É bastante educativo o artigo de Peter Romero e Eric Farnsworth no The Miami Herald (Great challenge, grand possibility). O primeiro foi subsecretário de Estado de Bill Clinton para a América Latina e o segundo, além de Vice-Presidente do Conselho das Américas, é ex-consultor da Casa Branca para assuntos do hemisfério. Eles utilizam o exemplo de Honduras para mostrar como entendem a geopolítica americana para a América Latina: de um lado estão os "populistas", produtos da perigosa democracia participativa, do outro lado estão os Estados Unidos e a "democracia". Com essa idéia na cabeça eles aplaudem o que houve em Honduras. “Não foi algo muito apropriado, mas agora Honduras, com a eleição, tem chance de voltar à normalidade”, dizem eles. Consideram a “Carta da Democracia da OEA” (coincidentemente aprovada no mesmo dia do ataque contras as torres gêmeas de Nova York) insuficiente, porque nós aqui não temos força de vontade para “dar passos concretos em defesa da democracia” (the unwillingness of the hemispheric community to take concrete steps to protect democracy). E vão mais longe: exigem ação do governo americano, apoiando “amigos” e isolando “agitadores populistas” para “restaurar o consenso democrático que definiu os interesses estratégicos dos Estados Unidos nas Américas desde o fim da Guerra Fria". A questão toda é essa: democracia é apenas uma palavra com significado mutante que eles utilizam para defender seus interesses. Acham que são detentores únicos do significado de democracia. Mas a pesquisa do Latinobarómetro publicada ontem na The Economist (A slow maturing of democracy - More Latin Americans now trust the government than the army) mostra o contrário. Realizada em setembro e outubro, em 18 países da América Latina, a pesquisa, prova que nós, latinoamericanos, queremos a democracia, não queremos militares como os que derrubaram Zelaya (aliás, em Honduras – para tristeza de nossa “mídia de bananas” –, 58% desaprovaram o golpe). A pesquisa também revela que o prestígio de Chávez tem diminuído (mas é na Venezuela que se tem o maior apoio à democracia) e que o Brasil de Lula é visto como o país mais influente, superado apenas, na parte Norte da região, pelos Estados Unidos. A pesquisa do Latinobarómetro mostra sobretudo que as “aulas” de democracia dos Clinton’s boys não servem para nós. Abaixo, um dos quadros da pesquisa. Clique para ampliar.
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
Estrategistas de Clinton deveriam consultar o Latinobarómetro antes de falar sobre democracia na América Latina
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