domingo, 31 de outubro de 2010

Segundo turno: derrota do obscurantismo


Tem uma coisa que valeu a pena ter o segundo turno: o obscurantismo teve que mostrar sua cara com todas as nuances – se é que as trevas têm meio-tom...
Veio aborto, veio casamento gay, veio a mídia, veio o Papa e tudo que é preconceito tentando derrotar os avanços do Novo Brasil. Pegaram pesado, usaram todas as baixarias possíveis e imagináveis. Felizmente esse Novo Brasil pôde contar com sistema de vacinação, igualmente poderoso, chamado Lula. A sua presença no segundo turno criou nova dinâmica na campanha. As ruas voltaram a ser vibrantes, e até o Horário Eleitoral Gratuito petista teve condições de se redimir. O Brasil volta a ganhar luz e Dilma caminha com força para a vitória.

sábado, 30 de outubro de 2010

Os debates da Globo têm audiência, mas não têm importância


Debate a dois dias da eleição costuma ser de consagração, não de alteração. A audiência é alta, mas o formato não permite comparações mais profundas – principalmente porque não dá tempo às “versões” do dia seguinte ganharem corpo. É um formato “politicamente correto”, onde o cidadão leva aos candidatos as questões que mais afligem a sociedade. Sem confrontos, sem agressões, sem espaço para grandes baixarias. Mas o eleitor não escolhe pelo “politicamente correto”, da mesma forma que acaba não votando nos que considera “mais honestos”. O eleitor quer ousadia e empatia, quer um candidato que seja vitorioso logo de cara. O eleitor quer vibrar com o seu voto. É por isso que os debates iniciais, em emissoras às vezes com audiência bem mais baixa, costumam ter mais importância. A mídia trabalha mais intensamente suas versões e os próprios candidatos, em seus programas eleitorais, com audiência bem mais alta, podem apresentar suas versões e seus melhores momentos. O show global, como o que vimos ontem, só tem valor comercial – e como tem...

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

A bala de ouro


No último duelo do Horário Eleitoral, o programa de Dilma atingiu mortalmente a campanha de Serra. Sem agressões, sem apelações, sem Papas na língua. Emoção e objetividade. Um ou outro preciosismo que não chegou a prejudicar. Mas foi um programa carregado de Lula, apontando para esse Brasil novo, que fiz questão de mostrar para meu filho de 15 anos. Assim como acontecerá com o debate que vem aí, o Programa não decidiu a eleição – apenas encerrou com chave de ouro uma campanha vitoriosa. E vimos que neste segundo turno não precisou muito. Bastou erguer Lula na direção da Oposição e bradar: “Vade retro, Serranás!”. Foi tiro e queda.

Esse papo do Papa não agradou nem à Mônica...


O Papa não é pop, mas é esperto. Resolveu pegar carona no sucesso de Lula e do Brasil para também se projetar no cenário internacional. Alguém tem dúvida de que dar pitaco na eleição brasileira significa garantia de projeção imediata? O Papa também procurou com seu discurso do aborto desviar a Igreja Católica das manchetes da pedofilia e dos escândalos financeiros para buscar uma agenda de “defesa da vida”. Ao mesmo tempo Bento 16 tratou de dar uma força à sua turma ultraconservadora na luta com os evangélicos pentecostais para saber quem é mais medieval. O Papa sabe muito bem que seu discurso eleitoral não vai alterar uma vírgula o resultado do dia 31. O que ele quer é se dar bem, não importa quem vença. Se ele quisesse interferir pra valer no resultado, teria apontado diretamente para o papo da Mônica. Cruz credo!

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Mais do que nunca a Argentina precisa de apoio

Com a morte de Néstor Kirchner, o bombardeio que a elite tem realizado contra o governo de Cristina Kirchner deve se intensificar. É importante a mobilização da população e o apoio dos países progressistas da América Latina em defesa da Argentina, um país que sob o comando dos Kirchner deu passos significativos de afirmação no cenário internacional.  Toda força a Cristina, contra a sanha das classes dominantes. Leia esse texto de Janio de Freitas, publicado hoje, na Folha

Quem morreu
Janio de Freitas

A HISTÓRIA recebeu dois Néstor Kirchner. Mais um governante a passar à memória dúplice pelos mesmos motivos latino-americanos. Destino de que não escaparia ainda que não tivesse morte tão prematura.
Kirchner teve a coragem do desafio. Com frequência, praticado à maneira de quem quisesse mostrar bem a audácia até afrontosa. Foi assim logo em sua primeira investida de presidente de um país em crise econômica, muito grave e já com consequências da desordem social. Enquanto se difundia a ideia do seu despreparo e aturdimento diante da enormidade do problema, Kirchner foi até ao sacrilégio: insurgiu-se contra o FMI e recolheu aos armários a papelada da dívida externa e das cobranças ameaçadoras dos bancos. A prioridade era a Argentina.
Sua ação recebeu todos os qualificativos de condenação dos "mercados" e seus economistas, mundo afora. Começou a desenhar-se nos meios de comunicação argentinos o segundo Kirchner, o populista, o demagogo, o apropriador de partes dos outros Poderes, o ambicioso de assumir no país a posição de um novo Perón. Um Perón civil dotado, inclusive, da sua Evita, a então senadora e hoje presidente Cristina.
Kirchner venceu a crise. A Argentina começou a tornar-se Argentina outra vez. Mas estava aplicada a velha regra latino-americana. A imagem pejorativa prevaleceu, sem nuances, sem sutileza. Para uso interno e difusão externa. As elites socioeconômicas latino-americanas são uniformes, na conduta diante do que não se adapte às suas convenções. E na Argentina essa regra é engrandecida pela fantasia da classe dominante de que é uma extensão de sua congênere europeia.
Com o reerguimento da Argentina, os Kirchner estenderam a outros objetivos a sua determinação desafiadora. A reação aumentou, em muitos casos o confronto radicalizou-se de uma parte e de outra.
O enfrentamento de imprensa e governo, cada vez mais intenso, era inevitável em razão das identificações econômicas e políticas dos meios de comunicação com os interesses dos poderes financeiro, industrial e, muito forte lá, rural. É, no entanto, um conflito que requer muitas ressalvas à maneira como está retratado para o exterior pelos próprios meios de comunicação.
Um feito a ressaltar: o Judiciário foi fortalecido a ponto de fazer da Argentina o único país do Ocidente onde, de fato, é buscada e feita justiça aos crimes contra a humanidade. Só a efetivação dessa possibilidade já faria de Néstor Kirchner um governante merecedor de muito mais reconhecimento ao que foi seu papel como reformista, sem falar-se na superação da crise econômica e social e, a partir daí, na retomado de um processo de recuperação geral do país, ainda em curso.
Mas essa figura tem que dividir o espaço, em desvantagem nas respectivas proporções, com o Kirchner rebaixado a mero populista e inimigo das liberdades.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Oscar Niemeyer, 102 anos de grande lucidez


Niemeyer combina como poucos simplicidade e sofisticação. Mostra que sua consciência política não diminui com a idade - ao contrário, mostra-se exímio. O seu texto de hoje na Folha é simples e contundente, emocionante e sem apelação. Lula e todo o povo brasileiro não poderiam desejar presente melhor.
O que posso dizer
Oscar Niemeyer

Assusta-nos imaginar o que aconteceria no caso de vitória de Serra: seria uma repetição do que ocorreu no Brasil antes da Presidência de Lula

"Temos que ter cuidado é para eleger uma pessoa que tenha compromissos de manter o que foi conquistado e aprimorar o que precisa ser aprimorado. Ou seja, fazer o dobro do que nós fizemos." (De entrevista concedida pelo presidente Lula a Fernando Morais, publicada pela revista "Nosso Caminho", em novembro de 2008).
O importante para nós da esquerda não é, propriamente falando, este momento da disputa entre Dilma Rousseff e José Serra, embora de seu resultado dependa a continuação das políticas de Lula, que tanto vêm engrandecendo o país e assegurando uma vida mais digna ao povo brasileiro.
Assusta-nos imaginar o que aconteceria no caso de uma vitória de Serra. Seria a repetição do que ocorreu no Brasil anteriormente à Presidência de Lula: o governo afastado do povo, alheio ao que se passa na América Latina, indiferente à ameaça que o imperialismo dos EUA representava para os países do nosso continente.
Seria o avançar do processo de privatização de grandes empresas nacionais e de empreendimentos de valor estratégico para este país. Tudo isso é tão claro aos olhos da maioria dos cidadãos brasileiros que, confiantes, vêm apoiando, sem recuos, a candidatura Dilma.
Não sou especialista em ciência política para entrar em detalhes sobre o assunto; a imprensa disso se ocupa o tempo todo.
Na minha posição, de homem de esquerda, o que interessa não é analisar exaustivamente os programas de governo que cada um dos candidatos apresenta, mas defender a permanência das diretrizes fixadas pela gestão de Lula, tão autêntico e patriótico que surpreende o mundo inteiro.
Eis o que vocês da Folha me pedem que escreva e que eu, modestamente, procurei atender.


Minha aposta para o dia 31


(clique na imagem para ampliar)

Acredito que a campanha Serra definitivamente entrou pelo tube. Claro, sempre pode acontecer uma tsunami, mas está cada vez mais impossível. Seguindo o raciocínio das pesquisas, a vantagem de Dilma ficará em pelo menos 10% dos votos válidos. Mas pode haver certa oscilação não apontável. Pesquisa, como já falei aqui, não tem condições, por exemplo, de captar a abstenção involuntáriaeleitores aptos que não votam porque estão sem documentos ou porque tiveram que viajar contra a vontade ou simplesmente por serem "eleitor fantasma" (aquele que está cadastrado, pode até ser considerado apto, mas que não existe de fato).
Em 2006, o comparecimento no 1º turno foi de 83,25% (percentual de eleitores que compareceram sobre o total do eleitorado, ou eleitores aptos a votar). No 2º turno, caiu para 81,01% – o que significou quase 3 milhões de eleitores a menos. Ainda em 2006, no 1º turno, o percentual de não-voto (percentual da soma de brancos e nulos sobre o comparecimento) foi de 8,42% (quase 9 milhões de votos) e no 2º turno caiu para 6,04% (pouco mais de 6 milhões de votos).
No 1º turno deste ano, o comparecimento foi de 81,93% e o não-voto foi 8,64% (9,6 milhões de votos) – índices piores do que os do 1º turno de 2006. Agora no 2º turno, a tendência deve se manter: menor comparecimento e menor índice de não-voto do que no 1º turno. O feriadão e a indiferença de boa parte de quem votou em Marina vão contribuir para aumentar a abstenção que, imagino, ficará na faixa de 21%. Portanto, comparecimento de 79%, algo em torno de 106 milhões de eleitores. Imagino também que o não-voto ficará na faixa dos 7%, o que nos dá cerca de 99 milhões de votos válidos. Minha aposta é a de que Dilma terá 10 ou 11 milhões de votos a mais, ou seja, algo como 55 ou 56 milhões de votos contra 44 ou 43 milhões de Serra. Em percentuais, de 55,5% a 56,5% para Dilma, nos votos válidos. É apenas uma aposta que faço, claro. Mas garanto que tem mais de 50 milhões torcendo para que eu acerte.

Parabéns, Lula - seu presente já está reservado


terça-feira, 26 de outubro de 2010

Última semana: tucanos em pânico


Reproduzo trechos da reportagem de Gerson Camarotti, no Em Pauta da Globonews desta segunda-feira, falando sobre a estratégia dos tucanos na última semana antes da eleição. Acaba revelando o desespero da candidatura Serra às voltas com os índices das pesquisas e com a debandada de seus eleitores. Essa reportagem acaba deixando mal o GPP (instituto preferido de Cesar Maia), dá impressão de fazer pesquisa encomendada sob medida para animar a "militância" da oposição.

Benedita nas ruas: dia 31 vai virar 13!


Recebi de Benedita da Silva, Deputada Federal eleita, esse vídeo produzido por sua equipe, gravado domingo, nas ruas do Rio, durante carreata e passeata de apoio a Dilma.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Perito contratado pela Globo comprova: foi um disco voador que pousou na careca de Serra!



Insatisfeita com a imperícia do Ricardo Molina, a Globo buscou novo perito, Mauricio de Cunto, para comprovar que não era exatamente uma bolinha o outro objeto que teria chegado a Serra. Com um laudo de aparência mais científica (clique aqui), recheado de fotos, ele prova que não era a mesma bolinha – mas com certeza era algo bem próximo. Por essa foto acima, o objeto parece muito com aquela miniespaçonave de marcianos comandados por Mino, todos amigos do Bolinha... Eu disse “Bolinha”? Epa! (O Aranha ataca outra vez...)

domingo, 24 de outubro de 2010

Caetano vota em Dilma


Tudo bem, o depoimento é de Dona Canô, mãe de Caetano. Mas adivinha quem manda no Caetano...

Meia Lua, Shima

O Shima (Julio Shimamoto) é uma das maiores (junto com Jayme Cortez e Flávio Colin) referências em história em quadrinhos no Brasil. Claro, não podemos esquecer de Maurício de Souza, Ziraldo, Henfil e muitos outros excelentes nesse campo. Mas é que esses três identifico muito mais com a paixão pelos quadrinhos (assim como o Sérgio Augusto, um professor da UnB que esqueci o nome e também a Ana Recalde, que conheci recentemente). Na década de 70, eu e o Shima nos conhecemos em uma agência de publicidade carioca, a Caio, e fizemos parceria não apenas em publicidade como, principalmente, em história em quadrinhos. Além de uma tira de quadrinhos diária que colocávamos no mural da agência de publicidade, criamos e lançamos no mercado a revista em quadrinhos mensal Kiai, de artes marciais, evidente, que durou exatos 5 edições, sufocada pela importada Kung Fu (em cores e mais barata).  Até essa época eu era apenas um teórico dos quadrinhos, com alguns artigos publicados em Brasília, São Paulo e Rio (aliás, quando fui estagiário do Departamento de Pesquisas do JB, o Gabeira - que era o Chefe - me orientou em um texto sobre as mulheres e os quadrinhos). Com o Shima, virei autor. E foi uma grande alegria. Semana passada, o Shima, que mora no Rio e continua vivendo basicamente de quadrinhos, me ligou para dizer que tinha reeditado o Meia Lua, personagem que criei com ele e que fazia parte da Kiai. Me mandou exemplares da reedição, que compartilho com vocês aqui no Blog (basta clicar na capa aqui do sidebar para acessar o slideshare). Espero que gostem, apesar de bem antiga.

Ê, trem bão!


Adorei esse "cell-concert", pelo inusitado. Na falta de equipamento (será?), o Atomic Tom embarcou (no último dia 8) em um trem de Nova York e fez essa apresentação ("Take me out"). Gravação e edição de áudio e vídeo também por um celular.

sábado, 23 de outubro de 2010

Oposição/Mídia: “Presidente bom é o que se cala diante das farsas políticas”


Quer dizer que é assim? A mídia vira partido, a Oposição constroi farsa em cima de farsa, todo mundo distorce, e o Presidente da República tem que fechar os olhos pra tudo isso? Inventaram essa agora: “Isso não fica bem em um Presidente da República”, diz um. “Um Presidente da República não pode estimular a violência”, diz outro. “Lula deveria manter-se equidistante”, dizem outros. Bem que eles gostariam que Lula permanecesse mudo (como inexplicavelmente ficou no final do primeiro turno). Eles viram que Lula entrou na campanha e acusaram o golpe, sentiram que contra ele não tem farsa que dê jeito. Jogaram sujo o tempo todo e agora exigem que Lula banque o Pilatos e lave as mãos diante de tanta baixaria. Nada disso. Lula fez bem em falar e transformar a bolinha de Serra em motivo de piada internacional. A Veja queimou seu último cartucho (me parece de festim), só resta uma semana de desvario global. E para desespero da oposição, o Presidente deve abrir o olho – e abrir a boca!

Com quantas bolinhas se monta uma farsa?


Toda a argumentação da tucanália e de sua filial Globo gira em torno de uma ou duas bolinhas (tudo bem, uma bolinha e um rolinho de fita adesiva...) acertando a cabeça de Serra. Pergunto: a segunda bolinha justifica a farsa? Claro que não. Nem mesmo mil bolinhas justificariam. Nem justificariam a encenação montada pelo Jornal das Bolinhas (ex-Jornal Nacional), com o apoio da imperícia de Ricardo Molina. São mais do que justificadas a indignação de Lula e as vaias dos jornalistas do próprio telejornal global. Ou será bolal?
NOTA: Quero avisar que sou campeão no jogo das bolinhas!

Viva Pelé!

Em homenagem ao setenta anos de Pelé, essa ilustração linda, que peguei em um livro do Décio Pignatari. Acrescentei essa dedicatória, que Pelé fez para meu filho.


sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Está provado: desmamar não significa lançar a cria às feras


Em agosto, a campanha Dilma vinha muito bem, obrigado. Começou o Horário Eleitoral Gratuito, e ela continuou avançando, crescendo cada vez mais nas pesquisas, à medida que as pessoas percebiam que era ela a candidata de Lula. O candidato Serra tentou fazer o mesmo, sem êxito. Em setembro, não sei por que cargas d’água, “mentes brilhantes” da Campanha Dilma inventaram a “operação desmame”. Pressionadas pelo discurso desesperado da oposição, que acusava Dilma de “marionete”, essas mentes resolveram tirar Lula de cena para provar que a candidata tinha condições de andar sozinha. Deveriam ter consultados as mães desse país, que lhe diriam algo assim: “Meu filho, quando lhe desmamei, nos seus 6 meses, apenas avancei na sua alimentação, não abandonei você. Na época, você apenas engatinhava, ainda não tinha condições de andar sozinho”. Pois bem, foram cerca de 15 dias sem Lula, 15 dias de abandono total, o que contribuiu decisivamente para colocar Serra no segundo turno. Caíram na real, e Lula voltou à campanha, fato que celebrei aqui e que fez Dilma voltar a crescer. Hoje, leio na Folha (“Lula, pobres e NE contam história da eleição”): “a grande história da eleição presidencial de 2010 ainda parece depender da condição social do eleitor, do Nordeste e do prestígio de Lula. É o que indica a pesquisa Datafolha. (...) O prestígio de Lula cresceu mais após o primeiro turno. O voto em Dilma está bem correlacionado ao voto em Lula em 2006 e ao prestígio do presidente”. Não parece óbvio? Não é absurdamente elementar, meus caros Watsons? Felizmente, foi feita a correção, e Pesquisa Datafolha de hoje confirma Dilma na faixa dos 12 pontos à frente nos votos válidos. Logo após a vitória, Dilma poderá ensaiar seus primeiros passos sozinha. Com certeza, dará grandes passos à frente.

Ora, bolas! Estão fazendo tempestade em saco d’água...


Ok, você venceu. Não foi apenas uma bolinha de papel, foi também um pequeno objeto meio transparente, possivelmente uma fita adesiva tipo 3M (por coincidência, comprei uma ontem, para minha filha). Ambos bateram, em momentos diferentes, no lado direito da careca do Serra, quando ele caminhava em meio a um conflito idiota de militâncias, no Rio de Janeiro, anteontem. Nada que justificasse a farsa montada pelos tucanos e sua mídia. Do mesmo modo, não justificaria estardalhaço (ainda bem que não foi feito) em torno dos sacos com água jogados na direção da candidata Dilma, ontem, em Curitiba. Lula fez bem em denunciar publicamente a farsa. E não adianta acusar Lula de estar sendo militante, quando deveria ser apenas Presidente. Foi o próprio Serra quem tratou de puxar Lula para sua campanha no início do primeiro turno, coisa que as “mentes brilhantes” da Campanha Dilma tiveram dificuldade em fazer (ver post acima). O que não entendi até agora na reportagem do Jornal Nacional foi a total imperícia do perito Ricardo Molina, que, primeiro: declarou que a bolinha de papel atingiu a nuca (“região ínfero-posterior da cabeça”) de Serra, quando todos podem ver claramente que a bolinha atingiu o lado direito; segundo: exibiu (como amostra do segundo impacto) um rolo de fita adesiva tamanho grande, quando o vídeo mostra uma pequena fita adesiva. Por esse tipo de análise, o saco d’água contra Dilma seria uma tempestade tropical...

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Bolinhas que caem, estrelas que sobem


Serra, ontem, realmente ficou vendo estrelas. Não por causa da bolinha de papel que acertou sua cabeça, mas por causa das notícias negativas de sua campanha. O Ibope confirmou a ascensão de Dilma que o Vox Populi tinha apontado dois dias antes. A repercussão do apoio a Dilma de artistas e intelectuais continuou ressoando em sua cabeça. O seu movimento obscurantista junto a religiosos começou a abortar. A descoberta de que foi o seu “aliado”, Aécio Neves, quem estaria se beneficiando do “Dossiê Amaury” deu tratos à bola. E por último a revelação de que também Serra teria montado um dossiê contra Aécio foi uma verdadeira bola contra. Pior dos piores: com o reaparecimento de Lula, a campanha de Dilma começou a tomar rumo certo, e a reação positiva da população é visível a olho nu.
Ora, direis, ouvir bolinhas! Serra e a mídia certo perderam o senso. Jogaram a careca do tucano em um hospital, e por pouco ele não foi parar na U.T.I. Transformaram a briga idiota de militantes em “agressão petista”. E foram mais longe: atacaram a Polícia Federal que se recusou a transformar a guerra de dossiês entre tucanos em um dossiê petista. Definitivamente, Serra e seus (muy) amigos não andam bem da bola...


terça-feira, 19 de outubro de 2010

Artistas, intelectuais e Vox Populi mostram a diferença


A Campanha Dilma retoma o caminho natural da alegria, da campanha vitoriosa. Ontem, seu programa foi bem superior – sendo que a edição do debate da Rede TV! foi até melhor do que o próprio debate. Sua participação no Jornal Nacional foi ótimo – principalmente porque o casal apresentador preferiu deixar o vedetismo de lado. À noite, o encontro com artistas, intelectuais e lideranças políticas foi um sucesso. Oscar Niemeyer e Chico Buarque. Beth Carvalho e Alcione. Leonardo Boff e Sérgio Cabral. Antônio Pitanga e Alceu Valença. Jacques Wagner, Michel Temer, e por aí vai. Gilberto Gil, que saiu na frente no apoio, está em Nova York. Um sucesso absoluto. Para coroar esse momento de glória, saiu o último Vox Populi com 57% para Dilma contra 43% para Serra nos votos válidos, 14 pontos de vantagem. Dilma vence no Nordeste, no Sudeste, perde no Sul. Vence entre católicos praticantes e não praticantes, e está praticamente empatada entre evangélicos. Vence entre os pobres com o dobro das intenções de voto. A pesquisa, com 3.000 entrevistas (margem de erro de 1,79 ponto percentual), foi realizada entre os dias 15 e 17 – não captou debate, nem entrevista no Jornal Nacional nem o apoio do Teatro Casagrande. A campanha avança. Vamos continuar no ataque!

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Xô, Roliúdi!


Gostei do Lula ter considerado algumas peças do Horário Eleitoral muito “hollywoodianas”, como escreve a Folha. Não quero desmerecer João Santana e sua equipe – mas está na cara que alguém estava pisando na bola, e quem me acompanha já me viu criticando (e também elogiando) o Programa Eleitoral da Dilma. Hoje, na hora do almoço, deu para perceber como melhorou a edição petista do Debate da Rede TV!. Ficou mais dinâmico, mais didático, bem superior à edição feita pelo pessoal do Serra (que estava um tédio!), algo completamente diferente da edição do Debate da Band. Se continuarmos avançando assim, a “caravana rolidei” chega fácil ao ponto mais alto do podium.

Cesar Maia entrega os pontos: Dilma vai vencer

O Ex-Blog de Cesar Maia de hoje é um primor de dissimulação. Com o título de “Este Ex-Blog antecipa quem vai ganhar a eleição presidencial!”, Cesar Maia, em turnê pela Europa, tenta dizer que o PMDB estaria negociando apoio dos dois lados e que – qualquer que seja o vencedor – os peemedebistas é que sairiam ganhando. Cesar Maia sabe muito bem que o Governo Lula, com Dilma liderando, tem muito mais bala na agulha para qualquer negociação. E sabe também – tenho certeza disso – que ficou bem mais difícil derrotar Lula e Dilma, por isso já está tratando de arranjar desculpa. Se fosse o contrário, ele jamais escreveria isso.

Meu Deus, eleição não pode virar Guerra Santa!


Ok, mesmo os lunáticos têm direito a voz e voto aqui na Terrinha. Mas, vamos e venhamos, esse nível a que chegou a disputa eleitoral nos lança rumo ao obscurantismo medieval. Aborto ou não aborto? Homossexuais ou não-homossexuais? Católicos ou evangélicos? Evangélicos tradicionais ou pentecostais? Pentecostais ou neopentecostais? Estamos elegendo o Papa? O Pastor? O Rabino? O Aiatolá? O Dalai Lama?  O Absurdo impera. E o pior é que parece não ter jeito. Essa loucura promovida por Marina e os tucanos fincou o pé e não quer sair de cena. Milhões de brasileiros vão votar movidos por esse ódio, contra ou a favor. Só uma pessoa pode reduzir o impacto negativo dessa Santa Baixaria: Lula. Seu retorno à campanha está sendo muito bem-vindo. Não apenas para ajudar Dilma a vencer, mas também para salvar a alma do brasileiro.

sábado, 16 de outubro de 2010

O eleitor tiririca


Bem interessante o artigo de Fabio Gomes, sociólogo, do Instituto Informa, publicado hoje no Globo (“Raízes do voto em Tiririca”), tratando do distanciamento crescente entre a sociedade e a política. Revela sua perplexidade com o alto índice de não-votos (cerca de 24,5 milhões de abstenção mais cerca de 9,5 milhões de votos nulos ou em branco, na eleição para presidente). E trata ainda dos “não-votos” através de candidaturas como a de Tiririca (que está longe de ser a única). Fabio Gomes lamenta o desconhecimento cada vez maior do papel dos políticos e conclui que “sem a noção de representação e com a comunicação falha com os representantes, pior não fica”. Fabio só não fala (mas tenho certeza que pensa assim) que, sem uma reforma política profunda, não adianta ficar tiririca.

Raízes do voto em Tiririca
Fabio Gomes

Asociedade está distante da política. A frieza da relação do público com o processo eleitoral é sintomática de algumas evidências claras da cisão que se estabeleceu entre o público e o poder político. Dois aspectos fundamentais da democracia representativa estão ausentes na relação do meio político com a sociedade. Em primeiro lugar, há ausência do aspecto representativo na visão que os eleitores têm dos cargos legislativos. Os eleitores não percebem no Congresso e nas Assembleias Legislativas a essência representativa do interesse público. O segundo aspecto é a cisão que ocorre na comunicação dos eleitos com a sociedade: ausência do aspecto deliberativo, o diálogo dos representantes com os representados.
As ausências dos aspectos fundamentais produzem sintomas variados.
Cerca de 24 milhões de eleitores não compareceram às urnas, 18 em cada cem eleitores se abstiveram.
A ausência pode traduzir sentimentos variados. O eleitor se ausenta por não considerar seu voto um valor determinante para o processo democrático, uma vez que o impacto representativo de sua participação é irrisório. Assim, não participa esperando que os outros eleitores o façam.
O eleitor não comparece por não enxergar benefício direto em sua ação, uma vez que a possibilidade dos benefícios será alimentada pela participação dos demais. O eleitor pode se ausentar se outros compromissos forem priorizados, como viagens e férias.
Porém, o mais grave de uma ausência do eleitor é a não observância do dever cívico na ação de votar. Não percebendo os aspectos deliberativos e representativos, o eleitor não enxerga o seu papel social no arranjo democrático do processo eleitoral.
A cisão entre representantes e representados produz um campo de total desconhecimento do público sobre as funções de deputados e senadores.
Não conhecendo a função do cargo disputado, como o eleitor pode estabelecer critérios para escolha? O percentual dos votos não válidos traduz essa dissonância quando comparados entre os cargos. Na média nacional, o percentual de votos em branco e nulos para deputado estadual e distrital foi de 11,4%; para deputado federal, chegou a 12,2% — os votos nulos para deputados contemplam ainda os candidatos impugnados.
Para governador, o índice foi de 12,4%. Já para senador, função sobre a qual as p e s q u i s a s m o s t r a m maior desconhecimento dos eleitores, o índice de votos não válidos no Brasil foi de 23,8% — deve ser considerado aqui também o desconhecimento sobre a escolha de dois candidatos, que pode ter afetado os índices. Para presidente, o índice foi menor, 8,7% de votos não válidos.
Na disputa presidencial, os debates são mais claros, a dramaticidade da escolha mais presente, enfim, o conhecimento do eleitor sobre as razões do voto é mais elaborado por intermédio de informações mais sólidas que envolvem o cargo disputado.
A compreensão do sistema democrático como um arranjo de comportamentos, que envolve a percepção do público e as intervenções políticas, lança luz à relação fria do eleitorado com o processo eleitoral. A si-tuação é preocupante. Não é raro observar um comportamento com indiferença dos eleitores quando se deparam com escândalos de corrupção envolvendo políticos. A pauta negativa da política e a ausência de comunicação positiva transformam o comportamento do cidadão em apatia no que se refere ao mundo político. O eleitor brasileiro entende a política como um espaço de convivência em que a corrupção é cotidianamente praticada sem pudor. Diante de um novo escândalo, a tendência do eleitor é dizer: “Política é assim mesmo.” Nesta eleição, chamou muito a atenção a votação expressiva do palhaço Tiririca, eleito deputado federal por São Paulo. Como se outros Tiriricas não tivessem já sido eleitos. O contingente eleitoral deu relevo ao caso.
Como se um Tiririca com 1,3 milhão de votos fosse mais grave do que 25 Tiriricas com 50 mil votos. Os críticos culpam os eleitores. Mas a culpa é dos políticos que não mostram seu valor. Que não se mostram como elementos cruciais da democracia. A culpa é da cisão comunicativa, da ausência da consciência de representatividade.
A lamentável eleição de Tiririca não foi fruto de um embuste eleitoral.
O candidato tocou na ferida dos políticos ao conquistar votos com um discurso que contorna o que representam os políticos no imaginário popular.
Mensagens do tipo “pior do que está não fica” traduzem a cisão entre eleitos e representados, dramatizada pela pauta negativa dos políticos.
Uma vez não enxergada a solução para o cenário que se estabeleceu, parte dos eleitores busca o voto-protesto, sem dimensionar as consequências de uma escolha mal feita. Afinal, sem a noção de representação e com a comunicação falha com os representantes, pior não fica.

Ôô, o candidato voltô, ôô


Quero colocar o seguinte: considero Dilma, longe, a melhor preparada para a Presidência, capaz de fazer um governo infinitamente superior ao de qualquer tucano. Também não podemos compará-la com os postes Fleury, Pitta ou Conde. Mas ninguém pode negar que eleitoralmente sua experiência era um zero à esquerda. E em eleição o que vale é a percepção. Então, pergunto, por que lançá-la no meio dos lobos, sem pai nem mãe? Por que tirar Lula de cena na hora decisiva? Dilma poderá ser igual ou melhor do que Lula nos próximos 8 anos – mas antes tem que vencer. Sempre falei aqui que o candidato desta eleição seria o Lula. Por mim bastava dizer “Para Presidente, Lula é 13”, e pronto. Em janeiro, quando a “Concertación” foi derrotada no Chile, apesar da gigantesca aprovação do governo de sua líder, também falei aqui (“Comparar a eleição chilena com a brasileira é comparar não sei o que com sei lá o quê”): “Bachelet, nessa eleição, praticamente não foi candidata, no sentido de se empenhar de corpo e alma pela eleição de Frei (ela própria preferia preservar sua imagem...), enquanto Lula é praticamente o candidato a um terceiro mandato, empenhando-se de corpo, alma, Bolsa Família, PAC, 2016, tapinhas nas costas e isopor na cabeça na vitória de Dilma. (...) Bachelet não puxou para ela essa responsabilidade. Mas Lula já sabe há tempos que tudo depende dele”. Repito: por que tiraram Lula de cena? Talvez por excesso de confiança. Talvez por uma espécie de bom-mocismo, que fez toda a campanha petista cair no conto do vigário tucano. “A oposição disse que Dilma é marionete de Lula? Então vamos provar que ela não é: tira o Lula da campanha”, deve ter raciocinado alguma cabeça brilhante. Caíram no jogo da oposição, não pensaram no eleitor, que sempre quis “Lula de novo, com a força do povo”. Quando acusariam Lula de ser a favor do aborto? Ou que é a favor do casamento homossexual? Nunca. Ou melhor, poderiam acusar à vontade, que não teria a menor importância, o obscurantismo jamais teria solo fértil para voltar a crescer, como aconteceu agora, sem Lula presente. Felizmente, o segundo turno e o argumento das pesquisas fizeram as cabeças brilhantes voltarem atrás. Lula está de volta. Vamos pro ataque.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Antes da Operação Resgate, Piñera já era bem avaliado – agora vai ser içado a mais de 100%..


A Consulta Mitofsky (México) do mês passado, avaliando os governantes das Américas, já mostrava o Presidente Chileno, Sebastián Piñera, com avaliação razoavelmente boa. Agora, como o sucesso da operação resgate (mais espetacular do que “A Montanha dos 7 Abutres”, 1951, filme de Billy Wilder, com Kirk Douglas), sua popularidade deve ficar mais alta do que o vizinho Aconcágua. Vejam a mais recente pesquisa do Consulta Mitofsky, onde quem lidera, óbvio, é Lula.
(clique para ampliar)

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Gilberto Gil votou em Marina no primeiro turno mas agora é Dilma

O Marcelo Branco e o Juan Pessoa, das redes sociais da Dilma, agendaram com Gilberto Gil (que estava de partida para New York) uma gravação de apoio a Dilma e me chamaram para ir junto. Aproveitei para fazer essa gravação pirata com minha CyberShot.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

É na abstenção involuntária que mora o perigo


Quando um instituto faz uma pesquisa de opinião eleitoral ele mede o voto nominal, o voto em branco, o voto nulo, o voto em nenhum candidato e o voto indefinido. Embora não faça parte do questionário, a maior parte da abstenção voluntária encontra-se embutida nessa classificação, representada principalmente pelo voto nulo e o voto em branco. Ou seja, muitos eleitores dizem que vão anular, ou votar em branco ou votar em ninguém e já estão decididos a não comparecer no dia da eleição. O que os institutos não conseguem captar é a abstenção involuntária – aquele eleitor que pretendia votar e não conseguiu por falta de documentos, por falta de transporte, por causa do mau tempo, etc.
De um modo geral, podemos dizer que os votos nominais (mais os votos na legenda) compõem o voto válido, enquanto que os outros (mais as abstenções) compõem o não-voto.
Nesse primeiro turno, acredito que a abstenção involuntária tenha crescido muito por causa da exigência de documento com fotografia. Tem lugar que, garanto, muita gente nem sabe o que é isso (exatamente nas áreas mais carentes). E isso causou uma diferença muito grande entre o não-voto das pesquisas e o não-voto da eleição. Reduzir essa abstenção involuntária tem que ser uma das principais preocupações da Campanha Dilma. Com relação ao voto fundamentalista que foi para Marina, deve-se conquistar o máximo possível e torcer para que o resto seja nulo. Conquista de apoios importantes e um bom Programa Eleitoral (que melhorou muito ontem) completam a receita da vitória.
Veja a comparação entre o não-voto do primeiro turno e o não-voto da pesquisa Datafolha do último fim de semana. Clique nos gráficos para ampliar.



segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Dilma ganhou o debate, mas perdeu a versão do debate no Horário Eleitoral


Inacreditável o que a campanha da Dilma conseguiu fazer com a versão do Debate da Band. Perdeu feio para a versão feita pela campanha do Serra. Algumas comparações:
Serra: apresentadora bem água com açúcar, em clima ameno, cor de rosa, falando manso.
Dilma: três apresentadores, jovens, classe média, em plano mais fechado, fundo depressivo, alternando as falas, agitados.
Serra: títulos que separam os temas dos debates usados como peças de propaganda. Por exemplo: “Contra as privatizações do PT”.
Dilma: títulos que separam os temas dos debates usados burocraticamente, como índices de fichários. Por exemplo: “Privatizações”.
Serra: cenas do Debate alternadas com reportagens dentro do tema.
Dilma: cenas do Debate sem interrupções, áridas, dando mais duração àquele fundo horroroso.
Versão Serra: Debate leve e eficiente.
Versão Dilma: Debate pesado, negativo.
Não valeu a pena o superesforço da campanha Dilma para apresentar a versão do Debate no Horário da tarde, porque perdeu na disputa de versões. A campanha Serra teve mais tempo, inclusive para mudanças de última hora depois de assistir à versão de Dilma.
Um desastre. Por favor, ponham o Lula de volta, dialogando com Dilma, em um programa mais emocionante, mais verdadeiro, mais motivador. Vocês sabem fazer isso.

Bater ou não bater, eis a questão


Já citei várias vezes minha regra de ouro, “quem está na frente não olha pra trás”. E é assim mesmo que deve ser em disputa eleitoral. Olhar pra frente, avançar, insistir nas propostas vencedoras, mostrar clima de vitória, sem precisar perder tempo em tentar atingir quem está atrás. Mas, atenção, “não olhar pra trás” não significa parar para descansar e calçar sapato alto. Isso o eleitor não perdoa. Como também não perdoa aquele líder que, evitando bater em quem está perdendo, demonstre medo, fraqueza, despreparo. E era isso que estava acontecendo na campanha Dilma. Um marasmo completo, por puro medo. Serra avançava facilmente, parecia até vitorioso.  No debate de ontem, na Band, Dilma recolocou os pingos nos ii. Partiu pro ataque, demonstrou que não tem rabo preso nem teme a baixaria dos boatos, pegou o adversário de caça arriada. O eleitor precisava sentir isso. E a militância mais ainda. Estava todo mundo acuado, com medo não sei de quê. Com o debate, o militante ganhou novo ânimo, motivação para ir à luta. Partir para o ataque foi decisivo para vencer o segundo turno.  A Oposição nitidamente sentiu o golpe. Serra e Guerra (êê, duplinha!), reconhecendo a surpresa, apressaram-se em rotular Dilma de “agressiva”, como sendo algo negativo. A Folha publica que também o coordenador de comunicação da campanha de Serra, Luiz Gonzalez, teria dito que “Dilma fez um debate para a militância, não para o eleitorado” e teria se sentido“surpreso pela estratégia de Dilma, mas apostou que isso provocará queda, a exemplo do que aconteceu com Alckmin em 2006”. Mas essa situação é bem diferente. Alckmin, em 2006, partiu para o ataque na base do desespero, contra um Lula que liderava com tranquilidade. Agora, bem ao contrário, Dilma não está no desespero. Lidera a disputa e apenas reage às baixarias da Oposição e ao marasmo de sua campanha. Falou para o militante e também para o eleitor. Ponto pra Dilma.
Aproveito ainda para me opor a essa história de que é preciso tirar Lula de cena para mostrar que a candidata tem voo próprio. Claro que não se deve saturar a campanha com Lula. Mas ele é a principal referência do país, um ícone importantíssimo que não pode ser largado sem mais nem menos. É claro que devemos mostrar o que temos de melhor, e é possível fazer isso sem anular a personalidade e a performance de Dilma. Chega de ver chifre em cabeça de cavalo.

domingo, 10 de outubro de 2010

Serra não conquistou um único voto de Marina


Excelente esse resultado Datafolha. Ajuda a perceber os fluxos dos votos dos não eleitos. Simplificando, claro, sem uma análise mais profunda, podemos dizer que da eleição pra cá Dilma basicamente manteve seus votos vitoriosos e herdou 1% da esquerda. Enquanto Serra "herdou" os votos (8%) que já eram seus e que estavam passando uma temporada entre os verdes. Os votos de Marina, a rigor, estão estacionados, à espera de sua definição ou de que acenda uma luz de esperança em uma ou outra das campanhas do segundo turno. Seu eleitor jovem, de classe média, ideologizado por questões ambientais, tenderá a votar em Dilma ou a anular o voto. Mas é minoria. A maioria do seu voto é de perfil popular pentecostal/neopentecostal ou classe média católica medieval. Em ambos os casos, a “luz” do segundo turno será percebida através dos respectivos pastores. Serão eles que indicarão que “essa mulher é uma das nossas, foi terrivelmente caluniada pelos tucanos, mas agora merece nosso voto para nos ajudar a seguir rumo à terra prometida”. Ou: “Esse homem nos ajudou a ver o caminho a tomar e merece nosso voto”. Ou, quem sabe, dirão: “São ambos filhos do demônio e devem seguir sozinhos rumo ao inferno”. São esses os “votos de Marina”, que ainda não tomaram rumo, mas mais provavelmente seguirão em massa para Dilma.

Ontem, o programa da Dilma melhorou, o do Serra caiu um pouco


Ontem o Programa da Dilma acrescentou um ingrediente muito bom, o bate papo com Lula, que deu muito certo na propaganda partidária do PT e que estranhamente ainda não tinha sido explorado. Pena que colocaram um fundo negro, depressivo. Ainda assim, valeu. O depoimento de Sérgio Cabral, Governador reeleito do Rio de Janeiro, foi excelente, grande apoio. A comparação entre os dois brasis também continua bom. Já teve um pouquinho mais de gente e alegria.
O Programa do Serra pecou na maldade. No primeiro Programa, a maldade do aborto foi bem feita, inteligente. Ontem, aquela mulher falando do “caso Erenice” ficou horrível.
Diria que houve alguma vantagem de Dilma no Horário Eleitoral, mas ela continuou perdendo no Horário Global. A Campanha Dilma continua atrapalhada na Agenda. Novamente a cobertura do Jornal Nacional mostrou uma agenda vitoriosa para Serra, enquanto a de Dilma, melhor do que a de sexta, mostrou a candidata seguindo para um local fechado sem acesso à imprensa!!! Meu filho de 15 anos perguntou como eu adivinhei o que aconteceria na reportagem. Não precisa de nenhum truque na manga. Basta conhecer um pouco a Globo e perceber que a campanha petista ainda não conseguiu organizar-se para o segundo turno. Mas sei também que isso não vai ficar assim, a campanha da Dilma tem tudo para ganhar impulso. Serra já deu o que tinha que dar, enquanto Dilma ainda tem muito para mostrar. É só não errar, que a vitória é certa.

sábado, 9 de outubro de 2010

O Programa Eleitoral está me tirando do sério


Felizmente, pelo que soube, a Dilma está na frente e a campanha não se resume ao Horário Eleitoral. Mas é preciso que se diga: o Programa da Dilma está horrível. Fiquei indignado com o que vi ontem. É verdade que a entrada de apoios como os de alguns governadores e senadores eleitos, todos de grande peso político, foi muito bom. Mas isso o Serra também fez, embora sem o mesmo peso (exceto o Aécio). Uma coisinha aqui, outra ali, a boa fala do Lula (ainda do primeiro turno), coisas que se salvam. Mas falta gente, falta povo na rua, falta alegria, falta o clima de vitória. Parece até que foi o Serra que ganhou, que ele é que é o candidato de Lula. O Programa dele está bem melhor, não apenas pelo clima alegre e vitorioso, mas também pelas maldades bem feitas.
Somando-se a esse grave erro no Programa, a Campanha Dilma parece que não se preparou para a cobertura do Jornal Nacional de ontem. Enquanto Serra foi para uma carreata comemorativa em Vitória da Conquista, Dilma aparece caminhando com meia dúzia de três pessoas, cabeça baixa, nem lembro onde.
Positivas de verdade que tivemos nesse segundo turno, foram a mobilização de lideranças religiosas com antídotos contra a baixaria do aborto espalhada viroticamente pela Oposição e a reação de Marina ao fisiologismo do PV.
A Campanha Dilma é vitoriosa e conta com muita gente boa trabalhando nela. É só não complicar que fica fácil ganhar.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

O poder da Bíblia mora no Rio


Outro dia ouvi um amigo falar que o apoio evangélico no segundo turno passa pelo Rio. Não deixa de fazer sentido. Apesar de o Rio ter o principal símbolo católico do país (a imagem do Cristo, no morro do Corcovado), de disputar com a Bahia a liderança entre os cultos afros e de obviamente ser em São Paulo que se encontra a maior população evangélica, é no Rio que estão suas lideranças mais significativas – principalmente nas denominações pentecostais e neopentecostais, com maior inserção popular. Vejamos alguns desses nomes.
Marcello Crivella, que acaba de ser reeleito Senador (PRB) com apoio de Lula, é Bispo (ou ex) da Igreja Universal, neopentecostal, terceira ou quarta denominação evangélica do país, a que tem militância mais aguerrida e que é proprietária da Rede Record. É sobrinho de Edir Macedo e apoiou Dilma.
Missionário R.R. Soares,  cunhado de Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus, fundou a Igreja Internacional da Graça de Deus (que hoje conta com mais de 2.000 templos) e é um dos maiores pastores eletrônicos do país.
Pastor (Bispo, na Rússia) Manoel Ferreira, líder da CONAMAD (Convenção Nacional de Madureira), um dos maiores segmentos da Assembleia de Deus, pentecostal, a maior de todas as denominações. Ex-Deputado Federal, teria sido o autor da frase “Deus seja louvado” presente em todas as cédulas do dinheiro brasileiro. Já foi aliado de Serra e de Garotinho, apoiou Dilma no primeiro turno.
Pastor Silas Malafaia, um dos líderes da CGADB (Convenção Geral das Assembleias de Deus, um racha da CONAMAD), Presidente da Assembleia de Deus Vitória em Cristo (antiga Assembleia de Deus da Penha), é um dos principais pastores televisivos, parece que é psicólogo. Elegeu seu irmão, Samuel, como o terceiro Deputado Estadual mais votado do Rio de Janeiro, pelo PR, partido de Garotinho. Foi aliado de Serra.
Pastor Everaldo Pereira, muito próximo de Silas, também dissidente da CONAMAD, é um manda-chuva do PSC. Assessorou a então Senadora Benedita da Silva e então Governador Anthony Garotinho. Acaba de reeleger seu filho Filipe Pereira com quase 100 mil votos para Deputado Federal. Apoiou Dilma.
Francisco Silva foi empresário do setor farmacêutico, lançou o Atalaia Jurubeba, remédio pro fígado que se notabilizou por comercial com mesa de refeição gigantesca. É dono da Rádio Melodia, uma das mais populares do estado (notadamente evangélica), ex-Deputado Federal. Foi importantíssimo tanto na eleição como no Governo de Garotinho – que tinha programa cativo na Rádio Melodia.
Garotinho, ex-Governador, campeão de votos (700.000) do Rio de Janeiro para Deputado Federal, evangélico desde 94 (se não me engano), quando teve uma acidente revelador. Foi originalmente discípulo do Pastor Caio Fábio – presbiteriano famoso, que foi presidente da AEVB-Associação Evangélica Brasileira e hoje está no ostracismo. Garotinho tem imensa influência no meio evangélico, graças à sua grande capacidade de comunicação. Apoiou Dilma.
Eduardo Cunha acaba de ser reeleito Deputado Federal pelo PMDB com cerca de 150 mil votos. É um dos parlamentares mais influentes e ativos. Muito ligado a Francisco Silva (com quem estava, quando houve um atentado a bala) e Everaldo Pereira. Apoiou Dilma.
Arolde de Oliveira, reeleito Deputado Federal pelo DEM de Cesar Maia, foi (ou ainda é) da antiga Rádio El Shaday.
Benedita da Silva, ex-Deputada Federal (Constituinte), ex-Senadora, ex-Governadora, ex-Ministra e ex-Secretária de Estado, acaba de ser eleita Deputada Federal pelo PT (foi uma das fundadoras), depois de 8 anos sem disputar eleição. Famosa no passado com o slogan de “negra, mulher e favelada”, tornou-se também evangélica. Apoio incondicional a Dilma.

No pasarán!


Os Cavaleiros do Atraso colocaram as Trevas em pauta. Aborto ou não aborto. Homossexualismo ou não homossexualismo. Moralismo ou não moralismo. Tentam iludir, procuram tirar proveito da boa-fé do nosso povo. Querem a qualquer custo retomar o poder para levar o Brasil de volta aos períodos pré-Lula, com altíssima desigualdade social, injustiça, desemprego, baixa renda, subserviência internacional, portas escancaradas para privatizações e todo o fundamentalismo neoliberal.
Não podemos cair nessa armadilha. Nossa pauta é de um novo Brasil, com milhões de novos empregos, milhões saindo da pobreza, milhões transformados em classe média, avanço social e econômico. Nosso país ganhou respeito, é referência internacional, está a caminho de transformar-se na quinta economia mundial. Vamos enfrentar os profetas da escuridão com a alegria dessa nova sociedade. Povo na rua. Disposição para vencer. Eles querem de volta o Apocalipse, querem abortar nossas conquistas - mas no abortarán!

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Documento com foto aumentou a abstenção?


É provável que a exigência de documento com foto tenha sido a principal causa de abstenção maior nesta eleição, mas é difícil comprovar. Em 2006, o percentual de Abstenção (Votantes/Eleitorado) foi de 16,75%. Este ano foi de 18,12%. Uma diferença de 1,37%, e se o índice de 2006 fosse aplicado ao eleitorado de 2010 teríamos quase 2 milhões de Votantes a mais. É importante observar que este ano o voto Branco aumentou apenas 0,395% e o Nulo chegou a cair 0,176%. Com isso, praticamente não houve variação no Voto Válido, que caiu apenas 0,219%. Veja a evolução do Voto Não-Válido (Branco + Nulo) nas últimas eleições. Quem sabe, a maior participação do eleitor com perfil popular tem tornado o voto mais consciente.


segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Quase abortaram a esperança

Vamos deixar bem claro: Marina teve os votos que teve pela combinação do “fundamentalismo” evangélico com parte da classe média conservadora, anti-Lula, mas que andava decepcionada com Serra. Em certa banda evangélica, as ações submarinas foram profundas e eficazes – “Dilma mata criancinhas”, “Dilma é gay, defende casamento homossexual”, e outras barbaridades de que ouvi falar. Essa foi a baixaria que deu certo, porque contaminou boa parte do povão. O tucanato imediatamente largou de mão as bobagens “marqueteiras” baseadas na “Receita” e na “Erenice” para investir nessa vertente. Isso também serviu de suporte para a classe média envergonhada, que viu uma oportunidade para pôr a cara de fora e ter algum ganho com isso. Nesse sentido, o discurso "desincha vida" de Marina teve grande valor como alternativa ao clima de baixarias imposto pelos tucanos. Questões de ordem ambiental ou social passaram ao largo. Os verdes conseguiram dar sobrevida ao tucanato paulista e obviamente vão cobrar caro pelo apoio do segundo turno – embora eu ache que, independente do apoio formal verde, Dilma vencerá fácil no segundo turno. Por mais que a cúpula do PV pense o contrário, o verde-esperança é mais forte do que o verde-tucano.

domingo, 3 de outubro de 2010

Bye-bye ex-Brasil

O dia de hoje, 3 de outubro de 2010, marca a confirmação de um novo Brasil. Um povo fortalecido, mais feliz, mais igual, mais altivo - sem resquícios dos tempos tenebrosos da ditadura nem as ameaças de retrocesso do tucanato de centrodireita. Lula sai, mas soube passar a senha de um Brasil melhor. Como diz Chico Buarque, "Com a bênção de Nosso Senhor // O sol nunca mais vai se pôr".


3 de outubro


sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Vai subir


(Clique na imagem para ampliar)

As pesquisas mostraram o mês de setembro inteiro sem turbulência. Praticamente nada mudou e isso pode ser constatado pelo tracking diário Vox/Ig/Band. Dilma veio de 51% para 49%; Serra, de 25% para 26%; Marina, de 8% para 12%; brancos ou nulos, permaneceram em 4%; e indecisos, de 11% para 8%. Nessa onda, não dá pra pegar jacaré – apenas mantém a vitória de Dilma no primeiro turno.
Mas desde ontem, principalmente após o debate, Dilma deve subir nos índices, Marina talvez e Serra deve cair. O tracking de hoje não deve pegar essa alteração, mas o de amanhã dará algum sinal. Todas as pesquisas de sábado devem comprovar isso.

Serra cristalizou

O debate de ontem foi um retrato falado das pesquisas. Tivemos um tucano cristalizado na sua perplexidade. Sem fala, sem argumento, sem capacidade de reação. Marina congelou na sua própria marola verde, não conseguiu ganhar altura. Poderia dizer que Plínio parou no tempo, mas não seria justo com uma pessoa com todo aquele vigor, apesar dos oitenta anos. Dilma também ficou imóvel, mas foi estratégico. Fazer marola só serviria aos adversários. Apesar da paralisia geral do debate, quem mais perdeu foi Serra, derrotado por antecipação, sem direito a segundo turno. Um tucano sem condições de voar.