Um bush diz mais do que mil palavras.
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quinta-feira, 25 de março de 2010
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
Merval Pereira fala da trajetória Lula
Merval Pereira, todos sabem, é um colunista político global com posições quase sempre excessivamente tucanas. Mas demonstra seriedade no que faz. Hoje sua coluna no Globo tem momentos bem interessantes ao falar da ascensão de Lula pela esquerda latinoamericana.
Disputa pela esquerda
Merval Pereira
O Lula hoje entrando no seu último ano de mandato estendido é um político em permanente ascensão popular, com uma votação que vai mudando territorialmente ao longo do tempo, até se transformar no principal líder da esquerda brasileira. Lula teve 17% da votação em 1989, 27% em 1994, e 32% em 1998, o que os especialistas chamam de “crescimento endógeno”, agregando os votos da esquerda: os 17% de Lula com os 16% de Brizola, em 1989, somam 33%; em 1994, os 27% do Lula com os 3% do Brizola chegam a 30%; e Brizola e Lula juntos em 1998 recebem 32% dos votos.
Mas essa liderança no espectro político de esquerda tem um contra pontono PSDB, a expressão de uma esquerda social-democrata que o derrotou duas vezes no primeiro turno graças à capacidade de Fernando Henrique Cardoso de ampliar sua coalizão partidária para a centro-direita.
O Lula que saiu, portanto, de 17% da votação no primeiro turno em 1989 para 48,5% no primeiro turno da eleição de 2006, e repetiu a mesma votação expressiva do segundo turno de 2002, recebendo mais de 60% dos votos do eleitorado, é um Lula diferente, mas que persegue a liderança da esquerda como um ativo político importante.
Em 1989, quando se identificava como “o candidato da classe trabalhadora”, tinha sua base nesse eleitorado de classe média de esquerda, basicamente nas capitais, e em concentrações industriais, como o Vale do Aço, o Sul Fluminense e a região do ABCD paulista.
E dependia do PT.
Quando se afirma como o principal líder de esquerda, para chegar à Presidência em 2002, tem que fazer o mesmo movimento para a centro-direita já feito pelo PSDB, e acaba indo para o interior do país, tornando-se hegemônico no Nordeste.
Na relação entre o Brasil e os Estados Unidos, o que está havendo é uma disputa de espaço político de influência na América Latina, também a partir da esquerda.
O que há de novidade é que o Brasil já é percebido como mais importante, em certas partes e em certos assuntos na região, do que os Estados Unidos, mesmo que o presidente Barack Obama seja o líder mais popular, suplantando o presidente brasileiro, que é o líder regional mais popular.
O fato de o responsável pela América Latina no Departamento de Estado, Arturo Valenzuela, ter dito que os Estados Unidos não têm nada contra a aproximação do Brasil com o Irã, mas espera que use esse relacionamento político para pressionar aquele país a aceitar as regras internacionais quanto ao uso pacífico da energia nuclear, só mostra que a contrariedade do governo Obama com a proteção diplomática que o governo brasileiro deu ao Irã quando todo mundo Ocidental, mais China e Rússia, o pressionavam, é menor do que a admissão de que o Brasil não é igual à Venezuela ou à Bolívia, países que foram criticados diretamente pela secretária de Estado, Hillary Clinton, justamente pela aproximação com o Irã.
E o Brasil é diferente não apenas por ser o líder regional, com crescente influência na política internacional, mas sobretudo porque Lula é identificado como uma liderança de esquerda não radical e democrática.
Foi Fidel Castro, o ditador cubano, quem dividiu os governantes de esquerda da região em “revolucionários” e “tradicionais”. A esquerda “tradicional”, que teria mais afinidades com a social-democracia europeia, seria representada por políticos como Lula ou Michelle Bachelet, do Chile, ou Tabaré Vázquez, do Uruguai, substituído por outro moderado, o ex-tupamaro José “Pepe” Mujica.
Os “revolucionários” estariam representados por Hugo Chávez, da Venezuela; Evo Morales, da Bolívia; Rafael Correa, do Equador, ou Daniel Ortega, da Nicarágua, e a eles já não bastaria a democracia representativa.
Todos estão envolvidos, de uma maneira ou outra, em ações para ampliar seus poderes. Assim como Manuel Zelaya em Honduras, outro ponto de discórdia entre Estados Unidos e Brasil.
A Lula interessa manter essa dicotomia, desde que seja ele o elo entre os dois lados da esquerda e, muito ao contrário, quanto maior a radicalização de um Hugo Chávez, mais o presidente brasileiro se credencia como o negociador da estabilidade política na região.
Embora a esquerda latinoamericana sempre tenha tido uma relação mais próxima do Partido Democrata, e o senador Barack Obama seja considerado um liberal — o que nos Estados Unidos soa como “de esquerda” —, o governo Lula preferia um futuro presidente republicano, sobretudo por ser menos próximo dos tucanos.
Assim como a relação dos tucanos com o Partido Democrata foi fortalecida pela amizade entre o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-presidente Bill Clinton, uma relação amistosa nasceu entre Lula e Bush. O americano tinha uma relação mais amistosa com o atual presidente brasileiro do que a que teve com Fernando Henrique, que declarou certa vez que sentiu “asco físico” por Bush. Essa rejeição intelectual não aconteceu com Lula, cujo temperamento afável é mais parecido com o do ex-presidente americano.
Por puro pragmatismo, Lula torceu pela reeleição de Bush, e gostaria de ver um republicano na Casa Branca de novo. Para continuar sendo a ponte do governo dos Estados Unidos com os governos de esquerda “revolucionária” da América Latina.
Quanto a Obama, mesmo que tenha sido chamado de “o cara” por ele e ver em sua trajetória política e de vida semelhanças com a sua, Lula acha que ele se cercou muito de assessores de Clinton, especialmente com a nomeação de Hillary para o Departamento de Estado. E acha que a máquina do estado americano já “domou” Obama, a quem considera inexperiente para se impor ao establishment.
Por características da política interna, Obama tem que fazer concessões aos conservadores republicanos, enquanto Lula as faz a políticos da direita fisiológica.
O choque pode ser inevitável, já que a área de política externa é a que Lula reservou para seu governo realizar uma política de viés esquerdista, para compensar a política econômica de continuidade do governo tucano.
Merval Pereira
O Lula hoje entrando no seu último ano de mandato estendido é um político em permanente ascensão popular, com uma votação que vai mudando territorialmente ao longo do tempo, até se transformar no principal líder da esquerda brasileira. Lula teve 17% da votação em 1989, 27% em 1994, e 32% em 1998, o que os especialistas chamam de “crescimento endógeno”, agregando os votos da esquerda: os 17% de Lula com os 16% de Brizola, em 1989, somam 33%; em 1994, os 27% do Lula com os 3% do Brizola chegam a 30%; e Brizola e Lula juntos em 1998 recebem 32% dos votos.
Mas essa liderança no espectro político de esquerda tem um contra pontono PSDB, a expressão de uma esquerda social-democrata que o derrotou duas vezes no primeiro turno graças à capacidade de Fernando Henrique Cardoso de ampliar sua coalizão partidária para a centro-direita.
O Lula que saiu, portanto, de 17% da votação no primeiro turno em 1989 para 48,5% no primeiro turno da eleição de 2006, e repetiu a mesma votação expressiva do segundo turno de 2002, recebendo mais de 60% dos votos do eleitorado, é um Lula diferente, mas que persegue a liderança da esquerda como um ativo político importante.
Em 1989, quando se identificava como “o candidato da classe trabalhadora”, tinha sua base nesse eleitorado de classe média de esquerda, basicamente nas capitais, e em concentrações industriais, como o Vale do Aço, o Sul Fluminense e a região do ABCD paulista.
E dependia do PT.
Quando se afirma como o principal líder de esquerda, para chegar à Presidência em 2002, tem que fazer o mesmo movimento para a centro-direita já feito pelo PSDB, e acaba indo para o interior do país, tornando-se hegemônico no Nordeste.
Na relação entre o Brasil e os Estados Unidos, o que está havendo é uma disputa de espaço político de influência na América Latina, também a partir da esquerda.
O que há de novidade é que o Brasil já é percebido como mais importante, em certas partes e em certos assuntos na região, do que os Estados Unidos, mesmo que o presidente Barack Obama seja o líder mais popular, suplantando o presidente brasileiro, que é o líder regional mais popular.
O fato de o responsável pela América Latina no Departamento de Estado, Arturo Valenzuela, ter dito que os Estados Unidos não têm nada contra a aproximação do Brasil com o Irã, mas espera que use esse relacionamento político para pressionar aquele país a aceitar as regras internacionais quanto ao uso pacífico da energia nuclear, só mostra que a contrariedade do governo Obama com a proteção diplomática que o governo brasileiro deu ao Irã quando todo mundo Ocidental, mais China e Rússia, o pressionavam, é menor do que a admissão de que o Brasil não é igual à Venezuela ou à Bolívia, países que foram criticados diretamente pela secretária de Estado, Hillary Clinton, justamente pela aproximação com o Irã.
E o Brasil é diferente não apenas por ser o líder regional, com crescente influência na política internacional, mas sobretudo porque Lula é identificado como uma liderança de esquerda não radical e democrática.
Foi Fidel Castro, o ditador cubano, quem dividiu os governantes de esquerda da região em “revolucionários” e “tradicionais”. A esquerda “tradicional”, que teria mais afinidades com a social-democracia europeia, seria representada por políticos como Lula ou Michelle Bachelet, do Chile, ou Tabaré Vázquez, do Uruguai, substituído por outro moderado, o ex-tupamaro José “Pepe” Mujica.
Os “revolucionários” estariam representados por Hugo Chávez, da Venezuela; Evo Morales, da Bolívia; Rafael Correa, do Equador, ou Daniel Ortega, da Nicarágua, e a eles já não bastaria a democracia representativa.
Todos estão envolvidos, de uma maneira ou outra, em ações para ampliar seus poderes. Assim como Manuel Zelaya em Honduras, outro ponto de discórdia entre Estados Unidos e Brasil.
A Lula interessa manter essa dicotomia, desde que seja ele o elo entre os dois lados da esquerda e, muito ao contrário, quanto maior a radicalização de um Hugo Chávez, mais o presidente brasileiro se credencia como o negociador da estabilidade política na região.
Embora a esquerda latinoamericana sempre tenha tido uma relação mais próxima do Partido Democrata, e o senador Barack Obama seja considerado um liberal — o que nos Estados Unidos soa como “de esquerda” —, o governo Lula preferia um futuro presidente republicano, sobretudo por ser menos próximo dos tucanos.
Assim como a relação dos tucanos com o Partido Democrata foi fortalecida pela amizade entre o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-presidente Bill Clinton, uma relação amistosa nasceu entre Lula e Bush. O americano tinha uma relação mais amistosa com o atual presidente brasileiro do que a que teve com Fernando Henrique, que declarou certa vez que sentiu “asco físico” por Bush. Essa rejeição intelectual não aconteceu com Lula, cujo temperamento afável é mais parecido com o do ex-presidente americano.
Por puro pragmatismo, Lula torceu pela reeleição de Bush, e gostaria de ver um republicano na Casa Branca de novo. Para continuar sendo a ponte do governo dos Estados Unidos com os governos de esquerda “revolucionária” da América Latina.
Quanto a Obama, mesmo que tenha sido chamado de “o cara” por ele e ver em sua trajetória política e de vida semelhanças com a sua, Lula acha que ele se cercou muito de assessores de Clinton, especialmente com a nomeação de Hillary para o Departamento de Estado. E acha que a máquina do estado americano já “domou” Obama, a quem considera inexperiente para se impor ao establishment.
Por características da política interna, Obama tem que fazer concessões aos conservadores republicanos, enquanto Lula as faz a políticos da direita fisiológica.
O choque pode ser inevitável, já que a área de política externa é a que Lula reservou para seu governo realizar uma política de viés esquerdista, para compensar a política econômica de continuidade do governo tucano.
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sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
Estrategistas de Clinton deveriam consultar o Latinobarómetro antes de falar sobre democracia na América Latina
É bastante educativo o artigo de Peter Romero e Eric Farnsworth no The Miami Herald (Great challenge, grand possibility). O primeiro foi subsecretário de Estado de Bill Clinton para a América Latina e o segundo, além de Vice-Presidente do Conselho das Américas, é ex-consultor da Casa Branca para assuntos do hemisfério. Eles utilizam o exemplo de Honduras para mostrar como entendem a geopolítica americana para a América Latina: de um lado estão os "populistas", produtos da perigosa democracia participativa, do outro lado estão os Estados Unidos e a "democracia". Com essa idéia na cabeça eles aplaudem o que houve em Honduras. “Não foi algo muito apropriado, mas agora Honduras, com a eleição, tem chance de voltar à normalidade”, dizem eles. Consideram a “Carta da Democracia da OEA” (coincidentemente aprovada no mesmo dia do ataque contras as torres gêmeas de Nova York) insuficiente, porque nós aqui não temos força de vontade para “dar passos concretos em defesa da democracia” (the unwillingness of the hemispheric community to take concrete steps to protect democracy). E vão mais longe: exigem ação do governo americano, apoiando “amigos” e isolando “agitadores populistas” para “restaurar o consenso democrático que definiu os interesses estratégicos dos Estados Unidos nas Américas desde o fim da Guerra Fria". A questão toda é essa: democracia é apenas uma palavra com significado mutante que eles utilizam para defender seus interesses. Acham que são detentores únicos do significado de democracia. Mas a pesquisa do Latinobarómetro publicada ontem na The Economist (A slow maturing of democracy - More Latin Americans now trust the government than the army) mostra o contrário. Realizada em setembro e outubro, em 18 países da América Latina, a pesquisa, prova que nós, latinoamericanos, queremos a democracia, não queremos militares como os que derrubaram Zelaya (aliás, em Honduras – para tristeza de nossa “mídia de bananas” –, 58% desaprovaram o golpe). A pesquisa também revela que o prestígio de Chávez tem diminuído (mas é na Venezuela que se tem o maior apoio à democracia) e que o Brasil de Lula é visto como o país mais influente, superado apenas, na parte Norte da região, pelos Estados Unidos. A pesquisa do Latinobarómetro mostra sobretudo que as “aulas” de democracia dos Clinton’s boys não servem para nós. Abaixo, um dos quadros da pesquisa. Clique para ampliar.
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sexta-feira, 11 de janeiro de 2008
Qual o maior "espetáculo midiático"do momento?
A mídia está tratando a libertação das reféns das FARC basicamente como um "espetáculo midiático" de Hugo Chávez (com reassalva a Cony, que fez boa análise, em sua tertúlia matinal com Artur Xexéo e Heródoto Barbero na CBN, opondo-se ao preconceito dos outros convivas). Claro que houve o espetáculo. Mas com uma boa causa muito bem inserida no contexto. Bem diferente do espetáculo midiático patrocinado no momento por Bush em seu passeio pelo Oriente Médio. Com o objetivo de deslocar a atenção da mídia que estava voltada para as prévias eleitorais (destaque para Obama e os Clinton) e para a crise econômica, ele se deslocou para Israel e Palestina para fazer exatamente... ninguém sabe o quê. Mas ninguém tratou isso como "espetáculo midiático" de Bush - mesmo tratando-se do maior de todos.
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quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007
Bush "elege" Obama
Em entrevista ao canal Fox News, Bush declarou que o pré-candidato Democrata à Casa Branca, Senador Barack Obama, "é um tipo sedutor. É objetivo. Fiquei impressionado quando o conheci em pessoa, mas ainda tem um longo caminho a percorrer antes de ser presidente". Obama é negro, crítico ferrenho da invasão do Iraque e é considerado estrrela ascendente na política americana. Apesar disso, nos últimos dias ele perdeu terreno para a pré-candidata Hillary Clinton. Com essa declaração, Bush procura inflar a candidatura Obama para aumentar o confronto nas fileiras Democratas. Leia notícia completa na AFP.
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