segunda-feira, 31 de agosto de 2009

O PRÉ-SAL É NOSSO!

Ninguém deve se iludir. A batalha vai ser grande em torno do pré-sal. Vão inventar que o marco regulatório é puramente eleitoral, que é mamata ( a CBN já disse isso hoje de manhã), é dinheiro pra campanha da Dilma (César Maia disse isso), que é mania estatizante, vão inventar tudo. Mas a verdade são duas só: o medo da Oposição de perder em 2010 ficou maior; os grandes grupos privados que iam fundo na exploração de nossos recursos não estão nada satisfeitos, óbvio. A luta agora é igual à da criação da Petrobras: o pré-sal é nosso e ninguém tasca.

Abdias, o metalúrgico

Recebi telefonema de Benedita da Silva me falando que Abdias morreu. José Abdias dos Santos Nascimento. Conheci há muitos anos, quando fui diretor da CUT e ele atuava representando os metalúrgicos. Depois vi poucas vezes, mas sempre ouvi falar dele com respeito, admiração por sua luta. Vai fazer falta. Seu enterro vai ser hoje, às quatro da tarde, no Cemitério São Miguel, em São Gonçalo.

As semelhanças de classe na internet

Muito interessante essa pesquisa (“Encontro de geração”) feita pelo Instituto Informa e publicada na revista dominical do Globo. Foram 500 entrevistas com jovens entre 16 e 18 anos, de ambos os sexos, nas 27 capitais brasileiras, além de 32 entrevistas de profundidade (qualitativa) no Rio, São Paulo, Fortaleza e Curitiba, confrontando os hábitos na internet de jovens da Classe A com os da Classe C. Vejam como se aproximam em muita coisa: os sites mais visitados (por ambas as classes, em todo o Brasil, são Orkut, Google e YouTube), conexão banda larga (A 87%, C 83%), visitas ao Orkut (A e C com 63%), mensagens pelo MSN (A e C com 76%), download de músicas com frequência (A 44%, C 40%). Mesmo onde há maiores diferenças, não são abissais e são bastante compreensíveis por questões objetivas (trabalho, por exemplo): acesso diário (A 72%, C 60%), acesso de casa (A 86%, C 67%). Não deixe de ler. Assinantes, cliquem aqui.

domingo, 30 de agosto de 2009

Eleições no Japão

Resultados da eleição parlamentar japonesa, segundo o Nikkei.com dados de 4:19h do dia 31, horário de lá. O sempre todo poderoso Partido Liberal perdeu 181 cadeiras (ficou com 119) e o Partido Democrático ganhou 93 cadeiras, ficando com 308, de um total de 480. O presidente do Partido Democrático, Yukio Hatoyama, deverá ser confirmado como novo Primeiro Ministro.

Eleições 2010, Rio: Lindberg começa a recuar

Na reportagem de hoje do Globo, “Lindberg briga contra aliança PT-PMDB no Rio. E pode dificultar palanque para Dilma no estado em 2010”, feita por Maiá Menezes, temos o tradicional bombardeio de palavras de Lindberg (PT) contra a aliança PT-PMDB no Rio de Janeiro: “O PMDB quer (...) uma aliança que mate o PT!” ou “Querem a Dilma refém deles no Congresso”. Por trás de tudo estaria a sua candidatura ao Governo, que vem alardeando há algum tempo, apesar de irritar o Planalto. Mas há dois detalhes novos nessa reportagem. O petista rebelde diz agora “ter 60% do partido”. Ele já teria dito antes que eram 75%, depois 70%, depois 65%... Essa redução nas “projeções” poderia significar que está caindo na real. Pelo que apurei, estaria em torno de 40%-45% o número provável de eleitores que não votariam no Deputado Luiz Sérgio (aliancista) para presidente do partido em novembro. Seria mais ou menos esse o eleitorado favorável à proposta da candidatura Lindberg contra a aliança no Rio. Outra pista sutil de seu recuo está no final da reportagem: “Só sairei candidato ao Senado se não conseguir ser candidato ao governo” — diz ele. Ora, até poucos dias atrás era “tudo ou nada”. Ele já admite a hipótese do Senado e já ouvi de seus assessores que a alternativa real seria Deputado Estadual. Eu sempre entendi que sua meta verdadeira é ser um candidato viável em 2012 (Prefeitura do Rio) ou 2014 (Governo do Estado). O que ele faz hoje é apenas se cacifar para o futuro. Quem não deve gostar nada desse recuo são seus aliados Garotinho e César Maia.

Pré-sal já!

Vamos deixar claro uma coisa: a Oposição e grandes grupos internacionais adorariam adiar a determinação de novas regras para a exploração do petróleo, em função do pré-sal. Esperam, quem sabe, que um dia a privataria volte a tomar conta do país. Portanto, a urgência não é meramente eleitoral – embora tenha que ser levada em conta. Como lembra o professor Luiz Pinguelli Rosa, em artigo hoje no JB (“O modelo do pré-sal” – ver texto abaixo), “a desregulamentação da energia foi uma parte do processo de liberalização da economia sob a globalização financeira, cujo resultado foi a crise mundial iniciada nos EUA, em 2008, e agravada em 2009, atingindo outros países como o Brasil”. Assim, é importante alterações na legislação que permitam uma redistribuição dos benefícios do pré-sal para todo o país e ao mesmo tempo protejam a população de estados limítrofes. Luiz Pinguelli Rosa escreve ainda que “no sistema de concessões atual, o petróleo extraído pertence à empresa. No sistema contratual de partilha, que está cogitado, o petróleo produzido é repartido entre ela e o país. Haveria ainda a possibilidade do contrato de prestação de serviços. No Brasil a remuneração do Estado pela empresa petrolífera é menos de 50% da receita, enquanto em outros países ultrapassa 80%, percentual que se pensa adotar”. Ao contrário do que pensa Arnaldo Jabor, que chegou ao cúmulo de declarar (em palestra durante o 4º Congresso Internacional de Mercados Financeiro e de Capitais, em Campos do Jordão, em São Paulo) que “o atraso nos protegeu. A dependência do Estado que ainda temos hoje, o controle e a centralização que há no governo e na cabeça das pessoas acabaram nos protegendo da crise”, temos que nos proteger ainda mais do liberalismo desenfreado que causou a crise.Temos que pôr na cabeça que, assim como foi importante no passado, é importante agora a bandeira “O pré-sal é nosso!” Abaixo, opinião de Luiz Pinguelli Rosa:
O modelo do pré-sal
Luiz Pinguelli Rosa
Energia voltou a ser uma questão política no mundo. O preço do barril de petróleo subiu de US$ 10 até mais de US$ 20 na virada do milênio. Em 2007 chegou a US$ 70, em outubro de 2008 alcançou US$ 140 e, hoje, está em torno de US$ 70. O gás natural, por sua vez, ocasionou anteriormente problemas entre a Rússia e a Europa e entre a Argentina e o Chile, tanto quanto ou mais do que ocorreu entre a Bolívia e o Brasil. Na energia elétrica, houve racionamento sério em 2001 por falta de regulação do setor e o contencioso com o Paraguai sobre a usina de Itaipu, objeto de recente entendimento entre os presidentes Longo e Lula. A desregulamentação da energia foi uma parte do processo de liberalização da economia sob a globalização financeira, cujo resultado foi a crise mundial iniciada nos EUA, em 2008, e agravada em 2009, atingindo outros países como o Brasil. No caso da energia, somam-se os desdobramentos da crise financeira à crise ambiental, com o efeito estufa, outro grande problema político, pois se trata de escolhas da sociedade que não cabem às empresas fazerem sozinhas. A atribuição do Nobel da Paz de 2007 ao Painel Intergovernamental de Mudança Climáticas (IPCC) veio como um desdobramento da divulgação, feita no início de 2007, do Quarto Relatório de Avaliação que causou grande preocupação em todo o mundo.
O Brasil dispõe de recursos hidrelétricos abundantes, ainda que devam ser obedecidas as restrições de ordem ambiental para novas usinas, como ocorreu com as de Santo Antônio e Jirau no Rio Madeira. O consumo de gasolina em automóveis ultrapassou o de álcool, produzido da cana de açúcar com enorme vantagem quanto às emissões de gases do efeito estufa em relação ao álcool de milho usado nos EUA. Recentemente, a Petrobras anunciou publicamente a descoberta de petróleo na camada do pré-sal, adicionando às reservas conhecidas de 14 bilhões de barris algo que pode variar entre 30 e 80 bilhões de barris.
O presidente da República está para anunciar as mudanças da legislação do petróleo que o governo vai levar ao Congresso. No sistema de concessões atual, o petróleo extraído pertence à empresa. No sistema contratual de partilha, que está cogitado, o petróleo produzido é repartido entre ela e o país. Haveria ainda a possibilidade do contrato de prestação de serviços. No Brasil a remuneração do Estado pela empresa petrolífera é menos de 50% da receita, enquanto em outros países ultrapassa 80%, percentual que se pensa adotar.
Outro ponto proposto é a criação de uma empresa estatal responsável pela exploração do pré-sal. Se for para esta nova empresa fazer licitações como faz a ANP, de nada adiantará. A nova empresa deverá contratar a Petrobras, detentora da tecnologia de águas profundas. Isto foi anunciado mas não confirmado.
O excedente que o petróleo do pré-sal vai gerar permitirá uma redistribuição de seus benefícios em nível nacional, podendo ser destinado à educação, saúde, saneamento, habitação popular e para fontes alternativas de energia e políticas públicas ambientais. Por outro lado, não se devem reduzir os pagamentos aos estados limítrofes às áreas do pré-sal. Há grandes interesses em jogo na disputa pelos recursos do petróleo, e a população do estado do Rio de Janeiro, em particular, não deve ser mais uma vez prejudicada. O estado já foi prejudicado quando o Congresso aprovou que os impostos sobre derivados do petróleo pertençam aos locais de consumo, sem projetá-los retroativamente aos locais de produção.
Professor / Diretor da Coppe / UFRJ
Secretário do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas

sábado, 29 de agosto de 2009

PV, um PMDB nanico?

É muito comum ouvirmos que o PMDB é um partido oportunista, mais interessado em tirar casquinha do poder a qualquer custo do que arriscar a ter uma proposta própria. Há quem diga, por essa sua atuação no Congresso, que é o partido que de fato detém o poder no Brasil. No pólo oposto das percepções partidárias estariam partidos como o PV, uma espécie de queridinho da mídia e das classes médias dos grandes centros urbanos. Seria o partido das grandes propostas ecológicas, com repercussão internacional, o partido de quem pensa em um futuro melhor para toda a humanidade. Mas será isso mesmo? No Uol Notícias-Política de hoje, sábado, Maurício Savarese escreve uma reportagem, “Raro na oposição, PV se alia até a ‘motosserra de ouro’ para governar”, que deixa dúvidas, ou melhor, deixa certezas de que as coisas não são bem assim. Pelo menos aqui no Brasil. De acordo com um levantamento do UOL Notícias o PV “faz parte da base governista na ampla maioria dos Estados brasileiros. A legenda esteve ao lado até do governador do Mato Grosso, Blairo Maggi (PR), premiado pela ONG ambientalista Greenpeace com o ‘Motosserra de Ouro’ há quatro anos”. O partido não elegeu nenhum governador em 2006. Mas nos últimos anos “só não auxiliou as coalizões governistas de Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Amazonas, Tocantins, Pernambuco e Sergipe”. Apoia Lula e Serra. Apoia o governo petista do Acre e o governo democratas do Distrito Federal. O PV declara, como um de seus “Princípios”, que “não se aprisiona na estreita polarização esquerda versus direita. Situa-se à frente”. Talvez as palavras do seu Presidente Nacional, o vereador por São Paulo José Luiz Penna, esclareçam melhor: "Não somos muito oposição nem muito governo em lugar nenhum. Somos um partido aberto a quem quiser construir um programa novo. É como dizíamos: não estamos à esquerda nem à direita. Estamos à frente". Mas o cientista político David Fleischer, professor da Universidade de Brasília (UnB), é mais explícito: "O PV é um partido fisiológico, tem muito pouco a ver com o PV alemão ou o PV francês, que são mais coesos. Esses optam por ficar fora do poder se for necessário e são mais próximos da esquerda desencantada com as experiências de comunismo na Europa e na China. Não sei se a entrada da Marina Silva vai ajudar a refundar o partido de verdade, mas é fato que há muito a ser mudado se quiserem fazer um partido sério. Hoje é um partido de pequenos líderes regionais com um poder bastante limitado", afirmou. É neste partido que a Senadora Marina Silva, ex-petista que é tida como ambientalista radical, está se filiando neste domingo. Mas como ser radical no Partido do Vaivém?

Pós-sal

O Governo Federal já sabe que errou no encaminhamento da questão do pré-sal. O discurso de que as riquezas do Brasil pertencem a todos os brasileiros está correto. Mas distribuição justa não significa necessariamente distribuição em partes iguais. Há que se pensar em favorecer os mais necessitados e há que se recompensar os prejudicados com os custos salgados da extração das riquezas. E há também a questão da percepção. Nesse sentido, o maior prejudicado nessa decisão que andou se desenhando seria o Estado do Rio de Janeiro, responsável no momento por mais de 80% da produção de petróleo, e que tem grande parte de sua população carente dos royalties. A simples suspeita de que está sendo reduzido um centavo desse ganho vira um Deus nos acuda. Todo mundo chia. Com a chegada do pré-sal foi alegria geral na Nação Verde-Amarela, mas quando começou a divisão do bolo, o Rio começou a perceber que não seria tão bem aquinhoado como pensava. Na verdade, as regras do pré-sal são diferentes do que foi feito até agora com os royalties, mas ninguém foi corretamente informado sobre isso. Do ponto de vista político-eleitoral, o prejuízo mais visível seria o do Governador Sérgio Cabral (PMDB), fiel aliado de Lula e que disputa a re-eleição em 2010. Mas não seria o único. Há também o prejuízo (estratégico) da candidatura Dilma, que poderia assistir a baixas significativas na sua principal fonte de votos entre os poderosos estados do Sudeste. Não é à toa que Rosinha, mulher de Garotinho e Prefeita de Campos, que tem seu litoral recheado de poços petrolíferos, aproxima-se de Serra para protestar contra o que estava sendo costurado. E há ainda o prejuízo dos candidatos regionais do PT e seus aliados. Garotinho, que pretende voltar a ser Governador, sempre foi o primeiro a gritar que o PT quer tirar os royalties do Rio, e vai fazer o mesmo com o pré-sal. Os candidatos do PT estão pisando em ovos (exceto os aliados de Lindberg, felizes com o possível arranhão nas relações Lula Cabral) com esse clima. Sentiram falta de terra firme e temeram que suas candidaturas afundassem no pós-sal. Todos esperam que a comunicação final seja doce para todos.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Bases americanas na Colômbia: Gabeira considera essa discussão um “carnaval”

No seu artigo na Folha de hoje (“Bola dividida”), Fernando Gabeira faz observação sobre a questão das drogas na América Latina e aproveita para colocar, meio de contrabando, sua posição sobre a discussão das bases americanas em nossas fronteiras. Diz ele: “Uma conferência interamericana sobre política de drogas seria mais produtiva do que todo esse carnaval sobre tropa americana”. Discutir uma política sobre drogas é altamente importante, claro. Mas por que tanto descaso para a preocupante presença militar americana bem aqui ao lado? Será que Gabeira pensa em mudar de partido outra vez? Porque no Programa do PV está escrito, quando trata de Defesa Nacional, que “embora não se perfilem como prováveis conflitos com países vizinhos nem distantes tais hipóteses nunca podem ser totalmente descartadas”. Será que isso não é pra valer? Não é “carnaval” essa discussão, Deputado Fernando Gabeira. A questão é que a nação mais poderosa do mundo está querendo pôr os pés de seus “Blackwater boys” na Amazônia. Os Estados Unidos querem policiar (para dizer o mínimo) essa monumental fonte de energia que fica principalmente em nosso país. Eles também estão de olho no pré-sal. E isso é natural – estão se preparando para garantir a energia do futuro. Nós é que não podemos pensar que isso é pura fantasia. A discussão sobre as bases tem uma preocupação nacionalista (bem positiva), ecológica e de sobrevivência. Não pode deixar de ser feita nem pode ser tratada como se fosse mero adereço. Que é isso, (ex?) companheiro? Não me venha atravessar na avenida logo agora.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Será que aparelharam o "entre aspas" da Mônica Waldvogel?

Talvez fosse o caso de dizer que deu pena ver a Mônica Waldvogel conduzir o seu mais recente programa anti-Lula, o "entreaspas" exibido na última terça-feira. No afã de produzir material de propaganda da Oposição, não se preocuparam em apurar a fundo as informações sobre o novo "escândalo". Aliás, isso é comum, mas dessa vez o feitiço virou contra o feiticeiro. Tudo pronto para provar que a Receita estava "aparelhada" pelo Governo, que estaria fazendo "política" com o dinheiro do contribuinte, e que a Petrobras era uma grande vilã que não estava pagando tudo que devia ao Fisco. Um fiasco, isso sim. Os três senhores acima de qualquer suspeita, capitaneados pela figura de Everardo Maciel, chefe da Receita nos governos de Fernando Henrique, convidados para valorizar o "espetáculo", discordaram de tudo que a pauta insinuava. Mônica ficou visivelmente desarvorada, sem saber o que fazer com a ironia e as perguntas ferinas que tinha acalentado para aquele momento. Não explicaram para ela a guerra interna da Receita que corria solta independente do "caso" Lina-Dilma. A Petrobras estava errada? Não, respondeu Everardo com veemência, esclarecendo que foi ele mesmo responsável pelas normas que permitiam a Petrobras (e qualquer empresa) agir como agiu. O Governo "politizou" a Receita? Não, responderam uníssonos os três convidados, acrescentando: "Quem politizou foi a Lina". Agora, as perguntas que não querem calar: quem foi o responsável por tamanho desastre telejornalístico? quem confiscou a produção? quem quer sabotar Mônica Waldvogel? será que o novo diretor de jornalismo é do PT? Você já deve ter visto a entrevista. Se quiser revê-la, essa é uma chance.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Lula andou lendo este Blog

No dia 5 de agosto, quando ainda não era 100% garantida a saída de Marina Silva do PT, fiz o seguinte tweet: "Se Marina fosse candidata tiraria mais votos tucanos do que de Dilma 6:15 AM Aug 5th from web". Onze dias depois, na postagem "Marina Silva, fatos e versões", escrevi "Como Heloísa Helena (...), Marina tenderia a conquistar os votos de quem já decidiu não votar nos candidatos de Lula, concentrados provavelmente na classe média de São Paulo e Rio". Leio hoje, em nota ("PSDB e Lula: duas avaliações sobre 2010") do Panorama Político do Globo, que Lula avaliou que "a oposição está hipervalorizando a Marina" e que "o discurso verde é mais forte nos eleitores de José Serra". Bem-vindo às conclusões deste Blog.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Guerra total! Decretado o fim do noticiário!

"O grande triunfo do adversário é fazer-nos crer o que diz de nós." Paul Valéry
(Peguei essa frase acima do twitter MagazineBrasil)
A mídia entrou com força total na campanha eleitoral 2010. Não existe mais busca da verdade, tentativa de imparcialidade, um mínimo de objetividade, praticamente não existe mais notícia. Jornalismo investigativo acabou. Aquelas velhas perguntas do o que, quem, onde, como, quando e por que agora têm resposta única: Lula e o PT são culpados - não se sabe por que nem de quê. O objetivo é tenta derrotar Lula em 2010 para colocar de volta os de sempre no poder. Ainda assim, apesar de todo esse esforço concentrado, parece muito difícil a Oposição vencer as eleições de 2010. A marca Lula, apoiada nos ganhos sociais e econômicos, Bolsa Família, PAC, retomada do desenvolvimento, destaque no cenário internacional, educação, superação da crise, etc, etc, etc, tudo isso me parece imbatível. Eles não conseguirão fazer o Brasil crer que o certo é tudo o contrário. Nem mesmo com a ajuda da Blackwater (agora disfarçada de Xe...) Oposição e Mídia conseguirão vencer essa guerra.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Yes Weekend: slogan do "Cacareco" alemão, que já tem 18% das intenções de voto

Assim como o "Cacareco" em São Paulo ou o "Macaco Tião" no Rio, surge um candidato fictício para as pouco empolgantes eleições alemãs do próximo dia 27 de setembro. Horst Schlämmer (personagem do humorista Hape Kerkeling) está animando o eleitorado alemão e já tem 18% nas pesquisas, contando com a adaptação do slogan de Barack Obama e um bom trabalho de marketing na promoção do filme "Isch Kandidiere" (Eu Me Candidato, em tradução livre). É bom os políticos alemães ficarem atentos: em 58, "Cacareco" teve cerca de 100 mil votos para Vereador de São Paulo e, em 1988, o "Macaco Tião" teve cerca de 400 mil votos para Prefeito do Rio. Veja reportagem da BBC.

domingo, 23 de agosto de 2009

Mauro Carrara e o Twitter de direita

Recebi por e-mail esse excelente artigo de Mauro Carrara, “Por que o Twitter é de direita”, que reproduzo abaixo na íntegra. Super atual, porque simultaneamente trata da forma avassaladora com que, no Brasil, a Oposição alia-se à mídia para combater as conquistas sociais do Governo Lula e trata dos novos meios de comunicação extremamente velozes e onipresentes. Citando os ótimos Marshall McLuhan (The medium is the massage) e Paul Virilio (Velocidade e Política) e usando como pretexto o "caso Mercadante" chega ao alucinante mundo do Twitter (um mundo onde a velocidade é a massagem, eu diria...) e constata que essas novidades da comunicação viraram instrumentos da direita. “Os esquerdistas de raiz libertária, em especial, valorizam a dialética e a comunicação multidirecional, em que a igualdade de direitos faz emissores e receptores trocarem de lugar a cada passo da valsa. O partido mudo e alguns setores decrépitos da esquerda são casos à parte. Praticam, há tempos, certo neoludismo fanático e tolo. Noutras ocasiões, a inépcia marca o uso das novas armas-meio. Como já estive por aqueles lados, posso assegurar que os vietnamitas não se valeram apenas de zarabatanas e armadilhas de caça para vencer a maior potência bélica do mundo. O Twitter é de direita, hoje. Mas não precisa ser para sempre”, finaliza Mauro Carrara. Texto completo:
Por que o Twitter é de direita
O PT é um partido sem mídia.
O PSDB é uma mídia com partido.
Mauro Carrara
Raras vezes o revés se exibiu tão instrutivo. E o senador Mercadante, do partido mudo, merece gratidão por nos oferecer incrível lição de como torrar a própria imagem diante da opinião pública. Depois da tarde das garrafadas invisíveis, em que a bancada do partido mudo quis converter-se em madame girondina, Mercadante utilizou-se do microblog Twitter para anunciar, em caráter irrevogável, sua renúncia à liderança do PM na Câmara Alta. O sol deitou, voltou, deitou e Mercadante resolveu pisar atrás, anunciando, pelo mesmo Twitter, sua desistência de desistir.
E uma onda de indignação hipócrita e seletiva passou como tsunami sobre a praia governista. Foram muitas as vítimas. Estava posta a carniça aos abutres. Folha de S. Paulo e Estadão, por exemplo, lambuzaram-se das tripas do bigodudo parlamentar.
Do episódio neodantesco, ficaram três lições: 1) O partido mudo não sabe o que é o Twitter; 2) Os parlamentares do partido mudo utilizam essa e outras ferramentas de maneira imprópria e irresponsável; 3) A direita nada de braçada nessa lagoa da comunicação interativa.
Deu pena do incauto Mercadante. O tal perfil da Juventude do DEM, a mesma que utilizou o Twitter para engrossar o coro de “Fora Sarney”, divertiu-se à vontade em cantigas de maldizer, levantando hordas de playboys para espezinhar o pobre líder mudista.
O meio é a mensagem
Assisti a uma palestra de Marshall McLuhan há uns 5 mil anos, na Universidade de Wisconsin, numa época em que meu Inglês não era lá essas coisas.
Mas peguei o básico, sem grandes problemas.
Neste momento, vem à memória o trecho da preleção em que o canadense falava sobre sua teoria de que “o meio é a mensagem”, conceito que na época eu não compreendia muito bem, e continuei sem compreender.
Agora, contudo, tudo faz muito sentido.
Mercadante e o partido mudo nem desconfiam do impacto sensorial das novas mídias. Presos à ideologia e ao conteudismo, não percebem que os meios de comunicação se constituem em extensões humanas, nas tais próteses técnicas capazes de determinar padrões de comportamento e reconstruir discursos.
O Twitter é exemplo claro da importância do meio na conformação da conduta do usuário.
Mais do que o Orkut, por exemplo, que é sucesso entre os brasileiros de todas as classes sociais, o Twitter tem em sua engenharia interna a inspiração do modelo personalista.
Serve, portanto, de modo perfeito, à construção de púlpitos para gurus. É da pessoa e não do tema, estabelece uma hierarquização no tráfego de informação e copia os modelos verticais de gestão corporativa.
O Orkut, por exemplo, é campo aberto de batalha e debate. Ali, os famosos e poderosos têm medo de se expor. Equivale a se apresentarem no meio da multidão, em praça pública.
Por conta das características do meio orkutiano, as pequenas legiões leonídeas da esquerda organizada destroçam facilmente as gordas falanges do mainardismo virtual.
O Twitter, ao contrário, enfatiza o emissor e exclui o intercâmbio dinâmico de ideias. Não há corpo a corpo e, por conta das condições do campo de batalha, a quantidade pode vencer a qualidade. Vale dizer que o Twitter funciona no campo da comunicação declaratória. Não trabalha com base na argumentação e na exposição racional do pensamento.
No Twitter, as personalidades têm o que o sistema chama de “seguidores”, característica que fortalece um padrão de falsa interação.
Um tema dromológico
Cada tweet (mensagem) tem que se limitar a 140 caracteres. Assim é a coisa.
É fácil pedir “Fora Sarney” nessa tecladas mínimas. Mas é difícil explicar que o presidente do Senado está por aí há 45 anos, que a bronca tucana é oportunista, que Arthur Virgílio é um bandalho e que o movimento midiático faz parte de um projeto de desestabilização do governo Lula.
O Twitter é ótimo para gritar e exigir cabeças. É péssima ferramenta para qualquer advogado.
Curiosamente, o Twitter no Brasil é utilizado majoritariamente por homens paulistas e cariocas, na faixa de 20 a 30 anos, a maior parte deles com ensino superior. A agência Bullet, que coletou os dados, mostra que 60% dos twitteiros são considerados formadores de opinião.
No total, 51% dos usuários valorizam os tais perfis corporativos.
Cabe destacar que o Twittter se casa perfeitamente com o modelo de comunicação veloz da juventude. É um SMS da Internet.
A informação é rala e muitas vezes codificada. O importante é estar “em contato”, integrado, saber um pouco, talvez quase nada, mas de muitos. Também é preciso mostrar-se vivo, disparando a mensagem, mesmo que irrefletida.
O Twitter faz parte do arsenal das bombas informáticas, às quais faz referência o filósofo Paul Virílio, pessimista mas sabido.
Como instrumento de controle e alienação, a ferramenta já se converteu em arma poderosa do que se convencionou chamar de “direita”, considerado aí o termo conforme a brilhante conceituação de Norberto Bobbio.
Em seus estudos, Virílio alerta para a supervalorização da velocidade na sociedade tecnológica contemporânea. Segundo ele, perdemos o valor mediador da ação em benefício da interação imediata.
O pensador, que bem avaliou os elementos simbólicos da guerra, afirma que a velocidade divinizada reduz drasticamente o poder de atuação racional e estabelece uma conduta de reação, muitas vezes automatizada.
Por isso, o Twitter tem menos interesse no pensamento estruturado que no jogo rápido das reações. Assim, vem sendo utilizado com sucesso no fortalecimento de marcas, agregando “seguidores” por categorias definidas pelos profissionais de marketing.
Razões éticas ou morais podem afastar as esquerdas do Twitter. A esquerda não se contenta (e não sabe se contentar) com 140 caracteres e historicamente não tem gosto pela velocidade.
Os esquerdistas de raiz libertária, em especial, valorizam a dialética e a comunicação multidirecional, em que a igualdade de direitos faz emissores e receptores trocarem de lugar a cada passo da valsa.
O partido mudo e alguns setores decrépitos da esquerda são casos à parte. Praticam, há tempos, certo neoludismo fanático e tolo. Noutras ocasiões, a inépcia marca o uso das novas armas-meio.
Como já estive por aqueles lados, posso assegurar que os vietnamitas não se valeram apenas de zarabatanas e armadilhas de caça para vencer a maior potência bélica do mundo.
O Twitter é de direita, hoje. Mas não precisa ser para sempre.

sábado, 22 de agosto de 2009

PT no Rio: Deputado Luiz Sérgio dá demonstração de força

Muitas vezes acho que o PT, em vez da estrela, deveria ter como símbolo uma interrogação. O que não deixa de ser bom, pode significar um partido sempre em transformação, superação. Mas no dia-a-dia isso parece representar eternas dores de cabeça, porque para quem está de fora é difícil entender o que está acontecendo. Veja agora esse caso do Rio de Janeiro, onde se decide ao mesmo tempo a nova direção partidária e fazer ou não fazer aliança com a candidatura peemedebista do Governador Sérgio Cabral. O Prefeito Lindberg, que tenta impor sua própria candidatura, mobiliza mundos e fundos para tentar derrotar a proposta de aliança da Direção Nacional do PT. Apesar dos mundos e fundos, não será uma tarefa fácil para o Prefeito de Nova Iguaçu. Ocupa a mídia diariamente apregoando que sua candidatura ao Governo do Rio é "irrevogável" (epa!) e bate de frente com os nomes eleitoral e politicamente mais viáveis da sigla petista. Contra a proposta de aliança da atual direção, decidiu apoiar alguns nomes para enfrentar a candidatura do Deputado Federal Luiz Sérgio à Presidência Regional do partido. O PED (Processo de Eleição Direta) do PT ocorrerá em novembro e, no Rio, os diversos grupos se unem e se separam basicamente em torno de 5 candidatos a Presidente. Pelo que apurei, entrevistando e conversando com representantes de diversas tendências, o Deputado Luiz Sérgio já deve contar com algo entre 50% e 55% do eleitorado. Outros 45%-40% estão distribuídos entre as candidaturas de Lourival Casula, Bismark Alcântara, Vereador (de Niterói) Waldeck Carneiro e Vereador (de Mesquita) Taffarel. O curioso é que, a acreditar no que alega Lindberg, 65% dos futuros congressistas já teriam abraçado sua proposta de não-aliança - mas o seu candidato preferido, Casula, parece estar longe de chegar aos 30%. Ontem fui convidado para o lançamento da candidatura Luiz Sérgio. Não gosto de comparecer a eventos partidários, mas dessa vez fiquei bastante interessado em ir ao auditório da ABI - Associação Brasileira de Imprensa. Infelizmente não foi possível. Recebi relato do evento que me deixou muito impressionado pela grandeza e demonstração de força do Deputado Luiz Sérgio. Entre os presentes no vai-vem da mesa, além do candidato, foi possível identificar Gilberto Palmares (Deputado Estadual), Inês Pandeló (Deputada Estadual), Benedita da Silva (Secretária de Assistência Social e Direitos Humanos do Estado do Rio), Arthur Garcia (Prefeito de Santa Maria Madalena), Alberto Cantalice (Pres. do PT-RJ), Darby Igayara (pres. CUT-RJ), Jorge Mario (Prefeito de Teresópolis), Reimont (Vereador da cidade do Rio), Paulo Mustrangi (Prefeito de Petrópolis), Jorge Bittar (Secretário de Habitação da cidade do Rio), José Eduardo Dutra (candidato a Presidente Nacional do PT), Alberes Lima (Presidente do PT da cidade do Rio), Marcelo Zelão (Prefeito de Silva Jardim), Professor Tarcísio (Prefeito de Paracambi), Marilene Ramos (Secretária Estadual de Ambiente), José Mentor (Deputado Federal-SP), João Paulo Cunha (Deputado Federal-SP e ex-Presidente da Câmara dos Deputados), Paulo Rocha (Deputado Federal-PA), Marco Maia (Deputado Federal-RS e Vice-Presidente da Câmara dos Deputados), Marcelo Costa (Secretário de Desenvolvimento Econômico Solidário da cidade do Rio), Graça Foster (Diretora de Gás e Energia da Petrobras).

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

A quem incomoda o cheiro do povo?

No ano passado, em julho, fiz uma postagem, “Eleição no Rio: Zito considera que Gabeira é amoral e não tem responsabilidade?”, onde ironizava a súbita aliança do “Verde Zona Sul” Gabeira com o “Rei da Baixada”. Citei declarações de Zito (que é o presidente do PSDB no Rio) sobre Gabeira: "até respeito a opinião dele, mas nunca será a minha, que é a da moralidade, com a família sempre presente (...) estou fora de qualquer coisa que venha a sair da moralidade e da visão de responsabilidade". Apesar disso, Gabeira deu o braço a Zito e saiu de nariz empinado na busca de sua influência sobre algumas áreas populares da Capital e dos recursos tucanos. Agora Zito volta a alfinetar Gabeira, dizendo que ele “não tem cheiro de povo”. Por que será? Talvez Zito simplesmente tenha se cansado de ciceronear almofadinhas da Zona Sul pelos caminhos tortuosos do voto popular. Talvez ele tenha se cansado da dureza dos 10 anos de oposição aos governos estaduais. O risco que Zito corre é o de voltar a figurar na lista negra da mídia (no passado, antes de virar queridinho tucano, chegou a ser tratado como matador). Mas é sempre assim. Os políticos da elite conservadora adoram políticos com inserção popular e que possam trazer caminhões de votos – desde que não tragam junto o cheiro do povo. No Rio, foi assim com Brizola, foi assim com Garotinho, foi assim com Benedita – e continuará sendo assim por todo o sempre. O PT do Rio, por exemplo, não conseguia voto muito além dos limites da Zona Sul. O Pesquisador do IBGE/DEPIS e Professor da PUC/RJ Antonio C. Alkmim afirmou, em seu estudo (de 2000) sobre eleições cariocas, que “a concentração principal de votos de Chico Alencar (candidato a Prefeito do Rio em 96, hoje no PSOL), seguindo uma tradição petista, foi em parte da Zona Sul e na Grande Tijuca”. Quando descobriu Benedita, a classe média conservadora encravada no PT fez festa, porque finalmente o voto popular tinha sido alcançado – até perceber que Benedita é o próprio povo. Lula também foi o queridinho da classe média na época da ditadura, e hoje “cheira a povo”. Marina Silva pode se perpetuar como queridinha absoluta se conseguir disfarçar o seu cheiro de povo com o cheiro verde (sem trocadilho). Por trás desse preconceito, é evidente, há todo um conflito de interesses. O preconceito é estimulado e utilizado pelos grupos que têm seus interesses ameaçados. Como está acontecendo agora. A Oposição sentindo-se mortalmente ameaçada pelo avanço das conquistas populares no Governo Lula alia-se à grande imprensa para estimular preconceitos e usa como disfarce a bandeira ética. Na verdade, uma falsa bandeira, udenista, que serve muito mais para tapar narizes contra o cheiro do povo.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Marina Silva saiu mesmo?

Não queria tratar desse assunto, que já considero superado. Mas tenho ainda duas questões a tratar no desligamento de Marina Silva do PT. A primeira considera o perfil da Senadora e a sua longa trajetória de lutas antes e depois de filiar-se ao PT. De lá para cá, Marina com certeza não mudou de ideais. Seu pensamento aprimorou-se, aprofundou-se, ganhou dimensões globais, mas os ideais permanecem iguais. Essa Marina não se desligou do seu PT ideal – desligou-se do PT real, um partido, apesar de tudo, mais chegado a ela do que os partidos da Oposição. Não é à toa que Ricardo Berzoini, Presidente Nacional do PT, fez questão de declarar que o partido não pretende cobrar a vaga de Senadora. Além de não ter conflitos de fundo com Marina, o PT vê na provável candidata à Presidência uma aliada de peso. Ele talvez tenha concluído que a entrada em cena de sua candidatura talvez possa prejudicar bem mais a Oposição. A outra questão trata da compreensão do pragmatismo, que é intrínseca à própria questão da política. É com pragmatismo que a política pode garantir ação contra o imobilismo dogmático (recusa absoluta ao pragmatismo) ou oportunista (pragmatismo extremado). Garantir a dose certa (se é que existe) de pragmatismo é fazer a boa política. Marina saiu do PT porque não aceitou o que seria excesso de pragmatismo do PT. Mas, com algo de contraditório, está exigindo, antes de se filiar, um certo pragmatismo do PV. Pelo menos é o que podemos concluir com as declarações do Vice-Presidente da Executiva Nacional do PV, Alfredo Sirkis, sobre a inclusão nos estatutos do partido de uma "cláusula de consciência", que permitirá aos filiados se absterem em relação a posições do partido que possam contrariar convicções religiosas. Terá sido uma decisão tomada unicamente em função de Marina Silva, que é evangélica. Mas nenhum partido, por princípio, pode ter cláusulas que individualizem as decisões partidárias. É um pragmatismo que leva à própria negação do conceito de partido. Por tudo isso pergunto - afinal, para onde saiu Marina Silva?

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Pintou um clima

Teve mais uma que eu soube sobre essa viagem do Lula ao Rio, ontem. Dessa vez foi lá no Complexo do Pavão-Pavãozinho-Cantagalo, onde foram entregues 56 unidades habitacionais e inaugurado o Centro de Referência da Juventude (CRJ) de Ipanema. A comitiva com autoridades federais, estaduais e municipais foi percorrer os prédios, para conhecer os apartamentos por dentro. Eduardo Paes (do PMDB - Prefeito do Rio) e Benedita da Silva (do PT - Secretária de Assistência Social do Estado) entraram em um quarto e foram para a janela saber como era a vista. Conversaram um pouco e Eduardo Paes abraçou Benedita e fez um elogio a ela, exato na hora em que entraram Lula, Sérgio Cabral e Pezão. Sérgio Cabral parou todo mundo e disse: “É melhor a gente sair, porque parece que pintou um clima”. Te cuida, Pitanga!

Xadrez 2010, Rio: Benedita sai feliz da vida de encontro com Lula, Sérgio Cabral e Lindberg

Hoje de madrugada, depois que li os jornais, passei um e-mail para Benedita, querendo saber das novidades (já que as notícias davam conta que ela tinha saído preocupada da reunião com Lula). Ela me ligou agora cedo sem entender direito o que falei. Ficou surpresa com a informação sobre sua “preocupação”. Ao contrário, estava muito feliz, despreocupada. Enquanto estavam juntos, Lula, Cabral, Benedita e Lindberg falaram de saúde, China e amenidades. Benedita contou para Lula que Abdias, metalúrgico do PT do Rio, estava doente. Lula ficou chateado e contou para Sérgio Cabral quem era Abdias. Por sua vez, Lindberg, abraçado a Benedita, dizia a todos que “essa, sim, é uma guerreira” e aproveitou para falar de seu tratamento nas cordas vocais, que vai deixá-lo quarenta dias sem falar. Benedita brincou: “Vou aproveitar que você vai ficar calado e vou falar sem parar”. Em conversa telefônica ontem à noite, Pezão (Vice-Governador) e Alberto Cantalice (Presidente do PT-RJ) também relataram esse clima descontraído.

Xadrez 2010, Rio: Garotinho se desespera

Garotinho, candidato a Governador pelo PR, percebeu o óbvio, que esse Blog já antecipava: sem Gabeira (PV), sem Wagner Montes (PDT) e sem candidatura própria do PT, vai ser muito difícil haver segundo turno para Governador no Rio. Então pensou no único movimento que lhe resta: convidar Wagner Montes para trocar o PDT pelo PRB de Marcelo Crivella e ser seu Vice. Há dois poréns: 1) Wagner Montes, que é contratado da Record, teria dificuldade (mesmo tendo obtido o provável amém de Crivella) em atrelar o seu nome a Garotinho, com quem de certa forma disputa espaço no mesmo terreno do voto popular; 2) jogando tudo numa candidatura popular-evangélica, Garotinho teria ampliada a sua rejeição junto à classe média e ao eleitorado da capital em geral, e talvez Wagner Montes não queira embarcar nessa queimada.

Xadrez 2010, Rio: para bom entendedor meio menino basta

A pré-campanha a Governador do Rio feita pelo Prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT), tomou um leve puxão de orelhas, dado pelo próprio Presidente Lula, durante evento naquele município fluminense. Em seu discurso, tendo também ao seu lado o Governador Sérgio Cabral (PMDB), Lula recordou que, quando o conheceu, Lindberg “era um menino que andava meio perdido (...) ia de um partido pro outro, até que eu o convidei para o PT e disse: decida o que quer ser. É lá na prefeitura, comendo lama, que você vai aprender a governar uma cidade. Acho que há muitos anos Nova Iguaçu não tinha um prefeito tão comprometido”. Nas entreorelhas estava escrito: “Continua fazendo o bom trabalho que você começou em Nova Iguaçu e esquece a candidatura ao governo, porque aqui no Rio o meu candidato é Sérgio Cabral”.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Por que Brasília cheira mal?

O Toda Mídia de hoje, coluna do jornalista Nelson de Sá, na Folha, divulga que "da CNN à BBC e ao canal de notícias do Irã, do "NYT" aos jornais ingleses, ecoou ontem pesquisa divulgada nos EUA, revelando que 90% das cédulas de dólar em circulação em várias cidades do país têm traços de cocaína. Na China, 12%. No Brasil, mais precisamente Brasília, 75%". Você leram o que eu li? Não sei se devo exclamar "Haja nariz!" ou "Haja dólar!"...

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Marina Silva, conforme queríamos demonstrar

Ontem escrevi aqui que "Marina tenderia a conquistar os votos de quem já decidiu não votar nos candidatos de Lula, concentrados provavelmente na classe média de São Paulo e Rio (a divulgação dos cruzamentos da pesquisa poderá comprovar isso)". Hoje o Datafolha divulgou alguns cruzamentos (faltou por Região, apesar de anunciado) comprovando o que disse, apesar do índice total de 3% não oferecer grandes oportunidades de variação. Mas já dá para sentir o cheiro. Adivinha onde Marina cresce o eleitorado? Bingo! Escolaridade Superior (5%) e Renda Familiar acima de 10 salários mínimos (6%). Vamos aguardar o Datafolha corrigir a divulgação das Regiões.
ATENÇÃO. Acaba de sair a correção do Datafolha com cruzamentos por Região. Marina cresce na sua Região (Norte/Centro Oeste), com 5% - o que era óbvio, mas não muito significativo em termos nacionais -, e nas Capitais e Regiões Metropolitanas (4%).

domingo, 16 de agosto de 2009

Acredite se quiser: o governo iraniano vai ter mulher

Li hoje no El País que Ahmadinejad pretende nomear três mulheres para seu novo ministério. Será a primeira vez que isso acontece naquele regime islâmico. Se a moda pega...

Marina Silva, fatos e versões

Considero como fato a saída de Marina do PT. Mas as versões sobre sua saída estão de tal maneira distorcidas que às vezes fica difícil até mesmo entender o que se pretende. Vamos ao mais simples. A primeira notícia mais bombástica é a de que a sua candidatura vai causar grande estrago na candidatura apoiada por Lula para a próxima eleição presidencial. A Época desta semana, que tem Marina na capa, chega a afirmar que a simples hipótese de sua candidatura “abalou os fundamentos de uma disputa eleitoral que caminhava para ser um modorrento plebiscito entre a candidata do governo, a ministra Dilma Rousseff (PT), e o principal nome da oposição, o governador paulista, José Serra (PSDB)”. Não consigo entender que fundamentos foram abalados e fico ainda mais confuso quando vejo reportagem do Estadão dizendo que “Pesquisa dá Dilma atrás de Marina em dois cenários”. Quando leio a pesquisa do Ipespe (coordenada por Antonio Lavareda), telefônica, com 2 mil entrevistas feitas em 22 e 23 de julho, percebo que o Deus nos acuda é ainda maior: Marina já teria 10% das intenções de votos e, em cenário sem Heloísa Helena, teria 24%!!! Prefiro me aliar a César Maia e Eliane Catanhêde e dizer que talvez as coisas não sejam tudo isso que se fala. A pesquisa Datafolha (4.100 entrevistas entre 11 e 13 de agosto) divulgada ontem (que mostra Marina com 3% das intenções voto) dá apoio a esse pensamento. O Datafolha mostra que os dois candidatos aliados de Lula (Dilma e Ciro) têm mais de 30% das intenções de voto (enquanto Serra oscila de 38% para 37%). E diz mais: que um candidato apoiado por Lula teria 42%. Que fundamentos, então, foram abalados? Claro que há um efeito psicológico inicial. Mas Heloísa e Cristovam também tiveram em 2006. César Maia lembrou isso e também foi buscar o exemplo guatemalteco das eleições presidenciais de 2007. Escreveu em seu Ex-Blog: “As eleições abriram com Rigoberta Menchú, líder indígena e ambiental e ícone internacional com Prêmio Nobel da Paz em 1992, liderando (...) com folga as pesquisas. No final obteve apenas 3,09% dos votos no primeiro turno, em sétimo lugar”. César Maia conclui com “Aprender sempre é bom. Até para evitar os mesmos erros”. Ele evidentemente está preocupado com o estrago que Marina pode fazer em sua campanha no Rio. Gabeira, candidato a Governador pelo PV, seria um bom apoio para a candidatura de César Maia ao Senado (por exemplo), dentro de uma aliança com o DEM e PSDB. Mas, com Marina candidata, a aliança teria prejuízos (no Horário Eleitoral com certeza) e Gabeira teria que trocar a prioridade do discurso ético-conservador pelo ecológico-obaoba. Esse seria apenas um dos inúmeros efeitos “tiro no pé da Oposição” que a candidatura Marina pode trazer. Como Heloísa Helena (talvez a maior prejudicada agora), Marina tenderia a conquistar os votos de quem já decidiu não votar nos candidatos de Lula, concentrados provavelmente na classe média de São Paulo e Rio (a divulgação dos cruzamentos da pesquisa poderá comprovar isso). Claro que a grande mídia, principal partido de Oposição no momento, deseja explorar tudo que pode da candidatura Marina, transformando versões em fatos consumados e arrasadores. São fatos como esses que me causam aversão.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

César Maia apoia medida de Lula contra a crise

No seu Ex-Blog de hoje César Maia destaca trecho de artigo de Paul Krugman no New York Times aplaudindo o fato de Obama não ter feito como a iniciativa privada que segurou os gastos. Krugman escreveu ainda (e César Maia não reproduziu): "Ronald Reagan se equivocó: a veces el sector privado es el problema y el gobierno es la solución" (El Mercurio). Ou seja, exatamente como fez o Governo Lula, que já ganhou elogios por isso por toda parte. Faltava esse elogio - mesmo que indireto - desse representante da Oposição. Veja a nota do Ex-Blog:
KRUGMAN: OBAMA ACERTOU PELO QUE NÃO FEZ! (Reuters-El Mercurio-on, 11/09) Provavelmente o aspecto mais importante do papel do governo nesta crise não é o que fez, mas o que não fez. À diferença do setor privado, o governo federal não recortou o gasto quando caíam suas receitas, escreveu Paul Krugman. O governo dos EUA salvou o país de uma "repetição completa" da Grande Depressão, disse o ganhador de um Nobel, Paul Krugman, em uma coluna publicada na segunda, no New York Times. Krugman disse ademais do efeito estabilizador "automático" criado pelo governo, quando se evitou também uma depressão devido à ajuda governamental na hora de resgatar o setor financeiro e o plano de estímulo de presidente Barack Obama.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Eleições no Rio: a ilusão dos 3 palanques

O Prefeito Lindberg Farias, do PT de Nova Iguaçu (RJ), publica hoje no jornal O Dia um artigo intitulado “Por que três palanques”, onde, fundamentalmente, ataca a aliança com o PMDB do Governador Sérgio Cabral e defende a sua própria candidatura ao Governo. Ele pergunta se o palanque único seria bom para Dilma, e responde: “Não. Teríamos Fernando Gabeira apoiando José Serra com força na capital e Anthony Garotinho, no interior e na região metropolitana, como segundo palanque tucano. E Dilma, imprensada no palanque único de Cabral”. Mas essa resposta serve também para o caso de Lindberg ser candidato, já que ele é fraquíssimo na capital (não tiraria um único voto de Gabeira) e , no interior e região metropolitana, tiraria dois ou três votos do Garotinho (que teria se tornado segundo palanque). Em seguida ele afirma que “a tese do palanque único começou a ser desmontada com a filiação de Garotinho ao PR. Dilma ganhou o apoio de Garotinho e tirou o palanque de Serra”. Essa é outra grande ilusão. Supondo que Garotinho apoie Dilma no primeiro turno, isso seria praticamente impossível na hipótese de um segundo turno. No caso de um confronto direto com Sérgio Cabral, adivinha onde Garotinho iria buscar apoio e quem apoiaria na disputa presidencial (na hipótese de também aí haver segundo turno)? Bingo!!! Garotinho seria unha e carne com a Oposição. No caso de confronto Sérgio Cabral X Gabeira, Garotinho também penderia para a Oposição. A entrada de Garotinho só tira palanque de Serra no primeiro turno. Outra ilusão de Lindberg: “A minha pré-candidatura pelo PT é outro importante reforço para Dilma. Além de mobilizar a militância de esquerda — não vai ser a máquina do PMDB em seus escritórios que agitará as ruas por Dilma —, a nossa candidatura ajudará na disputa com Gabeira pelos votos entre jovens e eleitores que têm na esquerda uma referência”. Quem disse que a poderosa máquina peemedebista não agitará as ruas por Dilma? Ela terá o maior interesse nisso, porque Dilma significa Lula e Lula tem aprovação recorde no estado. Além disso, a aliança PT-PMDB significará tempo em dobro no Horário Eleitoral Gratuito. Temos a considerar ainda que Lindberg não é tão forte entre jovens como pensa nem Gabeira tem tantos votos de esquerda. Lindberg alega que, na “relação Cabral-Lula, é o governador quem deve ao presidente, não o contrário. Pedir ao PT para não ter candidato é inaceitável. Significa diminuir nossa bancada de deputados e deixar o governo de Dilma refém do velho PMDB”. Ora, a questão não é de quem deve a quem. A relação entre os dois é fortíssima, mas Lula está sendo pragmático e buscando a melhor forma de eleger Dilma, uma questão estratégica para o PT. O argumento do tamanho da bancada de deputados petistas – que é importante – está mal colocada. Em 98, quando preferiu apoiar Garotinho a lançar Vladimir, o PT conquistou 7 vagas de deputados estaduais; já em 2006, quando lançou Vladimir, conquistou apenas 6. É verdade que para deputados federais o resultado foi diferente: 4 eleitos em 98 e 6 em 2006. Mas o fato é que o argumento não se sustenta. É preciso que os candidatos e a situação sejam viáveis. Em 2002, quando Benedita (principal nome petista eleitoralmente falando) estava Governadora e tentou nova eleição, o PT elegeu 8 deputados estaduais e 7 federais. Lindberg – orientado por Vladimir – está longe de oferecer desempenho semelhante. Por fim, Lindberg oferece o argumento dos seus 9% a 10% na pesquisa telefônica do IBPS – o que é um argumento pífio. Resta, assim, voltar ao começo do artigo de Lindberg e refazer o pensamento: “O Rio de Janeiro será palco decisivo nas eleições de 2010. Aqui, há os que defendem três palanques para Dilma Rousseff. Seria bom para Lindberg. Mas seria bom para Dilma? Não”.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Cangaço toma Brasília de assalto (epa!)

Que que é isso, minha gente? Chama o Antônio das Mortes! Calma, pessoal! É preciso botar água nessa fervura. Demos e tucanos já entenderam que não vão ganhar no grito, só querem uma boa chance para sair dessa pra outra. Peemedebistas já provaram que podem gritar mais alto e só precisam sair dessa sem humilhar. Não podemos deixar o sertão virar mar e o mar virar sertão.

Eleições 2010 no Rio: César Maia faz a análise dos seus sonhos

No seu Ex-Blog de hoje, César Maia faz uma análise do “Quadro Eleitoral no Estado Rio” e, como sempre, dá um tom aparentemente científico, mas que deixa muito a desejar – exatamente porque trata-se apenas de objeto do seu desejo. Ele tenta provar que haverá segundo turno na eleição para Governador do Rio – o que pode até acontecer, mas não pelos motivos que ele alega. Começa dizendo que “nenhum candidato alcançará os 30%”, o que contradiz algumas pesquisas que apontam Sérgio Cabral, dependendo do cenário, até mesmo com mais de 40%. O Instituto Mapear, conforme já publiquei aqui, coloca Cabral com 36% (em cenário com Gabeira 13%, Garotinho 16% e Wagner Montes 19%) e 47% (em cenário com César Maia 5% e Garotinho 19%). César Maia compara a situação de 2010 com o resultado do primeiro turno de 2006, quando “Cabral teve 37% dos votos e Denise Frossard 22%”, e ele mesmo reconhece que naquela eleição “o quadro era mais forte e diversificado que o atual, com Crivella, Eduardo Paes, Wladimir Palmeira, Lupi, além de Cabral e Frossard” (dá pra entender a contradição?). Adiante ele afirma que “30% de Cabral devem ser seu teto em campanha”, baseado em que a candidatura de Gabeira (que não deverá ser candidato...) será mais poderosa do que o “quadro mais forte” de 2006. Ele volta a falar na candidatura de Lindberg (que está fora de questão) como mais um complicador na vida de Sérgio Cabral e inventa mil e uma situações que lhe agradam. Não lhe passa pela cabeça, por exemplo, que Denise Frossard pode até mesmo apoiar a re-eleição de Cabral e que Garotinho pode desistir da candidatura, quando perceber que pode ser que não haja segundo turno. César Maia deve lembrar muito bem do velho slogan de Gabeira (É só querer) e sabe que isso não dá certo. Veja seu texto completo:
QUADRO ELEITORAL NO ESTADO DO RIO!
1. A cada dia fica mais claro que a eleição para governador do Estado do Rio terá um garantido segundo turno, e que nenhum candidato alcançará os 30%. Use-se como referência a eleição para governador de 2006. No primeiro turno, Cabral teve 37% dos votos e Denise Frossard 22%. O quadro era mais forte e diversificado que o atual, com Crivella, Eduardo Paes, Wladimir Palmeira, Lupi, além de Cabral e Frossard.
2. Frossard venceu Cabral na Capital e em Niterói, com quase 30%, Cabral ficou próximo. É evidente que uma candidatura a governador como a de Gabeira, alcançará resultado ainda mais expressivo na Capital e em Niterói. Hoje, nenhuma pesquisa lhe dá menos que 35% nessas duas cidades, que representam mais de 45% do eleitorado.
3. Cabral vem se equilibrando com um pouco menos de 30% nas pesquisas informadas. Isso, com uma imprensa -digamos- extremamente paciente e com todo o palanque de Lula que se arma no ERJ a cada 15 dias. Com a campanha em ação, os espaços de seus adversários serão muito maiores para a crítica, seja pela própria cobertura da imprensa (mesmo que com candidato preferencial), seja pelo acesso a TV e Rádio, publicidade gráfica e em carros de som, além da mobilidade pessoal aberta. Sendo assim, esses quase 30% de Cabral devem ser seu teto em campanha.
4. Garotinho, chamado pela esfera federal para ser outro palanque para Dilma, já ultrapassa os 15% e vence Cabral nos segmentos de menor renda e nível de instrução. Lindbergh, na medida em que comprove que sua candidatura agrega a Dilma (independente de quem perca), espalhará ainda mais o voto, com as intenções de voto já registradas na Baixada. 5. Com isso, teríamos um quadro de 4 candidatos, onde as possibilidades do segundo turno serão uma análise combinatória de quatro, dois a dois. Com esse quadro, quem alcançar 25% estará certamente no segundo turno.

Oposição em busca de outro assunto

O tema “Sarney” está se esgotando. Provavelmente ainda terá um ou outro round, mas já rendeu o que tinha que render. Tudo é uma questão de quanto tempo a Oposição levará para encontrar outro assunto. Na falta de propostas significativas, a Oposição vai fazendo essa guerra onde o que vale é tentar desgastar o Governo Lula aos poucos. Dilma ficou fora da mídia, o que por um lado é ruim (ela vinha crescendo nas pesquisas), mas por outro lado pode ser muito bom (preservou a imagem dela). Para o povo, na falta de Congresso melhor, é bom saber que, pelo menos, ele já pode voltar a trabalhar.

Aluguel de manifestantes: Ancelmo errou

A coluna do Ancelmo, no Globo de hoje, errou feio. Publicou notícia sobre anúncio para aluguel de manifestantes e comentou que "essa de inventarem povo de aluguel, em Brasília, é produto genuinamente nacional". Em janeiro de 2007 fiz postagem sobre um site alemão especializado nisso. A política brasileira já faz isso há muito tempo, claro. Mas os que primeiro fizeram anúncio específico foram os alemães. Logo, trata-se de um produto genuinamente estrangeiro. Infelizmente, não dá para faturar na exportação...

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Futebol: alterar calendário parece piada

Diz o noticiário que a CBF estuda alterações no calendário do futebol, que seria igual ao da Europa, com férias em julho, para evitar a perda de jogadores no meio do Brasileirão. Isso para mim parece piada de belga, porque o que certamente vai acontecer é que perderemos os jogadores para o Brasileirão inteiro. Dificilmente os clubes europeus avaliam nossos jogadores pelo desempenho em apenas meio campeonato, e o tiro poderá sair pela culatra. Com perdão dos torcedores Lula e Serra, que defendem a alteração, precisamos de medidas mais inteligentes para segurar os jogadores.

Horror X Terror: Oposição recebeu o recado de que não sairá dessa como santa

As cenas explícitas de atentado ao pudor que assistimos ontem no Senado foram um divisor de águas. A entrada em cena de Renan e Collor serviu para mostrar que daqui pra frente ninguém mais posará de bom moço impunemente. Ninguém mais poderá faturar eleitoralmente com a estratégia de que o inferno são os outros. Arthur Virgílio e Heráclito Fortes recolheram sua artilharia para ver o que fazer daqui pra frente. Sarney mostrou que tem força. Ao ver a sua “democracia representativa” explicitamente nivelada por baixo, o povo certamente vai sofrer – mas não viverá tão iludido acreditando em histórias da Carochinha, contadas, na verdade, por lobos em pele de cordeiro. A Grande Mídia, claro, tentará provar que não tem nada a ver com tudo isso. Esperamos sair dessa para um Brasil melhor representado no Congresso.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

A América Latina não precisa de “jins das selvas”

O tempo “glorioso” dos Jungle Jins já acabou, e o Governo Obama sabe disso. Não existe mais espaço para os “super-heróis” que desciam ao nosso mundo para nos “salvar" dos “perigos" de todas as matizes. Por isso, Lula e Celso Amorim estão certíssimos quando exigem mais transparência nessa história da base americana na Colômbia. Esse papo que Jim Jones (assessor de Segurança Nacional da Casa Branca) traz na manga de que a base teria apenas uso doméstico é conversa pra gorila dormir. Os Estados Unidos certamente buscam ocupar pontos estratégicos abaixo da linha do equador, visando hegemonia política e de olho nas fontes de energia (pré-sal, Amazônia, etc.). Esse negócio da Força Aérea americana exaltar a autonomia de voos partindo da Colômbia e ao mesmo tempo defender o uso de uma base no centro colombiano, como plataforma de operações de longo alcance, soa hostil a todos os latinoamaericanos. Quem quiser ajudar a combater seriamente o narcotráfico será bem-vindo. Caso contrário, é melhor Jim desembarcar em outras selvas. Nota: Fui roteirista e comentarista de histórias em quadrinhos e sempre gostei do trabalho de Alex Raymond, autor de Jim das Selvas, Flash Gordon e Agente Secreto X-9.

domingo, 2 de agosto de 2009

A Oposição é a maior interessada na permanência de Sarney

Vamos falar claro: a Oposição estava sem discurso e a "crise Sarney" foi um prato cheio. Se acabasse a crise, de que sobreviveria a Oposição? Ela precisa, portanto, bater insistentemente, dia após dia, sempre lançando novo "escândalo" na praça. Qual o limite para isso? Não haveria limite, se não fossem os prórios escândalos da Oposição. Não valerá a pena continuar empurrando Sarney ladeira abaixo se isso significar levar a Oposição junto. O objetivo é intensificar o máximo esse foco de desgaste e depois saltar fora, em busca de outro. Podem ter certeza, se Sarney conseguir manter-se na Presidência do Senado, a Oposição terá sua culpa nisso.

sábado, 1 de agosto de 2009

Lula em Piraí (2): “É preciso eleger governantes sintonizados entre si”

Foi o Prefeito Tutuca, de Piraí, que deu o mote da harmonia entre governantes. Lula pegou a deixa e declarou que a harmonia entre as 3 esferas de governo era muito importante porque beneficia o povo – e os homens públicos, afinal de contas, são eleitos para beneficiar o povo. O Governador Sérgio Cabral, o Vice Pezão (ambos do PMDB) e a Secretária de Estado Benedita da Silva (PT), presentes no evento de entrega de laptos aos estudantes piraienses, apoiaram com fervor. "Aqui no Rio de Janeiro já provamos na prática que isso é o melhor para o estado e vamos continuar essa aliança em 2010", declararam. Provavelmente os três comporão a principal chapa majoritária nas próximas eleições. Se depender unicamente deles, o casamento político já está feito.