sábado, 30 de junho de 2007

Recebi um e-mail repassado pelo Frederico Wollny com uma história interessante, de Paul Potts, um inglês de 36 anos, vendedor de celulares, que foi ao programa "Britain's got talent" para cantar... ópera. Quando ele falou que ia cantar ópera, houve certo muxoxo por parte dos jurados e do público. Ninguém sabia (ou se sabia, escondeu bem...) que a 1ª vez que Paul cantou ópera foi aos 28 anos, num concurso de karaokê, fantasiado de "Pavarotti". Depois ganhou 8.000 libras em outra competição, juntou com as economias que tinha e... foi para a Itália fazer cursos. Num deles, foi levado a cantar para o próprio Pavarotti. Ele estima que já gastou umas 20.000 libras para aprender a cantar. Em 2003 teve um acidente de motocicleta e desde então passou por dificuldades financeiras e ainda não recuperou a antiga forma, e por isso resolveu inscrever-se no "Britain's got talent". É fantástica a reação dos jurados (aparentando despreparo, mas emocionados) e do público, quando ele interpreta "Nessun Dorma" (a ária do último ato de "Turandot" de Puccini). Conheço zero de ópera, mas gostei da peça. Veja vídeo a seguir.

O Complexo do Alemão e a lógica da guerra

Ontem, quem estava mais eufórico com a invasão do Complexo do Alemão pela policia do Rio de Janeiro era o Prefeito Cesar Maia. Exultava e parecia trazer para ele o mérito da invasão. Mas Cesar Maia não falava apenas como um estudioso do assunto, um policiógo (como ele costuma acusas outros estudosos) - externava principalmente o seu pensamento lacerdista, que tanto agrada a classe média conservadora carioca: torcia simplesmente para que agora "bandido corra e tenha medo da polícia". Isso é típico de quem pensa manter a "ordem" com a lógica da guerra, do enfrentamento permanente. Algumas autoridades de segurança não concordam com esse pensamento belicoso e apontam a grande falha da invasão: ter saído em seguida. "Não faz sentido mobilizar mais de mil homens apenas para entrar lá, matar umas 20 pessoas e depois sair", dizem. "Era necessário invadir e manter a ocupação - não com a polícia local, mas com a Força Nacional". E explicam: "a polícia local conhece o tráfico local, onde estão as bocas, as armas, pode fazer parte do esquema, enquanto a Força Nacional vem de fora e por enquanto está imune. Quando começasse a ficar igual à polícia local, deveria ter seu homens trocados". E continuam: "A invasão social deve vir logo em seguida para garantir a pacificação". A diferença está exatamente entre a lógica da pacificação e a lógica da guerra. "Provocar uma guerra agora e além disso com ameaça de levá-la para outras comunidades é um risco para o PAN 2007", alertam. "Lembram do Secretário de Segurança Josias Quintal? Ele caiu quando iniciou a lógica da guerra. Os bandidos metralharam um ônibus de soldados na Maré e, com isso, derrubaram o Secretário". Outra falha apontada foi a do cerco ao Complexo (que tem 36 acessos, "um verdadeiro queijo suíço"). "Não adianta nada revistar crianças e um ou outro suspeito, se também não forem revistados os carros da polícia que entram e saem. O tráfico pode estar se mantendo através deles". Com essa lógica da guerra, destacam-se personagens como o policial fotografado fumando charuto e dando ares de matador. Se continuar com essa lógica, nunca teremos paz duradoura no Rio de Janeiro.

sexta-feira, 29 de junho de 2007

Bye-bye, Roriz

Depois do discurso que Roriz fez ontem e dos comentários que ouvi, fiquei com a sensação que ele estava entrando de vez no matadouro. Certamente vai funcionar como boi de piranha. Seu discurso, altamente teatral, talvez funcione para o seu eleitorado, mas tem efeito contrário entre seus "pares" e junto à mídia.

Deixamos a Sirley com o olho roxo

Hoje, o jornalista Nelito Fernandes escreveu no Globo um artigo que eu gostaria de ter escrito. Reproduzo na íntegra:
Dei um soco na Sirley. Quando a empregada doméstica estava sendo espancada covardemente no ponto de ônibus, um dos socos quem deu fui eu. Você também deu um soco na Sirley. Nós esmurramos a Sirley quando compramos aquele brinquedinho que apareceu no comercial do Cartoon e que nossos filhos abandonam depois de cinco minutos. Nós deixamos a Sirley com o olho roxo quando fomos grossos com o frentista que errou e pôs mais gasolina do que nós pedimos. Nós derrubamos e chutamos a Sirley quando não respeitamos os mais pobres, os mais fracos, e passamos aos nosso filhos na prática o oposto do nosso discurso politicamente correto. Nós demos uma surra na Sirley quando pagamos R$ 380 às nossas empregadas domésticas. Quando pedimos, “por favor”, que elas façam uma hora extra no sábado à noite para que possamos ir ao cinema e jantar, enquanto elas tomam conta dos nossos filhos. E gastamos num vinho o que elas ganham de salário. Nós damos um soco na Sirley quando vestimos as babás de branco e pedimos que elas passeiem na Lagoa, no Baixo Bebê, para que possamos dormir um pouco mais. Você bate na Sirley toda vez que passa na Avenida Atlântica e olha as prostitutas com desprezo, quando ri do mendigo que passou fedendo, quando vira a cara para o menino malabarista, quando xinga o garoto que jogou água no pára-brisa do seu carro novo e pediu uns trocados. A mídia espanca a Sirley quando usa eufemismos para tratar os delinqüentes de classe média, mas não hesita em chamar de criminosos os meninos do morro. Nossos filhos são “pitboys”, “estudantes”, “rapazes de classe média”. Os deles é que são bandidos. Os jornais quebram o braço da Sirley quando chamam ladras estudantes de direito que roubavam roupa no shopping da Barra de “cleptomaníacas”. As revistas dão socos na boca do estômago da Sirley quando perguntam onde os pais de classe média erraram quando os filhos deles cometem crimes; mas pedem a redução da maioridade quando os filhos dos miseráveis fazem o mesmo. Eu e você saímos por aí num carro de madrugada para espancar a Sirley quando optamos por ser o “pai amigo”. Aquele cara legal, que sempre entende os filhos, que nunca dá limites, que não cobra nada. Quando nosso filho chega às 5h da manhã de porre, dirigindo, e a gente não fala nada porque acha que ser jovem é assim mesmo, nós estamos batendo na Sirley. Nós entramos no carro e fugimos rindo da cena do crime quando dizemos: “Eu fiz tudo por ele, eu dei tudo a ele. Por que ele fez isso?” Nós batemos na Sirley. O melhor que temos a fazer, agora, é confessar.

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Cadê o prefeitável que estava aqui? Sumiu...

Lançamento de candidatura muitas vezes é um verdadeiro jogo de esconde-esconde. O candidato diz que é candidato, mas não é; outras vezes diz que não é, mas é. Diz que é, depois diz que não é, depois diz que é de novo, e por aí vai. E é assim que deve ser. Tudo isso depende da estratégia e das táticas de cada um, depende da conjuntura, dos adversários, etc. Veja só o exemplo do Rio. Você olha e percebe uns 30 pré-candidatos à Prefeitura do Rio em 2008. Olha de novo e não tem quase nenhum. Ou desistiram, ou nunca foram ou estão fazendo um afastamento tático. O Deputado Federal Filipe Pereira é candidato declarado pelo PSC. O Senador Marcello Crivella (PR, Igreja Universal), embora lidere as pesquisas, parece que não é mais (dizem que a Igreja não quer sofrer desgaste... será?). No PT, dos cinco nomes iniciais, dois (o Deputado Federal Edson Santos e o Deputado Estadual Molon) confirmam a candidatura, dois (a Secretária de Estado Benedita da Silva - que é a única que está bem nas pesquisas - e o Secretário de Estado Carlos Minc) negam a candidatura e Vladimir não tenho notícia. O PMDB está sem candidato: Conde vai pra Furnas, o Secretário de Estado Eduardo Paes e Garotinho não têm chances internas e, quanto a Pezão, (Vice-Governador) ele está tocando projetos importantíssimos do Governo do Estado, que não pode largar. No DEM (ex-PFL) de Cesar Maia, tudo é possível, mas o mais provável é o Secretário Municipal Eider Dantas ser o candidato. O PPS tem Denise Frossard, que está muito bem nas pesquisas, mas continua uma incógnita. Jandira, apesar de também estar bem nas pesquisas, do PCdoB, parece que decidiu mesmo ser candidata em Niterói. Outras incógnitas são Chico Alencar (PSOL) e Miro (PDT). O PV deve mesmo lançar Syrkis. O PSDB não sabe o que fazer e os outros... só Deus sabe!

Tartaruga: comer sem culpa?

Quando nasci, meu pai comemorou com uma tartarugada, daquelas feitas no próprio casco. Anos depois, provei algo semelhante e realmente é uma delícia. Aí, veio a proibição por causa do perigo de extinção, vieram as campanhas de defesa da espécie, veio o Projeto Tamar, veio o sentimento de culpa. Agora, o Bom Dia, Brasil anuncia que está liberado o consumo da carne de tartaruga. O Renato Machado abriu a reportagem dizendo que "a preferida dos manauaras está de volta" e encerrou dizendo que é uma "iguaria que antigamente comia-se com culpa, agora não mais". Quero dizer que minha culpa continua.

Tudo como dantes no quartel d' Abrantes

Adaptação de imagens do Google Reforma política rejeitada. Não é surpresa. O Elói, comunista dos velhos tempos, dizia outro dia: "Cobra não morde o próprio rabo". É uma pena para o mundo político. É uma pena para a população. A maioria dos nossos políticos parece preferir conviver com os escândalos permanentes, o desprezo da opinião pública, o descompasso com o país e o mundo moderno. 20 dias atrás, um pré-candidato a Prefeito me consultou sobre a reformar política, se eu achava que seria aprovada ou não. Respondi que, infelizmente, não. Ele me perguntou "por que infelizmente?", já que para a candidatura dele é melhor ficar como está. Respondi que é dever de todos nós lutarmos por partidos mais fortes, mais resistentes às ameaças de corrupção, com voto em lista fechada, ampliação do financiamento público de campanha (não ficar apenas no Horário Eleitoral Gratuito, como costumo lembrar) e garantia de fidelidade partidária. Infelizmente, como já disse, teremos que continuar convivendo com esse modo menor de fazer política.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Teremos um boi de piranha?

Ontem me perguntaram o que eu achava que ia acontecer com esse imbroglio do Senado. Respondi que era difícil prever, porque aquilo é uma verdadeira "caixinha de surpresas" (talvez o mais apropriado seria o termo "caixa de Pandora"...). Mas pode ser que Roriz funcione como "boi de piranha" para a salvação de Renan.

Bye-bye, Blair

Mudança no 10 Downing Street / FT Tony Blair está deixando o comando político da Inglaterra. Poderia sair com o título do político que mudou o país para um rumo progressista. Infelizmente leva na mudança o título de que mandou seus soldados para a guerra infame de Bush. Pior: título de subserviente a Bush. Tomara que tenha melhor sorte como negociador da ONU e da União Européia nas questões de Oriente Médio. Ou melhor: que o mundo tenha melhor sorte...

terça-feira, 26 de junho de 2007

O povo quer fidelidade

A Pesquisa CNT Sensus (18 a 22 de junho, 2000 entrevistas, margem de erro +/- 3%) divulgada nesta terça-feira, demonstra o óbvio: é fundamental o fortalecimento dos partidos com a "fidelidade partidária". A população não aprova "financiamento público de campanha" nem "alteração do sistema de votação". Mas isso, com certeza, é porque não está devidamente informada.

Lista fechada favorece PT, PMDB e PSDB

A Pesquisa CNT Sensus (18 a 22 de junho, 2000 entrevistas, margem de erro +/- 3%) divulgada nesta terça-feira, mostra que, no caso de adoção do "sistema de votação em Lista Fechada do Partido Político ao invés do Candidato", PT, PMDB e PSDB têm a preferência das pessoas. Dos que declararam o partido de sua preferência, eles têm, respectivamente, 37,54%, 17,54% e 13,5%.

Internet à frente de jornais e revistas

A Pesquisa CNT Sensus (18 a 22 de junho, 2000 entrevistas, margem de erro +/- 3%) divulgada nesta terça-feira, mostra que a internet avança na preferência do "meio de comunicação", já alcançando o 3º lugar (na frente de "jornal" e "revista", atrás de "TV" e "rádio").
NOTA. Em seu Ex-Blog de hoje, Cesar Maia escreve sobre esse tópico da pesquisa: "Cuidado com a pergunta errada. Dará resposta errada. Exemplo. Qual a sua mídia preferida? TV 69,3% / Radio 14% / Internet 9,4% / Jornal 5,4% / Revistas 0,9%. Como muitas pessoas usam mais de uma mídia a resposta nada significa. Se a pergunta fosse feita sobre leitura continuada de jornais daria 20% e não 5,4% como algum desatento pode imaginar. A própria audiência de TV é maior que essa. Etc..." Na verdade, ele é que deve ter cuidado. Pergunta sobre "preferência" tem que dar resposta sobre "preferência", não sobre "audiência" ou "leitura". O importante aqui é exatamente testar "preferência" - e a conclusão é que a internet avança muito.

Motivos para não ter orgulho do Brasil

A Pesquisa CNT Sensus (18 a 22 de junho, 2000 entrevistas, margem de erro +/- 3%) divulgada nesta terça-feira, além de mostrar avaliação muito positiva (64%) do desempenho de Lula, apresenta outros resultados interessantes, como os "motivos de não ter orgulho do Brasil". O principal motivo é a "corrupção" (que subiu, de maio de 2005 para cá), seguido da "violência" (que caiu...)

Cesar Maia e a segurança

Cesar Maia, Prefeito do Rio de Janeiro, vive hoje o dilema sobre o tema principal de suas próximas campanhas eleitorais. Certamente já se decidiu pela tema "realização", aproveitando-se das obras que o Rio ganhou em função do Pan 2007. Mas ele não pode largar mão do tema "segurança", que é uma de suas marcas prediletas (bem lacerdista) e também porque está de olho nas pesquisas que apontam "segurança" como maior problema da cidade para mais de 50% dos cariocas. Ele também está antenado na vitória deste fim de semana de Mauricio Macri para Prefeito de Buenos Aires, com 60% dos votos válidos no 2º turno, concentrando sua campanha em lei e ordem. No seu Ex-Blog de hoje faz mais interessantes comentários sobre segurança:
CRIMINALIDADE NO RIO! TOTAL DE DELITOS E MORTES VIOLENTAS! 1. Este Ex-Blog tem insistido que a sensação de insegurança não está nas mortes violentas. Essas, somando os homicídios, latrocínios, agressões seguidas de morte, somam 3 mil ao ano, no Rio-Capital. Um número enorme, mas que representa 1% dos delitos cometidos no ano. Esses 99% é que constroem a percepção de violência e insegurança, claro, multiplicada pelas imagens rotineiras de mortes violentas. Ninguém aconselha a ninguém, a usar um colete a prova de bala quando vai a rua, mas, a não levar dinheiro, bolsa, celular, jóias, ou a cuidar dos mesmos.(Comentário fraco, esse que ele faz sobre "coletes". Ninguém aconselha usar coletes, mas todo mundo aconselha evitar certas ruas, certos horários, certas situações, para escapar de balas perdidas ou de assaltos mais violentos.) 2. Paradoxalmente quando se compara a criminalidade - excluídas as mortes violentas - do Rio com outras grandes cidades brasileiras, a posição se inverte, como nos casos de S. Paulo e Belo Horizonte, sendo que com esta última, mesmo as mortes violentas se equivalem ponderadas pela população (100 mil habitantes). 3. Em 2005 foram registrados 295.935 delitos no Rio-Capital. Em 2006 foram registrados 310.245. E nos primeiros meses de 2007 a tendência é de um aumento de 4 a 5% sobre 2006. 4. Usando 300 mil como parâmetro, estamos falando de 25 mil delitos por mês, ou uns 830 por dia ou 35 por hora. Como os delitos que não mortes violentas, se concentram durante o dia poderíamos, falar de 52 por hora num dia de 16 horas ou quase um por minuto. 5. Se ponderarmos o total dos delitos pela população -digamos por 10 mil habitantes- e usando a população do Rio-Capital de 6 milhões de habitantes quase fixa, temos em 2005 um total de 493 por 10 mil habitantes. Em 2006 tivemos 517, tendendo em 2007 para 540. 6. Duas recentes pesquisas de opinião em Buenos Aires-Capital mostraram que em torno de 65% dos portenhos respondem que segurança publica/violência é o maior eixo de problemas na cidade. Quando comparamos o numero de homicídios do Rio e de Buenos Aires por 100 mil habitantes, o Rio tem 40 por 100 mil e Buenos Aires tem 5 por cem mil. Uma enorme diferença. 7. Mas quando comparamos a soma total de delitos registrados, Buenos Aires em 2005 anotou 195.225 delitos, ou 703,2 por 10 mil habitantes. Isso explica porque a sensação de insegurança lá é igual ou maior do que a do Rio. As pesquisas sobre vitimização no Rio, Belo Horizonte e SP, mostram que a sensação de insegurança em BH e SP é maior que no Rio. A razão é a mesma: uma proporção de delitos que não mortes violentas, maior do que a do Rio. 8. Os números, todos eles, são trágicos, claro. Mas pelo menos nos ensinam que as polícias deveriam tratar os "demais delitos" como o ponto fulcral da percepção de insegurança e de violência. E ampliar em muito o patrulhamento nas ruas. E - quem sabe - passar às grandes cidades - por emenda constitucional - o patrulhamento e a repressão aos pequenos delitos ou "delitos de rua".

segunda-feira, 25 de junho de 2007

A semana do Congresso continua folclórica com esse ritmo maluco do Bumba-meu-Boi

Aldemir Martins / Google Como descreve a Wikipédia, "Bumba-meu-Boi é uma dança do folclore popular brasileiro, com personagens humanos, animais e fantásticos, que gira em torno da morte e ressurreição de um boi. (...) O Bumba-meu-Boi toma aspectos semelhantes aos de uma tragicomédia, considerando a estrutura de seus personagens alegóricos, encenações contextuais e a reprodução dos conflitos e desenlaces de forma alegre e carnavalesca". Dependendo da região do Brasil, ganha nomes diferentes. Em Alagoas é Bumba-meu-Boi mesmo, mas em outras regiões pode se chamar Boi-Bumbá, Pavulagem, Boi Calemba, Bumbá, Boi de Reis, Boi Surubim, Boi Zumbi, Boi Janeiro, Boi Estrela do Mar, Dromedário, Mulinha-de-Ouro, Boi de Mourão, Boi de Mamão, Bumba, Folguedo do Boi, Boi-de-Reis, Bumba, Boizinho, Boi Mamão, Boi de Jacá ou Dança do Boi. (Terra Brasileira) Não temos informação sobre a existência do Bumba-meu-Boi em Goiás ou Brasília. Mas a partir de agora parece que vai se firmar no folclore local. Enquanto alguns políticos insistem em transformar a política em puro folclore, a reforma política torna-se cada vez mais necessária. Com voto em lista, financiamento público de campanha e fidelidade partidária. Estou dando uma boiada para que essa briga pela reforma comece logo - e sem folclore.

domingo, 24 de junho de 2007

Kirchnner perde mais uma vez em Buenos Aires - e a cidade move-se para a direita...

A vitória neste domingo do centro-direitista Mauricio Macri (presidente do Boca Juniors...) para Prefeito de Buenos Aires foi uma derrota para o Presidente Kirchner, que apoiou o seu Ministro da Educação, Daniel Filmus. Mas não foi a primeira derrota de Kirchner em Buenos Aires. Também nas eleições presidenciais de 2003 ele ficou apenas em 3º lugar. Agora Kirchner ganha mais um adversário de peso para as eleições presidenciais de outubro."A eleição em Buenos Aires pode ter marcado uma mudança de posição no eleitorado da capital", na avaliação do analista político Rosendo Fraga, diretor do Centro de Estudos Nueva Mayoría. “Depois da profunda crise econômica de 2001, a classe média portenha privilegiou os valores de centro-esquerda. Mas agora, com a recuperação econômica e a redução da pobreza e do desemprego, dão prioridade a valores de centro-direita”, disse Fraga antes do pleito. “Macri oferece ordem, segurança e eficiência, enquanto Filmus promove princípios como a igualdade social e a solidariedade, além de educação e saúde para todos”, diz o analista. “Hoje os portenhos parecem querer mais o primeiro que o segundo, e isso explica a vantagem do candidato de centro-direita”, avalia. Faz sentido. Leia mais no site da BBC.

sexta-feira, 22 de junho de 2007

A verdade do jornalista, a verdade do publicitário

Hoje ouvi a correspondente da CBN na França falando sobre o Festival do Filme Publicitário de Cannes. Um festival bem interessante, bom pra badalar. Ela comentava sobre a fraca participação brasileira deste ano e, em certo momento, citou palestra de Al Gore para a platéia de "profissionais hábeis em ocultar verdades inconvenientes". Como jornalista e publicitário, sinto-me à vontade para comentar o conceito emitido pela jornalista sobre os publicitários. Na verdade, publicitário não oculta a verdade. Para ele, o que importa é o briefing recebido pelo marketing do seu cliente, obviamente orientando-o a valorizar os aspectos positivos do produto, da instituição ou do candidato. Na maioria das vezes ele nem mesmo tem conhecimento de "verdades inconvenientes". Durante muitos anos fiz campanhas de cigarros sem ter noção exata das suas "verdades inconvenientes" (aliás, eu costumava fumar mais de dois maços de cigarros por dia...). Talvez o advogado tenha a função de ocultar "verdades inconvenientes" em defesa de seus clientes, mas não cabe ao publicitário essa função (talvez mais apropriada, em comunicação, ao marketing). Também o jornalista está longe de ter a função de ocultar "verdades inconvenientes". Sua função é exatamente a de mostrar os diversos lados da verdade. E é exatamente aí onde reside o maior perigo, porque é muito comum vermos coberturas jornalísticas apresentando apenas as verdades que interessam ao veículo de comunicação, seja por interesses comerciais, seja por questões ideológicas. Eu diria que a publicidade, quando oculta "verdades inconvenientes", na grande maioria das vezes, está se mostrando alienada. Já o jornalismo, quando oculta "verdades inconvenientes", pode estar sendo alienada, ingênua, mas pode também estar agindo deliberadamente em defesa de suas conveniências. A verdade verdadeira é que os bons profissionais, sérios, honestos, dedicados, sejam de publicidade ou de jornalismo, sentem-se no mínimo desconfortáveis, quando percebem que ocultaram "verdades inconvenientes".

Cesar Maia e 2008

Já disse para inúmeros políticos que o mais provável candidato do Prefeito do Rio, Cesar Maia (DEM, ex-PFL), para sua sucessão é o seu Secretário de Obras, Eider Dantas, do mesmo partido. Claro que ele tem alternativas fora do partido. Pode, por exemplo, trazer Denise Frossard (que está muito bem nas pesquisas), libertando-a do PPS, o partido conservador que defendeu o aborto. Pode também tentar uma composição com o PMDB de Sérgio Cabral e Picciani - desde que o peemedebista escolhido mude para o 25. A questão central, aliás, é essa. Cesar Maia precisa fortalecer o DEM (ex-PFL) e, por isso, precisa que o número do partido, o 25, seja massificado em uma campanha majoritária. Ele precisa disso para ajudá-lo na formação de uma boa bancada de vereadores, para ajudá-lo nas campanhas das outras prefeituras fluminenses e para ajudá-lo nas campanhas de 2010 - principalmente considerando que ele será candidato a Senador (ou a Presidente, quem sabe...). Seja quem for o seu candidato a Prefeito do Rio, o PAN 2007 será o carro-chefe. Políticos da área estadual e federal espantam-se com isso, alegando que Cesar Maia não fez nada pelo sucesso do PAN 2007. Mas eu falo que eles estão enganados. Na percepção da população, principalmente carioca, o PAN já está prioritariamente associado a Cesar Maia. Ele está vencendo a batalha da percepção nesse campo. Digo isso e digo mais: a sua linha de campanha será idêntica à que ele fez em 96, que garantiu a vitória do "poste" Luiz Paulo Conde: obras e mais obras, a grande maioria por causa do Pan. Esse comercial que foi produzido para a propaganda partidária do DEM (ex-PFL) e que Cesar Maia distribuiu hoje através do seu Ex-Blog é a melhor prova.

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Gil & Pezão, uma banda larga

Além de Zé Dirceu, Jorge Bastos Moreno e uma infinidade de internautas, um dos maiores entuasiastas da música Banda Larga (sucesso de Gilberto Gil que percorre o YouTube) é o Vice-Governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão. Ele fala o tempo todo da música, na maior alegria. E com razão. Nessa deliciosa referência ao novo mundo da internet, Gil refere-se a Piraí (pira aí), o município fluminense onde Pezão foi Prefeito e que se notabilizou (em sua gestão) por ter implantado a internet em alta velocidade (banda larga) com acesso livre para toda a população.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Bolsa-Família na disputa presidencial americana

Michael Bloomberg, Prefeito de New York, onde está aplicando o modelo do Bolsa-Família, acaba de deixar o Partido Republicano (que já era esperado). Quando ele quis se candidatar a Prefeito, Trocou o Partido Democrata pelo Republicano. Agora (embora ele negue) deve estar se preparando para disputar a presidência na eleição de 2008, já que ele não pode se reeleger Prefeito. Se depender de dinheiro, não vai faltar, porque ele é bilionário (Fundador da Bloomberg LP, um império da área de mídia e informações financeiras, com uma fortuna estimada em US$ 5 bilhões). Se depender de política de assistência social, também não vai faltar, porque, assim como Lula, ele conta com o exemplo do Bolsa-Família, que copiou para New York. O difícil vai ser ultrapassar as montanhas de votos dos partidos Democrata e Republicano. BBC.

terça-feira, 19 de junho de 2007

Aconteceu o óbvio: os muçulmanos estão indignados com a Grã-Bretanha por causa de Rushdie

Quando li a notícia de que a Rainha Elizabeth II tinha nomeado o escritor Salman Rushdie cavaleiro da Coroa, não quis nem comentar. Preferi ficar calado e aguardar os acontecimentos. Mas estava na cara que os muçulmanos não aceitariam passivamente qualquer condecoração ao autor do livro Os Versos Satânicos (1989), aquele que é considerado o "apóstata". Os protestos já se alastram pelo Irã e pelo Paquistão. O ministério das Relações Exteriores do Irã convocou nesta terça-feira o embaixador britânico em Teerã, Geoffrey Adams, para informar que o governo do país considerou a decisão da rainha um ato de provocação. No Paquistão, o enviado britânico para o país, o alto comissário Robert Brinkley, expressou "grande preocupação" com os comentários de um ministro dos Assuntos Religiosos, Mohammad Ejaz uh-Haq, que teria dito que "se alguém comete um atentado suicida para proteger a honra do profeta Maomé, seu ato é justificado". O Parlamento do Paquistão aprovou uma resolução na segunda-feira em que manifestou condenação à condecoração. "Salman Rushdie tornou-se um cadáver odiado que não pode ser ressuscitado por nenhuma ação", afirmou o parlamentar Mohammad Reza Bahonar. BBC

Acredite se quiser: para exportar álcool hidratado para os Estados Unidos é preciso primeiro tirar a água!

A história é a seguinte: os países do Caribe têm um acordo comercial com os Estados Unidos que isenta as exportações de álcool para o mercado norte-americano de uma tarifa de importação cobrada de outras origens. "Mas para gozar do benefício, o produto normalmente enviado do Brasil passa por um reprocessamento (desidratação) para ingressar nos EUA", diz a reportagem da Reuters. Quer dizer: o álcool sai daqui hidratado, é desidratado no Caribe e enviado para os Estados Unidos, onde novamente é hidratado. A conclusão mais óbvia é que eles só querem taxar a água - e por isso empresa desidratadora caribenha virou um grande negócio. Ils sont fous ces américains!

A reforma do "faz de conta"

Os políticos brasileiros parece que gostam da imagem negativa que o povo tem deles. Essa "reforma política" é um exemplo. Eles estão fazendo tudo para que ela não reforme nada - e que prevaleçam as vantagens pessoais sobre o interesse público. O que estão fazendo para "fazer de conta" que estão reformando nossa política é qualquer coisa do outro mundo. Inventaram o "voto 2/3 em lista fechada, 1/3 em lista aberta"! Inventaram o voto duplo, em lista fechada e em lista aberta - que, na prática, é um zero à esquerda. E continuam inventando, fazendo de conta que defendem os interesses de seus eleitores. O PSDB, que defendia o voto em lista fechada, abriu mão de seus princípios, porque ficou com medo de, com isso, fazer com que seus adversários PMDB e DEM (ex-PFL) ganhassem vantagens financeiras (através do financiamento público) na disputa presidencial de 2010. O PT, que sempre defendeu o fortalecimento partidário, mostrou que não é mais o mesmo e amoleceu com suas dissidências internas. Os fisiológicos, evidentemente, comemoram a preservação desse mundo da fantasia alimentado a escândalos. Enquanto esse "políticos" divertem-se com suas fantasias, o povo tem que enfrentar a dura realidade.

Sarkozy troca o "derrotado" pelo "causador da derrota"

A "longa conversa" que teve com Putin deve ter deixado o presidente francês, Nicolas Sarkozy, tonto até agora. Com a derrota que teve nas últimas eleições parlamentares, Sarkozy (com seu Primeiro-Ministro, François Fillon) teve que alterar a formação do governo, e adivinha o que fez: tirou o seu super-ministro da Ecologia, Alain Juppé, que não conseguiu se eleger deputado, e colocou no lugar o seu ministro de Economia, Finanças e Trabalho, Jean Louis Borloo - exatamente aquele apontado pelo sucesso do Partido Socialista no segundo turno das eleições parlamentares. Borloo é o "pai" do plano de "coesão social", que significaria aumento de impostos e queda em investimentos sociais. Pelo jeito, Sarkozy vai ter que desistir das "longas conversas" com Putin... Leia Le Monde e da correspondente do Globo, Deborah Berlinck.

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Papo de mesa de bar: "Misturaram mulher magra com boi gordo - não podia dar certo..."

Não entendo muito de boi. Mas meu amigo Alceu Gama foi atrás de um amigo que entende e reproduzo o texto do seu site:
Contas de Renan Calheiros não batem. O presidente do Senado, senador Renan Calheiros, acredita que são convincentes as explicações sobre seus ‘rendimentos agropecuários’ que garantiam a mesada de 16 mil reais para a jornalista Mônica Veloso. De ordem do Conselho de Ética do Senado, investigadores viajaram a Alagoas para verificar se as notas fiscais apresentadas pelo senador condizem com a verdade. Por que não perguntar a quem conhece o assunto? Sim, quem entende de boi é fazendeiro. O senador Renan Calheiros é a bola da vez, a última piada por esse Brasil afora nas fazendas e rodas de bate-papo de pecuaristas. A conta não fecha. Nem que a vaca tussa. Um amigo meu, engenheiro civil, empresário, é também fazendeiro em Carlos Chagas, norte de Minas Gerais. A fazenda é um primor de organização, de terra boa e capim excelente. Ali o boi engorda com facilidade. Meu amigo limitou a capacidade da fazenda em 600 bois para não detonar as pastagens. O escritório do meu amigo acompanha diariamente a cotação da arroba do boi para vender na melhor época ao frigorífico de Carlos Chagas, que tem uma linha de exportação para Israel, paga os melhores preços, e ainda vai buscar o gado na porta da fazenda. Tudo muito bem estruturado. Eu perguntei a ele – já sabendo a resposta – sobre a produtividade das fazendas do senador: 1700 cabeças, lucro líquido de 1 milhão e 900 mil reais. “Impossível” – disse o meu amigo. Ele acompanhou as reportagens sobre os ‘rendimentos agropecuários’ de Renan Calheiros e achou muito estranha a declaração do gerente da fazenda. O capataz informou à reportagem do Jornal Nacional da Rede Globo que havia 1.100 cabeças. O senador desautorizou a informação. O total soma 1.700. A diferença atinge 600 cabeças, todo o gado da fazenda do meu amigo em Carlos Chagas. “Gerente não sabe quantas cabeças de gado tem na fazenda?” – pergunta o meu amigo. “O senador, que vive em Brasília, e raramente vai à fazenda, sabe mais do que o gerente? Tem coisa errada. Gerente sabe esse número na ponta da língua. É a profissão dele que está em jogo. E se há divergência entre o senador e o gerente, a administração da fazenda é precária. Vender essa quantidade de gado para açougue? Pecuarista só vende para açougue o boi que sofreu acidente, foi sacrificado, a preço vil, sem recibo. Açougue vai dar recibo por um ou dois bois? Se há esse movimento todo na fazenda do senador não faz sentido que as vendas sejam feitas para açougue.” Agora eu peço licença para contar a minha experiência. Eu vivi três anos – três temporadas de seis meses – em Queensland, Austrália, na gigantesca Lawn Hill Station, a fazenda do lendário pecuarista Tião Maia. Apesar de ter sido em 1988, quase duas décadas se passaram, a análise não perdeu prazo de validade. O gado australiano vale 3 vezes mais, em dólar, do que o boi brasileiro. A produção de carne australiana concentra-se em dois mercados que pagam bem: Estados Unidos e Japão. A fazenda de Tião, com 1 milhão de hectares, estava no fundo de poço se considerarmos a quantidade de bois nos retiros. Eram apenas 17 mil cabeças quando ali caberiam mais de 100 mil. Tião estava reformando o plantel, substituindo a raça Short Horn, australiana, pelo gado indiano desenvolvido nos Estados Unidos, o Brahma, parente do Nelore, que é o mesmo animal das fazendas do senador Renan Calheiros. Eu vi, ninguém me contou. Sabem qual foi o lucro líquido de Tião Maia ao final da temporada de 1988? Ele apresentou-me as contas sorridente, orgulhoso. “Lucro líquido de 500 mil dólares australianos.” O lucro de Tião na fazenda de 17 mil cabeças, vendendo todo o gado que precisava ser descartado, foi o equivalente a 900 mil reais. Senador Renan Calheiros, conte outra história. Essa do ‘rendimento agropecuário’ em Alagoas é para boi dormir.

Resultado na França: separação de Hollande e Ségolène

Os resultados das eleições parlamentares na França são: o partido conservador de Sarkozy, UMP, e seus aliados ,324 cadeiras (caíram de 359); Partido Socialista e aliados, 205 (subiram de 149); comunistas, 18 (caíram de 21); Movimento Democrático, partido do centrista François Bayrou, 4; verdes, 4; Novo Centro, 22. Mas a grande notícia desta segunda-feira nas manchetes francesas é a separação de Ségolène Royal (candidata socialista derrotada nas eleições presidenciais) e François Hollande, presidente do Partido Socialista. O que a política uniu, a política separou.

domingo, 17 de junho de 2007

A Folha ou desconhece Lamarca ou desconhece jornalismo ou os dois

O novo ombudsman da Folha, Mário Magalhães, em sua avaliação semanal feita hoje, destrói a cobertura "jornalística" que a Folha deu à anistia e à promoção dadas a Carlos Lamarca. Vale a pena ler na íntegra, por isso copiei:
Erros em série sobre Lamarca A Folha cometeu uma sucessão de erros na cobertura de quinta e sexta sobre a promoção a coronel concedida a Carlos Lamarca (1937-71) pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça. O jornal afirmou que Lamarca, um dos mais destacados militantes da esquerda armada contra a ditadura militar (1964-85), "morreu como capitão" em 1971 na Bahia. Não procede: ao desertar do Exército em 1969 por iniciativa própria, o então capitão deixou de pertencer à Força. Não era oficial ao ser morto, mas ex-militar. O jornal contou que em 1969 "Lamarca e companheiros rouba(ra)m o cofre do ex-governador de São Paulo Adhemar de Barros". Errado: o antigo capitão não participou do assalto. Mais infeliz foi a afirmação, sem conceder margem a dúvida, de que, "para não ser presa", a revolucionária Iara Iavelberg "se suicidou" em 1972. O correto é 1971, mas a falha essencial é a Folha se associar a uma versão controversa (há suspeita, também não provada, de assassinato pelos órgãos de segurança). Recentemente, os restos da companheira de Lamarca foram retirados da ala dos suicidas no cemitério judaico onde estavam enterrados e transferidos para outro setor. Grave erro consta do editorial de sexta: "A morte [de Lamarca] em combate -como acabou ocorrendo há quase 36 anos no interior da Bahia- é risco natural para quem escolhe pegar em armas". Assim, a Folha bancou o relato do regime militar. Em 1996, a União concluiu que o guerrilheiro foi assassinado quando -desnutrido, doente e exausto- já não tinha condições de reagir. Não teria, portanto, havido combate algum, mas homicídio, em vez da prisão possível. É o que a imprensa noticiou há 11 anos. Leitores se dividem sobre a condenação da Folha à promoção a coronel. Os que criticam o jornal protestam contra o emprego do termo "terrorista" para qualificar Lamarca. No entanto, Carlos Marighella (1911-69), um dos líderes da luta armada, se dizia guerrilheiro e terrorista. É direito do jornal emitir opinião. Recomenda-se que o faça com transparência. A Folha deve ser rigorosa ao narrar a história, sem subscrever relatos superados ou carentes de comprovação.

Sarkozy ganha, mas perde...

Deu chabu no segundo turno da eleição parlamentar francesa realizada neste domingo. A expectativa era de que o partido do conservador Sarkozy (UMP) teria entre 380 e 470 cadeiras, do total de 577. Mas as projeções de hoje à noite apontam que os socialistas terão entre 206 e 212 enquanto o UMP deverá conquistar entre 314 e 328 cadeiras. Acontece que, no momento, o UMP conta com 359 cadeiras e os socialistas com 149. O que parecia ser uma vitória estrondosa da direita acabou se transformando em avanço surpreendente dos socialistas. O que terá acontecido em uma semana para acabar com o sucesso de Sarkozy? Terá sido o sucesso de seu vídeo na reunião do G-8, aquele que foi vetado nas emissoras de TV porque o Presidente aparece cambaleante e com língua enrolada vindo de uma longa reunião com Putin? Pode ser. Mas a causa mais provável de sua derrota pode-se relacionar com as pedidas (anti)sociais antipáticas que Sarkozy já começou a fazer, como a redução da taxa do seguro social. O resultado mais significativo desta eleição parlamentar foi a tendência ao bipartidarismo, já que a Assembléia Nacional praticamente se resumiu à divisão entre UMP e PS. Leia mais no New York Times e no Le Monde.

sábado, 16 de junho de 2007

Será que o comércio na Internet chegou ao seu turning point?

Segundo o artigo de Matt Richtel e Bob Tedeschi no NYT de hoje, parece que a resposta é sim. Depois do hipercrescimento com índices anuais de 25% ou mais, o comércio online começa a dar sinais de cansaço, diminuindo sensivelmente o seu ritmo em muitas áreas. Produtos de saúde, produtos de beleza, periféricos de computador e produtos de animais de estimação são os mais atingidos, estão em queda livre. A Forrester Research estima que a venda online de livros crescerá 11% este ano, contra os 40% do ano passado. Analistas acreditam que esse ritmo lento deverá continuar por toda a década e as causas disso são várias. Mas, principalmente, porque seria muito difícil manter o ritmo e porque os consumidores estão experimentando uma "fadiga de internet" e mudam seus hábitos. Na verdade, parece também que as lojas físicas começaram a reagir, oferecendo maior interatividade e tornando (como diz Nancy F. Koehn, professora na Harvard Business School, que estuda varejo e hábitos de consumo) "a experiência pessoal de comprar mais agradável". Acredito que aqui no Brasil esse turning point ainda está longe de chegar. Principalmente na minha casa... The New York Times

Viva o Pasquim

O cartunista Jaguar deu uma entrevista ótima, hoje, na CBN. Ele e Sergio Augusto estão lançando o volume 2 de uma Antologia do jornal O Pasquim e a entrevista foi em função disso. A entrevistadora parecia não ter muito conhecimento de causa, mas o Jaguar teve tempo de duas declarações memoráveis: 1) na época do lançamento, na década de 60, os "irresponsáveis" que criaram O Pasquim fizeram uma pesquisa entre jornalistas sobre a viabilidade do formato tablóide (inusitado na época) e 90% foram contra - por causa disso resolveram adotar o formato que se tornou um sucesso... 2) Lendo o Pasquim para a Antologia, Jaguar disse que ficou muito impressionado com o jornal, e ele explica: ele fez o Pasquim, mas nunca tinha lido...

sexta-feira, 15 de junho de 2007

O tico tico no fubá da mídia golpista, segundo o Blog do Mello

O Blog do Mello está apresentando uma versão do clássico "TicoTico no Fubá", de Zequinha de Abreu. Por enquanto ele apresentou apenas a letra. Promete uma versão com letra e música:
O Tico tico no fubá da mídia golpista (Zequinha de Abreu / Antonio Mello) Eu manipulo cá, eu manipulo lá Eu manipulo pro governo derrubar O Lula cai aqui, o Hugo Chávez lá E a minha grana corrigida vai voltar Aí omito aqui, aí aumento lá Distorço tudo pra melhor manipular O Lula cai aqui, o Hugo Chávez lá E essa raça vai voltar pro seu lugar Deus me defenda dos governos compañeros Estão querendo dividir o meu dinheiro Bolsa Família virou tudo de pernas pro ar O pobre já não reconhece o seu lugar Filho de pobre agora vive na escola E a Polícia Federal da minha cola não descola Sei que esse operário de gravata Acabou me transformando num burguês de passeata Eu manipulo cá, eu manipulo lá...

A esquerda argentina decide se abster na eleição do dia 24

"Nem Macri nem Filmus", é o lema que une os partidos de esquerda argentinos para o segundo turno da eleição para o governo de Buenos Aires, no próximo dia 24. Mauricio Macri, do PRO (Aliança da Proposta Republicana), direita, lidera as pesquisas com uma campanha forte de oposição a Kirchner, enquanto Daniel Filmus é o candidato de Kirchner. Os partidos de esquerda que estão se unindo são MST-Nueva Izquierda, o Partido Obrero, o PTS, o MAS, a Frente de Izquierda Socialista e também militantes do Partido Comunista Revolucionario, braço político da Corriente Clasista y Combativa. Macri sente-se cada vez mais fortalecido e já fala em posicionar-se para a eleição presidencial de outubro. Leia mais no La Nacion.

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Parece que o sucesso no G-8 foi 51...



O presidente francês recém eleito, Nicolas Sarkozy, apresentou-se para uma entrevista coletiva aparentando, digamos, estar em estado de graça. Cambaleava nas palavras e parecia segurar o riso. O apresentador da TV belga comentou ao vivo que “aparentemente ele bebeu mais do que água” e a imprensa francesa, ao contrário do que faria a nossa, ficou indignada com o comentário belga. Resultado: o vídeo foi vetado nas emissoras francesas. Mas acabou no YouTube. Na sua apresentação, Sarkozy pede desculpas pelo atraso por causa do longo diálogo com Putin...

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Record-Universal X Globo: a luta continua!

Record desbanca Globo - esta é a principal manchete da Folha Universal (leia-se Igreja Universal) desta semana. A reportagem faz questão de mostrar a seus fiéis que o demônio da Globo está sendo derrotado selo santo guerreiro da Record. "Pela primeira na história da televisão brasileira, emissora da família Marinho está fora da transmissão do maior evento esportivo do planeta", diz a chamada da primeira página. Nas páginas centrais está a matéria completa com o título: "Record tira Globo do pódio", relatando também mais uma conquista da Record sobre a Globo - a correspondente Heloísa Vilella, que passou com todos os santinhos para a empresa Universal. É apenas mais uma etapa nesse arranca-rabo dos diabos entre entre evangélicos, católicos, Record e Globo por esse promissor mercado de almas - agora com o apelo do mundo esportivo.

A Família, cuidado com a família!

Edson Vidigal, ex Presidente do STJ e Professor de Direito na UFMA - além de jornalista (escreve para o Jornal Pequeno, do Maranhão) -, leu aqui no Blog a postagem Política e elos familiares e resolveu enviar sua contribuição sobre o tema:
Há quem diga que é herança da monarquia, mas até onde se lê de histórias sobre a nossa realeza, quero dizer a que antecedeu à proclamação da República, a família real não era chegada a essas misturas de interesses públicos com vantagens pessoais. Havia um cuidado enorme até porque a autoridade do monarca não se apoiava só na força dos seus exércitos, mas também na força moral dos seus bons exemplos. Pelo respeito que inspirava, fortalecia-se na devoção popular. Tanto que a República no Brasil não chegou a ser nem um golpe de estado. Quando o Imperador Pedro II assentiu em largar tudo e ir embora nem bandeira havia para simbolizar o novo momento da história. Por quase uma semana ficou hasteada na porta da Câmara Municipal uma bandeira que só diferenciava-se da norte-americana nas cores e na quantidade de estrelas. Foi quando entrou na história o nosso estimado Raimundo Teixeira Mendes, conterrâneo ilustre, amigo de Dona Flora, a costureira que em três dias fez a nossa bandeira republicana, conforme o desenho que ele lhe havia entregado. Exatamente essa dos versos de Bilac – salve lindo pendão da esperança, salve símbolo augusto da paz... Pois na monarquia, que se esvaiu depois da canetada da Princesa Isabel, acabando com o trabalho escravo, os cuidados eram enormes. O Imperador tinha um genro conhecido como Conde Deu. Dizem que ele passou aqui por São Luís, foi vaiado pelos estudantes no Largo do Carmo. Mas, se não deu, também não levou nada. Eram assim os familiares da realeza daqueles tempos, não misturavam mesmo, não avançavam no que era dos outros, não ficavam com nada do erário, não queriam as dádivas de Deus, nem as coisas da natureza nem os direitos das leis só para si. Não tomavam nada de ninguém. Eram até mais republicanos do que muitos que se acham republicanos nos nossos dias. Já na nossa República, infelizmente, que pena! Afora os ascendentes, os descendentes e os colaterais, ainda proliferam os áulicos. É que os parentes, de todos os gêneros e graus, se julgam tocados pela magia do poder e, sempre que os demônios atentam, eles tentam provar que têm prestígio e que podem também alguma coisa. Há as exceções que a prudência e a boa educação mandam sempre que se faça. Como há também aqueles que até que não são do mal, querem sempre estar do lado do bem, mas que nem por isso, tendo uma chance, querem também se mostrar – às vezes até por um sonho de valsa. Há ainda os que vendem e não entregam. Isso de amigo vender amigo, parente vender parente é tão antigo. No Velho Testamento vamos encontrar a história do décimo primeiro filho de Jacó, chamado José, sendo vendido pelos filhos, epa pelos filhos, não, ele ainda era de menor, só tinha 17 anos de idade quando foi vendido na casa de Potifar, no Egito. Para a sorte de todos, ele só depois, aos 30 anos, se tornou Governador. No Egito, é claro. Muito posteriormente, um gênio da raça, um sujeito com uma história de vida brilhante, nascido numa ilha perdida, possessão francesa na Itália, de uma família pobre, mas numerosa, já estando próximo dos píncaros da glória cunhou, este conselho que, embora lembrado por muitos governantes, não chegou a ser praticado por todos - olha a família, gente, cuidado com a família! Napoleão Bonaparte, grande estadista, um incansável trabalhador, um visionário que plantou no seu tempo as sementes do que é hoje a União Européia, ele próprio sucumbiu ao descumprimento de sua própria advertência. Distribuiu o seu poder imperial entre a parentela e acabou como acabou. The end.

terça-feira, 12 de junho de 2007

Política e elos familiares

Os políticos estão inevitavelmente "contaminados" pelo que fazem ou dizem seus familiares - seja para o bem, seja para o mal. São exemplos que estão em toda parte do mundo, em todas as épocas. Podemos lembrar do estorvo para Fidel ter sua própria irmã fazendo oposição à Revolução Cubana. Temos a lembrança do estrago que Pedro Collor fez ao irmão Fernando Collor, decisivo para sua queda. Lembro ainda que em 92, no segundo turno da campanha para Prefeito do Rio, o irmão de Cesar Maia teria entrado na produtora da campanha de Benedita disposto a gravar graves denúncias contra o irmão-candidato - o que poderia ter invertido o resultado nas urnas (mas, segundo consta, o PT teria agido com serenidade e não veiculou as denúncias por falta de comprovação). Vemos também com muita freqüência as denúncias de nepotismo. Ou outros tipos de favorecimentos, como os que teriam sido feitos (sem comprovação) ao filho do presidente. E agora estamos vivendo essas histórias ridículas do Vavá. Não há como um político - mesmo que não queira - evitar interferências familiares em seu trabalho. A proximidade umbilical do poder sempre valoriza um possível lobbismo e é muito difícil o parente descartar o poder obtido indiretamente. Aos políticos sérios, cabe criar mecanismos cada vez eficientes que o protejam dos desvios familiares e aos que se apressam em encontrar ligações perigosas nos parentescos políticos sugerimos serenidade - em defesa do bem público.

Mães da Praça de Maio entram na política eleitoral

As Mães da Praça de Maio ficaram famosas por sua resistência à ditadura militar argentina. Elas colocaram a cara e seus lenços na rua para defender seus filhos - na maioria das vezes militantes políticos -, vítimas da brutalidade de uma ditadura sangrenta. As Mães da Praça de Maio transformaram-se em referência de resistência e de luta pelos direitos humanos e pela democracia - mas nunca haviam, em, 30 anos, apoiado nenhuma candidatura política. Neste ano, na disputa pelo governo local de Buenos Aires, elas decidiram apoiar o candidato Daniel Filmus - ligado ao Presidente Nestor Kirchner - contra o candidato Mauricio Macri, que lidera as pesquisas, mas que "es la dictadura, es un chorro", nas palavras de Hebe de Bonafini, titular de la organização "Madres de Plaza de Mayo". Leia mais no La Nacion.

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Política externa ganha reforço

Desculpem o título, mas é que hoje saiu o resultado para o concurso de novos diplomatas e meu filho, Hayle Melim Gadelha, foi aprovado. Só queria dividir a alegria.

Esquerda perde feio na França

Gráfico Le Monde A direita impôs, neste fim de semana, uma derrota acachapante à esquerda francesa, no primeiro turno das eleições legislativas. Segundo as projeções, Sarkozy e seus aliados terão entre 380 e 470 deputados, de um total de 577. Alguns estão chamando o acontecimento de "vingança da direita", comparando a resultado semelhante (mas inverso), em 1981, na vitória do socialista François Miterrand. O segundo turno será no próximo domingo e deverá confirmar os resultados do primeiro.

domingo, 10 de junho de 2007

Reforma política: Zé Dirceu dá aula a Elio Gaspari

Pessoalmente, acredito que o "voto de lista", apesar de poder apresentar problemas, poderia ser uma importante contribuição aos fortalecimento dos partidos - algo extremamente necessário no momento. Mas não é o que pensaElio Gaspari, uma espécie de "Nosso Guia" do colunismo político (ou pelo menos é o que ele parece pretender por seu estilo). Na sua coluna deste domingo (O Globo, Folha), decidiu investir, de forma meio grosseira, contra a proposta de "voto de lista". Resume tudo a um "golpe do comissariado", referindo-se principalmente à cúpula do PT, mas também ao PSDB e DEM (ex-PFL). Identifica o "voto de lista" com "cassação do direito de os cidadãos escolherem seus representantes na Câmara". Apelativo, como a maior parte do que escreve: "Aos trancos e barrancos, esse direito está aí desde o século XIX. A nomenklatura do PT, assim como as do PSDB e do DEM, quer impor um sistema pelo qual os eleitores ficarão obrigados a votar nos partidos, elegendo maganos colocados numa lista de acordo com as preferências dos donatários das siglas". Em vez de fazer propostas relevantes para melhorar a possível reforma eleitoral, Elio Gaspari dedica-se a argumentos fraquinhos e bobos, usa as imagens que se tornaram negativas de Renam, Delúbio e outros menos "votados" contra o "voto de lista" e também contra o "financiamento público de campanhas". Aproveita para bater em Zé Dirceu que, no mesmo dia, deu o troco em seu Blog. Surpreendetemente, o ex-Deputado não caiu no jogo de Elio Gaspari e deu uma resposta serena, bem fundamentada, em defesa do PT e de seus pontos de vista para uma reforma política. Elio Gaspari, procurando agradar um eleitorado eminentemente lacerdista, ficou igual a esses políticos que tanto ataca. Zé Dirceu, ao contrário, mostrou-se "bem comportado" e racional. É uma pena ler um Elio Gaspari tão fraco. Mas vale a pena ler as duas colunas, clicando em "O golpe do comissariado" e em "Em defesa do voto em lista e do financiamento público".

sexta-feira, 8 de junho de 2007

A proposta de Putin sobre o escudo de mísseis não é novidade para este Blog.

No dia 16 de fevereiro este Blog publicou: "Oficiais da OTAN dizem que os que os russos querem de verdade é participar do sistema de mísseis defensivos. Ou seja: por trás de tudo está uma grande disputa em parte política, em parte por interesses no mercado armamentista (se é que é possivel fazer a separação) ". Quer dizer: é a questão comercial que está falando mais alto, o que ficou claro com a proposta de Putin de participar do projeto americano. Repetindo a conclusão deste Blog no mesmo dia 16 de fevereiro: A nós, pobres mortais, só resta roer os dentes e torcer para que isso tudo não acabe em "Fogo!"...

Por que votar no Cristo?

Nunca achei o Cristo uma grande maravilha. Maravilha, pra mim, é o Corcovado, a montanha onde fica o Cristo, ponto culminante da cidade do Rio de Janeiro. A visão que se tem dela (de qualquer canto da cidade) e a visão que, lá do alto, se tem da cidade são deslumbrantes. Maravilhas são o Dedo de Deus, em Guapimirim (RJ), o Encontro das Águas (Amazonas), a cidade de Brasília, a cidade do Rio de Janeiro, além de muitos outros locais, alguns que conheço só de foto. Por isso, não me entusiasmei muito pela campanha específica do Cristo. Mas despertei por duas coisas: o significado que tem para o país a eleição do Cristo e a possibilidade concreta de sua eleição. Realmente o fato do Cristo ser listado como uma das 7 Maravilhas do Mundo Moderno pode contribuir para o nosso turismo - não apenas do Rio, mas de todo o país. E turismo, todos sabem, pode significar desenvolvimento e melhor qualidade de vida. Por isso, entrei na campanha e aproveito para copiar as dicas do Blog do Mello: é importante lembrar que não se vota em apenas uma maravilha, mas em sete. Portanto, cuidado. Não basta votar no Cristo, é preciso NÃO VOTAR em nenhuma das que estão disputando diretamente. Portanto, deve-se votar no Cristo e em uma das que estão atrás - que, no momento, são essas: Hagia Sophia, Kiyomizu Temple, Kremlin / St. Basil, Neuschwanstein Castle, Sydney Opera House e Timbuktu.

Camjojano, um povo cheio de grilo, mas feliz...

BBC Deu no site da BBC: "Invasão anual de milhões grilos na província de Kompong Thom, no Camboja, faz a alegria dos moradores locais". Tem caçador de grilo que chega a caçar 10 quilos por dia. E os ambulantes vendedores chegam a faturar 40 reais por dia. Acontece que existem muitas receitas culinárias locais onde o grilo é o principal ingrediente. Lá, as pessoas podem falar de boca cheia: "Estou cheio de grilo..."

quinta-feira, 7 de junho de 2007

Quem diria, o Estadão apóia Lula...

Leia a íntegra do editorial de hoje do Estado de São Paulo:
O irmão, o compadre e a batota

Todo político tem um séquito: é da natureza do ofício. O séquito, naturalmente, tem uma hierarquia. No topo, ficam os poucos e bons operadores da mais estrita confiança do prócer - a exemplo do falecido Sérgio Motta, no caso de Fernando Henrique, e de Gilberto Carvalho, no caso do presidente Lula. Eles não apenas são incumbidos de missões delicadas e sigilosas, como ainda funcionam como conselheiros do chefe. No sopé dessa estrutura estão os seus paus-para-toda-obra, tarefeiros que abrem portas, guardam costas, dirigem carros, carregam volumes, para o político e seus familiares. Nada mais natural que, subindo o político na vida, membros dessa arraia-miúda de autodenominados “assessores” sejam procurados por espécimes do submundo da periferia do poder e a eles se associem no crime. São figurantes que o chefe pode ou não conhecer pessoalmente, mas há de saber quando se valem da sua conexão consigo, ainda que remota, para conseguir uma boquinha numa repartição - no mínimo. Eis o material com que habitualmente se confeccionam as teias pegajosas como a que a Operação Xeque-Mate, da Polícia Federal (PF), acaba de romper, no combate à máfia dos caça-níqueis. A peculiaridade, agora, é a presença nesse circuito de um irmão e de um compadre do presidente da República. O primeiro, Genival Inácio da Silva, o Vavá, foi indiciado sob a acusação de tráfico de influência no Executivo e exploração de prestígio no Judiciário. O segundo, Dario Morelli Filho, apontado como sócio do batoteiro Nilton Cezar Servo, o 79º preso pela PF em seis Estados, é acusado de corrupção ativa e formação de quadrilha. Desta vez respeitando estritamente o sigilo de Justiça que recobre a operação, os federais não divulgaram os nomes das autoridades junto às quais teriam delinqüido. De outra parte, não há o mais tênue indício de que, a serem verdadeiras as ações de que são acusados o irmão e o compadre, Lula tivesse motivo para delas suspeitar, antes de ser informado pelo ministro da Justiça, Tarso Genro, da operação em preparo. A conduta do presidente, aliás, foi nada menos do que irretocável. Ao que se sabe, não moveu uma palha para impedir que se expedisse o mandado judicial de busca e apreensão na casa de Vavá. Ao ser entrevistado, em Nova Délhi, pelos jornalistas que o acompanham na viagem, tomou a iniciativa de revelar que é padrinho de um filho de Morelli. Foi elegante com o irmão - a quem repreendera de público, em 2005, quando se divulgou que tentava fazer lobby para empresas do ABC junto ao Planalto -, dizendo enfaticamente “não acreditar mesmo, de verdade”, que ele tenha parte com a gangue da tavolagem, que contrabandeava componentes eletrônicos para os caça-níqueis e, de quebra, traficava drogas. Mas, falando “como presidente”, emendou, “se a Polícia Federal tinha uma autorização judicial e o nome dele aparecia, paciência”. Do compadre, disse pouco: “Se foi preso, será investigado, interrogado e, depois, haverá um veredicto.” Morelli é o típico sequaz de político descrito no início deste texto. Faz-tudo da família de Lula, escoltou o candidato presidencial em eleições anteriores (e José Dirceu, em 1994), fez bicos para o PT e o sindicato dos metalúrgicos, abriu uma firma de segurança e, apadrinhado do petismo, enveredou pelo setor público: conseguiu emprego numa empresa municipal em Mauá, numa secretaria da Assembléia Legislativa e, ultimamente, na área de saneamento da prefeitura de Diadema, da qual foi afastado anteontem. Aparentemente, envolveu-se com caça-níqueis ao cuidar da segurança de uma casa de bingos. Então teria conhecido o ex-deputado estadual paranaense Nilton Cezar Cervo, tido como o capo da quadrilha. Este é outro personagem do submundo da política: ao trabalhar nas campanhas de Zeca do PT, em Mato Grosso do Sul, acabou conhecendo Lula, de quem passou a se dizer amigo e comensal. Depois, teria pedido ao presidente que legalizasse os bingos. A PF registrou pelo menos um telefonema dele a Vavá. Em suma, ele, Morelli e o bingueiro estavam na mesma ciranda. Deveria o presidente ter se informado dos negócios do irmão e do compadre? Seria o ideal. Mas essa saudável curiosidade é incomum entre os políticos brasileiros. Talvez porque saibam que quem procura acha.

Ora, Vavá! Vá... vá...

Se é verdadeira essa notícia de que o irmão de Lula, Vavá, cobrava 3 merrecas para aproveitar seu parentesco ilustre e "influir" a favor dos bingos, fica provado que o Primeiro Irmão é um grande trapalhão. Diz a notícia que ele não influía nada, nem tentava. Então o que ele fez mesmo foi influir a favor dos adversários de Lula e alimentar a disputa interna da PF. Hoje até o colunista Merval Pereira, do Globo, aderiu à hipótese de o nome da operação, Xeque-Mate, ser uma provocação ou ameaça, como já escrevemos aqui e o Ciro Gomes também suspeitou:
O deputado federal Ciro Gomes, adepto de teorias da conspiração, fez um comentário, registrado na coluna de Teresa Cruvinel, que é exemplar do grau de desconfiança que tomou conta dos políticos em Brasília: “O nome da operação é Xeque-Mate, que no xadrez é uma jogada que empareda o rei. Será mera coincidência?”. Realmente não há nada na operação policial que justifique o nome, ainda mais quando se sabe que a Polícia Federal tem se esmerado em arranjar nomes criativos para chamar a atenção sobre suas operações. O xadrez não é um jogo eletrônico usual nos bingos espalhados pelo país, e, portanto, a preocupação de Ciro Gomes é justificada.

quarta-feira, 6 de junho de 2007

A verdade de cada um

Dias atrás fiz uma postagem chamada "A verdade sobre Renam", onde escrevi: "A verdade é que este não é o momento de se falar a verdade. Os escândalos são tão poderosos, ameaçam de tal forma a confiança nas instituições, que não há quem deseje um avanço mais profundo nas investigações e nas acusações. Ao se fazer uma limpeza ética, teme-se, a própria democracia pode ser varrida. O que não deixa de fazer sentido. Renam sabe muito bem disso tudo. E sabe também que é no medo de verdades que está sua salvação política". A propósito dessa postagem, a leitora Vera me perguntou: "Por que você diz, aparentando tanta certeza, que 'é no medo de verdades que está a salvação polí­tica' do senador Renan? Parece que você sabe quais são as verdades, mas também não as indica. Por quê?" Primeiro, quero esclarecer que não detenho "verdade" alguma sobre o Renam ou quem quer que seja. Apesar de também ter visto as notícias com denúncias sobre ele, não acho que seria o caso de reproduzir aqui. Mas quero esclarecer que, no mundo político (e na vida em geral), uma percepção - mesmo que não corresponda a um fato, algo concreto - pode ser mais forte e demolidora do que o fato em si. Veja o caso do Collor. Na época, todo mundo falava de roubalheira generalizada no governo, em centralização do roubo, em aumento das "comissões", etc. Chegaram a falar até que o grupo palaciano tinha realizado uma grande comemoração quando atingiu "o primeiro bilhão arrecadado". Diziam também que ele só foi cassado porque não fez acordo com o Congresso, não quis repartir o bolo. Alguém tem prova disso tudo? Não creio que haja provas concretas - mas sempre acreditei que era tudo verdade. É dessa "verdade" demolidora que o político tem mais medo. Buscar "verdades" sobre Renam pode significar encontrar outras "verdades". E, de percepção negativa em percepção negativa, muitos mandatos e até mesmo as instituições democráticas poderão vir abaixo. Eu, pessoalmente, não acreditei em nada do que o Renam falou. E, como já disse, duvido que algum político tenha acreditado. Mas creio também que ninguém no Congresso ou no Governo pretende arriscar uma busca mais profunda da verdade. O medo maior é de todo mundo afundar, levando junto a democracia.

Nem Vivi viu Vavá

Essa história do indiciamento do irmão do Lula não está nada bem contada. Ou ainda falta muita coisa para mostrar ou seu indiciamento feito pela Polícia Federal foi descabido, seja por ser intempestivo, seja por ser provocativo (o que está me parecendo o mais provável, principalmente por causa do nome dado à operação, Xeque-Mate). Se não existe nada de concreto além do que foi mostrado, a PF perde ponto. A imagem de eficiência que construiu nesses últimos tempos sofre retrocesso. Uma polícia eficiente não pode ser intempestiva, correndo o risco de acusações infundadas, prejudicando pessoas inocentes, ou correndo o risco de prejudicar ações realmente importantes. Se ninguém viu nada de errado no que Vavá fez, não se pode tentar sua prisão com base em "ouvi dizer". Nem mesmo Vavá sendo irmão de Lula...

Ciro Gomes andou lendo este Blog

Tereza Cruvinel, em sua coluna no Globo, de hoje, descreve a visão de Ciro Gomes sobre a investigação do irmão de Lula pela PF : “Aquela operação foi batizada de Xeque-Mate, a jogada que, no xadrez, empareda o rei. Será apenas coincidência?” Exatamente a visão que postei aqui neste Blog. Claro que neste caso foi coincidência.

terça-feira, 5 de junho de 2007

O Deputado Jefferson foi indiciado por corrupção. Meu Deus, que país é esse?

A globalização da corrupção está cada vez mais intensa. Os países se misturam, os nomes se misturam, as ideologias também. Não há fronteiras para a corrupção no meio político. Tudo é possível. Um bom exemplo é essa notícia do flagrante e do indiciamento do deputado americano, Democrata, pelo estado de Louisiana, William Jefferson. Os agentes do FBI "não tiveram problemas para encontrar uma prova material do crime. William J. Jefferson empacotara US$ 90 mil — dos US$ 100 mil que exigira de uma empresa como comissão para fechar um negócio com o governo da Nigéria — e guardou o dinheiro no congelador de sua casa", como relata José Meirelles Passos, correspondente do O Globo em Washington. A trama ainda envolveria a direção da empresa de alta tecnologia iGate e o vice-presidente da Nigéria, Atikua Abubakar. Se for condenado, Jefferson poderá pegar até 235 anos de prisão. Talvez essas penas acabem por se globarizarem também...

Michel Debrun e a Guerra dos Seis Dias

Há exatamente 40 anos, eu (ainda estudante), meus primos e amigos tomamos um susto com o início da guerra entre Israel e os países árabes. Não entendemos direito o que estava acontecendo e corremos ao apartamento de Michel Debrun, marido de minha prima, Solange Gadelha, professora de História do Pedro II. Ele era cientista político respeitado ("Ideologia e Realidade", "O Fato Político") e, na época, morava no Rio (voltou para a França e depois foi professor na Unicamp). Sentamos diante dele e queríamos saber o que os árabes fariam com Israel. Para nossa surpresa, eles nos mostrou pormenores do quadro político, falou sobre as forças e a organização de cada uma das partes, detalhou o cenário e concluiu: "Israel vence em menos de uma semana". Talvez tenha sido a partir daí que comecei a gostar de estratégia política e estratégia militar.

Cerco ao rei

O nome dessa operação, "Xeque-Mate", que envolveu o nome do irmão de Lula, é obviamente provocativa. Está na cara que, com esse nome, o grupo da PF responsável pela operação pretende algum tipo de ameaça ao Presidente. Ou será imaginação minha?

sábado, 2 de junho de 2007

Sobre a nova lista do bicho

Ontem à noite, casualmente, estava com a Secretária de Assistência Social e Direitos Humanos do Estado do Rio de Janeiro, Benedita da Silva, quando ela foi informada que uma de suas assessoras tinha andado à sua procura por causa de uma reportagem que sairia sobre uma nova "lista do bicho". Ela não se importou muito com a história, nem mesmo procurou mais informações. Hoje, com os jornais O Globo e Extra exibindo ampla reportagem envolvendo os principais políticos do Rio de Janeiro, Benedita (uma das pessoas que teria se beneficiado com 40 mil reais) ficou indignada. Falando comigo ao telefone, ela disse que queria de qualquer maneira saber quem envolveu seu nome e queria porque queria o aprofundamento das investigações. Preparou um ofício para a Polícia Federal e me enviou uma cópia da minuta por e-mail:

Rio de Janeiro, 02 de junho de 2007.

Senhor Diretor da Polícia Federal

Surpreendida pelos noticiários veiculados recentemente na imprensa escrita, especificamente nas edições de 02 de junho de 2007 dos jornais O Globo e Extra, e que envolve meu nome em suposto favorecimento financeiro na campanha política de 2002, através de documentos apreendidos na Operação Hurricane, fato que repudio veementemente por ser absolutamente inverídico, solicito sejam iniciadas e/ou aprofundadas estas investigações e em regime expedito, a fim de esclarecer à sociedade sobre minha não participação naqueles fatos delituosos denunciados pelo periódico.

Certa de sua compreensão, colocando-se à disposição.

Atenciosamente, Benedita da Silva

Eleições 2008: por enquanto, sem novidades no Rio e em São Paulo

Segundo a Coluna de Lauro Jardim na Revista Veja, "o Ibope acaba de fechar uma pesquisa sobre a disputa do ano que vem para a prefeitura de São Paulo. Deu Geraldo Alckmin e Marta Suplicy, empatados, na cabeça: 35% das intenções de voto para cada um deles. O prefeito Gilberto Kassab não chegou aos dois dígitos". Como se vê, são os nomes que todos esperavam que estariam liderando. No Rio, embora o cenário seja mais confuso, com quase 30 pré-candidatos, as pesquisas que me chegaram às mãos quatro os nomes: Marcelo Crivella (PRB - disputou a eleição para Prefeito em 2004 e para Governador em 2006, com 2º e 3º lugares respectivamente, força evangélica), Denise Frossard (PPS - a Deputada federal mais votada de 2002 e 2º lugar na disputa para o governo do estado em 2006, força conservadora), Jandira Feghali (PCdoB - disputou a Prefeitura em 2004 e o Senado em 2006, esquerda) e Benedita da Silva (PT - 2º lugar na disputa para o governo do estado em 2002, esquerda, força popular). O PMDB, partido do atual Governador, Sérgio Cabral, e dos ex-Governadores Garotinho e Rosinha, ainda não tem nenhum nome que se destaque nas pesquisas. O mesmo acontece com o PFL (atual DEM) do Prefeito César Maia. Está cedo para definições. No Rio, por exemplo, pode ser que nenhum dos quatro nomes que lideram as pesquisas torne-se efetivamente candidato. Esse é o momento das especulações e para começar a estruturar pré-campanhas.