quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Pão de Açúcar: visão bem pessoal...



Enquanto os fogos não chegam...
Feliz Ano Novo

Benedita diz que será uma guerreira no Senado


Recebi mensagem de Benedita da Silva, Secretária de Estado do Rio de Janeiro e pré-candidata ao Senado pelo PT:

Gadelha, conto com o seu Blog para transmitir mensagem para os seus leitores.
Ultimamente, meu nome tem sido muito citado, que eu estaria em forte disputa com o Prefeito Lindberg Farias pela indicação para a pré-candidatura ao Senado Federal, saiu até que estou uma "fera". Não entendo porque dizem isso. Todo mundo sabe, e já dei até entrevista para você, que serei candidata ao Senado, unicamente ao Senado. E que o Prefeito Lindberg, que ainda tem 3 anos de mandato pela frente, até onde sei, pretendia se candidatar ao governo do estado.
Pretendo ser indicada pelo PT candidata ao Senado porque tenho história coerente e vitoriosa dentro do partido. Também porque acredito ter o nome que mais claramente traduz a política social implantada pelo governo petista de Lula. As camadas populares desse estado sempre estiveram comigo, reconhecendo minha luta pela inclusão social. Com isso, poderemos dar maior contribuição à eleição de Dilma em 2010. Por fim, porque todas as pesquisas que vi publicadas colocam que o meu nome dentro do PT é o único que tem grandes condições de conquista de uma das vagas no Senado. Acho que o partido marchará unido com o meu nome. E o povo sofrido do Rio de Janeiro contará com uma guerreira no Senado.
Obrigada por seu carinho, por sua atenção, Feliz Ano Novo, para você, sua família e todo o seu público. E mais uma vez, parabéns pelo seu Blog.
Benedita da Silva

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Ciro Gomes e a eleição plebiscitária


Sinto que há certa confusão a respeito do significado exato de eleição plebiscitária, o que tem gerado grandes dúvidas sobre a entrada de Ciro Gomes no páreo, se isso significa ou não o fim da proposta plebiscitária de Lula. Eleição plebiscitária é uma eleição binária, tipo 1-0. Não se coloca em disputa uma ou outra proposta, um ou outro candidato. O que se faz é dizer “sim” ou “não” a determinada proposta. E o que se está encaminhando em 2010 é exatamente isso, dizer “sim” ou “não” ao Governo Lula. Desse modo, não importa ter um, dois ou mais candidatos, desde que eles representem “sim” ou “não”. Dentro do principal cenário que se apresenta no momento, Dilma e Ciro representam “sim”, Serra representa “não” e Marina representa “nulo” ou “branco” – com ligeira vantagem para o “não” no primeiro turno e ligeira vantagem para o “sim” em hipotético segundo turno. Aliás, é exatamente no hipotético segundo turno que reside o enigma Ciro.
Como vota o “nordeste paulista” no segundo turno? Com base na última pesquisa Datafolha (clique na imagem para ampliar), a participação de Ciro traz claramente a transferência de votos do “não” para o “sim” no primeiro turno. Mas isso pode significar direção naturalmente inversa no segundo turno, principalmente em estados-chave, como São Paulo. Pode ser que o eleitor nordestino – que mora em São Paulo e vota “sim” por causa da “conterraneidade” de Ciro – prefira votar “não” no segundo turno por causa, digamos, da "proximidade" de Serra. Assim, na hipótese de, no primeiro turno, Dilma ficar em primeiro lugar com pequena vantagem sobre o segundo (Serra), os votos do terceiro colocado (Ciro), no segundo turno, serão cruciais. Há claramente uma espécie de voto “nordestino paulista” que passa ao largo do voto de “sim” ou “não” ao Governo Lula. A prova disso vê-se em um cenário onde Ciro disputa com Aécio o segundo turno: o tucano Serra transfere mais votos para Ciro do que para o tucano Aécio. Pode ser, por outro lado, que a votação de Ciro seja decisiva para que o “sim” vença sem precisar de segundo turno. É claro que os índices das pesquisas ainda terão grande variação nos primeiros meses de 2010. Mas, pelo sim, pelo não, é importante estudar com muito carinho o vaivém do Voto Ciro.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

A mágica de Cesar Maia


Cesar Maia defende hoje no seu Ex-Blog a tese de que é natural que os candidatos ao governo do estado que estão ocupando o cargo e os que já ocuparam tenham maiores índices de intenção de voto nas pesquisas feitas agora, porque seus nomes estão mais fortes na memória dos eleitores. Mais importantes, portanto, seriam os índices dos outros candidatos, que mostrariam as intenções de não votar nos velhos nomes. Faz sentido. Mas ele faz mágica na hora de exemplificar o Rio de Janeiro. Primeiro, citando o Datafolha, coloca um cenário onde a soma de Sérgio Cabral e Garotinho seria 58% - quando, na verdade, o Datafolha apresenta 4 cenários com as somas dos dois em 59%, 61%, 62% e, no cenário mais provável, 63%. Subtrai o índice (58%) de 85% (mais ou menos o índice correspondente ao número de votantes nas últimas eleições) e conclui que 27% dos eleitores irão procurar alternativas, ou seja, outros nomes para votar (será o dele?). Não considerou que, nas últimas eleições, entre 6% e 9% dos eleitores votaram Nulo ou Em Branco (aqueles que não querem alternativa alguma). Considerando a média de 7,5% de votantes que não querem nenhum candidato, teremos apenas 19,5% (mantendo o cenário de Cesar Maia) de eleitores em busca de “alternativas”. Se consideramos o cenário mais provável (Sérgio 39%, Garotinho 24%), esse índice cai para 14,5% – pouco mais da metade do que apresentou Cesar Maia. Aliás, nesse cenário, Cesar Maia era o terceiro nome e teve apenas 13% das intenções de voto. Sem mágica.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Datafolha aponta vitória de Sérgio Cabral no primeiro turno

A Pesquisa Datafolha divulgada hoje mostra o que mais ou menos eu tenho dito aqui no Blog: Sérgio Cabral (PMDB) poderá vencer no primeiro turno, por falta de oposição forte. A pesquisa tem cenários com Gabeira (PV) e com Lindberg (PT), mas deixei de lado, porque os dois não devem ser candidatos (além disso, pouco alterariam no final). Considerando o cenário com Sérgio Cabral, Garotinho e Cesar Maia, os votos válidos do atual governador seriam mais que 50%. Veja os gráficos:






Pesquisa Datafolha: sai da frente, Serra!



Talvez o candidato tucano José Serra não tenha sofrido grande impacto com a desistência de Aécio - afinal ele já vinha se preparando para isso há algum tempo. Mas essa última pesquisa Datafolha certamente mexeu com seus nervos. Mesmo sabendo que os cenários são um pouquinho diferentes, podemos observar que, desde novembro do ano passado, a curva de intenções de voto em Dilma é a única que se destaca por sua ascensão permanente e consistente. Serra congela na frente, os outros candidatos congelam embaixo e Dilma sobe sem parar, apontando para uma eleição plebiscitária. Esse era o pior presente de Natal que a Oposição poderia desejar.


Homenagem ao comunista alvinegro


João Saldanha, que era ao mesmo tempo "vermelho" (Partido Comunista) e "alvinegro" (Botafogo), vai ganhar estátua no Maracanã (inauguração hoje à tarde), homenagem mais do que justa a esse ídolo do futebol. O curioso é que, tirando o Vice Governador Pezão e a Secretária de Estado Benedita da Silva, que são botafoguenses como ele, Saldanha vai estar cercado de vascaínos por todos os lados: Sérgio Cabral (Governador do Estado, que está prestando a homenagem), Lula (Presidente da República, que vem prestigiar o evento) e André Siqueira (que idealizou a homenagem e escreveu a biografia de Saldanha). Aliás, dizem as más línguas que André está tão excitado e concentrado na história que essa noite dormiu de chuteiras... (Na foto acima, Ique (autor da cariscultura), João e André Siqueira)

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Cop 15: o dia em que Obama amarelou

A política interna americana conseguiu o que o mundo inteiro esperava que nunca acontecesse: amedrontar Barack Obama. A sua participação no COP 15 foi pífia, sem brilho, típica de quem está de mãos atadas. Ao contrário de Sarkozy e Lula, que se movimentaram com desenvoltura e ousadia. Principalmente Lula, que ganhou respeito até do Sistema Globo. Hoje, para frustração geral do planeta Terra, Obama disse "No, we can't". Lula disse: "Nós temos que poder". Veja trecho do discurso de Lula e debates do canal Globonews.








quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Ex-Blog de Cesar Maia dá bem a medida do desespero da Oposição

Não vou nem comentar. Vou apenas reproduzir.
ESTADO DO RIO E ESTADO DE MINAS = EQUAÇÃO ELEITORAL PRESIDENCIAL DE 2010!
            
1. Minas Gerais tem 10,8 % do eleitorado nacional. Estado do Rio tem 8,6%. Somados 19,4%.
2. Em 2006, no primeiro turno, Lula obteve 46,662 milhões de votos. Alckmin, 39,968 milhões. A diferença foi de 6,694 milhões. No Estado do Rio, Lula teve 4,092 milhões e Alckmin 2,402 milhões. A diferença foi de 1,69 milhões de votos. Em Minas Gerais, Lula teve 5,192 milhões de votos e Alckmin 4,151 milhões de votos.  A diferença foi de 1,041 milhões de votos. O RJ, com eleitorado menor, deu uma diferença maior que MG a favor de Lula.
3. As diferenças somadas no RJ+MG foram de 2,631 milhões de votos. Essa diferença alcançou 39,3% da diferença nacional, para 19,4% do eleitorado desses Estados. A soma dos votos de Alckmin no RJ e MG atingiu 16,6% de seu total de votos nacionais, abaixo da média da soma do eleitorado dos dois estados.    
4. No segundo turno, manteve-se a tendência. Nacionalmente, Lula teve 58,295 milhões de votos e Alckmin 37,543 milhões. A diferença foi de 20,752 milhões de votos. No Estado do Rio Lula teve 5,532 milhões de votos e Alckmin 2,406 milhões. Uma diferença de 3,126 milhões de votos. Em Minas Gerais Lula teve 6,808 milhões de votos e Alckmin 3,635 milhões. Uma diferença de 3,173 milhões de votos.          
5. As diferenças somadas no RJ+MG foram de 6,299 milhões de votos. Essa diferença alcançou 30,3% da diferença nacional, para 19,4% do eleitorado. Os votos de Alckmin no RJ+MG alcançaram 16,1% dos votos nacionais de Alckmin, abaixo dos 19,4% que representam.           
6. As situações pré-eleitorais -presidenciais- nestes dois Estados são as mais atrasadas de todas. Por um lado, Aécio ainda não pode se concentrar em MG até que a decisão do candidato do PSDB seja finalmente tomada. Se não for ele o candidato, terá uma eleição tranquila para o Senado, mas terá que construir de muito baixo a candidatura de seu vice-governador e só aí iniciará a colagem deste com Serra.        
7. No RJ, a candidatura de Marina desmanchou os acordos pré-feitos. E daí para cá nada se avançou. No primeiro turno de 2006 a diferença no RJ pró-Lula foi 62,3% maior que em MG. Nem nome ainda se tem.

Merval Pereira fala da trajetória Lula

Merval Pereira, todos sabem, é um colunista político global com posições quase sempre excessivamente tucanas. Mas demonstra seriedade no que faz. Hoje sua coluna no Globo tem momentos bem interessantes ao falar da ascensão de Lula pela esquerda latinoamericana.

Disputa pela esquerda
Merval Pereira

O Lula hoje entrando no seu último ano de mandato estendido é um político em permanente ascensão popular, com uma votação que vai mudando territorialmente ao longo do tempo, até se transformar no principal líder da esquerda brasileira. Lula teve 17% da votação em 1989, 27% em 1994, e 32% em 1998, o que os especialistas chamam de “crescimento endógeno”, agregando os votos da esquerda: os 17% de Lula com os 16% de Brizola, em 1989, somam 33%; em 1994, os 27% do Lula com os 3% do Brizola chegam a 30%; e Brizola e Lula juntos em 1998 recebem 32% dos votos.
Mas essa liderança no espectro político de esquerda tem um contra pontono PSDB, a expressão de uma esquerda social-democrata que o derrotou duas vezes no primeiro turno graças à capacidade de Fernando Henrique Cardoso de ampliar sua coalizão partidária para a centro-direita.
O Lula que saiu, portanto, de 17% da votação no primeiro turno em 1989 para 48,5% no primeiro turno da eleição de 2006, e repetiu a mesma votação expressiva do segundo turno de 2002, recebendo mais de 60% dos votos do eleitorado, é um Lula diferente, mas que persegue a liderança da esquerda como um ativo político importante.
Em 1989, quando se identificava como “o candidato da classe trabalhadora”, tinha sua base nesse eleitorado de classe média de esquerda, basicamente nas capitais, e em concentrações industriais, como o Vale do Aço, o Sul Fluminense e a região do ABCD paulista.
E dependia do PT.
Quando se afirma como o principal líder de esquerda, para chegar à Presidência em 2002, tem que fazer o mesmo movimento para a centro-direita já feito pelo PSDB, e acaba indo para o interior do país, tornando-se hegemônico no Nordeste.
Na relação entre o Brasil e os Estados Unidos, o que está havendo é uma disputa de espaço político de influência na América Latina, também a partir da esquerda.
O que há de novidade é que o Brasil já é percebido como mais importante, em certas partes e em certos assuntos na região, do que os Estados Unidos, mesmo que o presidente Barack Obama seja o líder mais popular, suplantando o presidente brasileiro, que é o líder regional mais popular.
O fato de o responsável pela América Latina no Departamento de Estado, Arturo Valenzuela, ter dito que os Estados Unidos não têm nada contra a aproximação do Brasil com o Irã, mas espera que use esse relacionamento político para pressionar aquele país a aceitar as regras internacionais quanto ao uso pacífico da energia nuclear, só mostra que a contrariedade do governo Obama com a proteção diplomática que o governo brasileiro deu ao Irã quando todo mundo Ocidental, mais China e Rússia, o pressionavam, é menor do que a admissão de que o Brasil não é igual à Venezuela ou à Bolívia, países que foram criticados diretamente pela secretária de Estado, Hillary Clinton, justamente pela aproximação com o Irã.
E o Brasil é diferente não apenas por ser o líder regional, com crescente influência na política internacional, mas sobretudo porque Lula é identificado como uma liderança de esquerda não radical e democrática.
Foi Fidel Castro, o ditador cubano, quem dividiu os governantes de esquerda da região em “revolucionários” e “tradicionais”. A esquerda “tradicional”, que teria mais afinidades com a social-democracia europeia, seria representada por políticos como Lula ou Michelle Bachelet, do Chile, ou Tabaré Vázquez, do Uruguai, substituído por outro moderado, o ex-tupamaro José “Pepe” Mujica.
Os “revolucionários” estariam representados por Hugo Chávez, da Venezuela; Evo Morales, da Bolívia; Rafael Correa, do Equador, ou Daniel Ortega, da Nicarágua, e a eles já não bastaria a democracia representativa.
Todos estão envolvidos, de uma maneira ou outra, em ações para ampliar seus poderes. Assim como Manuel Zelaya em Honduras, outro ponto de discórdia entre Estados Unidos e Brasil.
A Lula interessa manter essa dicotomia, desde que seja ele o elo entre os dois lados da esquerda e, muito ao contrário, quanto maior a radicalização de um Hugo Chávez, mais o presidente brasileiro se credencia como o negociador da estabilidade política na região.
Embora a esquerda latinoamericana sempre tenha tido uma relação mais próxima do Partido Democrata, e o senador Barack Obama seja considerado um liberal — o que nos Estados Unidos soa como “de esquerda” —, o governo Lula preferia um futuro presidente republicano, sobretudo por ser menos próximo dos tucanos.
Assim como a relação dos tucanos com o Partido Democrata foi fortalecida pela amizade entre o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-presidente Bill Clinton, uma relação amistosa nasceu entre Lula e Bush. O americano tinha uma relação mais amistosa com o atual presidente brasileiro do que a que teve com Fernando Henrique, que declarou certa vez que sentiu “asco físico” por Bush. Essa rejeição intelectual não aconteceu com Lula, cujo temperamento afável é mais parecido com o do ex-presidente americano.
Por puro pragmatismo, Lula torceu pela reeleição de Bush, e gostaria de ver um republicano na Casa Branca de novo. Para continuar sendo a ponte do governo dos Estados Unidos com os governos de esquerda “revolucionária” da América Latina.
Quanto a Obama, mesmo que tenha sido chamado de “o cara” por ele e ver em sua trajetória política e de vida semelhanças com a sua, Lula acha que ele se cercou muito de assessores de Clinton, especialmente com a nomeação de Hillary para o Departamento de Estado. E acha que a máquina do estado americano já “domou” Obama, a quem considera inexperiente para se impor ao establishment.
Por características da política interna, Obama tem que fazer concessões aos conservadores republicanos, enquanto Lula as faz a políticos da direita fisiológica.
O choque pode ser inevitável, já que a área de política externa é a que Lula reservou para seu governo realizar uma política de viés esquerdista, para compensar a política econômica de continuidade do governo tucano.

Lindberg, o vento e a montanha

No Valor Econômico dessa terça-feira, o prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT), disse que “a derrota do candidato que apoiou à presidência do PT fluminense, Lourival Casula Filho, diminuiu suas chances de ser o candidato do partido ao governo do Estado”. Li essa declaração pensando no excepcional filme “Kagemusha” de Kurosawa. Diante do filho impetuoso (o vento), sempre determinado a atacar seus inimigos, mostrava-se mais consistente o pensamento do sábio chefe Shingen Takeda: “a montanha não se move”. Lembrei também de um trecho do livro "Marketing de Guerra", de Al Ries e Jack Trout: “O segundo princípio de Clausewitz é a superioridade da defesa. Nenhum comandante militar procuraria combater se estivesse em desvantagem. A regra prática é que, para ter sucesso, uma força atacante deve ter superioridade de pelo menos 3 para 1 no ponto de ataque”. Lindberg acreditou que tinha poder de fogo suficiente para aniquilar a Direção Estadual do PT no Rio e, com isso, se impor à Direção Nacional – mas não tinha. Desenvolveu algumas táticas eficientes, motivando e mobilizando o universo petista com o orgulho da candidatura própria. Acreditou que a “máquina” estava emperrada e que seria facilmente afastada do caminho por seu estilo vendaval. Errou de cálculo, e errou ainda mais por ter colocado todos os ovos no mesmo casulo. Estabeleceu uma linha de ação em que a conquista da candidatura a Governador estaria garantida pela conquista da Presidência Estadual do partido. Agora, derrotado, esperneia. Diz que vai argumentar com Lula que, “se o PT não tiver candidato próprio ao governo estadual, o senador Marcelo Crivella (PRB), do mesmo partido do vice presidente José Alencar, não terá como concorrer à re-eleição ao Senado”. Argumento devastador junto a seus militantes, porque agora não se trata mais da candidatura própria petista, mas, sim, da candidatura que pode ajudar a candidatura ao Senado do candidato de outro partido. Tem cabimento? Lindberg tem que entender que já teve a sua vitória. Com relativamente pouco tempo de PT, mostrou-se um player de respeito para os embates a partir de 2012. Era esse ponto que ele deveria estar valorizando, ao invés de insistir em destacar a sua derrota. O tempo – não o vento – poderá levá-lo mais longe.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

O.N., 102


No aniversário de seus 102 anos, uma frase de Niemeyer que se aplica a todos os dias de sua vida: "Minha melhor obra foi ter tido tempo para pensar".

Copenhague: rola um clima entre Marina e Serra

É bem natural esse achego político entre o candidato tucano, José Serra, e a candidata verde (ex-petista), Marina Silva. Trocaram amabilidades e mostraram concordância de posicionamento contra as teses adotadas pela ministra da Casa Civil e chefe da delegação brasileira, Dilma Rousseff. Os dois demonstraram despreparo para o debate aquecido do evento, mas souberam mandar recado para o ambiente doméstico. Estão dando cor a uma aliança eleitoral, visando um eventual segundo turno na disputa presidencial e alguns arranjos regionais. Politicamente corretos. As plumagens verdes dos tucanas já são antigas. Dividem o mesmo eleitorado de classe média, conservador, predominante nos grandes centros urbanos Sul-Sudeste – por que não dividir o mesmo palanque ecológico? Eles não contavam com a desenvoltura de Dilma, que aprendeu rapidinho o beabá verde e mostra que está madura para enfrentar o ambiente cheio de climas de Copenhague.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Salve a 1ª CONFECOM!!!



"Nossa Gente II" em Mesquita



Lançamento hoje do livro “Nossa Gente II”, escrito pela jornalista Bianca Vitoria. Hoje às 18 horas, no Salão Sonho Azul, em Mesquita. Estarei lá, para dar abraço no pessoal e adquirir o livro, claro.

Curiosidade: 23% dos eleitores do Rio ainda não sabem que Lula não pode ser novamente candidato a Presidente em 2010

Na pesquisa que fez no mês passado com 2.700 eleitores do Estado do Rio de Janeiro, o Instituto Mapear perguntou se o entrevistado “sabia ou não sabia que Lula não pode se candidatar, porque já foi eleito duas vezes presidente?” 23% disseram que não sabiam, com desconhecimento maior entre as mulheres (25%), os jovens (27%, entre 16 e 24 anos) e os de baixa escolaridade (29%, entre os que têm apenas a primeira metade do ensino fundamental).

Chile: posição neutra de Marco Enríquez-Ominami pode complicar vitória de Frei no segundo turno


Com 98,32% dos votos do primeiro turno chileno já definidos, o candidato da direita, Sebastian Piñera, teve 44,03%, o candidato da Concertacion (centro-esquerda, que está no poder), Eduardo Frei, teve 29,62%, o candidato "independente" (saiu do Partido Socialista para tornar-se candidato), Marco Enríquez-Ominami (MEO), teve 20,12% e o candidato comunista, Jorge Arrate, teve 6,21%. Para o segundo turno, entre Piñera e Frei, os votos de MEO tornaram-se decisivos, mas ele não pareceu muito disposto a fazer acordos de apoio. Logo após conhecer os resultados eleitorais, MEO liberou seus eleitores: “cada uno de ustedes, como hombres y mujeres soberanos, mayores de edad, responsables, sabrá muy bien qué hacer en esta segunda vuelta que enfrenta a dos líderes del pasado”. Apesar de sua trajetória na esquerda, com seus 20% de votos, MEO parece mais interessado em consolidar sua nova força política.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Os passos de Pezão

Recebi e-mail do Governador Sérgio Cabral, do Rio de Janeiro, a propósito de minha postagem da última quinta-feira, dia 10, "Pezão está na cota de Lula", dizendo que "Ele está é no meu coração!!!!" 

Curto-circuito na web de Garotinho


A Demopart, empresa de soluções para web, distribuiu nota declarando que vai retirar os sites do Instituto da República e do Partido da República do Rio de Janeiro. Alega “erro na avaliação das ações na Internet” por parte dos responsáveis pela campanha de Garotinho, que não estariam atendendo a avisos insistentes. É importante saber que o principal responsável pela Demopart trabalha com Garotinho desde a época em que ele foi Governador do Estado. A retirada dos sites deve ocorrer nesta segunda, dia 14, ao meio dia. A conferir.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Programa do PT na televisão, praticamente perfeito

Tenho dificuldade com os horários da TV aberta e acabo me perdendo nas programações. Os programas partidários acabo assistindo com atraso. Hoje vi o do PT, veiculado quinta-feira. Fiquei impressionado como gostei praticamente de tudo. O texto é muito bom, e também a direção de arte, a produção toda é excelente. Movimentação da câmera bem feita, cenários, etc. Desempenhos, tanto de Lula quanto de Dilma, muito bons. O programa atingiu com muita precisão seus dois objetivos, apresentar Dilma como continuidade de Lula e a comparação do governo do PT com o do PSDB. Gostei da sutileza dos cinco dedos (marca da campanha de FHC) no começo do quadro “coisa de pobre, coisa de rico”. Para não dizer que não critiquei nada, achei a luz, em certos momentos, densa demais. Principalmente no rosto de Dilma e de Lula. Poderia ter uma luz um pouquinho mais óbvia. Teve também a bobeira na apresentação das empresas privatizadas, quando escreveram “Congás” no lugar de “Comgás”. Fora isso, pontaço para o programa. Não é à toa que os tucanos estão se mordendo.


sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Oposição assombrada: em artigo, Zapatero diz que Lula 'assombra o mundo'

Caio Quero | 2009-12-11, 13:22

O presidente Luiz Inácio Lula Silva foi escolhido pelo jornal espanhol El País como uma das cem personalidades mais importantes do mundo ibero-americano em 2009 e ganhou um perfil assinado pelo próprio primeiro-ministro da Espanha, José Luis Zapatero.
No texto, que será publicado na versão impressa de domingo, mas que já foi disponibilizado na internet, Zapatero classifica Lula como "o homem que assombra o mundo" e, entre outros elogios, diz que o presidente brasileiro é um homem "completo e tenaz, por quem sinto uma profunda admiração".
"Pelas mãos deste homem (Lula), seguindo o caminho aberto por seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, o Brasil, em apenas 16 anos, deixou de ser o país de um futuro que nunca chegava para converter-se em uma formidável realidade, com um brilhante futuro e uma projeção global e regional cada vez mais relevante", escreve Zapatero.
O primeiro-ministro espanhol ainda afirma que Lula "está sabendo enfrentar a desigualdade, a pobreza e a violência" e que, com ele, "o Brasil ganhou a confiança dos mercados financeiros internacionais".
Classificando o presidente brasileiro como "uma referência para a esquerda" latino-americana, Zapatero ainda afirma que o Brasil "logo ocupará uma vaga no Conselho de Segurança da ONU e se transformará em uma potência energética".
O espanhol termina o artigo afirmando ter encontrado Lula em Copenhague, em outubro, quando o Rio foi escolhido como sede dos Jogos Olímpicos de 2016.
"Lula chorava como um menino grande (....) A euforia não o impediu de ter o caráter necessário para vir me consolar porque Madri não havia sido eleita", diz. "A mim não espanta que este seja o homem que assombra o mundo", completa o premiê espanhol.

Estrategistas de Clinton deveriam consultar o Latinobarómetro antes de falar sobre democracia na América Latina

É bastante educativo o artigo de Peter Romero e Eric Farnsworth no The Miami Herald (Great challenge, grand possibility). O primeiro foi subsecretário de Estado de Bill Clinton para a América Latina e o segundo, além de Vice-Presidente do Conselho das Américas, é ex-consultor da Casa Branca para assuntos do hemisfério. Eles utilizam o exemplo de Honduras para mostrar como entendem a geopolítica americana para a América Latina: de um lado estão os "populistas", produtos da perigosa democracia participativa, do outro lado estão os Estados Unidos e a "democracia".  Com essa idéia na cabeça eles aplaudem o que houve em Honduras. “Não foi algo muito apropriado, mas agora Honduras, com a eleição, tem chance de voltar à normalidade”, dizem eles. Consideram a “Carta da Democracia da OEA” (coincidentemente aprovada no mesmo dia do ataque contras as torres gêmeas de Nova York) insuficiente, porque nós aqui não temos força de vontade para “dar passos concretos em defesa da democracia” (the unwillingness of the hemispheric community to take concrete steps to protect democracy). E vão mais longe: exigem ação do governo americano, apoiando “amigos” e isolando “agitadores populistas” para “restaurar o consenso democrático que definiu os interesses estratégicos dos Estados Unidos nas Américas desde o fim da Guerra Fria". A questão toda é essa: democracia é apenas uma palavra com significado mutante que eles utilizam para defender seus interesses. Acham que são detentores únicos do significado de democracia. Mas a pesquisa do Latinobarómetro publicada  ontem na The Economist (A slow maturing of democracy - More Latin Americans now trust the government than the army) mostra o contrário. Realizada em setembro e outubro, em 18 países da América Latina, a pesquisa, prova que nós, latinoamericanos, queremos a democracia, não queremos militares como os que derrubaram Zelaya (aliás, em Honduras – para tristeza de nossa “mídia de bananas” –, 58% desaprovaram o golpe). A pesquisa também revela que o prestígio de Chávez tem diminuído (mas é na Venezuela que se tem o maior apoio à democracia) e que o Brasil de Lula é visto como o país mais influente, superado apenas, na parte Norte da região, pelos Estados Unidos. A pesquisa do Latinobarómetro mostra sobretudo que as “aulas” de democracia dos Clinton’s boys não servem para nós. Abaixo, um dos quadros da pesquisa. Clique para ampliar.



quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Gabeira x Battisti: mistério na blogosfera


O site congressoemfoco de hoje reproduz notícia de 18 de março de 2007, quando Gabeira, em seu Blog, teria feito uma postagem com “Battisti merece nosso apoio” (ver o texto abaixo). Mas quando se clica no link blog, abrimos o Blog do Gabeira com a mensagem “Error 404 - Not Found”. Indo ao Blog do Gabeira, no dia 18 de março de 2007, encontramos a postagem “Um segundo júri”, com texto (ver abaixo) completamente diferente do apresentado pelo congressoemfoco. Estranho, muito estranho. Com a palavra, o Deputado Gabeira, para explicar o que houve. (Leiam os textos abaixo antes que desapareçam na blogosfera).

Gabeira: “Battisti merece nosso apoio”
O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) afirmou hoje em seu blog que quer apoiar o italiano Cesare Battisti, preso na manhã deste domingo pela Polícia Federal em Copacabana. Battisti estava foragido havia 26 anos e é apontado como ex-terrorista de extrema-esquerda.
“Battisti merece nosso apoio, conforme já o demos a outros italianos presos em nosso país”, afirmou o parlamentar.
Battisti foi um dos chefes da organização de extrema-esquerda Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), ligada às Brigadas Vermelhas. Ele foi preso em 1979, fugiu em 1981 e foi julgado à revelia, sendo condenado pela Justiça italiana à prisão perpétua em 1993, por ter matado quatro pessoas, entre 1978 e 1979.
Battisti sempre negou envolvimento nos crimes.
Confira a íntegra do texto de Gabeira
"Foi preso no Rio o escritor italiano Cesare Battisti, que passou anos de exílio em Paris. Battisti vive um pesadelo, pois os anos de conflito na Itália continuam. O país não resolveu, como o nosso, deixar cicatrizar as feridas dos anos 60.
Ele recebeu asilo político no período de Miterrand e , depois, nos anos Chirac este asilo lhe foi anulado. Caso raro na justiça européia.
Publicando seus livros quase que anualmente, Battisti é um homem dedicado ao seu trabalho intelectual. Políticos como François Hollande já lhe deram apoio.
Battisti merece nosso apoio, conforme já o demos a outros italianos presos em nosso país. Este caso é diferente pela sua repercussão internacional,
Começo a trabalhar. Acompanhem pelo blog".


Um segundo juri

A prisão de Cesare Battisti no Brasil coloca uma série de problemas. A primeira reação das pessoas é tratá-lo como terrorista e compará-lo a Fernandinho Beira-Mar, conforme algumas mensagens. No entanto, esta certeza deveria ser um pouco relativizada.
Há dois livros chaves para se entender o assunto. Um em defesa de Battisti, escrito por Fred Vargas, que mostra as imperfeições do processo. Outro livro, Generation Battisti, fala da importância simbólica do seu caso para todos os sobreviventes das lutas dos anos 60.
Tudo que estamos pedindo é que a justiça brasileira aborde a complexidade do tema e não tome medidas apressadas. No momento, François Bayrou, candidato do centro à presidência, afirmou que Battisti merece um segundo júri.
Isto foi um grande problema na França. Condenado à prisão perpétua, por uma legislação especial, não tinha chance de ver sua situação revista num contexto mais democrático. Além disso, na França circularam muitas críticas ao processo, sobretudo por apontar crimes atribuídos a ele em cidades diferentes, praticamente ao mesmo tempo.
Respeitamos todas as posições. No entanto, o debate seria melhor se houvesse um pouco mais de informação sobre o caso Battisti e para isto o Google é um bom ajudante.

Pezão está na cota do Lula


Adianta muito pouco o PT do Rio querer indicar o Vice da aliança PT-PMDB para o Governo do Rio. O próprio Lula tem dito (eu já ouvi) que o Pezão é o melhor Vice-Governador do Brasil.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Entrevista exclusiva: Benedita declara que é candidata unicamente ao Senado e não acredita que Lindberg dispute contra ela

Enviei algumas perguntas para Benedita da Silva (PT-RJ), Secretária de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos do Rio de Janeiro, e ela respondeu em vídeo que exibo aqui no Blog. As perguntas: 1) Qual a importância da vitória do Deputado Luiz Sérgio para a Presidência do PT Rio de Janeiro? 2) De que modo isso vai ajudar a candidatura Dilma 2010? 3) Secretária, vai mesmo se candidatar ao Senado ou tem outros planos? 4) E o Prefeito Lindberg Farias, será que ele vai querer essa vaga no Senado? 5) Para encerrar, qual a sua proposta para o Senado?
As respostas:

 

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

PT-RJ divulga resultados finais do segundo turno do PED

O Deputado Luiz Sérgio (como esse Blog divulgou desde cedo) venceu a eleição com 52% dos votos válidos contra 48% de Lourival Casula. Foram 28.429 votantes, com 28.155 votos válidos (14.625 votos para Luiz Sérgio e 13.530 votos para Lourival Casula), mais 196 em branco e 78 nulos, em 75 dos 92 municípios do estado.

Caso Jean Charles: erro de delação (não-premiada...)

A coluna de Cláudio Humberto traz uma denúncia chocante: a morte de Jean Charles foi resultado de uma delação equivocada do serviço secreto israelense, o temido Mossad. Vejam o texto completo:

Jean Charles foi vitima de 'erro de delação'
A embaixada do Brasil em Londres recebeu uma informação surpreendente: o brasileiro Jean Charles de Menezes, executado pela polícia londrina com sete tiros na cabeça, em junho de 2007, teria sido vitima de um erro de delação. Um agente do Mossad, serviço secreto israelense, teria delatado por equívoco como "suspeito de terrorismo". Caçado nas ruas de Londres, ele acabou executado sumariamente.
A explicação
Os policiais assassinos foram absolvidos porque, a rigor, não erraram: eles seguiram a identificação de Jean Charles feita pelo Mossad.
SOS Mossad
Sem estrutura de inteligência confiável, a Scotland Yard pediu socorro ao Mossad para identificar suspeitos de terrorismo em Londres.
Orgulho ferido
Fonte diplomática brasileira observa que o orgulhoso governo britânico jamais admitiria haver recorrido ao serviço secreto de outro país.
Estranho
Causa estranheza o erro do Mossad, reconhecido como o melhor serviço de inteligência do planeta.

PED-RJ: na prova dos 9, Luiz Sérgio vence com 52



Recebi ontem mesmo o resultado da difícil eleição pela presidência do PT no Rio de Janeiro. Luiz Sérgio, o candidato apoiado pelo Planalto, teve 52% (eu tinha previsto 54,5%) e Lourival Casula, candidato apoiado por Lindberg, teve 48%. Dos 92 municípios, Luiz Sérgio venceu em 48 e Casula em 21. Em 11 municípios não houve eleição e em 12 os resultados estão sendo questionados. Em Angra dos Reis, onde já foi Prefeito, Luiz Sérgio venceu com 93% dos votos; em Nova Iguaçu, onde Lindberg é Prefeito, Casula venceu com 69% dos votos.   

domingo, 6 de dezembro de 2009

Ora, direis, ouvir a estrela... certo perdeste o "censo"



A política se move pela emoção, certo? E se consolida pela razão, certo? Talvez essa questão não seja política. Mas com certeza é uma questão do marketing político (se é que existe diferença). E é isso que está mobilizando milhares de eleitores petistas neste domingo, principalmente no Rio de Janeiro. O que é mais importante: garantir a continuidade do PT no poder nacional, mesmo que isso signifique fazer alianças com partidos “malvistos”? Ou defender a pureza partidária, mesmo que isso signifique perder o poder nacional duramente conquistado? Os defensores do Prefeito Lindberg, de Nova Iguaçu, argumentam que o PT não pode continuar se submetendo aos desmandos do PMDB fluminense. Outras lideranças locais (Bittar, Benedita, Molon, Cida, Gilberto Palmares, Adilson Pires, Waldeck, por exemplo) mais sintonizadas com o PT nacional argumentam que a aliança com o PMDB fluminense pode decidir a eleição de Dilma Roussef para a Presidência da República (o Rio de Janeiro tem o terceiro maior eleitorado do país). Colocada a questão dessa forma, parece que tudo se resume a uma luta de emoção contra razão. Mas a razão tem emoções que a própria emoção desconhece. O que há de fato é uma luta ardorosa pelo poder local, com vista à disputa pelo poder petista em nível nacional. Lindberg (ou Lindbergh) Farias de certa forma ainda é um outsider no PT. Projetou-se na UNE, filiou-se ao PCdoB (elegeu-se em 94 como o Deputado Federal mais votado da esquerda), passou (97) para o trotskista PSTU, sendo derrotado nas eleições de 2000, e apenas em 2001 aderiu à estrela. Em 2002, reelegeu-se Deputado. Em 2004, em aliança com o PSB, o PCdoB, o PSDB e o PFL (atual DEM), elegeu-se Prefeito de Nova Iguaçu (Baixada Fluminense) e reelegeu-se em 2008, em aliança com PDT, PSB, PV, PCdoB, PTdoB, PR, PTB, PTN, PRB e DEM. Como se vê, o seu critério de aliança está longe de ser ideológico – o que está certo, do ponto de vista puramente eleitoral. Apesar de sua garra ter sido sempre bem-vinda no partido, sua ambição política criou certo desconforto entre os “petistas de origem”. Desconfia-se que ele esteja mais interessado em se fortalecer localmente (passando por cima de todos) para ganhar respeito e tornar-se estrela nacional. Não está inteiramente errado. Resta ao eleitor petista decidir se o projeto de Lindberg está ou não identificado com o projeto da estrela. É preciso definir o bom senso.

sábado, 5 de dezembro de 2009

As duas eleições do Rio

Nos próximos dois dias, serão definidos os ocupantes de dois cargos importantíssimos para o destino do Rio de Janeiro, o de Presidente do PT-RJ e o de Presidente do Flamengo. A eleição do PT, neste domingo, está no estágio mais simples, segundo turno entre os candidatos Luiz Sérgio (40% no primeiro turno) e Lourival Casula (25%). O que mais se fez do dia 22 para cá foi um corre-corre de negociações para conquistar apoios dos que não passaram do primeiro turno. Aparentemente, Luiz Sérgio levou vantagem. Já no Flamengo a história está mais complicada. São seis candidatos (um sétimo teria desistido) disputando a direção do clube de maior torcida do Brasil, em um ano em que o Flamengo esteve perto de ser rebaixado no Campeonato Brasileiro e amanhã pode se tornar hexacampeão; em que o presidente eleito (ex- Deputado Márcio Braga) teve que se afastar por motivo de saúde (depois por supensão do TJD) e o presidente em exercício (Delair Dumbrosck) comandou a recuperação do Clube e é um dos seis candidatos; e em que uma das candidaturas é de uma mulher (a campeã de natação e Vereadora Patrícia Amorim) com chances reais de ser eleita. As eleições do Flamengo sempre foram muito movimentadas e a peça mais disputada entre os concorrentes é o cadastro atualizado dos cerca de 5.000 sócios com direito a voto (boa parte de moradores vizinhos – não necessariamente flamenguistas, mas que precisam do Clube como principal opção de lazer). O marketing é todo fundamentado no marketing direto, que até a eleição passada tinha o predomínio do telemarketing, mas, este ano, passou a ser dominado por um poderoso trabalho de e-mailing marketing aliado à mala direta tradicional. Houve um candidato, o empresário Plínio Serpa Pinto, que andou utilizando comerciais de televisão – mídia, em minha opinião, desnecessária nesse processo. Dos 5.000 sócios, apenas 50% devem comparecer e o vencedor deve obter cerca de 850 ou 900 votos. A disputa deste ano foi a mais intensa de todas que testemunhei (sempre que estou no Rio compareço à votação). Minha caixa de e-mail vive lotada de mensagens, e meu celular recebe chamadas frequentes. Ontem mesmo recebi telefonema do Tonico Antunes, irmão do Zico, pedindo voto para o seu candidato. Na pressa, ele se esqueceu de dizer quem era o candidato. A paixão rubro-negra é mesmo indecifrável.

Os candidatos, por ordem alfabética:
  • Clóvis Sahione (65 anos, criminalista bem conhecido)
  • Delair Dumbrosck (60 anos, presidente interino)
  • Lysias Itapicurú (35 anos, empresário, ex-nadador)
  • Patrícia Amorim (40 anos, 28 vezes campeã brasileira de natação, 29 recordes sulamericanos, Vereadora no Rio de Janeiro)
  • Pedro Ferrer (59 anos, o Pedrinho do Basquete)
  • Plínio Serpa Pinto (62 anos, empresário do ramo imobiliário)
Segundo algumas pesquisas divulgadas, os que têm maior chance de vitória são, por ordem alfabética, Clóvis, Delair e Patrícia. Mas os altos índices de abstenção e indecisão deixam tudo indefinido.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Finalmente Cesar Maia falou

O silêncio de Cesar Maia sobre o panetonegate estava ensurdecedor. Ele sempre foi muito rápido e ferino com relação aos problemas “éticos” da política nacional e dessa vez, com o problema atingindo mortalmente o seu DEM, o silêncio não era bem-vindo e aguardava-se a sua quebra a qualquer momento. No seu Ex-Blog de hoje ele trata do assunto e se sai muito bem. A pretexto de uma “análise científica”, distancia-se, mostra-se superior. Parece até que o problema não aconteceu no quintal dele. Certo em fazer assim. O seu texto é bem instrutivo. E é interessante como sutilmente refere-se a vazamentos vindos de Serra e adverte, como se dissesse “Te pego lá na frente”. Os destaques em negritos são meus:

CONSEQUÊNCIAS POLÍTICAS DA CRISE DE BRASÍLIA!

1. Os reflexos na opinião pública, geral ou em estados, só se poderá medir quando os graves fatos divulgados forem sendo multiplicados pelos “opinion makers” localizados, que hoje têm uma enorme importância na aceleração dos fluxos de opinião. A divulgação de imagens com cenas de corrupção explícita dá ainda maior velocidade a esse processo.

2. Mas as consequências políticas e eleitorais já começam a ganhar forma. Para entendê-las há que se ler - por trás das matérias na imprensa e em especial das notas em colunas dos jornais - a origem dos vazamentos e as razões. Entre as histórias de Churchill, há uma, como deputado, relativa ao início da legislatura de 1935. A Câmara dos Comuns dispõe as bancadas do governo e da oposição de forma confrontante, separadas por um corredor. Um deputado estreante sentou ao lado de Churchill e quis mostrar serviço: Deputado, ali na frente..., nossos inimigos. Churchill sorriu e respondeu: - Não, meu caro. Ali na frente..., nossos adversários. Aqui atrás..., nossos inimigos.

3. Nas crises, a taxa de oportunismo cresce. Não se trata de caráter, mas da “dificuldade de se projetar cenários” e da sensação que o cenário de hoje será o mesmo de amanhã. Por isso mesmo os políticos deveriam se concentrar nessas projeções. Antecipar a luta pelo poder nos partidos, ou aproveitar os fatos para fortalecer setores nos partidos contra outros, é, no mínimo, imprudência, pois com o jogo aberto fica mais fácil identificar os atores. E nada ficará sem troco.

4. Evidente que a crise de Brasília não ajuda a oposição, hoje ou amanhã. O governo e o PT assistem da janela. A coincidência dessa crise, no mês definido como limite pelo governador de Minas, restringe a continuidade dos fluxos a seu favor, e tende a resolver de forma traumática a escolha do candidato presidencial. E nem seria necessário vazar, invertendo, a preferência do governador de Brasília. Essa é uma questão.

5. O desconforto já vinha com o Rio Grande do Sul, e várias vezes foi dito que se a governadora mantiver a sua candidatura, o candidato a presidente não poderá ir ao sul. Dada a importância do RS, esse já era um ponto delicado. Brasília era um ponto forte político da candidatura presidencial da oposição. Deixa de ser, se, não há nome para a disputa. A inércia no Estado do Rio deixa sem ponto forte de apoio em candidatura a governador. Os três representam 16% do eleitorado. Paraná dividiu. Espírito Santo idem. E assim todos os Estados com chapas mistas, onde as partes deixarão de lado a questão nacional.

6. No meio dos fatos, parte do PMDB decide colocar o nome do governador do Paraná como opção presidencial com apoio formal do PMDB-SP. Isso é lido como interferência do PSDB-SP na dinâmica interna do PMDB, o que só fortalece a maioria governista. Os riscos sobre os efeitos dos fatos - DF - em nível nacional e estaduais já tem desdobramentos. Leva o PSDB a tentar lavar as mãos e se afastar do problema, mesmo com sua sessão regional estando mergulhada neles. Estimula fortes candidaturas regionais a se tornarem independentes, no sentido de deixarem de ser palanque nacional. As desconfianças recíprocas crescem na base da oposição.

7. Crescerá a intensidade do discurso pela ética na política, reforçando a candidatura de Marina, que vinha patinando num patamar de 5%. Bem assessorada, pode entrar neste vácuo, desde que sem precipitação ou oportunismo. Vai crescer. E estimula também a candidatura do PSB, talvez até com novo tempo de TV agregado. A salada geral de casos assemelhados, englobando os quatro principais partidos brasileiros, que havia quebrado a auréola do PT, agora reduz relativamente este desgaste.

8. A conclusão clara é que o ano de 2010 abre contra a oposição e a favor da do governo. Isso exige que se gaste menos tempo com notinhas e vazamentos e muito mais com talento e esforço para se avaliar de que forma se minimiza o impacto ou mesmo se o reverte. Lembre-se sempre que Brasília, se não tem força eleitoral, tem todo tipo de interação política nos estados. O leque multipartidário das imagens mostradas, e a acomodação do PT, mostram que além das cenas de escândalos explícitos, fluxos menos visíveis hoje podem surgir amanhã.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Revelações de 50 anos atrás

O Globo de hoje publica na seção “Há 50 anos” quem a revista Radiolândia escolheu em 1959 como vencedores do Disco de Ouro, Microfones de Ouro, Antenas de Prata e Revelações do Ano. Vejam que maravilha:
EM REUNIÃO ontem realizada na sede de “Radiolândia”, a equipe dessa revista escolheu os vencedores dos concursos Disco de Ouro, Microfones de Ouro e Antenas de Prata.
Eis alguns dos premiados com o Disco de Ouro: arranjador, Severino Filho; cantora, Vera Lúcia; compositor, Antônio Carlos Jobim; intérprete folclórico, Stelinha Egg; letrista, Dolores Duran; melhor 78, “Noite de Moscou”, com o conjunto Farroupilha; melhor LP, “Confidências”, com Vera Lúcia; revelação feminina, Celi Campelo; revelação masculina, João Gilberto; sambista, Moreira da Silva; solista, Moacir Silva.
Ganhadores de Microfones de Ouro: animador de auditório, César de Alencar; cantor, Anísio Silva; cantora, Vera Lúcia; conjunto vocal, Trio Irakitã; conjunto instrumental, Sexteto de Radamés; comentarista esportivo, Benjamim Wright; disc-jockey, Mário Luís; instrumentista, Valdir Azevedo; locutor, Orlando de Sousa; locutora, Anita Taranto; locutor esportivo, Doalcey Camargo; maestro, Alceu Bochino; narrador, Luís Jatobá; produtor, Ghiaroni; ator, Domício Costa; atriz, Ida Gomes; ator cômico, Wellington Botelho; atriz cômica, Nádia Maria.
Fizeram jus às Antenas: animador, Murilo Néri; animadora, Lídia Matos; ator, Ítalo Rossi; atriz, Fernanda Montenegro; cantor, Carlos José; cantora, Hebe Camargo; comediante masculino, Ronald Golias; comediante feminina, Ema D’Ávila; diretor, Wilton Franco; entrevistador, Hilton Gomes; garota propaganda, Araci Rosas; locutor, Osvaldo Sargentelli; locutor de notícias, Léo Batista; narrador esportivo, Luís Mendes; produtor, Sérgio Britto; produtor humorístico, Francisco Anísio; programa infantil, “O mundo é da criança”; programa musical, “Noturno”; programa esportivo, “Vale tudo na TV”; programa humorístico, “Praça da Alegria”; programa feminino, “Sessão das cinco”; programa de entrevista, “Prêto no branco”; propaganda (em slide), Salgadinhos Piraquê; revelação feminina, Norma Blum; revelação masculina, Jô Soares.

Domingo o PT faz a prova dos 9... que pode virar dos 13

á vimos aqui neste Blog que o PT é um partido diferente, que contabiliza seus votos internos de forma muitas vezes incompreensível para os pobres mortais que não brilham em sua constelação. O PED 2009 no Rio de Janeiro é uma prova real do que afirmo. Acabado o primeiro turno, todos os jornalistas somaram 2 mais 2 e deram como resultado vitória do candidato apoiado por Lindberg, Lourival Casula. Teve até quem argumentasse que três dos cinco candidatos do primeiro turno (Casula, Bismarck e Taffarel) agora estavam unidos, como se isso fosse garantia de vitória no segundo turno. Apenas um ledo engano a mais. Não me considero melhor do que ninguém no entendimento do PT. Mas andei xeretando daqui e dali e consegui informações importantes. Uma delas foi a de que a chapa “Um Partido Para Todos”, que apoiou Bismarck, tinha se dividido – o próprio Bismarck foi para um lado e Rodrigo Neves foi para o outro. Outra informação foi a de que a tendência “Mensagem”, que tinha entrado dividida no primeiro turno (“Mensagem - Voz Ativa no Rio de Janeiro” apoiou Luiz Sérgio e “Mensagem ao Partido” apoiou Waldeck), tinha se unificado em torno de Luiz Sérgio. Um diz-que-me-diz daqui, outro dali, me fizeram chegar à previsão de que Luiz Sérgio poderá vencer com uma diferença de 9 pontos. Veja o quadro abaixo (clique para ampliar) e no domingo faça a prova dos 13...



Qual o futuro de Lindberg?

Lindberg não deverá ser o candidato do PT a Governador nem conseguir a eleição do candidato a Presidente do PT-RJ que apoiou (Lourival Casula). Mas ninguém pode dizer que ele não foi ousado e hábil ao mesmo tempo. Conseguiu ampliar a participação do seu grupo dentro da Direção petista e se cacifou para futuras eleições. Ele pode tentar (embora seja pouco provável) ser candidato ao Senado, já em 2010. Mais provavelmente, será candidato a Deputado (estadual). Acima de tudo ele está de olho nas futuras eleições para cargos executivos. Poderá, por exemplo, ser o Vice de Eduardo Paes em 2012 (consolidando a aliança PT-PMDB que diz ser contra) e viabilizar-se para Prefeito do Rio em 2016. Em 2014, apoiaria a aliança. Será que é muita imaginação? Quem sabe? Isso bem que pode ter feito parte do menu do almoço de anteontem entre Lindberg e o Vice Governador Pezão – ou não? O problema maior de Lindberg é casar o seu projeto pessoal com o projeto partidário. Apesar de seu passado na esquerda organizada, ele não parece se encaixar inteiramente em um figurino petista, digamos, tipo “Lula”. Dá sinais de que pretende fazer futuro no Rio mergulhando no passado para recuperar o figurino “Brizola”.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Foreign Policy: José Serra, uma reserva estratégica dos grupos internacionais inimigos da Petrobras


É impressionante a leitura, no site da Foreign Policy, do artigo “Brazil moves aggressively toward resource nationalism”, de Ian Bremmer, presidente do Eurasia Group de Nova York, de consultoria sobre risco global (algo assim). O artigo ataca com todas as letras o novo marco regulatório para a exploração e produção do Pré-sal, baseado no modelo de partilha, proposto pelo Governo Lula. Para Ian Bremmer, Lula está deixando de ser, aos olhos dos grandes grupos petrolíferos internacionais, uma alternativa política simpática, graças ao aprofundamento do controle do estado sobre o setor de energia. Em outras palavras, estão de olho no Pré-sal e não se conformam com o modelo de partilha. O artigo lamenta que, devido à alta popularidade de Lula, ninguém tenha coragem de se opor a ele, principalmente em ano eleitoral. “As multinacionais do petróleo estão cautelosas (...) e até mesmo José Serra, nome mais forte da oposição para a sucessão presidencial, prefere manter reservas sobre o assunto”. Ian Bremmer conclui o artigo com esse raciocínio magistral: “Se Serra ganhar, ele provavelmente reverterá a legislação. Mas seria um processo longo. Se Dilma vencer, a única esperança das multinacionais do petróleo será uma eventual vitória na Corte (referência ao STF, claro) sobre a constitucionalidade da reforma”. Inacreditável, vocês não acham. Fica evidente que as multinacionais do petróleo contam como aliados (contra os interesses nacionais) com Serra e o STF!!! Como talvez dissesse a coluna do Ancelmo, “Meu Deus!”

Reforma política já!

Não adianta. Entra ano, sai ano, e o noticiário de escândalos não sai da pauta. E será assim por todo o sempre, não adianta culpar A, B ou C. O nosso sistema político/eleitoral é que de fato favorece – diria melhor, exige! – a corrupção. Para alterar esse ambiente desfavorável a um mundo político saudável, precisamos, no mínimo, fidelidade partidária de fato, voto em lista, financiamento público de campanha. Mas como aprovar isso no Congresso? Impossível. Convocação de Assembléia específica? Seria ideal, mas difícil de acontecer. Sem mobilização da sociedade, nada acontecerá. Tudo continuará acabando em p... anetone.

domingo, 29 de novembro de 2009

Ex-tupamaro eleito Presidente do Uruguai


Recebi notícia pelo Tweeter e depois li no El País uruguaio. Boca de urna aponta mais de 50% para Mujica, ex-guerrilheiro tupamaro. Trata-se de uma vitória importante, mais uma derrota para as forças conservadoras do continente. Apenas por curiosidade, anos atrás, quando viajei de Nova York, onde morava, para a Inglaterra, não sei porque cargas d'água a polícia inglesa abriu minha mala, viu um livro que eu tinha do Túpac Amaru, líder inca do século XVI, e começou a pensar que eu era... guerrilheiro tupamaro! Felizmente tudo se esclareceu. 

Enquanto isso, em Honduras...


A nossa "mídia de bananas" quer fazer crer que o problema em Honduras é causado pelo governo brasileiro e um senhor de chapéu texano que se hospeda em nossa embaixada de Tegucigalpa. Mas a verdade é que o povo hondurenho está mobilizado contra o golpe e resiste às intimadações dos golpistas (denunciadas até pela Anistia Internacional). Hoje, nas eleições patrocinadas pelos golpistas, dificilmente 50% dos eleitores votarão. Mas a nossa "mídia de bananas"... deixa pra lá. Leia El Libertador.

sábado, 28 de novembro de 2009

Refresco nos olhos da gente é pimenta

Nessa história toda do Distrito Federal, quero destacar duas frases, ambas de Maias do DEM. Disse Rodrigo Maia, Presidente do partido: “o que é estranho é que criaram fatos consumados antes mesmo do final das investigações". Pergunto: quantos “fatos consumados” foram criados contra o governo nos últimos anos? Disse Agripino Maia, líder do partido no Senado: “acho estranho que isso venha à tona em ano pré-eleitoral”. Pergunto agora: o famoso mensalão veio ou não veio à tona em ano pré-eleitoral? O “caso dos dólares”, é verdade, não veio à tona em ano pré-eleitoral – foi material de boca de urna. Não quero pré-julgar ninguém, mas é muito engraçado ver os “moralistas” de plantão da Oposição tendo que inverter o discurso bem rapidinho.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Lindberg surpreende

Vi finalmente as três inserções partidárias que Lindberg (PT, Nova Iguaçu) fez para a TV. Quero dizer que fiquei bem surpreso. Esperava aquela gritaria anti-Sérgio Cabral, mas Lindberg mostrou que é esperto (no bom sentido). Ao contrário do que fez nos últimos meses, chegou até a reconhecer méritos do Governador peemedebista (“Olha, foi muito bom para o Rio o Presidente Lula e o Governador Sérgio Cabral terem conseguido trazer as Olimpíadas para cá”). Para mim ficou evidente que esse tempo todo ele procurou promover-se principalmente entre o público petista. Procurou aumentar o seu cacife na nova Direção do PT e dar mais um passo para seu projeto 2014. Para o grande público, falou manso, mostrou suas realizações, falou do futuro dos jovens e buscou emocionar particularmente o eleitorado da Baixada Fluminense. O discurso, muito bom, é claramente de candidato a Deputado.

No PT, a ordem do produto altera os fatores

As informações sobre o PT costumam ser tão confusas que procurei me aprofundar mais um pouco. Peguei como exemplo o PED do Rio, um assunto que costuma ter duas ou três versões diferentes em cada jornal. Terminado o primeiro turno, tem coluna que diz que Lindberg foi vitorioso, outras dizem que Edson Santos tem um discurso para cada ocasião, outras apontam não sei quem como fiel da balança, e por aí vai. Vamos clarear: o primeiro turno do PED determinou 1) que o cargo de presidente será decidido em segundo turno entre Luiz Sérgio (40%) e Lourival Casula (25%); 2) que a Direção Estadual e sua Executiva terão a cara (proporcional) das 14 chapas que participaram do PED (lembrando que 3 delas não tiveram votos suficientes para garantirem representação). Essa proporcionalidade é importante porque ela é que vai indicar, por exemplo, se o PT/RJ defende candidatura própria para governador ou aliança com o PMDB. Ninguém pode garantir com certeza absoluta qual será a proposta vencedora, embora minhas sondagens indiquem que haverá aliança e que Luiz Sérgio deverá ser eleito no segundo turno. As negociações em andamento determinarão o produto final – que por sua vez mostrará o perfil da Direção RJ.
Veja aqui as chapas (agrupadas pelos candidatos a presidente que apoiaram no primeiro turno) com a indicação de suas tendências e o percentual de votos correspondente. (clique para ampliar)





E veja aqui como ficou a Executiva do PT/RJ (que, além dos 19 membros eleitos proporcionalmente, conta com o Presidente e o líder da bancada, num total de 21 membros).



quinta-feira, 26 de novembro de 2009

No PT, a soma de 2+2 é 13

O PT, definitivamente, é um partido diferente. E só quem vive o dia-a-dia partidário é que pode ter alguma noção do que isso significa. Analistas e jornalistas tentam desvendar seus mistérios envoltos em tendências, subtendências e subsubtendências, sem sucesso. Os resultados do PED (Processo de Eleição Direta do PT), por exemplo, estão baratinando todas as análises. 2+2 nunca são 4. Algumas conclusões são definitivas, claro. A vitória de José Eduardo Dutra para Presidente Nacional logo no primeiro turno favorece a candidatura Dilma 2010, já que a CNB (tendência majoritária, da qual Dutra faz parte) é a mais ardente defensora da aliança com o PMDB como objetivo estratégico. As táticas não podem perder isso de vista – e é aí que começam os problemas, e também as dificuldades para análise. No PED de Minas, disputaram Reginaldo Lopes (que representa o pré-candidato ao governo Fernando Pimentel) e Gleber Naime (que representa o pré-candidato ao governo Patrus Ananias). Quem venceu? No primeiro turno, Reginaldo teve +/- 47% dos votos e Gleber +/- 39%, o que poderia significar vitória fácil de Reginaldo no segundo turno. Será? Há quem contabilize os 14% das outras chapas direcionados quase totalmente para Gleber. Tudo vai depender das intensas negociações internas que estão sendo realizadas. No Rio de Janeiro, a complicação é menor, embora seja uma situação bem enganadora. Foram cinco candidatos a Presidente: Luiz Sérgio 40%, Lourival Casula 25%, Birmark 23%, Valdek 9%, Taffarel 3%. Luiz Sérgio (CNB) foi o único que ficou com a marca de defesa da aliança com o PMDB no estado, enquanto os outros ou não tomaram partido ou apoiaram a candidatura própria (Lindberg) para governador. Como Luiz Sérgio, mesmo tendo ficado em primeiro lugar, não obteve a maioria absoluta dos votos, vendeu-se a ideia de que Lindberg saiu vitorioso. Ledo engano. Cada um desses candidatos era apoiado por diversas chapas (14 ao todo, representando subtendências, digamos assim) com posições muitas vezes conflitantes em diversos aspectos. Acontece que essas chapas precisavam conquistar fatias da Direção e precisavam se diferenciar junto a seu eleitorado. Muitas delas, que até têm posição a favor da aliança com o PMDB, votaram contra Luiz Sérgio ou lançaram candidato. Mas agora, para o segundo turno, a questão da aliança já está praticamente superada. Primeiro, porque a decisão será do encontro nacional, em fevereiro. Segundo, porque as direções (que são quem decide a questão) já estão formadas – e parece que no caso do Rio a formação é ligeiramente favorável à aliança com o PMDB. Sabiamente, Luiz Sérgio tratou de esclarecer que a aliança local não está na pauta da disputa do segundo turno e procura negociar apoio com o argumento Dilma. Negociações intensas, acirradas, 24 horas por dia, muitas vezes agressivas – mas com a certeza de que haverá sempre uma estrela no resultado final. Particularmente, aposto na vitória de Luiz Sérgio no segundo turno e na composição de uma Direção favorável à aliança no estado. Mas eu também não vivo o dia-a-dia do PT e, quem sabe, minhas contas acabem virando um zero à esquerda. A meu favor apenas a percepção de que no PED 2+2 são realmente 13.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Obama volta atrás no clima

Já que vai receber o Prêmio Nobel no dia 10, Obama decidiu dar uma passadinha em Copenhague no dia 9, para o Conferência da ONU sobre Mudança Climática. Ele tinha decidido não ir, mas pegou mal e voltou atrás. A Terra agradece. Obama podia aproveitar e também dar uma passadinha em Honduras. Poderia até mesmo se hospedar na Embaixada do Brasil - lugar de presidentes eleitos democraticamente. Seria uma boa maneira de voltar ao Obama da campanha eleitoral...

Parlamentares nordestinos trabalham pela re-eleição de Sérgio Cabral

Cada vez que alguém tenta avançar sobre os royalties do petróleo que o Rio de Janeiro recebe (ou está para receber), o Governador Sérgio Cabral sobe nas tamancas e berra em defesa dos interesses fluminenses. Tem gente que torce o nariz, diz que ele anda muito nervosinho, que está indo além da conta. Puro engano. Claro que Sérgio Cabral gostaria que nada disso estivesse acontecendo e que os interesses do Rio estivessem garantidos sem tumulto. Mas, por outro lado, ele deve agradecer essas oportunidades que tem tido para demonstrar que é um cabra disposto a lutar em nome do povo que governa. Seu eleitorado gosta disso. E se bobear é capaz de ele estar conquistando mais votos principalmente entre os eleitores nordestinos que vivem no Rio. A bandeira de defesa dos royalties está definitivamente nas mãos de Sérgio Cabral – graças aos adversários...

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Zé Dirceu precipitou-se: no Rio, o mais provável é aliança PT-PMDB

No seu blog de hoje, José Dirceu, falando sobre o PED e a política de alianças por todo o país, escreveu "RJ: sem unidade no PT, Dilma terá três palanques". Precipitou-se. Ou usou notícia velha como se fosse atual. Pelos últimos dados de que disponho sobre o PED do Rio de Janeiro, o Deputado Luiz Sérgio (CNB) venceu a eleição com cerca de 41%-43% dos votos válidos. Em segundo lugar ficou o candidato mais comprometido com a proposta de Lindberg (Lourival Casula), em terceiro lugar o candidato Bismark, em quarto Valdeck e em quinto Taffarel. Os percentuais dos candidatos corresponderão basicamente à formação da nova Direção do partido e tudo indica que o percentual dos que defendem a aliança com o PMDB em busca do fortalecimento da candidatura Dilma supera os 50%.

Transferir ou não transferir os votos – eis a questão



A última pesquisa CNT-SENSUS, além dos índices de aprovação do Governo Lula e os diversos cenários de intenção de voto, traz comparações entre Lula e Fernando Henrique que são bem interessantes. No confronto direto, de quem foi melhor, é brincadeira: 76% para Lula, 10% para Fernando Henrique (com índices negativos assim, o melhor seria pegar a toga e voltar para Paris). Mas o índice mais complexo (e mais contundente) é o da transferência de votos. Ninguém gosta, a priori, de declarar que seu voto é influenciado por outros. Nos grupos de discussão (de pesquisas qualitativas), é comum ver as pessoas baterem no peito dizendo que ninguém ensina em quem votar, e, mais adiante, acabarem confessando que escolheram o candidato por indicação da mãe, da tia, da vizinha, do amigo, etc. Declarar, portanto, que votaria em um candidato apoiado por outra pessoa é difícil – o que torna ainda mais surpreendente o índice de transferência que Lula apresenta: 51,7%, soma de “Único que votaria” (20,1%) com “Poderia votar” (30,6%). Fernando Henrique só consegue 17,2% (3% + 14,2%). Pior: 49,3% não votariam em candidato apoiado por Fernando Henrique (contra apenas 16% de Lula). Na sua coluna de hoje (“Recados Eleitorais”), Merval Pereira passa por cima desses índices de transferência de votos e ainda faz de conta que o poder de transferência de Lula não passa de 20% (Dilma “atingiu o patamar de 20% que, não por coincidência, é o mesmo índice dos que dizem que votariam no candidato indicado por Lula”). Na verdade, esse é apenas o sonho de todo bom tucano...

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Qual a novidade dessa pesquisa CNT-Sensus que acaba de sair?


Na minha opinião, nenhuma surpresa. A pesquisa demonstra o que esse Blog não cansa de repetir: a eleição é plebiscitária; Dilma só precisa ser reconhecida como candidata do Lula. O resto é consequência. Serra está em queda, Fernando Henrique é mau negócio. Aliás, no dia 9 de setembro, falando sobre a pesquisa que tinha sido recém divulgada, contra tudo e contra todos, fiz a postagem “CNT/SENSUS: Serra em queda, Dilma parada e eleição continua plebiscitária”. Dilma cuidou da saúde, andou pra lá e pra cá, e voltou a crescer como era esperado. Talvez o que tenha ficado mais claro dessa vez foi o efeito negativo de Fernando Henrique. Enquanto isso, a Oposição, como um Diógenes ao contrário, carrega na mão o seu apagão, em busca de um candidato...

A viagem de Ahmadinejad e os negócios da paz

Não entendo porque tanto estardalhaço contra essa viagem de Ahmadinejad pela América Latina. Ou melhor, entendo, mas o exagero é muito grande. Ele faz simplesmente o que deve fazer como dirigente de um país com a riqueza energética e a importância do Irã: busca parcerias comerciais e estratégicas. E o Brasil deve evitar essa aproximação? Claro que não. Há interesses comuns não apenas no setor de energia, mas também na agricultura e até mesmo na regulação do sistema financeiro. O Brasil deve evitar Ahmadinejad por causa dos conflitos no Oriente Médio? Ao contrário, não apenas devemos nos aproximar como ir além, tentar contribuir para uma solução. O Irã quer acabar com Israel? Pode apostar que a recíproca é verdadeira (e o que se faz na Palestina comprova isso). Ahmadinejad comete o absurdo de negar o Holocausto? Comete, sim, é verdade.Não é uma posição isolada, mas, sim, de uma corrente de pensamento da qual ele faz parte. Poderemos falar sobre muitos pontos de atraso na cultura do Irã ou de Israel, como contra as mulheres, por exemplo. Mas o importante é compreendermos que a paz não se constrói pensando apenas em uma das partes. Até recentemente, a paz era estabelecida a partir da força Israel-EUA. Os árabes ganharam mais poder (graças ao petróleo), o Hesbolá mostrou do que é capaz militarmente, o Hamas idem, a invasão do Iraque foi uma tragédia americana e o Irã, do alto de suas reservas petrolíferas, resolveu falar de igual para igual com os adversários. A energia nuclear e as armas nucleares – antes restritas a Israel – passaram a ser uma alternativa para o lado muçulmano. Cabe ao Brasil, como país que se projeta no cenário internacional, não se deixar levar pelos fluxos interesseiros dos meios de comunicação. Podemos fazer bons acordos comerciais e políticos com ambas as partes, e também, quem sabe, contribuir com uma gota de paz para aquele deserto regado a ódio.

Dúvida no PED do Rio: quem ficará em segundo lugar para disputar a presidência com Luiz Sérgio?

Já se sabia que haveria segundo turno na disputa para a presidência do PT do Rio. Já se sabia também que o candidato Luiz Sérgio, do CNB, era pule de 13 para o primeiro lugar (deve ter uns 45% dos votos). A surpresa está sendo a disputa acirrada entre os candidatos Casula e Bismarck. Até ontem, Lourival Casula era tratado como barbada. Bismarck se aproxima. E as negociações ficam cada vez mais intensíssimas para o segundo turno.

domingo, 22 de novembro de 2009

As eleições do PT

Recebi um panfleto-mail que diz “O PED enche o petista de orgulho porque somos o único partido brasileiro a adotar eleições diretas para renovar as direções partidárias”. PED quer dizer justamente Processo de Eleições Diretas, e entendo que encha de orgulho seus filiados. A mobilização é monumental. Por toda parte, a toda hora, em todos os estados brasileiros, os petistas estão se reunindo, discutindo, debatendo, fazendo acordos, construindo alianças, chapas e novas alianças, debatendo o Brasil, fortalecendo o seu partido, abrindo o caminho da estrela. Admiro todo esse processo. Por mais que às vezes pareça bem complicado para quem está à margem. O panfleto-mail que recebi, por exemplo, mostra que nesse domingo serão realizadas 6 eleições – para Presidente Nacional, para Diretório Nacional, para Presidente Estadual, para Diretório Estadual, para Presidente Municipal e para Diretório Municipal. Pelo que li no regulamento, serão eleitos também “os Conselhos Fiscais, as Comissões de Ética e os(as) delegados(as) aos Encontros Estaduais e ao 4º Congresso Nacional, pelo voto direto e secreto dos(as) filiados(as)”. No PED 2009 há algo mais a se preocupar, a manutenção do projeto petista pós-Lula. Não há quem não defenda a eleição de Dilma e a política de alianças para garantir a vitória em 2010. Mas é verdade também que muitas vezes essa determinação por uma política de alianças tropeça em projetos pessoais de alguns líderes. Mesmo assim, o PED do PT é louvável. Oxigena o partido e não tem similar no país. Parabéns ao PT.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Finalmente acendeu uma luz na Oposição: Cesar Maia descobre que só existe Lula para 2010

No Ex-Blog de hoje, Cesar Maia (DEM) reproduz seu artigo de sábado na Folha com análise das eleições 2010, onde, logo no título, entrega o ouro: “AGENDA DE LULA EM 2010 É LULA!”. Começa o texto tentando minimizar a capacidade de transferência de votos de Lula. Depois, usando como tema o duelo de agendas, toma o exemplo da eleição de Obama para mostrar que só no final Obama pôde vencer com a imposição da agenda econômica diante da crise financeira. Cita a agenda de “ética pública e modernidade econômica” de Collor, e as agendas econômicas de Fernando Henrique e Bill Clinton. Tudo certo. E 2010? Diz Cesar Maia: “Pelo jeito, a campanha do governo já tem a sua agenda: Lula. Todo o resto (PAC, Bolsa Família, saída da crise...) será miragem. Lula é uma agenda forte e vencedora? Pode ser. Mas agenda se disputa na batalha eleitoral. Se essa agenda for o debate da campanha, ela/ele ganha. Cabe à oposição impor a sua. Mas, para isso, precisa ter agenda. Por enquanto, nem candidato tem. E a agenda precisa ser personalizada pelo ator que caiba nesse papel”. Cesar Maia está certo quando diz que a agenda será “Lula”. Mas está erradíssimo quando separa “Lula” de “PAC, Bolsa Família e saída da crise”. “Lula” é a tradução de tudo isso e muito mais. É autoestima da população mais pobre. É autoestima do povo brasileiro no cenário mundial. É “estar de bem com a vida”. Onde encontrar um décimo de tudo isso nos outros candidatos, sem apoio de Lula? É na escuridão dessa dúvida que a Oposição amarga o seu apagão. Veja o texto completo:

A agenda


O culto à personalidade chegou ao Brasil com pompas e circunstâncias. A elevada autoestima de Lula, exibindo-se todos os dias, por qualquer razão, terá o seu momento de apoteose com a exibição do filme "Lula, o Filho do Brasil".
A distribuição para 800 salas de exibição, sindicatos e associações será suplementada e multiplicada pelos ambulantes. A sensação que passa é que há interesse para que seja assim. Os desdobramentos políticos se darão em duas direções: a "enanização" do papel de sua candidata e a campanha presidencial de 2010. Não é tão simples supor que sua acomodação no marsúpio lulista a levará à Presidência. A mercadologia eleitoral mostra que a transferência de votos se dá com mais facilidade quando o perfil do receptor se aproxima do perfil do emissor. A exaustiva insistência na origem retirante de Lula não o identifica com sua candidata. Isso pode causar desconfiança.
Mas a questão central é a agenda eleitoral. Se há algum consenso entre os especialistas é que a disputa entre os candidatos para impor sua agenda é um fator decisivo em campanhas. Um caso recente é o da eleição de Obama.
O folclore pós-eleitoral deu à internet um papel decisivo. Não houve isso. A curva das pesquisas até 60 dias antes da eleição mostrava McCain à frente, cristalizando uma pequena, mas sustentável, diferença. A agenda bushiana de McCain se impunha: melhor as guerras no Iraque e no Afeganistão que o terror em casa. Naquele momento, naufragou o Lehman Brothers, as Bolsas despencaram, as demissões começaram e a fragilidade do sistema financeiro expôs as suas vísceras.
A agenda foi invertida e passou a ser a crise e o emprego. As curvas das pesquisas se cruzaram e Obama desfilou até a vitória final. Em 1989, Collor impôs a sua agenda: ética pública e modernidade econômica ("marajás" e "carros-carroças"). A força da agenda lançou a imagem de seus adversários de maior peso parlamentar e tempo de TV ao passado e a votações desprezíveis. Em 1998, a campanha de FHC travestiu a crise econômica de insegurança aportada pela chapa Lula-Brizola e impôs a agenda. Bill Clinton, em 1992, impôs sua agenda ("é a economia, estúpido").
Pelo jeito, a campanha do governo já tem a sua agenda: Lula. Todo o resto (PAC, Bolsa Família, saída da crise...) será miragem.
Lula é uma agenda forte e vencedora? Pode ser. Mas agenda se disputa na batalha eleitoral. Se essa agenda for o debate da campanha, ela/ele ganha. Cabe à oposição impor a sua. Mas, para isso, precisa ter agenda. Por enquanto, nem candidato tem. E a agenda precisa ser personalizada pelo ator que caiba nesse papel.