sábado, 29 de agosto de 2009

Pós-sal

O Governo Federal já sabe que errou no encaminhamento da questão do pré-sal. O discurso de que as riquezas do Brasil pertencem a todos os brasileiros está correto. Mas distribuição justa não significa necessariamente distribuição em partes iguais. Há que se pensar em favorecer os mais necessitados e há que se recompensar os prejudicados com os custos salgados da extração das riquezas. E há também a questão da percepção. Nesse sentido, o maior prejudicado nessa decisão que andou se desenhando seria o Estado do Rio de Janeiro, responsável no momento por mais de 80% da produção de petróleo, e que tem grande parte de sua população carente dos royalties. A simples suspeita de que está sendo reduzido um centavo desse ganho vira um Deus nos acuda. Todo mundo chia. Com a chegada do pré-sal foi alegria geral na Nação Verde-Amarela, mas quando começou a divisão do bolo, o Rio começou a perceber que não seria tão bem aquinhoado como pensava. Na verdade, as regras do pré-sal são diferentes do que foi feito até agora com os royalties, mas ninguém foi corretamente informado sobre isso. Do ponto de vista político-eleitoral, o prejuízo mais visível seria o do Governador Sérgio Cabral (PMDB), fiel aliado de Lula e que disputa a re-eleição em 2010. Mas não seria o único. Há também o prejuízo (estratégico) da candidatura Dilma, que poderia assistir a baixas significativas na sua principal fonte de votos entre os poderosos estados do Sudeste. Não é à toa que Rosinha, mulher de Garotinho e Prefeita de Campos, que tem seu litoral recheado de poços petrolíferos, aproxima-se de Serra para protestar contra o que estava sendo costurado. E há ainda o prejuízo dos candidatos regionais do PT e seus aliados. Garotinho, que pretende voltar a ser Governador, sempre foi o primeiro a gritar que o PT quer tirar os royalties do Rio, e vai fazer o mesmo com o pré-sal. Os candidatos do PT estão pisando em ovos (exceto os aliados de Lindberg, felizes com o possível arranhão nas relações Lula Cabral) com esse clima. Sentiram falta de terra firme e temeram que suas candidaturas afundassem no pós-sal. Todos esperam que a comunicação final seja doce para todos.