domingo, 4 de janeiro de 2009
Dear James
Em 1975, na Inglaterra, costumava frequentar quase diariamente a biblioteca da Universidade de Essex, em Colchester (a mais antiga cidade inglesa). Era uma biblioteca muito boa e, nas sextas-feiras, tinha a revista Veja da semana, meu principal elo com as informações do Brasil, naqueles tempos pré-internet. Entre os diversos livros que li na época, um deles bem interessante foi o que publicou a troca de correspondências entre Ezra Pound e James Joyce. Me chamou atenção principalmente um bilhete, de 1920, onde Ezra Pound diz que ficou sabendo, através de ex-autoridade do governo britânico, que durante a guerra o serviço secreto andava muito preocupado com o livro "Ulysses" (de James Joyce), achando que era tudo código. Ri muito com a história. Os tempos eram de grandes inovações nas artes em geral e o trabalho de Joyce era sem dúvida o mais ousado. A "inteligência" estabelecida não conseguia compreender o que acontecia e obviamente os serviços de contraespionagem seguiam na mesma linha. Como homenagem a esses dois inventores importantíssimos, decidi codificar o bilhete, utilizando um código de mínima redundância (a partir de Claude Sannon, Robert Fano e David Huffman). O código-árvore (para língua inglesa) que encontrei no livro "The Information Theory and its Engineering Applications", de D.A. Bell, foi perfeito. Peguei cartolina, régua, esquadro e lápis de cor e iniciei a tarefa. Criei um cartaz (devo ter guardado até hoje) que pretendia imprimir, mas esqueci. No mês passado, retomei o projeto - dessa vez com animação - e lancei-o no YouTube, como pode ser visto a seguir. (Em tempo: resposta de James Joyce, que vivia à míngua, ao bilhete de Ezra Pound: "Com relação a essa pessoa que foi do governo, quero dizer que, se ele não tiver dinheiro para me dar, nunca mais quero ouvir falar dele, seja nesta ou na próxima vida" (algo assim).
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