quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Eleições no Rio: a ilusão dos 3 palanques

O Prefeito Lindberg Farias, do PT de Nova Iguaçu (RJ), publica hoje no jornal O Dia um artigo intitulado “Por que três palanques”, onde, fundamentalmente, ataca a aliança com o PMDB do Governador Sérgio Cabral e defende a sua própria candidatura ao Governo. Ele pergunta se o palanque único seria bom para Dilma, e responde: “Não. Teríamos Fernando Gabeira apoiando José Serra com força na capital e Anthony Garotinho, no interior e na região metropolitana, como segundo palanque tucano. E Dilma, imprensada no palanque único de Cabral”. Mas essa resposta serve também para o caso de Lindberg ser candidato, já que ele é fraquíssimo na capital (não tiraria um único voto de Gabeira) e , no interior e região metropolitana, tiraria dois ou três votos do Garotinho (que teria se tornado segundo palanque). Em seguida ele afirma que “a tese do palanque único começou a ser desmontada com a filiação de Garotinho ao PR. Dilma ganhou o apoio de Garotinho e tirou o palanque de Serra”. Essa é outra grande ilusão. Supondo que Garotinho apoie Dilma no primeiro turno, isso seria praticamente impossível na hipótese de um segundo turno. No caso de um confronto direto com Sérgio Cabral, adivinha onde Garotinho iria buscar apoio e quem apoiaria na disputa presidencial (na hipótese de também aí haver segundo turno)? Bingo!!! Garotinho seria unha e carne com a Oposição. No caso de confronto Sérgio Cabral X Gabeira, Garotinho também penderia para a Oposição. A entrada de Garotinho só tira palanque de Serra no primeiro turno. Outra ilusão de Lindberg: “A minha pré-candidatura pelo PT é outro importante reforço para Dilma. Além de mobilizar a militância de esquerda — não vai ser a máquina do PMDB em seus escritórios que agitará as ruas por Dilma —, a nossa candidatura ajudará na disputa com Gabeira pelos votos entre jovens e eleitores que têm na esquerda uma referência”. Quem disse que a poderosa máquina peemedebista não agitará as ruas por Dilma? Ela terá o maior interesse nisso, porque Dilma significa Lula e Lula tem aprovação recorde no estado. Além disso, a aliança PT-PMDB significará tempo em dobro no Horário Eleitoral Gratuito. Temos a considerar ainda que Lindberg não é tão forte entre jovens como pensa nem Gabeira tem tantos votos de esquerda. Lindberg alega que, na “relação Cabral-Lula, é o governador quem deve ao presidente, não o contrário. Pedir ao PT para não ter candidato é inaceitável. Significa diminuir nossa bancada de deputados e deixar o governo de Dilma refém do velho PMDB”. Ora, a questão não é de quem deve a quem. A relação entre os dois é fortíssima, mas Lula está sendo pragmático e buscando a melhor forma de eleger Dilma, uma questão estratégica para o PT. O argumento do tamanho da bancada de deputados petistas – que é importante – está mal colocada. Em 98, quando preferiu apoiar Garotinho a lançar Vladimir, o PT conquistou 7 vagas de deputados estaduais; já em 2006, quando lançou Vladimir, conquistou apenas 6. É verdade que para deputados federais o resultado foi diferente: 4 eleitos em 98 e 6 em 2006. Mas o fato é que o argumento não se sustenta. É preciso que os candidatos e a situação sejam viáveis. Em 2002, quando Benedita (principal nome petista eleitoralmente falando) estava Governadora e tentou nova eleição, o PT elegeu 8 deputados estaduais e 7 federais. Lindberg – orientado por Vladimir – está longe de oferecer desempenho semelhante. Por fim, Lindberg oferece o argumento dos seus 9% a 10% na pesquisa telefônica do IBPS – o que é um argumento pífio. Resta, assim, voltar ao começo do artigo de Lindberg e refazer o pensamento: “O Rio de Janeiro será palco decisivo nas eleições de 2010. Aqui, há os que defendem três palanques para Dilma Rousseff. Seria bom para Lindberg. Mas seria bom para Dilma? Não”.