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terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Lulão, o poetão do Complexo Alemão

Quem me enviou a notícia foi a sogrona.
O repentista Lulão
cheio de animação
no Complexo do Alemão,
pra espanto de Lindberg, Cabral e Pezão...

sábado, 4 de dezembro de 2010

Tomada do Alemão: a mídia sob mira



(foto O Globo)

A cobertura jornalística da tomada do Complexo do Alemão, no Rio, tem sofrido forte bombardeio por causa de sua espetacularidade. Realmente, foi um grandioso espetáculo midiático, que ganhou o mundo nessa última semana. Mas isso é condenável?
Primeiro, precisamos considerar que a questão da segurança pública faz anos que é um espetáculo midiático. Inúmeros programas popularescos, no Rádio e na TV, diariamente entram aos berros na vida de milhões de brasileiros explorando a violência urbana com fins meramente de audiência. E a mensagem final leva rigorosamente à mesma conclusão: “vamos acabar com essa bandidagem a tiro!” De certa forma, são irmanados a essa bandidagem, porque sem ela não teriam seus espetáculos.
O que mudou agora, então? Em primeiro lugar, as ações terroristas dos traficantes levaram o clima de medo - que antes era restrito às comunidades - para toda a população o que despertou o sentimento de “Basta!” em cada morador do Rio de Janeiro. Em segundo lugar, o sistema Globo entrou com tudo na parada. Ampliou a visibilidade do problema e aliada às outras emissoras deu um tom mais jornalístico, com uma cobertura de grande alcance. Em terceiro lugar, ao invés de endeusar os traficantes, a cobertura jornalística mostrou a sua fragilidade e, ao contrário do que se faz diariamente, valorizou a força policial, estimulando a população (principalmente a local, mas também em todas as áreas e em todos os segmentos) a reagir e a integrar-se à polícia nos ataques aos traficantes (a enxurrada de telefonemas ao Disque-Denúncia é prova). Em quarto lugar, deu mais transparência às ações policiais, inibindo os policiais corruptos e motivando os policiais sérios, fortalecendo o comando de segurança.
Digam o que disserem, a Tomada do Alemão foi marco histórico. A autoestima dos bons policiais ficou em alta, deu mais força à seriedade do comando de segurança, desmistificou o poder até então absoluto dos traficantes, criou sérios danos materiais e estratégicos ao narcotráfico, abriu a perspectiva de vida melhor a toda a população. E a mídia com seu “pastiche midiático” teve grande contribuição nisso tudo. O que não quer dizer que já estamos vivendo no melhor dos mundos. Ainda falta muito para chegarmos lá. Mas com certeza podemos mirar o futuro com outros olhos.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Tomada do Alemão: The Day After


Para falar sobre o “day after”, fui procurar informações no passado e liguei para o recém-eleito Deputado Estadual (PT-RJ) Zaqueu Teixeira, que foi Chefe de Polícia do Rio de Janeiro, em 2002, durante o governo petista de 9 meses de Benedita da Silva, e que sempre revelou afinidade com o Complexo do Alemão. Em setembro de 2002, ele também ocupou o Alemão, com cerca de 600 policiais civis, em busca de Elias Maluco, o chefão do tráfico que tinha matado o jornalista Tim Lopes. A tensão, na época, era muito grande, havia imensa pressão da imprensa e da sociedade para que Elias Maluco fosse preso a qualquer custo. Zaqueu lembra que a primeira coisa que fez foi isolar o Alemão da Vila Cruzeiro, com um bloqueio exatamente ali onde todos nós vimos na semana passada cerca de 200 traficantes fugindo desesperadamente. Ele queria ao mesmo tempo evitar a fuga dos bandidos do Alemão e inviabilizar um ataque vindo da Vila Cruzeiro. Durante 3 dias fizeram trabalho de inteligência e de busca no local, e finalmente prenderam Elias Maluco. “Sem dar um tiro”, ele se orgulha, “apenas com uso da inteligência”.
E sobre essa tomada do Alemão feita agora? “Foi excelente”, ele responde, “foi importantíssima. Garantiu a presença do estado e o fim do império do medo”. Zaqueu se entusiasma com a ação policial e, embora não tivesse participado diretamente dela, gosta de sentir-se participante. Lembra que quando estava no Ministério da Justiça, durante apresentação da proposta do PRONASCI (Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania) para Lula, ele falou do Complexo do Alemão, sobre como tinha ocupado anteriormente e sobre a necessidade de ocupá-lo definitivamente. E acrescenta: “Como disse o Governador Sérgio Cabral, o PRONASCI é o pai e a mãe das UPPs”.
Para Zaqueu, a tomada do Alemão foi um golpe mortal na facção criminosa mais poderosa do Rio. “Perderam armas, perderam homens, perderam o quartel-general, perderam a droga que tinham em estoque, perderam a credibilidade. E ainda estão com grande dívida no mercado, porque essa droga é entregue na base da consignação. Eles precisavam vender para poder pagar – e como perderam, só ficaram com a dívida. Não deve demorar muito para todos eles ou a maioria serem presos”.
E daqui pra frente? “Daqui pra frente é a presença do estado. As forças de segurança têm que liberar os territórios dominados pelo tráfico e as UPPs têm que se alastrar. Ação policial para consolidar a conquista do território e ação social muito forte, apoio à economia dos locais liberados, cidadania para todos. É aí que entra o PRONASCI com todos os seus Programas. O Protejo, por exemplo, incorpora o jovem que vivia na franja do tráfico e abre uma perspectiva para que ele possa conquistar emprego, ter profissão, possa ter futuro. O Mulheres da Paz é outro projeto que tem como objetivo incentivar as mulheres da comunidade a ajudar a desenvolver, coordenar e fortalecer a prevenção e o enfrentamento às violências que envolvem jovens expostos. De imediato o importante é que o Governo não permita que outros bunkers como o do Alemão se desenvolvam”.
Existe esse risco? “Existe, sim. O perigo mais iminente me parece que é a Mangueirinha, em Caxias, que já está até sendo tratada como “Complexo”. (É verdade, verifiquei que até no verbete “Mangueirinha” da Wikipédia podemos ler que “atualmente o complexo tem recebido muitos traficantes oriundos de comunidades pacificadas da cidade do Rio de Janeiro”.)
Você acha, como o Luiz Eduardo, que o tráfico "é uma realidade em franco declínio e tende a se eclipsar, derrotado por sua irracionalidade econômica e sua incompatibilidade com as dinâmicas políticas e sociais predominantes, em nosso horizonte histórico. Incapaz, inclusive, de competir com as milícias, cuja competência está na disposição de não se prender, exclusivamente, a um único nicho de mercado, comercializando apenas drogas – mas as incluindo em sua carteira de negócios, quando conveniente"? “Acho que há mudança, sim, nesse perfil do tráfico. Mas não podemos nos iludir, isso não pode frear a ação do estado. Quero acrescentar que o tráfico não é burro e já assimilou o método da milícia. Na Ilha do Governador, eles já não se restringem à droga e exploram também o gatonet, o gatogás, o gatotudo”.
E o que você acha do Exército substituindo a polícia no Alemão, até que seja implantada a UPP? “Pessoalmente, prefiro a Força Nacional, acho melhor preparada e já provou isso. Mas acho que essa é uma questão que vai se intensificar até 2014: quem vai comandar a segurança da Copa – a Força Nacional, que comandou com sucesso durante o Pan, ou as Forças Armadas, que estarão no comando do Alemão?”
Realmente, é uma disputa política que promete ser forte, entre o Ministério da Justiça petista e o Ministério da Defesa peemedebista. Mas o principal no nosso “day after” é a conclusão de que agora podemos vislumbrar um novo Rio de Janeiro, sem submissão a narcotraficantes e com uma vida pacificada. Ainda falta muito, claro, mas o futuro já foi disparado.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Tomada do Alemão: a conquista do Disque-Denúncia


Um dos maiores avanços que a polícia fez na tomada da Vila Cruzeiro e do Complexo do Alemão foi no terreno da credibilidade. E isso pôde ser comprovado com os milhares de ligações para o Disque-Denúncia. Por mais que o Disque-Denúncia sempre tenha garantido sigilo, a população mais pobre desconfiava, por causa da sua ligação com a polícia. Lembro que em 99, quando realizamos extensa pesquisa qualitativa sobre segurança, os moradores de comunidades mais pobres, sem exceção, revelavam esse medo. Achavam mais seguro fazer denúncias através do programa Linha Direta da TV Globo. Por tudo isso, é fundamental que o Governo investigue a fundo todas as denúncias de abuso policial. A confiança conquistada não pode ser desligada.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Tomada do Alemão: Fatos & Aversões


Fotos O Globo

7:29h – é fato que esse foi um momento histórico. Um momento que simboliza uma decisão difícil, de iniciar uma operação que sob muitos aspectos poderia indicar banho de sangue. Simboliza a possibilidade de vida bem melhor para quase 100 mil moradores do Complexo do Alemão, imersos em uma subvida de tensões, ameaças, agressões, subdesenvolvimento. Simboliza a possibilidade do Rio de Janeiro dar um salto na qualidade de vida de toda sua população. Simboliza mais um passo do Brasil rumo a uma posição de mais prestígio internacional.
Sérgio Cabral, Beltrame – o Governo do Rio de Janeiro criou um fato novo na política de segurança nacional, ao provar que é possível integrar políticas sociais com inteligência, rigor e eficácia policiais. E soube melhor do que ninguém integrar-se ao Governo Federal, dando mais musculatura às suas forças.
Rodrigo Pimentel – de fato, o autor e inspirador do “Capitão Nascimento” do Tropa de Elite é uma referência em questões de segurança pública. Mostrou uma análise diferenciada entre os comentaristas apresentados na mídia. Demonstrou conhecimento e, ao mesmo tempo, uma visão tranquila e bem humana. Nada de teorizações ou vociferações, tão comuns. Apoiou toda a ação, mas demonstrou preocupação (medo, mesmo) com a possibilidade de derramamento de sangue. Hoje, no Bom Dia Brasil, revelou sua dificuldade em dormir no sábado, pensando nos amigos – e até um irmão – que poderia perder, porque estavam na linha de frente da operação. Destaque também para a atuação do Júnior, do AfroReggae.
Comentaristas da bala – causou aversão assistir certas análises que apoiaram a ação do Governo aparentando ver nela a vitória de uma certa política do “bandido bom é bandido morto”. Um analista chegou a dizer que era o fim da política do “bandido cidadão” ou “bandido social”. Não é bem assim. O grande valor desse Governo na área de Segurança foi saber integrar políticas sociais, valorização da cidadania, com inteligência e eficácia policial. Não se pode confundir oportunismo populista ou banditismo eleitoral com política social séria. Os erros do passado não devem ser justificativa para apertar gatilho a torto e a direito.

Pezão e o PAC – o fato de o chefão do Alemão ter o mesmo apelido (Pezão) do Vice-Governador e coordenador do PAC no Rio de Janeiro foi muito curioso. Primeiro, porque gerou uma série de piadas com o Vice-Governador – a principal delas, como ele mesmo me contou, foi dizerem que “aquela mansão fantástica encontrada no alto do morro foi construída com o dinheiro do PAC”. Mas o fato mais importante foi o hasteamento das bandeiras da vitória (nacional e estadual) ter sido feito na estação do teleférico que está sendo construída com verba do PAC...
Mídia – a atuação impecável da mídia, dessa vez, foi fato gerador de otimismo no Rio e até no país. Globo e Record deram show. Na TV, na Rádio, na Imprensa, na Internet, os noticiários foram amplos, elucidativos e na maioria das vezes tranquilizadores. Destaque para os tuiteiros do Alemão, garotada de prontidão, atenta aos acontecimentos e antenada com as novas tecnologias.
População – um fato marcante foi a unanimidade: todos estavam favoráveis à ação, não queriam mais dar espaço à bandidagem com seus atos de terror e, acima de tudo, acreditaram na polícia.
Marketing e criatividade – os traficantes acharam que estavam sendo muito criativos com suas ações terroristas, mas conseguiram apenas causar aversão. Erraram violentamente no seu marketing. Desesperados pelas perdas de espaço e de faturamento causadas pelas UPPs, concluíram que espalhar o terror enfraqueceria as forças de segurança. Contaram com a revolta tanto da mídia quanto da população contra o Governo. Mas foi um grande equívoco. O terrorismo fez a população dar um basta! e ainda mobilizou a mídia a favor da polícia. Foi isso que estimulou o Governo Federal a aumentar sua participação e que permitiu o Governo do Estado a agir com firmeza e de forma definitiva. Os traficantes, sempre muito espertos, ignoraram uma lei básica: a comunicação pode ser criativa, mas tem que estar associada a um marketing que – por natureza – deve sempre ser óbvio. O fato é que o tiro saiu pela culatra

domingo, 9 de março de 2008

Pezão 2010

Estão falando muito nessa história do Governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), tornar-se candidato a Presidente ou a Vice-Presidente em 2010. Se isso se confirmar, significa que o atual Vice-Governador, Luiz Fernando Pezão, é o virtual candidato do PMDB à sua sucessão. Aliás, Pezão caminha a passos largos nesse sentido, através do PAC no Rio de Janeiro. Nessa sexta-feira, durante a visita de Lula para o lançamento do PAC no Complexo do Alemão, Pezão chegou a ganhar uma flor de Dilma Roussef - a Mãe do PAC.

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Policiais do Rio acertam a operação

Dessa vez os policiais civis foram mais eficientes do que no Complexo do Alemão: suspenderam a ameaça de greve durante o PAN-2007. A imagem deles estava ficando bem arranhada com o que foi chamado de "greve chantagem". Perceberam que não valia a pena transformar o PAN em pânico. Agora, terão muito a ganhar.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Chama o ladrão

O estrategista dos policiais civis do Rio de Janeiro errou feio quando marcou a greve da categoria para as vésperas do PAN 2007. Depois das ações policiais no Complexo do Alemão, a categoria vivia um momento raro de lua de mel com a população carioca, principalmente a classe média conservadora da Zona Sul. Agora eles voltaram a ser vilões, porque os estrategistas do governo foram mais rápidos. Num piscar de olhos, as suas reivindicações (que devem ser justas, creio) passaram a ser coisa de chantagistas. O próprio Governador Sérgio Cabral disse isso. E até o Elio Gaspari tratou do assunto ("Os chantagistas ameaçaram o Pan"). Tazvez seja o caso de contratar os serviços de marketing do povo do "Alemão"...

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Mais uma vez, agosto vai ser um mês complexo

Agosto sempre foi considerado um mês terrível para o mundo político, desde que Getúlio se suicidou. É o mês das crises, das notícias bombásticas. E isso pode se repetir este ano. O caso Renan deve se estender por todo o recesso parlamentar de julho e desaguar em agosto. Pode ser que ele se dê bem com esse adiamento, mas é bom lembrar que sua situação já esteve melhor. Outro grande acontecimento que ficou para agosto, graças ao recesso do PAN 2007, foi a tomada definitiva do Complexo do Alemão. Dificilmente as autoridades retomariam a operação de forma decisiva durante a visita de tantas delegações esportivas internacionais, com milhares de turistas sedentos de paz e alegria na cidade maravilhosa. Que agosto garanta paz e alegria sem fim.

domingo, 8 de julho de 2007

Duas maravilhas do mundo moderno

O Globo de hoje foi muito feliz na sua capa - feia, mas significativa. Grandioso, ocupando espaço de cima até quase embaixo da página, está a foto de uma das novas maravilhas do mundo moderno, o Cristo do Rio de Janeiro, escolhido ontem, junto com a Muralha da China, o Templo de Petra, as ruínas de Machu Picchu, o Coliseu, o Taj Mahal e o Chichén Itzá para ser uma das Sete Maravilhas do Mundo Moderno (aliás, o Cristo é a única dessas maravilhas que foi construída em tempos modernos). Abaixo do seu braço esquerdo, como se estivesse sob a sua proteção, essa outra "maravilha" do mundo moderno, a guerra contra o tráfico, que está enlouquecendo as grandes cidades. Na reportagem de hoje, com um ingrediente a mais, o "Manual de Guerrilha Feito para o Tota" (chefão do tráfico no Complexo do Alemão, Rio de Janeiro). A "captura" desse manual é preciosa, porque demonstra que por trás de meninos ensandecidos, drogados, sem nada a perder na vida existem cabeças pensantes dispostas a manter - e até a ampliar - o seu poder no futuro. A existência do Manual serve também para irmos buscar exemplos na história: sempre que se enfrentou a guerrilha com a truculência típica dos exércitos formais, a guerrilha venceu. Só com uma reforma profunda da política de segurança. apoiada em ações sociais de peso, é poderemos vencer o poder do tráfico. Caso contrário, nem Cristo ajuda. Porque onde não há inteligêcia, não há vitória.

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Guerra e Paz no Alemão

No sábado passado, fiz uma postagem (O Complexo do Alemão e a lógica da guerra) que mereceu um comentário indignado da leitora Vera, que disse: "se sabe fazer melhor, vai lá e faz, ora!" (ver texto completo na área de comentários). Já me desculpei, porque não pretendo de forma alguma ser uma espécie de "doutor sabe-tudo", principalmente sobre a melhor maneira de invadir o Complexo do Alemão. Na verdade, não pretendia na minha postagem ditar regras sobre técnicas de invasão. O que fiz foi tomar posição contra a "lógica da guerra" e a favor da "lógica da pacificação". Aproveitei depoimentos de pessoas altamente capacitadas e com experiência específica do local para defender a ocupação permanente do Alemão, feita pela Força Nacional e seguida de invasão social - sem provocações que acentuem o clima de guerra, principalmente nesse "momento PAN". Hoje, no seu Ex-Blog, Cesar Maia toca em ponto semelhante, quando critica a operação que "não pode avançar, pois não tem plano de ocupação que se sustente (...) e não pode recuar, pois significaria um fracasso e enorme desgaste em menos de seis meses de gestão na área de segurança". Não acredito que não haja plano de ocupação, mas concordo com Cesar Maia que o recuo seria extremamente negativo. Para mim, é muito importante que se ganhe a "guerra", sem os estímulos desnecessários ao clima de guerra, como o do "rambo" que fuma charutos, ou as provocações de membros da Força Nacional, convidando o bandido a descer para morrer (O Globo) ou mesmo como as declarações precipitadas de invasão da Rocinha, Maré e outras comunidades. Mas do que guerra, o Alemão - e todo o Rio de Janeiro - precisa de paz.

sábado, 30 de junho de 2007

O Complexo do Alemão e a lógica da guerra

Ontem, quem estava mais eufórico com a invasão do Complexo do Alemão pela policia do Rio de Janeiro era o Prefeito Cesar Maia. Exultava e parecia trazer para ele o mérito da invasão. Mas Cesar Maia não falava apenas como um estudioso do assunto, um policiógo (como ele costuma acusas outros estudosos) - externava principalmente o seu pensamento lacerdista, que tanto agrada a classe média conservadora carioca: torcia simplesmente para que agora "bandido corra e tenha medo da polícia". Isso é típico de quem pensa manter a "ordem" com a lógica da guerra, do enfrentamento permanente. Algumas autoridades de segurança não concordam com esse pensamento belicoso e apontam a grande falha da invasão: ter saído em seguida. "Não faz sentido mobilizar mais de mil homens apenas para entrar lá, matar umas 20 pessoas e depois sair", dizem. "Era necessário invadir e manter a ocupação - não com a polícia local, mas com a Força Nacional". E explicam: "a polícia local conhece o tráfico local, onde estão as bocas, as armas, pode fazer parte do esquema, enquanto a Força Nacional vem de fora e por enquanto está imune. Quando começasse a ficar igual à polícia local, deveria ter seu homens trocados". E continuam: "A invasão social deve vir logo em seguida para garantir a pacificação". A diferença está exatamente entre a lógica da pacificação e a lógica da guerra. "Provocar uma guerra agora e além disso com ameaça de levá-la para outras comunidades é um risco para o PAN 2007", alertam. "Lembram do Secretário de Segurança Josias Quintal? Ele caiu quando iniciou a lógica da guerra. Os bandidos metralharam um ônibus de soldados na Maré e, com isso, derrubaram o Secretário". Outra falha apontada foi a do cerco ao Complexo (que tem 36 acessos, "um verdadeiro queijo suíço"). "Não adianta nada revistar crianças e um ou outro suspeito, se também não forem revistados os carros da polícia que entram e saem. O tráfico pode estar se mantendo através deles". Com essa lógica da guerra, destacam-se personagens como o policial fotografado fumando charuto e dando ares de matador. Se continuar com essa lógica, nunca teremos paz duradoura no Rio de Janeiro.