or a Palestinian mother weeping over the bodies of her five dead daughters, featured on the front page of the Washington Post two weeks ago. Efforts to keep reporters out of Gaza have not been entirely successful, and both UN and Red Cross workers on the ground have sent outraged reports denouncing Israel’s barbarities. They have also been fierce State Department memos from USAID workers.
As we go into the weekend, an admittedly toothless resolution in the UN calling for a ceasefire was not vetoed by the US. The UK Guardian ran a story on Friday suggesting that my view expressed last week, that there were two ways to read Obama’s initial silence about the onslaughts – which he was finally forced to break after Israel killed nearly 50 women and children trying to shelter in the UN School. The Guardian story began:
The incoming Obama administration is prepared to abandon George Bush's ­doctrine of isolating Hamas by establishing a channel to the Islamist organisation, sources close to the transition team say.The move to open contacts with Hamas, which could be initiated through the US intelligence services, would represent a definitive break with the Bush presidency's ostracising of the group. The state department has designated Hamas a terrorist organisation, and in 2006 Congress passed a law banning US financial aid to the group.The Guardian has spoken to three people with knowledge of the discussions in the Obama camp. There is no talk of Obama approving direct diplomatic negotiations with Hamas early on, but he is being urged by advisers to initiate low-level or clandestine approaches, and there is growing recognition in Washington that the policy of ostracizing Hamas is counter-productive. A tested course would be to start ­contacts through Hamas and the US intelligence services, similar to the secret process through which the US engaged with the PLO in the 1970s. Israel did not become aware of the contacts until much later.
One has to caution that there could be more than one reason for such a leak from the transition team – including an alert to the Israel lobby to start piling on the pressure to head off any such contacts. With men like Emanuel and “special assistant on the Middle East” Dan Kurtzer at Obama’s elbow, I imagine the Israeli embassy won’t have much difficulty in monitoring Obama’s plans, though his National Security Advisor, Jim Jones, apparently once filed a report to Condoleezza Rice with criticisms of Israel’s conduct so harsh that the whole report was hastily deep-sixed.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Será que a Míriam Leitão está se sentindo bem?

Parece que já é normal ver a comentarista do Grupo Globo, Míriam Leitão, demonstrar raiva contra tudo que possa significar algo positivo do atual governo brasileiro. Notícia ruim, pra ela, é pura felicidade. Por isso estranhei esse trecho de sua coluna de hoje (é verdade que raramente leio) no Globo:
"Para quem se assustou com a queda da produção industrial e a diminuição de demanda e produção nos últimos dias, vale uma conversa com o economista John Welch, analista de economia global do Itaú. Filho de americano com brasileira, John passou os últimos tempos em bancos americanos e europeus.
— Estou feliz de estar no Brasil. O ambiente aqui é muito melhor. Na Europa e nos Estados Unidos a crise é muito maior. Principalmente na Europa, onde a crise não é apenas contágio como se imagina. Eles têm também um problema imobiliário grave, como a Inglaterra, a Irlanda e a Espanha, e demoraram muito mais que os EUA a agir contra a crise e, por isso, entraram em recessão primeiro — conta ele".
Deve existir uma explicação pra isso, mas não sei qual é. A jornalista da sala ao lado, que acaba de voltar de um tour pela Europa, berrou: "É verdade! O que esse John tá falando é pura verdade! Lá todo mundo só trata o Brasil como o país sem crise!"

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

O exército de Israel, além de cruel e poderoso, é incompetente

Aquele comentarista do Manhattan Connection chamado Diogo Mainardi - que apóia os bombardeios feitos pelo governo israelense - disse na semana passada que "Israel vai voltar com o rabo entre as pernas". Está certo ele. Pelo menos é o que podemos deduzir pelo fracasso da operação contra o Hesbolá há 2 anos e por algumas notícias que recebemos agora. Acho que foi ontem que ouvi na rádio que Israel reconhecia as mortes de alguns soldados, mas causadas pelo fogo de suas próprias tropas. Tem absurdo maior, vindo do exército considerado como um dos mais preparados do mundo? Claro que alguma coisa deve estar errada nessa informação ridícula. Outra burrice monumental - além da crueldade, claro - é essa história de bombardear criancinha. A opinião pública internacional obviamente não perdoa. Mas o pior é o Shimon Peres explicar que só morrem crianças palestinas porque eles, israelenses, cuidam melhor de suas crianças. Tem asneira maior? E ainda tem mais: criticam tanto a falta de pontaria do Hamas e eles bombardeiam logo o quê? A escola da ONU, matando mais de 40 crianças! Definitivamente, isso tem que acabar. Israel tem todo o direito ao seu Estado, mas os palestinos também têm. E têm direito às suas terras e suas águas e seu direito de ir e vir. A paz é possível. Desde que outros interesses (como o eleitoral, ou o que gira em torno do petróleo) sejam deixados de lado.

domingo, 4 de janeiro de 2009

Dear James

Em 1975, na Inglaterra, costumava frequentar quase diariamente a biblioteca da Universidade de Essex, em Colchester (a mais antiga cidade inglesa). Era uma biblioteca muito boa e, nas sextas-feiras, tinha a revista Veja da semana, meu principal elo com as informações do Brasil, naqueles tempos pré-internet. Entre os diversos livros que li na época, um deles bem interessante foi o que publicou a troca de correspondências entre Ezra Pound e James Joyce. Me chamou atenção principalmente um bilhete, de 1920, onde Ezra Pound diz que ficou sabendo, através de ex-autoridade do governo britânico, que durante a guerra o serviço secreto andava muito preocupado com o livro "Ulysses" (de James Joyce), achando que era tudo código. Ri muito com a história. Os tempos eram de grandes inovações nas artes em geral e o trabalho de Joyce era sem dúvida o mais ousado. A "inteligência" estabelecida não conseguia compreender o que acontecia e obviamente os serviços de contraespionagem seguiam na mesma linha. Como homenagem a esses dois inventores importantíssimos, decidi codificar o bilhete, utilizando um código de mínima redundância (a partir de Claude Sannon, Robert Fano e David Huffman). O código-árvore (para língua inglesa) que encontrei no livro "The Information Theory and its Engineering Applications", de D.A. Bell, foi perfeito. Peguei cartolina, régua, esquadro e lápis de cor e iniciei a tarefa. Criei um cartaz (devo ter guardado até hoje) que pretendia imprimir, mas esqueci. No mês passado, retomei o projeto - dessa vez com animação - e lancei-o no YouTube, como pode ser visto a seguir. (Em tempo: resposta de James Joyce, que vivia à míngua, ao bilhete de Ezra Pound: "Com relação a essa pessoa que foi do governo, quero dizer que, se ele não tiver dinheiro para me dar, nunca mais quero ouvir falar dele, seja nesta ou na próxima vida" (algo assim).

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Cuba, 50 anos

Ver hechos realidad los sueños por los que luchamos
Comandante de la Revolución Juan Almeida Bosque
El 1ro. de enero de 1959 es el inicio de un año agraciado, extraordinario e inolvidable: la explosión sentimental del triunfo revolucionario.
Las cárceles abrieron sus puertas de hierro. Los liberados olvidaron su venganza y gritaron juntos con los carceleros por el triunfo de la Revolución. Llegaban los aviones cargados de exiliados que encontraban el calor familiar y el agradecimiento de la patria. Solo los asesinados y desaparecidos no pudieron alcanzar el triunfo, pero vivirán en el recuerdo de familiares, amigos y compañeros de lucha.
Obreros, estudiantes, jóvenes, hombres y mujeres, todo el pueblo, aclamaba a los combatientes que íbamos en cientos de vehículos, una caravana que marchaba por la Carretera Central donde miles de personas aguardaban. A los mandos militares y las estaciones de policía en manos de los rebeldes, de las milicias y del pueblo, iban llegando los detenidos: malversadores, testaferros y colaboradores del régimen, otros por haber cometido crímenes. Los más connotados eran juzgados y sancionados en el acto.
Había delirio y entusiasmo en la población que aclamaba a Fidel en su recorrido, gritos de alegría, abrazos, besos dulces, nobles y tiernas caricias; fotos en grupo; regalos de detentes, estampas y medallas. El repicar de las campanas, los pitazos de claxon de autos y camiones repletos de personas enarbolando banderas. ¡Todo era una fiesta, como en un bello sueño!
El pueblo, en multitud, unido en júbilo a su Revolución, hacía suyo el triunfo. La gente se fundía en un crisol de sentimientos y alegría. Hasta en las ciudades de los más obstinados y recalcitrantes sectores, el triunfo revolucionario provocaba la trasgresión de las costumbres raciales. Blancos y negros cogidos de las manos, se abrazan, se miran sorprendidos, ríen, gritan, saltan juntos por la Revolución. Es el momento de la alegría, de la fraternidad. El negro y el pobre redimidos, con el blanco y el rico igualados. Como una melodía subía y bajaba el diapasón del coro de cientos, de miles de voces. Desde que tomamos el fusil por primera vez, estos fueron los momentos más conmovedores, grandiosos y emocionantes. Era el canto inefable a la victoria y a la fe revolucionaria en el futuro de la patria. No hubo asta de bandera que no tuviera los colores de la patria.
Las Marianas, que tomaron el nombre de la insigne madre de los Maceos defensoras de la libertad con el fusil, eran saludadas con amor, ternura y admiración.
Arribamos al Campamento Militar de Columbia. La multitud a nuestro alrededor nos conduce hasta la tribuna. El día corrió su telón y dio paso a la noche, La tensión es rota por la voz de Fidel:
Creo que estamos en un momento decisivo de nuestra historia, La tiranía ha sido derrotada. La alegría es inmensa y sin embargo, mucho queda por hacer todavía. No nos engañemos creyendo que en lo adelante todo será fácil. Quizás en lo adelante todo será más difícil.
Ahora, a 50 años de aquella histórica fecha en que alcanzamos la libertad plena, la independencia absoluta y la soberanía total, a las emociones y momentos antes narrados, añado el orgullo por lo logrado, la satisfacción por el esfuerzo realizado antes y después del 1ro. de enero, la fe y la confianza que tuvimos, recibimos y mantenemos en nuestro pueblo y en particular en las nuevas generaciones continuadoras de esta causa, a quienes hemos dedicado los mejores años de nuestras vidas y por ellos estamos dispuesto a cualquier sacrificio como lo hacen los Cinco héroes que cumplen injusta sanción en las cárceles del imperio.
Saludo a Fidel, el hermano de lucha, el que nos guió al triunfo revolucionario y ha continuado al frente durante estas cinco décadas para alcanzar las nuevas victorias de la Patria, deseando que nos siga acompañando como líder histórico de este proceso revolucionario para ver hechos realidad los sueños por los que luchamos.