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sábado, 11 de junho de 2011

Comunicação e Poder – a guerra pelas mentes


Cesar Maia publica hoje na Folha um bom artigo, Indignados, baseado no trabalho de Manuel Castells, Comunicação y Poder. Trata da “mudança da política pela transformação da comunicação”, lembrando algo de McLuhan. “A batalha pelas mentes se joga na comunicação”, diz o trabalho, parecendo óbvio, mas de compreensão fundamental dentro do marketing político. Leia o artigo de Cesar Maia logo abaixo e/ou veja o vídeo de Manuel Castells, clicando aqui.
Indignados
Cesar Maia
Manuel Castells apresentou, em 2009, seu livro "Comunicación y Poder" numa conferência na Universidade Complutense de Madri (ver no YouTube). Trata da mudança da política pela transformação da comunicação.
A construção do poder é a capacidade de atores sociais influenciarem outros, de maneira a reforçar o seu poder. Onde há poder existe contrapoder ou resistências às relações institucionalizadas.
A batalha pelas mentes se joga na comunicação. Não é o Estado, e sim a comunicação, o instrumento básico de construção do poder. Castells diz que a emoção fundamental é o medo, que elimina o espírito crítico e foca, nos indivíduos, a busca por proteção.
A informação que reforça o que uma pessoa pensa tem seis vezes mais probabilidade de ser registrada. Por isso, a imprensa vai atrás da opinião que as pessoas já têm. A comunicação cria o campo das mudanças na opinião pública. Isso não quer dizer que se siga a mídia – que constrói os espaços públicos. As pessoas opinam sobre o que é divulgado.
Informações omitidas pela mídia restringem o espaço público do debate. A audiência é ativa, mas se dá no espaço público do que é divulgado. Grave é o que a mídia omite.
Política sem comunicação de massa não chega ao público. A mídia não é detentora de poder, mas formadora dos espaços onde se constrói o poder. A comunicação política requer mensagens simples e poderosas. O mais simples é o rosto humano. O mais poderoso é a confiança.
A estratégia fundamental na disputa pelo poder é destruir a confiança numa pessoa ou num partido. Quem não participa de tal jogo não está na política.
Essa disputa é a política do escândalo. São batalhas pelo poder simbólico onde se joga reputação e confiança. Mas o excesso gera fadiga do escândalo que termina igualando a todos e desprestigiando o sistema político. A correlação entre corrupção percebida e descrédito nos políticos é clara.
Hoje, o jogo do poder depende também das novas mídias, via internet e celular, que são redes horizontais ou autocomunicação de massa.
O sistema se abre a mensagens de todo tipo, individuais e de movimentos sociais. Estes atuam sobre valores sem objetivar o poder, e estão fora da sociedade civil organizada.
Aqui surgem práticas políticas insurretas, movimentos espontâneos dos indignados, que até desestabilizam governos. Passam por cima dos partidos e das regras do jogo. É a cultura da indignação. Os indignados que não atuavam na política entram no jogo.
O espaço público está sendo reconstituído fora das instituições. As condições de mudança se produzem nesse novo espaço da comunicação. É a sociedade fora dos partidos e dos sindicatos. Esse é o mundo do poder e da mudança.

domingo, 23 de agosto de 2009

Mauro Carrara e o Twitter de direita

Recebi por e-mail esse excelente artigo de Mauro Carrara, “Por que o Twitter é de direita”, que reproduzo abaixo na íntegra. Super atual, porque simultaneamente trata da forma avassaladora com que, no Brasil, a Oposição alia-se à mídia para combater as conquistas sociais do Governo Lula e trata dos novos meios de comunicação extremamente velozes e onipresentes. Citando os ótimos Marshall McLuhan (The medium is the massage) e Paul Virilio (Velocidade e Política) e usando como pretexto o "caso Mercadante" chega ao alucinante mundo do Twitter (um mundo onde a velocidade é a massagem, eu diria...) e constata que essas novidades da comunicação viraram instrumentos da direita. “Os esquerdistas de raiz libertária, em especial, valorizam a dialética e a comunicação multidirecional, em que a igualdade de direitos faz emissores e receptores trocarem de lugar a cada passo da valsa. O partido mudo e alguns setores decrépitos da esquerda são casos à parte. Praticam, há tempos, certo neoludismo fanático e tolo. Noutras ocasiões, a inépcia marca o uso das novas armas-meio. Como já estive por aqueles lados, posso assegurar que os vietnamitas não se valeram apenas de zarabatanas e armadilhas de caça para vencer a maior potência bélica do mundo. O Twitter é de direita, hoje. Mas não precisa ser para sempre”, finaliza Mauro Carrara. Texto completo:
Por que o Twitter é de direita
O PT é um partido sem mídia.
O PSDB é uma mídia com partido.
Mauro Carrara
Raras vezes o revés se exibiu tão instrutivo. E o senador Mercadante, do partido mudo, merece gratidão por nos oferecer incrível lição de como torrar a própria imagem diante da opinião pública. Depois da tarde das garrafadas invisíveis, em que a bancada do partido mudo quis converter-se em madame girondina, Mercadante utilizou-se do microblog Twitter para anunciar, em caráter irrevogável, sua renúncia à liderança do PM na Câmara Alta. O sol deitou, voltou, deitou e Mercadante resolveu pisar atrás, anunciando, pelo mesmo Twitter, sua desistência de desistir.
E uma onda de indignação hipócrita e seletiva passou como tsunami sobre a praia governista. Foram muitas as vítimas. Estava posta a carniça aos abutres. Folha de S. Paulo e Estadão, por exemplo, lambuzaram-se das tripas do bigodudo parlamentar.
Do episódio neodantesco, ficaram três lições: 1) O partido mudo não sabe o que é o Twitter; 2) Os parlamentares do partido mudo utilizam essa e outras ferramentas de maneira imprópria e irresponsável; 3) A direita nada de braçada nessa lagoa da comunicação interativa.
Deu pena do incauto Mercadante. O tal perfil da Juventude do DEM, a mesma que utilizou o Twitter para engrossar o coro de “Fora Sarney”, divertiu-se à vontade em cantigas de maldizer, levantando hordas de playboys para espezinhar o pobre líder mudista.
O meio é a mensagem
Assisti a uma palestra de Marshall McLuhan há uns 5 mil anos, na Universidade de Wisconsin, numa época em que meu Inglês não era lá essas coisas.
Mas peguei o básico, sem grandes problemas.
Neste momento, vem à memória o trecho da preleção em que o canadense falava sobre sua teoria de que “o meio é a mensagem”, conceito que na época eu não compreendia muito bem, e continuei sem compreender.
Agora, contudo, tudo faz muito sentido.
Mercadante e o partido mudo nem desconfiam do impacto sensorial das novas mídias. Presos à ideologia e ao conteudismo, não percebem que os meios de comunicação se constituem em extensões humanas, nas tais próteses técnicas capazes de determinar padrões de comportamento e reconstruir discursos.
O Twitter é exemplo claro da importância do meio na conformação da conduta do usuário.
Mais do que o Orkut, por exemplo, que é sucesso entre os brasileiros de todas as classes sociais, o Twitter tem em sua engenharia interna a inspiração do modelo personalista.
Serve, portanto, de modo perfeito, à construção de púlpitos para gurus. É da pessoa e não do tema, estabelece uma hierarquização no tráfego de informação e copia os modelos verticais de gestão corporativa.
O Orkut, por exemplo, é campo aberto de batalha e debate. Ali, os famosos e poderosos têm medo de se expor. Equivale a se apresentarem no meio da multidão, em praça pública.
Por conta das características do meio orkutiano, as pequenas legiões leonídeas da esquerda organizada destroçam facilmente as gordas falanges do mainardismo virtual.
O Twitter, ao contrário, enfatiza o emissor e exclui o intercâmbio dinâmico de ideias. Não há corpo a corpo e, por conta das condições do campo de batalha, a quantidade pode vencer a qualidade. Vale dizer que o Twitter funciona no campo da comunicação declaratória. Não trabalha com base na argumentação e na exposição racional do pensamento.
No Twitter, as personalidades têm o que o sistema chama de “seguidores”, característica que fortalece um padrão de falsa interação.
Um tema dromológico
Cada tweet (mensagem) tem que se limitar a 140 caracteres. Assim é a coisa.
É fácil pedir “Fora Sarney” nessa tecladas mínimas. Mas é difícil explicar que o presidente do Senado está por aí há 45 anos, que a bronca tucana é oportunista, que Arthur Virgílio é um bandalho e que o movimento midiático faz parte de um projeto de desestabilização do governo Lula.
O Twitter é ótimo para gritar e exigir cabeças. É péssima ferramenta para qualquer advogado.
Curiosamente, o Twitter no Brasil é utilizado majoritariamente por homens paulistas e cariocas, na faixa de 20 a 30 anos, a maior parte deles com ensino superior. A agência Bullet, que coletou os dados, mostra que 60% dos twitteiros são considerados formadores de opinião.
No total, 51% dos usuários valorizam os tais perfis corporativos.
Cabe destacar que o Twittter se casa perfeitamente com o modelo de comunicação veloz da juventude. É um SMS da Internet.
A informação é rala e muitas vezes codificada. O importante é estar “em contato”, integrado, saber um pouco, talvez quase nada, mas de muitos. Também é preciso mostrar-se vivo, disparando a mensagem, mesmo que irrefletida.
O Twitter faz parte do arsenal das bombas informáticas, às quais faz referência o filósofo Paul Virílio, pessimista mas sabido.
Como instrumento de controle e alienação, a ferramenta já se converteu em arma poderosa do que se convencionou chamar de “direita”, considerado aí o termo conforme a brilhante conceituação de Norberto Bobbio.
Em seus estudos, Virílio alerta para a supervalorização da velocidade na sociedade tecnológica contemporânea. Segundo ele, perdemos o valor mediador da ação em benefício da interação imediata.
O pensador, que bem avaliou os elementos simbólicos da guerra, afirma que a velocidade divinizada reduz drasticamente o poder de atuação racional e estabelece uma conduta de reação, muitas vezes automatizada.
Por isso, o Twitter tem menos interesse no pensamento estruturado que no jogo rápido das reações. Assim, vem sendo utilizado com sucesso no fortalecimento de marcas, agregando “seguidores” por categorias definidas pelos profissionais de marketing.
Razões éticas ou morais podem afastar as esquerdas do Twitter. A esquerda não se contenta (e não sabe se contentar) com 140 caracteres e historicamente não tem gosto pela velocidade.
Os esquerdistas de raiz libertária, em especial, valorizam a dialética e a comunicação multidirecional, em que a igualdade de direitos faz emissores e receptores trocarem de lugar a cada passo da valsa.
O partido mudo e alguns setores decrépitos da esquerda são casos à parte. Praticam, há tempos, certo neoludismo fanático e tolo. Noutras ocasiões, a inépcia marca o uso das novas armas-meio.
Como já estive por aqueles lados, posso assegurar que os vietnamitas não se valeram apenas de zarabatanas e armadilhas de caça para vencer a maior potência bélica do mundo.
O Twitter é de direita, hoje. Mas não precisa ser para sempre.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Aldeia global

É perturbador ver na internet as fotos desses índios da fronteira do Acre com o Peru, um dos diversos grupos indígenas isolados, sem contato algum com a civilização. Lembro do McLuhan da década de 60 profetizando a "aldeia global" da internet. Ao mesmo tempo leio o sensato coordenador da Frente de Proteção Etnoambiental da Funai, José Carlos dos Reis Meirelles Júnior, declarar que é necessário manter o grupo isolado em sua aldeia nada global para que ele sobreviva. Mundo, mundo, vasto mundo...

sábado, 21 de abril de 2007

Repostas a questões do Seminário REFORMA POLÍTICA – O ESTADO DEMOCRÁTICO PASSADO A LIMPO

Não houve tempo para responder algumas perguntas feitas na palestra sobre Horário Eleitoral Gratuito, dentro do Seminário REFORMA POLÍTICA – O ESTADO DEMOCRÁTICO PASSADO A LIMPO, que dei na última quinta-feira, no Auditório da FIRJAN, Rio de Janeiro. Comprometi-me a reproduzi-las e responder aqui no Blog, e aqui vão elas:

1) Qual a importância do uso da Internet nas campanhas atuais? Há estatísticas que corroborem seu uso? Pode-se eleger um candidato com as ferramentas eletrônicas?

A Internet tem uma importância cada vez maior, não apenas em campanhas eleitorais, como em tudo na vida. É a concretização daquilo que o McLuhan chamava de “aldeia global”. Ou melhor: comunicação de massa personalizada. Não sei se já falei aqui exatamente sobre estatísticas, mas sei de alguns fatos interessantes, como o que publiquei recentemente sobre um vídeo anti-Hillary Clinton (Os efeitos "positivos" da campanha negativa), que passou a liderar a lista de vídeos virais. Quando você fala de “ferramentas eletrônicas”, entendo que trata de Internet (outras ferramentas eletrônicas são usadas há muito tempo) e a resposta é sim, dependendo de qual tipo de candidatura.

2) Na sua opinião existe alguma “receitapara o sucesso no horário eleitoral e posterior eleição do candidato? Seriam o apelo popular (“candidato do povo”), a utilização de crianças, situações de pobreza e miséria, além da vinculação da imagem do candidato a músicas e artistas populares, os elementos dessa “receita do sucesso”?

A receita é “informar-se e pensar”. Os apelos específicos dependem do candidato e do eleitorado, principalmente. É importante não tentarimplantarpercepções. Utilizar crianças, por exemplo, pode ser bom ou ser ruim. Cada caso deve ter pensamento próprio.

3) A ética do marketing eleitoral é debatido entre os profissionais do ramo? Até que ponto minimizar aspectos negativos de candidatos arrolados em processos de corrupção eleitoral e improbidade administrativa?

Não posso falar por todos os profissionais, mas acredito que sim. Quanto a “corrupção” e questões similares, não são casos de marketingsão casos de polícia.

4) Diante do grandioso processo de pesquisa sobre como o candidato deve aparecer, no tocante a aparência, figurino, entre outros aspectos, ou como devem ser, graficamente, folhetos e faixas, itens que um profissional de marketing domina, pergunto: qual a importância dada pelo mesmo ao conteúdo da campanha e a coerência entre o que é transmitido e a real proposta – e intenção – do candidato?

A importância é uma , de forma e conteúdo, e a coerência é necessária.

sexta-feira, 2 de março de 2007

O DIA CAIU NO REAL

O jornal O Dia abre sua edição de hoje anunciando a redução do seu preço de banca de R$ 1,50 para R$ 1,00. Logo na capa dá sua explicação. Começa atacando o velho capitalismo, passa a mão na cabeça do capitalismo moderno e conclui que "este 2 de março marca para o Grupo O Dia de Comunicação o seu definitivo ingresso neste conjunto de companhias que produzem a baixo custo, asseguram a empregabilidade de seus funcionários e tornam de fácil alcance para a sociedade o que produzimos em nossas rotativas, rádio e mídia eletrônica". Falando claro, O Dia está tendo que se adaptar aos novos tempos, onde as novas tecnologias estão inviabilizando os formatos tradicionais das empresas de comunicação. No início de fevereiro, por exemplo, o jornal The New York Times reconheceu perdas de 814,4 milhões de dólares na empresa (em função principalmente de outros jornais do Grupo, o Boston Globe e o Worchester Telegram & Gazette) e acusou a política de comercialização publicitária e a migração de leitores para a Internet. Também em fevereiro a BBC Brasil divulgou reportagem em vídeo sobre a distribuição gratuita de jornais nas ruas de Londres ("Jornais gratuitos invadem ruas de Londres"). Tudo isso serve para deixar bem evidente, em todas as linhas (ou sons, ou frames, ou pixels), que o mundo da comunicação já começou uma revolução extraordinária que está nos lançando - perdão pelas palavras - a um admirável mundo novo (vislumbrado muito mais por McLuhan do que por Huxley). Joost, I-phone, YouTube, YouChoose, é isso que está forçando jornais como O Dia a se reformularem. Que O Dia e todos os que são cristãos novos sejam bem-vindos ao mundo real.