terça-feira, 30 de outubro de 2007

Argentina, um país e duas caras

A vitória de Cristina Fernández de Kirchner mostrou claramente - como já tínhamos tratado aqui, no domingo, na postagem "Na Argentina, como no Brasil, a classe média sente-se fora do poder" - a divisão do país em duas grandes partes. De um lado, os setores médios da sociedade, concentrados nos centros urbanos, onde Cristina foi derrotada impiedosamente. Na Capital Federal (Buenos Aires), por exemplo, era comum a frase "não conheço ninguém que vá votar em Cristina", o que se confirmou nas urnas, onde ela obteve um distante segundo lugar. Por outro lado, garantindo a vitória da atual Primeira-Dama, às vezes com mais de 70% dos votos, encontramos amplos setores "donde reinan la marginación y la pobreza", como escreve Carlos Pagni no artigo "La fisura social que marcó el voto", no La Nación de hoje. Cristina Fernández de Kirchner não venceu em grandes cidade, como a Capital Federal, Rosario, Córdoba, Mar del Plata, La Plata, Bahía Blanca, Vicente López e San Isidro (as exceções foram San Miguel del Tucumán e Mendoza). Seu voto veio das pequenas cidades ou do campo, exatamente de onde se luta muito para resolver problemas imediatos, campo fértil para o populismo. Isso significa um atraso para todo oa país? Claro que sim. Mas nunca vai ser possível superar essa situação com uma oposição votando com soberba (como teria se referido o Chefe de Gabinete Civil argentino sobre o voto portenho ou buenosairense). Unir as "duas Argentinas" é o grande desafio.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Sonho de Lula: o Congresso que Cristina Fernández de Kirchner vai ter

A nova Presidenta da Argentina vai governar com o Congresso que todo presidente sonha ter. Maioria no Senado e maioria dos Deputados. 66% dos Senadores aliados, 62% de Deputados aliados, como pode ser comprovado no infográfico do jornal La Nación. Com um Congresso desses, quem precisa de mensalão?

O que mais impressiona na vitória de Cristina é a sua grande derrota na Capital, Buenos Aires

Segundo os resultados oficiais das 5:50h (em Buenos Aires) da manhã de hoje, Cristina Fernández (já considerada eleita para a Presidência da Argentina), teve cerca de 44,29% dos votos em todo o país. Mas na Capital (Buenos Aires, DF) ela está em segundo lugar, com apenas 23,64% dos votos! Em primeiro está a que ficou em segundo nacional, Elisa Carrió, com 37,68%. Nacionalmente, Elisa está com 23.22%. Já se esperava a derrota de Cristina na Capital, mas, mesmo assim, foi impressionante.

domingo, 28 de outubro de 2007

Na Argentina, como no Brasil, a classe média sente-se fora do poder

Cerca de 21 milhões de argentinos (dos 27.090.192 habilitados) votam hoje para a Presidência da República. E a Senadora Cristina Fernández (Kirchner), atual Primeira-Dama, deve ser eleita no primeiro turno com algo em torno de 9 ou 10 milhões de votos. Ela será eleita apesar da oposição de boa parte da mídia e da chamada classe média (na maioria concentrada na Capital), que prefere a candidata Elisa Carrió (de acordo com as pesquisas, em um segundo lugar bem distante). Qual o segredo da vitória? Apesar de Cristina já ser uma política consagrada, a razão principal está na política econômica de seu marido, o atual presidente, Nestor Kirchner. Ele é acusado de ter praticado populismo econômico, mas ninguém discute o sucesso na recuperação da Argentina, que afundava na recessão e no desemprego, quando ele assumiu. Naquela época, o jornal La Nación chegou a afirmar que ele não duraria 6 meses no cargo - e ele não apenas cumpriu o mandato como está garantindo a sucessão. É verdade que vai deixar problemas, como a inflação em alta. Mas é verdade também que fazia tempos que o povo argentino não vivia tão bem. Até mesmo a classe média. Para acompanhar os resultados eleitorais a partir das 21 horas, acesse http://www.resultados2007.gov.ar

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Sérgio Cabral fez bem em abortar sua idéia de aborto nas favelas

Desde que foi eleito, o Governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), tem feito um excelente trabalho de reposicionamento de sua imagem. Ele venceu a eleição de 2008, principalmente, conquistanto votos das faixas pais pobres. No primeiro turno, chegou a perder na Capital para a candidata da classe média conservadora (Denise Frossard, PPS), e tinha tudo para ser estimatizado como apenas mais um populista. Depois da posse, começou a agir de modo a conquistar a faixa do eleitorado arredia. Mostrou firmeza na questão da segurança, com uma política diferenciada e de resultados. Teve coragem de colocar em pauta questões polêmicas (com enfoque que eu, em alguns casos, discordo), como a descriminalização da maconha, a redução da maioridade penal e o aborto. E soube como ninguém conquistar a simpatia do Governo Federal, atraindo para o estado recursos nunca antes vistos. O resultado já se vê nas pesquisas de opinião pública, onde seu governo é amplamente aprovado. Embalado por tantos sucessos, ele se descuidou e teria dado uma declaração completamente fora de propósito. Teria defendido o aborto com a justificativa de que as altas taxas de natalidade em localidades como a favela da Rocinha geram “fábricas de marginais”. O problema é que esse pensamento, além de desagradar as camadas mais pobres, não consegue agradar a maioria dos conservadores. É verdade que há muita gente defendendo a redução das taxas de natalidade como método de redução da criminalidade - mas não através do aborto. Aliás, o jornal O Globo, porta-voz conservador, opina nesse sentido: "Pode-se concordar ou discordar da defesa feita da legalização do aborto pelo governador Sérgio Cabral. Mas é irrefutável que, por falta de um programa sério de planejamento familiar, as camadas pobres da população converteram-se numa fábrica de reposição de mão-de-obra para o exército da criminalidade". Agora Sérgio Cabral está consertando suas declarações. Faz bem. Ele está fazendo um bom governo e não precisa ir com tanta sede ao pote do conservadorismo mais retrógrado.

Olhômetro eleitoral no Rio

As chuvas dessa semana no Rio provavelmente lançaram uma enxurrada de lama nas pretensões do Prefeito César Maia de fazer seu sucessor nas próximas eleições municipais. Principalmente depois da notícia de que "o monitoramento das encostas do Túnel Rebouças, de onde deslizaram cerca de sete mil toneladas de terra, provocando na terça-feira à noite o fechamento da principal via de ligação entre as zonas Norte e Sul da cidade por prazo indeterminado, não é feito por pessoal especializado, mas por um órgão de trânsito: a Coordenadoria de Vias Especiais (CVE)" ("Vistoria na base do olhômetro", O Globo). Ora, pelo Túnel Rebouças costumam (costumavam...) transitar cerca de 190.000 veículos por dia e o seu fechamento atinge diretamente o cotidiano da principal fonte de votos de César Maia, a classe média lacerdista carioca. Aliás, o Túnel Rebouças, idéia do então Governador Carlos Lacerda, parece que teve uma pré-inauguração eleitoreira em 65: para fortalecer a candidatura lacerdista de Flexa Ribeiro, foi permitido (po um dia, se não me engano) que as pessoas passassem pelo túnel ainda em obras, saindo com um míni-cartaz no vidro do carro dizendo "Passei pelo Rebouças". Curiosamente, o túnel foi inaugurado em 1967 pelo adversário de Lacerda, Negrão de Lima, eleito governador...

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Rio, ontem e ontem

O Globo Às vezes, confesso que não entendo completamente a lógica de marketing de César Maia. No seu Ex-Blog de hoje, ele trata o problema do Rebouças que ontem deu um nó na cidade focando apenas a questão do fluxo de trânsito no túnel, que há tempos anda intenso. Não fala nada sobre a falha na Defesa Civil, que não evitou o deslizamento de terra em um ponto vital. Até aí entendo, é uma boa forma de desviar a atenção. Mas na mesma edição do Ex-Blog ele oferece o link para documentário da Metro (City of Splendour) mostrando o esplendor do Rio... em 1936! Ora, uma comparação tão radical só serve para o carioca amar a cidade que um dia teve - e odiar a cidade que tem hoje. Vejam aqui o documentário.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Fellini, 22 e meio

Fellini continua. A BBC noticia uma exposição em Roma (O Livro dos Meus Sonhos) com mais uma de suas obras, um "diário ilustrado", que já "está sendo apontada como uma grande oportunidade para se entender melhor a genialidade do cineasta italiano". Trata-se de uma seleção de algumas das 400 páginas de pensamentos, desenhos, ilustrações e fantasias que o diretor anotava como uma mania compulsiva numa espécie de diário composto em duas fases de sua vida: de 1960 a 1968, e de 1973 a 1990. Abaixo, dois belos trabalho de Fellini, que começou a desenhar aos 15 anos. O primeiro faz parte desse diário; o segundo fez parte de uma exposição mais antiga, a Erotomachia.

sábado, 20 de outubro de 2007

Merval, o PT, o poder

Interessante as colunas de Merval Pereira no Globo de sábado ("O poder do PT") e de domingo ("O profissional oculto"). O texto de sábado reproduzo na íntegra, logo abaixo. Ele foi feito com base no trabalho “O crescimento institucional e as transformações do Partido dos Trabalhadores”, do cientista político Oswaldo Amaral, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), apresentado no Congresso da Associação de Estudos Latino-Americanos (Lasa), em setembro, no Canadá. Amaral mostra que “a ampliação do espaço institucional ocupado pelo PT operou mudanças no perfil social das lideranças de base petistas, os delegados, e que hoje o partido tem uma relação muito mais estreita com o Estado do que até meados dos anos 90". A conclusão da relação mais estreita com o Estado parece óbvia, já que afinal de contas o PT chegou ao poder e, naturalmente, deve estreitar suas relações com o Estado. A questão principal é o eterno dilema dos partidos (principalmente de esquerda) quando chegam ao poder: como fazer para ocupar o poder sem corromper o perfil que o ajudou a chegar lá? Comparando pesquisas feitas com os delegados petistas que participaram do 11º Encontro Nacional, em 1997, do 2º Congresso Nacional, em 1999, e com os do 13º Encontro Nacional, em 2006, Amaral encontrou dados que sugerem que o comentário (“É provável que a participação [institucional] tenha mudado a base social do partido. É compreensível, assim, que a maioria incline-se para o compromisso com a legalidade estabelecida. As mudanças na ideologia do PT o refletem”) feito pelo cientista político André Singer, ex-porta-voz do Palácio do Planalto, corresponde à realidade. Ou seja, a ideologia teria começado a mudar em função da provável mudança na sua base social, que, hoje, teria uma influência majoritária de funcionários públicos. Considero que essa é uma das questões mais importantes que o PT deve tratar agora.
O poder do PT (Merval Pereira). A estreita relação do Partido dos Trabalhadores com o Estado, que já havia sido demonstrada em uma pesquisa recentemente divulgada pela Fundação Getulio Vargas, ganha agora novas dimensões com um trabalho do cientista político Oswaldo Amaral, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), apresentado no Congresso da Associação de Estudos Latino-Americanos (Lasa), em setembro, no Canadá. No texto “O crescimento institucional e as transformações do Partido dos Trabalhadores”, Amaral mostra que “a ampliação do espaço institucional ocupado pelo PT operou mudanças no perfil social das lideranças de base petistas, os delegados, e que hoje o partido tem uma relação muito mais estreita com o Estado do que até meados dos anos 90”. A partir de pesquisas realizadas junto aos delegados que participaram do 11º Encontro Nacional, em 1997, do 2º Congresso Nacional, em 1999, e do 13º Encontro Nacional, em 2006, chega-se à conclusão de que os funcionários públicos, que sempre constituíram o grupo socioocupacional mais numeroso entre os delegados petistas, tiveram sua participação ampliada ao longo do tempo, atingindo ampla maioria já no ano passado. O número de trabalhadores assalariados entre os delegados nos encontros e congressos petistas caiu de 32% para 13,1%, enquanto o de funcionários públicos subiu de 33% para 57,1%. Essa mudança do perfil social dos representantes do PT traria como conseqüência uma maior inclinação dos delegados a aceitar a democracia e o capitalismo, e uma menor autonomia partidária em relação ao governo central. Ao contrário, é também essa ampliação dos espaços dos militantes petistas dentro da máquina estatal que faz com que os partidos oposicionistas temam que o PT, não tendo candidato forte à sucessão, tente um “golpe constitucional” para permitir a Lula concorrer pela terceira vez consecutiva, mantendo assim os espaços alcançados na administração federal. Na pesquisa, realizada em 2006, foi possível também traçar a origem ocupacional daqueles que trabalham para o Estado. Segundo a sondagem, 19,4% dos delegados que responderam ao questionário são funcionários públicos concursados, 15,6% ocupam cargos de confiança no Poder Executivo e 16,3% no Poder Legislativo. De acordo com pesquisa realizada no 7º Encontro Nacional e no 1º Congresso Nacional, em 1990 e 1991, a porcentagem de delegados que ocupavam cargos de confiança nos poderes Executivo e Legislativo era, respectivamente, de 11,2% e 17%. Fica claro que houve um aumento no número de delegados que ocupam cargos de confiança no Poder Executivo, enquanto foram mantidos percentualmente os cargos no Poder Legislativo. “Para um partido fundado a partir das lutas sociais, os números mostrados acima representam uma alteração importante no perfil social de suas lideranças”, comenta Oswaldo Amaral, lembrando que já em 2001, ao analisar os dados sobre o perfil socioocupacional dos delegados petistas presentes ao 11º Encontro Nacional e ao 2º Congresso, o cientista político André Singer, ex-porta-voz do Palácio do Planalto, fez o seguinte comentário: “É provável que a participação [institucional] tenha mudado a base social do partido. É compreensível, assim, que a maioria incline-se para o compromisso com a legalidade estabelecida. As mudanças na ideologia do PT o refletem”. Oswaldo Amaral, considerando que a hipótese levantada por Singer “é polêmica por vincular as mudanças ideológicas do partido a eventuais transformações na sua base social operadas pela maior inserção institucional”, resolveu checá-la com uma pesquisa e encontrou dados que sugerem que a relação apontada por André Singer correspondia à realidade. Perguntados se concordavam com a frase “A democracia é sempre melhor que qualquer outra forma de governo”, 90,9% dos delegados afirmaram estar de acordo. Entre os funcionários públicos, a porcentagem foi ligeiramente mais alta, atingindo 93%. Já com relação à frase “Dentro do sistema capitalista, o Brasil está condenado a ser uma nação periférica e marginal”, 41,4% dos delegados mostraram concordância. Entre os funcionários públicos, a porcentagem foi um pouco mais baixa, de 36,6%. Para Oswaldo Amaral, “esses dados nos apontam, ainda que de maneira preliminar, que os delegados petistas ligados ao Estado tendem a fazer menos restrições à democracia como forma de governo e às possibilidades de desenvolvimento do país dentro do sistema capitalista, o que significa que estariam menos inclinados a defenderem internamente posturas mais radicais, como uma ruptura com as ordens política e econômica estabelecidas”. Essa imbricação dos interesses do PT com a máquina governamental está traduzida na pesquisa “Governo Lula, contornos sociais e políticos da elite no poder”, realizada pelo Centro de Pesquisa e Documentação (CPDoc) da Fundação Getulio Vargas, coordenada pela cientista política Maria Celina D’Araujo. A pesquisa, que abrangeu só a administração pública direta, tem números claros: 20% dos cargos mais altos do governo são ocupados por petistas. Desde os cargos de Direção e Assessoramento Superior (DAS) 5 e 6 até os de Natureza Especial (NES), são 1.269 posições com os maiores salários do governo federal, de um total de 19.797 cargos. A pesquisa mostra que, quanto maior o escalão, maior é o percentual de filiados ao PT. Cerca de 25% dos cargos mais altos da administração pública federal estão em mãos de funcionários filiados a partidos políticos, sendo que 20% são petistas de carteirinha, que ocupam nada menos que 39,6% dos DAS-6, seguidos de 22,2% dos NES, os salários mais altos da administração pública.

Neste domingo tem eleição em Cuba

Não vou entrar aqui na velha discussão sobre se as eleições em Cuba são ou não são livres. Teríamos uma discussão ideológica daquelas bem chatas, e estou fora. Quero apenas apresentar alguns dados interessantes sobre as eleições cubanas, tiradas basicamente de sites pró-Cuba, mas que parecem bem objetivas.
  • Não há lei que obrigue os eleitores a votarem. A votação é voluntária, livre e secreta.
  • Em cada eleição realizada, mais de 90% do eleitorado foram às urnas. A contagem dos votos é feita publicamente.
  • O Partido Comunista (único partido permitido) não candidata nem escolhe os candidatos. Seus membros, como cidadãos, exercem o direito ao voto e integram as mesas eleitorais se lhes for pedido.
  • Todos os candidatos são cidadãos com prestígio na comunidade, que o próprio povo propõe e escolhe em assembléias públicas nas circunscrições.
  • Funcionarão 37.749 colégios eleitorais, onde será mostrada a lista de eleitores, bem como as biografias e fotos dos candidatos.
  • As propagandas sobre as eleições em Cuba exortam os eleitores a nomear e eleger os melhores e mais capazes, sem mencionar os nomes dos candidatos.
  • Os eleitos, quer sejam delegados de circunscrições, membros de câmaras municipais ou estaduais (provinciais) ou deputados da Assembléia Nacional, cumprem suas funções sem cobrar um só centavo. Isso quer dizer que não passam a ser profissionais do Parlamento, pois continuam fazendo seu trabalho habitual, pelo qual recebem o salário correspondente.
  • Não se sabe de caso algum de roubo de urnas, fraude ou ocupação de colégios eleitorais por forças militares para beneficiar o regime. Em Cuba, as urnas são custodiadas pelas crianças.
  • Não é uma eleição definitiva, pois os delegados ou outro membro qualquer em nível municipal, estadual (provincial) ou nacional, podem ser revogados antes de cumprirem o mandato, se não cumprirem as responsabilidades que assumem ao serem eleitos.
  • Entre os delegados de circunscrições eleitos pela votação direta da população, são eleitos os candidatos às câmaras municipais, bem como às estaduais (provinciais). Os deputados da Assembléia Nacional (Parlamento) são escolhidos tendo em consideração os membros das províncias. Inserem-se nelas outras representações de importantes setores científicos, administrativos, camponeses, intelectuais, organizações de massas propostas por organizações sociais e instituições.
  • Cabe à Assembléia Nacional eleger, entre seus deputados, os membros do Conselho de Estado e, este, o presidente.
  • De jeito nenhum, cidadãos com laços familiares ou que convivam com algum dos candidatos a serem eleitos na circunscrição poderão fazer parte de uma mesa eleitoral. Além disso, nenhum colégio eleitoral, comissões de circunscrição e demais trabalhos relativos ao sufrágio poderão funcionar num imóvel que seja propriedade de algum dos nomeados.
  • 8,3 milhões de eleitores poderão ir às urnas neste domingo
Mais detalhes no texto "Como são as eleições em Cuba", de Joaquín Oramas, no jornal Granma.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Perigo nos meios de comunicação dos Estados Unidos: querem imitar a Globo

Kevin Martin, presidente de uma Comissão Federal de Comunicação dos Estados Unidos, está divulgando "um plano ambicioso para relaxar as regras, que existem há décadas, sobre a propriedade dos meios de comunicação, inclusive abolindo a proibição de que uma única empresa possa ser proprietária, na mesma cidade, de um jornal e de uma emissora de televisão ou de rádio". Ou seja, propõe que seja feito o que a Globo faz no Brasil. Como escreve The New York Times, trata-se de "um plano que, se tiver sucesso, significará uma grande vitória para alguns executivos dos conglomerados de mídia". Felizmente, o país vive um período pré-eleitoral que praticamente inviabiliza a aprovação do plano, apesar da maioria favorável (3 x 2) na Comissão. Democratas já estão se mobilizando contra, assim como os grupos religiosos, de direitos civis, de trabalhadores e muitos outros (que incluem até a National Rifle Association, ao lado da National Organization for Women, o Parents Television Council e a United States Conference of Catholic Bishops), que consideram que o governo deixou os conglomerados de media crescerem demais. Kevin Martin quer resolver tudo até dezembro. Mas Michael Copps, um dos Democratas da Comissão, já disse que não se deve fazer nada sem aprovação em escrutínio popular. Escrutínio popular? Cuidado, Globo... Leia mais na reportagem Plan Would Ease Limits on Media Owners, do The New York Times.

Maracanã 5 X 0

Foto Lance!

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Governo Lula trabalha contra a CPMF

Primeiro foi o Ministro Guido Mantega declarando que, se a CPMF não for aprovada, o Bolsa-Família será reduzido. Depois o Governo inteiro passou a dizer que, sem a CPMF, os programas sociais do Governo Lula serão prejudicados. E eu pergunto: quem eles querem conquistar? A Oposição, que está louca para acabar de vez com a popularidade de Lula? A mídia, que não vê a hora de colocar o fim de Lula nas manchetes? Ou será a classe média conservadora do Sudeste-Sul Maravilha, que vê nesses programas sociais apenas um populismo oportunista construído com seu rico dinheirinho que escorre pelo imposto? A estratégia está errada. Se quer conquistar um pouco da opinião pública de classe média, o Governo deve apelar para o risco da falta de dinheiro para segurança ou para o risco de aumento de impostos. Se quer conquistar votos no Senado, aí são outros quinhentos.

domingo, 14 de outubro de 2007

Elio Gaspari e a privataria

O Elio Gaspari freqüentemente me surpreende. Meu filho gosta de ler, mas eu costuma achar que ele é meio confuso, sem consistência na maioria das vezes, apesar de sempre procurar fundamentação para seus textos. Vez ou outra acho que ele pegou o sentido das coisas. Seu artigo de hoje, "Dilma detonou a privataria dos pedágios", traz bastante luz sobre os recentes "leilões dos pedágios (ou das estradas)". Sem dúvida, Elio Gaspari soube compreender muito bem a alma de seu público (a classe média brasileira), bastante abalada pela extorsão dos pedágios. O Eduardo Jorge, de confiança de Fernando Henrique, ainda tentou, outro dia, argumentar que o modelo do governo anterior seria melhor, porque beneficiaria toda a população,enquanto o modelo atual só serve para beneficiar a minoria privilegiada. Bobagem que não teve eco nem mesmo entre seus pares.

sábado, 13 de outubro de 2007

"Não" é a resposta para o "Nhenhenhém" de hoje

A coluna "Nhenhenhém" que sai todo sábado no Globo lançou a "Pergunta da semana: Lula vai na festa do Maracanã ver Brasil X Colômbia?" A resposta é "não". O jogo é contra o Equador...
Foto Folha

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Al Gore: valeu o Nobel?

Estou aqui no Interior, na casa da sogra, e ela diz sobre meus ombros: "falou inglês, eu não confio!" Mas prefiro dar um voto de confiança a Al Gore. Primeiro, porque mal ou bem ele representa oposição ao truculento Bush. Segundo porque ele demonstrou empenho em sua jornada de defesa da paz ambiental. Terceiro, ele merece uma compensação por aquela garfada que lhe deram na eleição contra Bush.

Bye-bye, Renan

Temos que tirar o chapéu para a tenacidade de Renan. Sua capacidade de resistência realmente foi incrível. Mas ele errou muito. Não tinha como se manter de pé diante de tantos indícios de atentado aos, digamos, "bons costumes". Não se pode creditar tanto à Oposição ou à mídia a sua queda da cadeira de Presidente do Senado e do Congresso. Mais que o fervor oposicionista contou a imensa quantidade de deslizes. Nem mesmo os fiéis seguidores sentem-se à vontade com as renanzices. Está na hora de ele se dar um tempo para cuidar da boiada das alagoas.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Fantasia político-erótica da semana

A revista Playboy fez sucesso tão grande no Congresso que já teria entrado para os anais. Fantasia-se que Renan, ao ver as fotos da revista, teria decidido renunciar à Presidência do Senado, entregar o mandato ao partido, separar-se da esposa e voltar de peito aberto para os braços de Mônica. Fantasias... apenas fantasias...

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

César Maia faz boa análise do quadro eleitoral

O Ex-Blog de César Maia enviado hoje tem bons textos. Um deles é o "O QUADRO PRÉ-ELEITORAL DO RIO-CAPITAL, PARA 2008!". Não concordo com uma ou outra coisinha que não vale a pena tratar. Reproduzo o texto na íntegra:
O QUADRO PRÉ-ELEITORAL DO RIO-CAPITAL, PARA 2008! 1. Em geral, os analistas e os políticos, percebem o quadro eleitoral pelo lado da oferta, ou seja, o que farão os partidos, quem serão os candidatos, que alianças...A prática e a teoria mostram, que a análise deve começar pela demanda, numa visão em série de longo prazo, depois ajustada para a conjuntura e referenciada à oferta que devem fazer os partidos políticos. 2. Um exemplo: da metade dos anos 80 à metade dos 90, o PT tinha de 15% a 20% dos votos no Rio (hoje 5%). Porém quando o nome que lançava era o Bittar esses votos concentravam-se nas regiões litorânea e centro-norte (Santa Teresa, Tijuca...). Um eleitor de classe média. Quando o nome era o da Benedita, o eleitor do PT era outro completamente diferente. Estava na zona oeste, nas favelas, etc... a demanda não seguia a oferta. É assim quase sempre. 3. Da mesma forma o perfil e as propostas dos personagens, muitas vezes são percebidas de forma diferente pela demanda que a posição política -de partida- que pretendia ter o candidato. Isso aconteceu com Denise em 2006 e Maia em 1992. Seus personagens foram percebidos pelo eleitorado conservador, como seus. Portanto há que se conhecer bem a demanda e com isso, definir a oferta e apresentar o candidato -em seu discurso e sua imagem. 4. Há décadas que no Rio há um vetor -nunca menor que 20% do eleitorado- que tem inspirado o trabalhismo e o populismo e que está regionalmente concentrado nas comunidades, na alta zona norte e na zona oeste. De inspiração getulista e pecebista -na origem- e brizolista, depois, com a inexistência de sucessores de mesmo personagem foi sendo absorvida em boa parte por um populismo evangélico, desde a eleição de 1992 para prefeito através da candidatura de Benedita. 5. Do outro lado, um eleitorado conservador -de origem católica e depois udenista- que nunca é menor que 20% do eleitorado e que regionalmente se estende pela cidade na faixa de uma classe alta, média-média e baixa, incluindo o pequeno empresário, e se fortalece na região litorânea, corredor central da Tijuca, Penha, Méier e Ilha do Governador (Jardim Guanabara). 6. Esses são pisos e num processo eleitoral a soma deles -a favor de um ou de outro- alcança a 50% do eleitorado. Se somarmos a abstenção, votos brancos e nulos, chegaremos a 70% do eleitorado. 7. Dos outros 30%, um terço ou 10% compõe o eleitorado que alguns chamam de esquerda, mas que na pratica nos últimos anos, é um voto do tipo politicamente correto e que faz racionalmente o voto útil conforme as alternativas. 2004 foi exemplo disso. Com isso 20% dos eleitores são demanda formada em campanha, ou seja, indecisos de partida em qualquer caso- e que serão estimulados pela conjuntura e pelos discursos. 8. Esse quadro sofreu alguma alteração regional em função do governo de resultados e de responsabilidade administrativa, implementado nos últimos 15 anos. Isso atraiu parte de todas as faixas do eleitorado, e desde que o personagem corresponda a essa demanda, o piso nessa faixa é de 20% retirando um pouco de cada lado. Isso ocorreu principalmente nas zonas norte e oeste. Chamemos de centro-pragmático. 9. O quadro pré-eleitoral conta -na faixa "trabalhista-populista" com dois nomes: Crivella e Montes. Na faixa do voto "politicamente correto/classe média" correm dois nomes: Feghali e Chico Alencar. Na faixa do voto "centro-pragmático" deverá estar Solange candidata da aliança de sólidas raízes na política carioca, desde o processo de democratização, e que se consolidou no voto "centro-pragmático", atraindo o voto conservador conforme a oferta em cada disputa. Entram nas entre-faixas os demais candidatos de outros partidos que terão que definir em campanha seus personagens para atrair votos de segmentos que de partida não os identifica. 10. Restam três duvidas: a) que oferta fará o PT? Pela área popular ou pela classe média, engarrafando o vetor dito à esquerda ou o populista? b) Qual será a decisão do PPS, que tanto pode caminhar para um eleitor de classe média e conservadora com Denise ou somando sua marca a outra candidatura e com isso ajudando a atrair voto "politicamente correto", abrindo espaço para que o voto conservador busque seu nicho natural? c) que amplitude terá a oferta "centro-pragmática?" 11. De qualquer forma o campo populista, se desagregado, tenderá a correr o risco de nem no segundo turno estar. Da mesma forma, o campo dito à esquerda, outra vez pode se dilacerar com varias candidaturas. Em ambos os casos há a possibilidade do voto útil e a performance de um candidato -eliminar o outro e concentrar nele os votos de seu vetor de demanda. E finalmente o campo de centro -na medida que amplie seu leque de alianças nas outras direções- e dissolva a espuma das tentativas do PT em desfazer a aliança, tenderá a estar no segundo turno tanto por suas referências reforçadas por sua presença no poder, como pela enorme, e forte capilaridade de suas chapas de vereadores. 12. Poder-se-á transformar este quadro em números de partida, na medida que os partidos decidam por suas candidaturas.

Mudou a percepção de Renan, para muito pior

O Senador Renan Calheiros é um bicho de sete vidas. Enfrentou tudo e todos e ainda mantém o poder. Mas começa a haver uma mudança na percepção que se tem dele que pode contribuir para que perca de vez até alguns aliados. Ele estava sendo visto principalmente como um espertalhão. Pegou a jornalista de plantão e talvez tenha praticado a corrupção de praxe. Um enaltecido Don Juan e um talvez corrupto "desculpável". Mas agora ele já começa a ser chamado de patife e a ser tratado como gangster. Os seus pares (e ímpares...) não querem mais tê-lo em seu convívio. A coisa está saindo do campo da política e entrando no campo da segurança pública. Renan vai precisar de oito vidas.

domingo, 7 de outubro de 2007

Fernando Henrique, cada vez mais perdido no tempo e no espaço

O artigo publicado hoje no jornal O Globo ("Mundo, mundo, vasto mundo") pelo ex-Presidente Fernando Henrique é um primor de fernandohenriquismo. Começa falando que "O outono na Nova Inglaterra é esplêndido". Esclarece que essa época é até mesmo chamada de Indian summer... Fala mais algumas amenidades e depois analisa a crise imobiliária americana ("espirros recentes provocados pelo estouro da bolha imobiliária, embora veja neles algo mais do que um simples resfriado"), que explodiu no mês passado, como se fosse o fato da semana. "Brasil" e "hoje" passam ao largo da agenda de Fernando Henrique.

sábado, 6 de outubro de 2007

A Época de Ciro

Tinha pensado em escrever sobre essas bobagens jornalísticas (que na verdade são apenas campanhas políticas de oposição), dessa vez localizadas nas páginas da revista Época contra Ciro Gomes. Hoje a campanha procura ganhar mais fôlego com a notícia de que Ciro mandou calar a boca um repórter que insistia em virar notícia. Encontrei essa postagem do Luís Nassif, "Denúncia fora de Época", que reproduzo na íntegra:
Não adianta. Semanas atrás elogiei o jornalismo da “Época”. Foi só falar, veja o que ocorreu. Matéria de capa, da semana passada, estabelecendo ilações entre uma decisão de um diretor do BNB, Vitor Samuel, caixa da campanha de Ciro Gomes, e o próprio presidenciável. A capa tinha uma manchete chamativa: “O amigo problema de Ciro”. E no intertítulo a pergunta se o episódio comprometeria a candidatura de Ciro. Falava sobre a tentativa do diretor do banco de reduzir a dívida de um devedor inadimplente. E estabelecia ligação com uma carta que Ciro deu ao diretor, nas eleições passadas, autorizando-o a receber uma contribuição de campanha. Na edição desta semana, a revista tem a decência de publicar com destaque interno (mas obviamente não na capa) a resposta de Ciro. Nela, Ciro diz o seguinte: 1. O Ministério da Integração Nacional, gestor do Fundo Constitucional de Desenvolvimento do Nordeste, recebeu do BNB consulta genérica sobre as condições em que o banco poderia renegociar pagamentos de dívidas atrasadas. O MIN imediatamente encaminhou a consulta à Advocacia-Geral da União, para que desse seu parecer. 2. Ciro deixou o Ministério antes que a AGU se pronunciasse. 3. O BNB é subordinado ao Ministério da Fazenda, não ao da Integração Nacional. 4. Informado por Guido Mantega de irregularidades em uma das operações conduzidas pelo amigo, Ciro diz ter sugerido abertura de inquérito com o investigado aguardando as conclusões fora do cargo. Reconhece que a revista mencionou essa sua posição. 5. Ciro critica a tentativa de vincular o episódio à sua candidatura. Acusa a revista de ter suprimido o segundo parágrafo da carta, na qual está escrito que qualquer contribuição só seria aceita se obedecesse às “normas legais e éticas com que sempre pautei minha vida pública”. 6. Finalmente diz que “Época” sabe que ninguém faz ilícito eleitoral através de cartas assinadas e públicas. A revista responde: 1. Em nenhum momento a reportagem diz que Ciro demorou a repassar a consulta o BNB à AGU. Questionou apenas por que a consulta foi feita às vésperas de ele deixar o Ministério (se Ciro diz que repassou imediatamente a consulta, a resposta é óbvia: foi porque o BNB enviou a consulta às vésperas de ele deixar o Ministério). 2. “Época” não disse que Ciro teve ingerência na operação do BNB. 3. “Época” também não afirmou que Ponte (o amigo de Ciro) teria exercido de forma ilegal a função de arrecadador de campanha. Parabéns à revista pela atitude inédita (hoje em dia, com exceção da "Folha") de publicar a carta e não manipular a resposta. Mas na resposta fica claro que não havia nenhum motivo para ter feito a capa. Então porque fez? E que mensagem passou aos seus leitores? As duas cartas publicadas informam: Carta 1 – o leitor Fábio Campos, de Fortaleza, dizem que “se a denúncia de “Época” se confirmar”, todos os acusados, inclusive Ciro, deveriam perder o mandato. Carta 2 – o leitor Benjamin Malucelli, de São Paulo, diz que começou a temporada de caça ao deputado. Na home da revista, o destaque é para uma frase do dia. De Ciro Gomes ao repórter Rodrigo Rangel: “Cala a boca, deixa eu acabar de falar”. Ou seja, é atacado com uma denúncia falsa; e denunciado por uma reação legítima.

A Oposição está fazendo tudo para tirar o mandato de Pedro Simon e Jarbas Vasconcelos

Na sua luta incessante por fatos políticos com muitos holofotes, a Oposição resolveu oferecer duas vagas na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) aos senadores peemedebistas Pedro Simon e Jarbas Vasconcelos. Se isso fosse levado a sério, poderia significar o fim do mandato dos dois. Como todos concordam agora, fidelidade partidária significa que o mandato pertence ao partido, não ao eleito. E o Estatuto do PMDB é bem claro:
"Art. 4º. São as seguintes as diretrizes fundamentais para a organização e o funcionamento do PMDB: II - disciplina partidária, à fim de assegurar a unidade de ação programática; Art. 10. Os membros e filiados do Partido, mediante a apuração em processo em que lhes seja assegurada ampla defesa, ficarão sujeitos a medidas disciplinares, quando considerados responsáveis por: I - infração de postulados ou dispositivos do Programa, do Código de Ética, ou do Estatuto, ou por desrespeito à orientação política fixada pelo órgão competente; II - desobediência às deliberações regularmente tomadas em questões consideradas fundamentais, inclusive pela bancada a que pertencer o ocupante de cargo legislativo e também os titulares de cargos executivos; V - atividade política contrária ao regime democrático ou aos interesses do Partido; Art. 11. São as seguintes as medidas disciplinares: I - advertência; II - suspensão por 3 (três) a 12 (doze) meses; III - destituição de função em órgão partidário; IV - negativa de legenda para disputa de cargo eletivo; V - desligamento da bancada por até 12 (doze) meses, na hipótese de parlamentar; VI - expulsão, com cancelamento de filiação; VII - cancelamento do registro de candidatura.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Pedro Simon, Jarbas Vasconcelos e a fidelidade partidária

Com todo o respeito ao Senadores Pedro Simon e Jarbas Vasconcelos, mas a questão do afastamento deles da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado está mal colocada. A Oposição e a mídia estão transformando o caso quase em uma arbitrariedade do PMDB. Se dissessem que era burrice, eu entenderia, mas outra coisa, não. Quero lembrar a todos que o Supremo acaba de esclarecer que a fidelidade partidária está em vigor, mesmo para os cargos majoritários (apesar de terem sido julgados apenas os cargos proporcionais). Portanto, as várias instâncias partidárias estão acima das vontades, dos caprichos ou mesmo das razões de seus parlamentares. Se o partido deseja garantir a maioria dos votos na CCJ e tem dúvidas na capacidade desses dois senadores em contribuir para esse objetivo, é natural trocá-los. O mandato pertence ao partido, não aos eleitos - está claro? É natural, também, que a Oposição faça o jogo político, aproveitando o fato para mobilizar a opinião pública contra seus adversários. Acredito também que o PMDB deve ter avaliado a relação custo-benefício da decisão. Tenho dúvidas se houve acerto na decisão, mas isso é questão interna deles. O resto é blá blá blá no bló bló bló.

Supremo determina a fidelidade partidária, sem alterar profundamente o quadro atual

O Supremo Tribunal Federal conseguiu o milagre do "mantém como está para mudar daqui pra frente", sem desagradar a ninguém. A oposição ficou feliz por não perder mais mandatos daqui pra frente. O Governo Lula ficou feliz por não perder seus novos fiéis, o que dificultaria a governabilidade. Os parlamentares tidos como infiéis ficaram felizes por garantir seus mandatos (é verdade que existem 15 ou 16 casos em risco de perda dos mandatos, mas dificilmente isso ocorrerá com todos e, casso ocorresse, não alteraria o quadro fundamentalmente). A população ficou feliz, sem saber direito porquê. E até a mídia ficou feliz, porque defendia a fidelidade partidária. O Supremo soube dar um jeitinho para que a política fluísse melhor.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Inserções do DEM: falha de produção

A inserção do Deputado Onyx Lorenzoni, pelo DEM (ex-PFL), pretendia colocar no ar a vaia que deram no Lula durante o PAN. Mas o resultado é um fiasco. Na hora da vaia, fica a sensação de defeito na TV ou algo assim. Parece que eles são melhores em produzir vaias ao vivo do que na TV...

Qual será a fidelidade do Supremo?

Falta pouco para o Supremo decidir se afinal os mandatos de cargos eletivos pertencem aos partidos ou aos candidatos. Tudo leva a crer que a decisão será favorável à determinação de fidelidade partidária, ou seja, os mandatos pertencem aos partidos, não aos políticos eleitos. Acho isso muito bom. Mas a questão principal deixou de ser essa para ser "a partir de quando serão punidos com a perda de mandato os políticos que trocarem de partido?" Caso seja daqui pra frente, o beneficiado imediato será o Governo Lula, que conseguiu atrair para seu campo dezenas de deputados e senadores. A Oposição (principalmente DEM e PPS) vai chiar horrores, mas isso passa. O Supremo pode resolver ficar em cima do muro, como um bom tucano, e determinar a data como o dia da publicação oficial da determinação nesse sentido feita pelo TSE. Em teses, não haveria mais justificativa para a troca após o esclarecimento feito. Mas os que trocaram de partido de lá para cá poderiam argumentar que a data não deveria ser contada a partir de determinado dia, mas, sim, contando por legislaturas. Assim, a fidelidade só teria valor para os próximos eleitos. Seja qual a fidelidade do Supremo, teremos confusão à vista - um pouco mais, um pouco menos. O mais importante é que a fidelidade partidária será (re-)estabelecida.

Eleição do Rio deve se polarizar entre César-Tucanos X Lula-Sérgio ou "Povão" X "Classe Média Zona Sul"

Com a indicação (praticamente certa) de Eduardo Paes para candidato do PMDB a Prefeito do Rio, o atual Prefeito César Maia deve redirecionar seus esforços na indicação do candidato de seu partido, o DEM (ex-PFL). É bem provável que volte a se aliar a Denise Frossard (PPS), que, no momento está em 2º ou 3º lugar nas intenções de votos, mas que venceu na cidade do Rio quando se candidatou, no ano passado, a Governadora do Estado (teve 33% dos votos válidos e agora tem cerca de 11% das intenções). Eduardo Paes, que se candidatou a Governador pelo PSDB, teve 6,67% dos votos válidos na cidade e agora está com cerca de 9% das intenções de votos. No "campo Lula-Sérgio", temos ainda Marcelo Crivella (PRB), que teve 16,26% dos votos válidos na cidade quando se candidatou a Governador, e agora lidera as pesquisas com 20%. Temos Jandira Feghalli (PCdoB), que, quando se candidatou a Senadora em 2006, foi vitoriosa na cidade, com 39,85% dos votos válidos, e agora está com cerca de 13%. E temos ainda a candidatura do PT, que está ainda indefinida e pode variar nas intenções de voto de cerca de 2% (se o candidato for Edson Santos, Molon ou Minc) até cerca de 4% (se for Vladimir) ou cerca de 7% ou 9%, se a candidata for Benedita (há ainda as candidaturas do PSB e do PDT, que estão muito indefinidas). Claro que estou arredondando esses números a partir de informações diversas sobre pesquisas, mas para mim fica claro que o "campo César" está meio encurralado. A eleição dirige-se para uma polarização onde podemos enxergar uma classe média conservadora de um lado e candidaturas de perfil mais popular de outro. No caso de Eduardo Paes e de Jandira, por mais que tenham um perfil mais próximo da classe média, é evidente que terão que buscar uma candidatura mais popular. E isso é mais um problema para César, que não tem alianças fortes de perfil popular (Garotinho e Picciani - que teriam esse perfil - não podem ser considerados aliados). Com a candidata Denise, ele pode forçar o tema da segurança (que é a principal preocupação do carioca). Aliás, é exatamente o seu tema na inserção do DEM e, na minha opinião, é mais um erro de César, apesar de ter dado certo em 98 (quando ele perdeu no Estado, mas ganhou na Capital). Seja quem forem os candidatos, deveremos ter um 2º turno enlouquecerdor, que pode levar ao fim de 18 anos de reinado de César Maia na cidade.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Eleição no Rio: com a chegada de Paes ao partido, o PMDB perde a paz mais uma vez

A falta de um nome forte para disputar a Prefeitura do Rio está deixando o PMDB, partido do Governador Sérgio Cabral, atônito e cada vez mais fraco. Sérgio Cabral sempre pensou em trazer o seu Secretário de Esportes, Eduardo Paes, do PSDB, para ser candidato, mas logo encontrou oposição do Deputado Picciani e do ex-Governador Garotinho (dois caciques também poderosos). Pensou em lançar seu Vice, Luiz Fernando Pezão, que, por mais que desejasse apoiar o amigo, não pôde aceitar. Sérgio Cabral começou a flertar com o PT, chegou até a dizer para Lula que o Deputado Molon era o melhor nome dos pré-candidatos petistas. Mas Cabral acabou caminhando paralelamente com Picciani e Garotinho no seu namoro com o DEM de César Maia. Quando a aliança com o DEM tornou-se inevitável, ele pulou fora, porque isso não interessava à sua aliança com Lula. Para esvaziar o projeto de parceria com César Maia, teve a brilhante idéia de lançar seu próprio nome como candidato. Funcionou um tempo, claro. Agora ele volta à carga trazendo Eduardo Paes para o PMDB e aumentou o alvoroço. Picciani bateu pé e lançou nota contra. Garotinho, que namora outras candidaturas, também não deve ficar calado. Não sei onde isso tudo vai dar, mas tenho certeza que alguém vai ser engabelado. Diria até que o Prefeito César Maia (também sem nome forte e precisando loucamente de uma aliança) precisa abrir o olho... Nota: noite dessas, em uma das sessões do Festival de Cinema, um grupo de jornalistas perguntou ao Deputado Carlos Minc (PT), atual Secretário de Estado de Meio Ambiente, se não seria o caso de ele disputar a Prefeitura. Ele desconversou, mas sua mulher respondeu: "Tá todo mundo perguntando isso..." É mais um nome para alimentar a confusão.

Acidentes

Na década de 70, estava deixando New York para morar na Inglaterra e fui fazer uma visita de despedida a um casal de amigos. Fui apresentado a outro amigo deles, Peter Brodenbeck, que no final da visita me deu o seu cartão e me falou de seu sonho: "Vou abrir o McDonald's no Brasil. Se um dia voltar pra lá, me procure". Quando voltei ao Brasil ainda tinha o seu cartão, mas, mesmo depois que vi o McDonald's surgir, não o procurei. Ele vendeu a sua participação no McDonald's e, anos depois, minha empresa chegou a atender sua nova empresa, Outback (e acho até que ganhamos prêmios), mas continuei sem contato. Acabo de ler que sua mulher, Maria Luísa, que lançou o Starbucks Coffee no Brasil, morreu em um acidente de trânsito no Rio. Li também uma frase dela: "O importante é acreditar nos sonhos.". Pelo jeito, os dois viviam de concretizar sonhos.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Caso Jean Charles: Scotland Yard começa a ser julgada hoje... dentro da lei de Segurança e Higiene no Trabalho!

A polícia londrina finalmente começa a ser julgada hoje pela morte do brasileiro Jean Charles. Mas, como todos já devem saber, ela não será julgada por assassinato, mas, sim, dentro da lei de Segurança e Higiene no Trabalho! Essa lei, de 1974, obriga as forças da ordem a garantir a integridade inclusive daqueles que não são seus empregados. Vá entender um troço desses! O julgamento deve durar umas seis semanas. Leia mais no El País.