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quinta-feira, 3 de junho de 2010

A Pesquisa Ibope e o segundo turno no Rio de Janeiro

(Clique no gráfico ara ampliar)

Faz quase um ano que falo aqui no Blog que são grandes as chances de Sérgio Cabral (PMDB) vencer a eleição para Governador já no primeiro turno. E de lá pra cá veja o que aconteceu – as chances ficaram maiores... Os candidatos à vaga diminuíram e Sérgio Cabral tem subido em todas as pesquisas. Lembro que em fevereiro, em uma simulação de votos válidos, Sérgio Cabral tinha 40% contra 40% da soma de Garotinho (PR) e Gabeira (PV). Hoje, segundo a pesquisa Ibope que saiu essa semana, ele tem cerca de 56,6% contra cerca de 43,4%. O curioso é que vejo alguns analistas dizendo que não há motivos para comemorar, baseados em elementos muito fracos.
Claro que nada é impossível, mas é cada vez mais difícil vislumbrar o segundo turno. Cesar Maia (DEM) dizia que o teto de Sérgio Cabral seria 30% - mas ele já está com 43% no Ibope (soube que há outra não registrada em que ele aparece com 44%), e lá atrás o Instituto Mapear chegou a apresentar 47%.
Falam que Garotinho, tornando-se elegível, pode levar a eleição para segundo turno por causa de seu voto popular e maioria no Interior. Mas esquecem que um elegível sub judice perde muita força (que já não está tão grande). É verdade que Garotinho é político extremamente hábil, grande comunicador, cheio de cartas na manga. Mas que por outro lado tem muitos senões. Já não lidera no Interior, porque não tem mais a máquina nas mãos. E também já não reina absoluto no povão, porque a transferência dos votos de Lula nesse segmento será para Sérgio Cabral. Além disso, Garotinho está isolado, com pouquíssimo tempo no Horário Eleitoral.
Gabeira talvez tivesse mais condições de crescer, por causa da Zona Sul e do bom tempo no Horário Eleitoral. Mas por ter-se aliado a Serra terá que enfrentar a enxurrada de votos lulistas que desaguarão na candidatura peemedebista. Além disso, terá que resolver o imbróglio interno, com Syrkis para um lado, Cesar Maia para outro, Marina pra outro, o PPS pra outro e Zito pra outro.
Isso tudo sem falar do acerto na política de segurança, das obras do PAC, do Pré-sal, da Rio 2016, da melhoria na saúde, transportes, ações sociais, etc, etc - sem falar de um sentimento otimista que se espalha.
Claro que ninguém é louco de apostar 100% em qualquer resultado de uma eleição que acontecerá daqui a quatro meses. Mas não tem sentido inventar tromba d’água em um cenário ensolarado como esse. Vitória no primeiro turno é o que mais se vê no horizonte.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Eleições, 2010: os rachas do Rio pelo Senado


A disputa pelas duas vagas no Senado está abalando a política no Rio como poucas vezes foi visto. O primeiro arranca-rabo foi dentro do próprio PT, entre Benedita da Silva e Lindberg Farias, com vitória do prefeito petista através de prévia eleitoral. Instantaneamente, o racha se espalhou dentro da base aliada do Governo, com um arranca-rabo ainda maior entre Lindberg e o cacicão peemedebista Jorge Picciani – que por sua vez resolveu partir também para cima de Marcelo Crivella (PRB), o preferido de Lula.
Na Oposição o abismo entre aliados não é menor – embora até há pouco tempo parecesse um mar de tranquilidade. A resistência ao nome de Cesar Maia (DEM) para disputar a vaga começou com o que parecia “implicância” do presidente do PV, Alfredo Sirkys, sem endosso do candidato verde ao Governo, Fernando Gabeira. Mas a coisa foi ganhando outro contorno. O perfil do eleitorado do PV e de parte do PSDB (Andrea Gouvêa Vieira, Marcio Fortes, etc.) não combina com o perfil do eleitorado de Cesar Maia e da outra parte do PSDB (Zito, por exemplo). Junto à classe média da Zona Sul, a rejeição a Cesar Maia é alta. Mas junto à classe média mais conservadora ele é pule de 10. Tudo começou a parecer incontornável com a nova posição de Gabeira anti-Cesar Maia. O candidato “demo” (que não depende tanto dos votos dos eleitores de Gabeira) lembra a todos que, sem ele, o a re-eleição de Sérgio Cabral pode se confirmar ainda no primeiro turno. Gabeira no entanto parece não estar nem aí para a disputa estadual. Talvez ele sonhe apenas com a Embaixada de Paris, que uma hipotética vitória de Serra poderia lhe garantir...
Enquanto isso, os rachas continuam.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Marina, pelo jeito, preferiu "endireitar" a máquina

Ao decidir “preparar a máquina para a campanha”, a Senadora Marina Silva, pré-candidata à Presidência pelo PV,aparentemente fez mais do que iniciar um checkup no Instituto do Coração, da Universidade de São Paulo. Ela tratou de desobstruir os canais com a oposição mais à direita. Suas conversas com Serra (PSDB) contribuíram para a aliança carioca em torno do “tucano-verde” Fernando Gabeira como candidato único da oposição conservadora ao Governo do Rio. Com isso, seus canais mais à esquerda com o PSOL ganharam obstruções. O que é ruim para Serra, que contava com esses votos em Marina para tirar alguns votinhos de Dilma (PT) – que, por sua vez, pode ficar mais perto de vencer no primeiro turno. Gabeira – que atualmente tem um terço das intenções de voto de Sérgio Cabral – ganhará alguns minutos importantes no horário da TV, mais não poderá contar muito com os votos de esquerda que o ajudaram a crescer tanto na disputa pela Prefeitura do Rio em 2008. Nem poderá contar com o tucano-rei da Baixada, Zito, hoje muito mais chegado a apoiar a re-eleição de Sérgio Cabral (PMDB) – que ainda poderá vencer no primeiro turno. O voo dado por Marina não deve levá-la longe. Além disso, ao preferir ouvir o canto gralhado tucano, ela se esqueceu de que lado sempre bateu seu coração.
Revejam a pesquisa que publiquei para a disputa para Governador do Rio e também para Presidente (somente no Estado do Rio de Janeiro). Clique nos gráficos para ampliar.


 


quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Oposição usa Cesar Maia para detonar Marina

O Ex-Blog de Cesar Maia de hoje é um exemplo claro de como a Oposição anda desesperada com o quadro eleitoral para 2010. Ele demonstra, tintim por tintim, a inviabilidade das candidaturas de Marina e de Ciro, por falta de sustentabilidade em candidaturas regionais. O que há por trás disso? Não foi imensa a festa do lançamento de Marina, aclamada como grande racha dentro do eleitorado do PT? A candidatura Ciro não foi ovacionada como garantia de que não haveria eleição plebiscitária e que, por isso, prejudicaria a candidatura apoiada por Lula? A Oposição caiu na real. Como disse aqui desde as primeiras horas, a candidatura Marina complicará muito mais a Oposição do que a candidatura petista – principalmente no Rio de Janeiro. Tucanos contavam como certo o palanque fluminense alavancado pelo Verde Gabeira como candidato a Governador, mas com Marina candidata a Presidente o sonho acabou. Os tucanos ainda pressionam, fazem de conta que vão lançar Zito candidato a Governador, mas a verdade que entraram em parafuso. Querem Gabeira de qualquer maneira, enquanto Marina vira sedotta e abbandonata. Com relação a Ciro, a Oposição vive o drama de “se correr o bicho pega, se ficar, o bicho come” e César Maia só manteve o seu nome na análise de hoje para manter coerência no ataque a Marina. Se Ciro for candidato ao Governo de São Paulo, ajuda Lula; se for candidato a Presidente, também. Lula lê análises como essa de Cesar Maia... olha para os indicadores econômicos... passa os olhos pelo noticiário internacional... e sorri tranquilo. Veja o texto de César Maia:
A SUSTENTABILIDADE DAS CANDIDATURAS A PRESIDENTE DE MARINA E CIRO!
1. A dinâmica das candidaturas a presidente da república obedece a duas grandes etapas. Na primeira, há um equilíbrio nas condições sob as quais as candidaturas são desenvolvidas, seja em relação à propaganda partidária, como a cobertura geral da imprensa. Leva vantagem quem governa e pode ser candidato a reeleição. Mesmo no caso de ministros candidatos a presidente, que tem alguma vantagem com a desincompatibilização, retoma-se o equilíbrio.
2. No caso de candidaturas que surgem como novidades - esse ano Marina Silva, em 2006 Heloísa Helena (HH) -, mesmo em partidos pequenos, a mídia espontânea tem dado um destaque até mais que proporcional. Essa primeira etapa se encerra com as convenções de junho do ano da eleição, 2010, no caso.
3. Na segunda etapa, que começa após estas convenções, o jogo fica progressivamente desequilibrado e o auge se dá a partir de 15 de agosto, quando o tempo de TV afeta a competitividade. A internet, bem usada, pode reduzir esta desproporcionalidade, mas não de forma radical. As pesquisas vão definindo favoritos e os financiamentos se dão de forma proporcional. E com mais recursos, se tem mais visibilidade, criando uma percepção de candidaturas fortes ou mais fracas.
4. No entanto, há um elemento muito importante e que pode reforçar ou debilitar as candidaturas: a articulação com as candidaturas estaduais de governadores, que ocupam espaços destacados nas ruas, na imprensa e na TV dos partidos. HH entrou em julho de 2006 numa curva ascendente e apontou ultrapassar os 15%. Era a estrela da vez. O próprio Cristóvam Buarque cresceu, passando dos 5% e não foi além porque sua candidatura não era a de presidente, mas a de defesa do tema educação, sem outra preocupação.
5. A partir do final de julho o processo eleitoral polarizou entre Lula e Alckmin, e HH foi definhando, com 6% e Buarque com 2%. A razão da insustentabilidade era a falta de capilaridade pela ausência de candidatos a governador com visibilidade. Buarque ainda teve uns 3. Mas HH nenhum.
6. Ciro pode vir a ter alguns candidatos a governador competitivos como o de Pernambuco, mas, por enquanto, não serão mais que uns 4, o que é pouco. Mesmo que fosse para formar base regional, teria que trazer para o "sacrifício" candidatos a governador em vários estados.
7. Marina, até aqui, tem apenas um: Gabeira, no Rio. É muito pouco. Da mesma forma, para que sua candidatura tenha sustentabilidade, precisa de candidaturas a governador, mesmo que nomes da sociedade civil, intelectuais, ou personagens emblemáticos... Não sendo assim, sua candidatura terá as luzes que tem até junho e depois irá inevitavelmente minguar. Ter candidatos a governador é tão importante quanto o tempo de TV: um sem o outro a sinergia é negativa.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Eleições 2010, RJ: o fator Zito

No último sábado, saiu reportagem de Marcelo Dias no jornal Extra (“Zito e Cabral juntos em 2010”), ainda não inteiramente confirmada, que fala de surpreendente aliança entre o Governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, PMDB, aliadíssimo de Lula, e o Prefeito de Caxias (RJ), José Camilo Zito, presidente do PSDB estadual e considerado “Rei da Baixada” – ou seja dos votos populares da área metropolitana do Rio de Janeiro. Na verdade, a notícia não será tão surpreendente assim, se lembrarmos minha postagem do dia 21 (“A quem incomoda o cheiro do povo?”), quando escrevi: “(...) Zito volta a alfinetar Gabeira, dizendo que ele ‘não tem cheiro de povo’. Por que será? Talvez Zito simplesmente tenha se cansado de ciceronear almofadinhas da Zona Sul pelos caminhos tortuosos do voto popular. Talvez ele tenha se cansado da dureza dos 10 anos de oposição aos governos estaduais”. Garotinho tentou conquistá-lo para o cargo de Vice na chapa para Governo do Estado, mas não deu certo, claro, porque Zito não está disposto a perder para Garotinho o posto de “Rei”. Por outro lado, incomoda muito a ele o crescimento à esquerda (Lindberg, PT, Prefeito de Nova Iguaçu) e à direita (Núbia Cozzolino, PMDB – talvez se mudando para o PR de Garotinho –, Prefeita de Magé) de nomes que se identificam com o povão da Baixada. A ser confirmada essa aliança com Sérgio Cabral (que, acabo de confirmar, está bem encaminhada), o quadro muda inteiramente. Zito pode finalmente provar o sabor de administrar uma cidade, sem viver em conflito com o governo estadual nem (quem sabe) com o federal. Mesmo sendo fiel aliado do morubixaba tucano Marcello Alencar, Zito certamente não vê mais nenhuma vantagem em embalar candidaturas como a de Gabeira ou Serra pelos labirintos da Baixada. Ele acaba de vencer a eleição (pela terceira vez...) para Prefeito derrotando a máquina peemedebista, mas talvez não tenha fôlego para uma quarta eleição ou para fazer sucessor. Quem perde com essa aliança são Lindberg (PT), Garotinho (PR), Gabeira (PV), Serra (PSDB) e outros nomes menos cotados. Além dos diretamente interessados (Sérgio Cabral e Zito), também podem ganhar com isso a candidatura de Dilma à Presidência e de Benedita ao Senado.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

A quem incomoda o cheiro do povo?

No ano passado, em julho, fiz uma postagem, “Eleição no Rio: Zito considera que Gabeira é amoral e não tem responsabilidade?”, onde ironizava a súbita aliança do “Verde Zona Sul” Gabeira com o “Rei da Baixada”. Citei declarações de Zito (que é o presidente do PSDB no Rio) sobre Gabeira: "até respeito a opinião dele, mas nunca será a minha, que é a da moralidade, com a família sempre presente (...) estou fora de qualquer coisa que venha a sair da moralidade e da visão de responsabilidade". Apesar disso, Gabeira deu o braço a Zito e saiu de nariz empinado na busca de sua influência sobre algumas áreas populares da Capital e dos recursos tucanos. Agora Zito volta a alfinetar Gabeira, dizendo que ele “não tem cheiro de povo”. Por que será? Talvez Zito simplesmente tenha se cansado de ciceronear almofadinhas da Zona Sul pelos caminhos tortuosos do voto popular. Talvez ele tenha se cansado da dureza dos 10 anos de oposição aos governos estaduais. O risco que Zito corre é o de voltar a figurar na lista negra da mídia (no passado, antes de virar queridinho tucano, chegou a ser tratado como matador). Mas é sempre assim. Os políticos da elite conservadora adoram políticos com inserção popular e que possam trazer caminhões de votos – desde que não tragam junto o cheiro do povo. No Rio, foi assim com Brizola, foi assim com Garotinho, foi assim com Benedita – e continuará sendo assim por todo o sempre. O PT do Rio, por exemplo, não conseguia voto muito além dos limites da Zona Sul. O Pesquisador do IBGE/DEPIS e Professor da PUC/RJ Antonio C. Alkmim afirmou, em seu estudo (de 2000) sobre eleições cariocas, que “a concentração principal de votos de Chico Alencar (candidato a Prefeito do Rio em 96, hoje no PSOL), seguindo uma tradição petista, foi em parte da Zona Sul e na Grande Tijuca”. Quando descobriu Benedita, a classe média conservadora encravada no PT fez festa, porque finalmente o voto popular tinha sido alcançado – até perceber que Benedita é o próprio povo. Lula também foi o queridinho da classe média na época da ditadura, e hoje “cheira a povo”. Marina Silva pode se perpetuar como queridinha absoluta se conseguir disfarçar o seu cheiro de povo com o cheiro verde (sem trocadilho). Por trás desse preconceito, é evidente, há todo um conflito de interesses. O preconceito é estimulado e utilizado pelos grupos que têm seus interesses ameaçados. Como está acontecendo agora. A Oposição sentindo-se mortalmente ameaçada pelo avanço das conquistas populares no Governo Lula alia-se à grande imprensa para estimular preconceitos e usa como disfarce a bandeira ética. Na verdade, uma falsa bandeira, udenista, que serve muito mais para tapar narizes contra o cheiro do povo.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Humor: Gabeira pra lá de Caxias

Gabeira escreve hoje na Folha um artigo (“Pra lá de Teerã”) criticando o Brasil por “não-crítica” ao Irã. Tudo bem, está no papel e no direito dele. Quer embarcar na gritaria geral contra Ahmadinejad, aproveitando a onda onde surfa o seu eleitorado. Com isso, ele marca sua posição anti-Lula e tenta limpar a barra depois do caso das passagens. O engraçado está em sua frase, quase no final, combatendo a política externa brasileira. Diz ele que “alinhar-se aos setores mais conservadores (...) é qualquer coisa pra lá de Teerã”. Logo ele que fala! Na sua campanha para Prefeito do Rio aliou-se ao que há de mais conservador, indo do lacerdismo de César Maia ao polêmico Prefeito Zito, de Caxias. É o caso de se perguntar: que barato é esse, Gabeira?

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

César Maia e 2010

Boa análise feita por César Maia sobre o cenário político-eleitoral do Rio de Janeiro com projeção para 2010. Eu diria até que ele apresenta um alto grau de imparcialidade, se é que isso é possível. Algumas observações farei dentro do texto dele, em negrito.
OS VETORES DA POLÍTICA FLUMINENSE APÓS A ELEIÇÃO E 2010!
1. Espacialmente, a política fluminense pode ser dividida em 9 vetores: Capital-Sul, Capital-Norte, Capital-Oeste, Baixada Fluminense, Norte/Centro Norte Fluminense, Niterói/São Gonçalo, Região dos Lagos, Sul Fluminense, e Região Serrana.
2. Na Capital-Sul a referência de Gabeira ficará estabelecida pelo tempo que ele definir um projeto político e então se avaliará o desdobramento. Não deverá ser candidato a governador, mas uma candidatura sua ao senado, se em coligação, reforçará muito esta coligação. Na Capital-Norte e na Capital-Oeste não há vetor político hegemônico, pois as oscilações entre primeiro e segundo turno foram claras, inclusive com inversões em certas áreas e a avaliação positiva do atual prefeito, aí, poderá lhe dar sustentabilidade. O exercício do poder pelo PMDB na capital nestes 18 meses pré-eleitorais definirá sua expressão política, na medida em que não vem tendo referências de opinião pública há anos.
Na verdade, César Maia sonha aqui com a sua candidatura para Governador, coligado com Gabeira para o Senado.
3. Na Baixada Fluminense o fato mais expressivo foram as derrotas do PMDB nos grandes municípios. As lideranças afirmadas dos prefeitos eleitos de Nova Iguaçu (PT) e de Caxias (PSDB) vão desenhar o quadro futuro. O prefeito de Nova Iguaçu será candidato a governador, negociando, com a saída do governador a vice do PT, o apoio do PMDB. Nesse caso se fortalece muito. O PSDB, com o cacife de Caxias, avaliará o quadro político nacional e as coligações que poderá fazer regionalmente com vistas a 2010, já que ainda não tem um nome majoritário para governador.
César Maia não conta com as possíveis alianças por baixo do pano com algumas candidaturas vitoriosas nem conta com a ida de Garotinho para o PSDB (um pouco dificultada agora, por causa dos fatores Gabeira e Kassab). Garotinho com certeza tem apoio de Zito para 2010 e obviamente está sonhando com Gabeira para facilitar os votos da classe média pelos quais ele tanto ora.
4. O PDT reina soberano em Niterói-São Gonçalo e com força eleitoral e lideranças expressivas, será peça desejada no jogo das alianças para 2010. Garotinho ressurge das cinzas e retoma sua trajetória a partir de sua liderança no Norte-Centro Norte Fluminense, com uma base de lançamento muito forte, lastreada pelos royalties do petróleo. O Sul Fluminense sai das eleições municipais sem vetor hegemônico, com as forças divididas.
5. Na região dos Lagos, o PMDB se enfraqueceu ao se dividir e se repete a situação do Sul Fluminense: não há hegemonia. Na região Serrana a surpresa foi a vitoria do PT em Petrópolis, o que, apoiado em nível federal, será um reforço à candidatura do prefeito de Nova Iguaçu a governador.
Esqueceu da importante vitória do PT em Teresópolis, nem tanto por conta do eleitorado (em torno de 100.000), mas sim por seu perfil mais conservador.
6. O jogo para 2010 parte com uma dúvida: se o governador do PMDB sairá para ser candidato a vice-presidente ou permanece e será candidato a reeleição. O prefeito de Nova Iguaçu será candidato de seu partido. O DEM inevitavelmente lançará o atual prefeito do Rio. Garotinho afirma que é candidato de qualquer forma. O PSDB avaliará se reproduzirá aqui a aliança nacional com o DEM, reforçando a candidatura deste a governador, ou não. E o PDT avaliará o quadro estadual até o último momento de forma a buscar a parceira certa com vistas a seu fortalecimento político e parlamentar.
7. Paradoxalmente, os espaços políticos do governador do PMDB se estreitaram muito no Estado desde sua vitória em 2006. Sua avaliação hoje é apenas sofrível, o exercício do poder na capital não é um passeio e o ano de 2009 não ajudará. Será um jogo que já começa animado, esse de 2010.
César Maia sabe que esse estreitamento é relativo. O mais provável é que a administração conjunta do Governo Lula com o Governo Sérgio Cabral e algumas prefeituras fluminenses(a começar pela da Capital, com Eduardo Paes) amplie os espaços políticos. Mas concordo inteiramente com a conclusão de César Maia: "Será um jogo que já começa animado, esse de 2010". As cartas estão na mesa. O jogo só depende do desempenho de cada jogador.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

O Rio sob a sombra de Gabeira

A oposição avançou fortemente sobre corações e mentes da classe média conservadora das três maiores capitais, São Paulo, Belo Horizonte e Rio. Talvez seja São Paulo, contraditoriamente, onde tenha sido menos forte nesta eleição - simplesmente porque isso já podia ser observado há mais tempo. A máquina de Serra (+ a de Kassab) mostrou desde cedo o seu poder, e somente Alckmin não acreditou. Em Belô, por mais que se tente dizer o contrário, a vitória foi unicamente de Aécio Neves. E no Rio, a oposição não conseguiu vencer, mas conseguiu um avanço maior do que nas outras capitais, porque, utilizando-se da imagem dúbia de Gabeira, conseguiu atrair novos "classe média" em uma proporção surpreendente. Um voto carioquista, rebelde, encontrou na oposição conservadora uma aliada de última hora, formando uma onda poderosa personificada em Gabeira. Os resultados dessas capitais mostram acima de tudo que as ações de Lula para conquistar eleitores além-Nordeste ainda precisam avançar muito. Foi um primeiro aviso forte de que as eleições de 2010 não são favas contadas. No âmbito do Rio de Janeiro, também serviram de advertência ao Governador Cabral (vitoriosíssimo com a escolha de Eduardo Paes) sobre suas pretensões em 2010. Ele viu crescer quatro adversários de peso - César Maia, do DEM (apesar de não ter conseguido emplacar Gabeira, teve papel importante no seu crescimento), Garotinho, do PMDB (com a vitória de Rosinha em Campos, tem uma forte base político-financeira), Zito, do PSDB (manteve sua liderança na Baixada Fluminense), e, de certa maneira, Lindberg, do PT, que também está firme na Baixada, além de ter espaço na classe média carioca. Sérgio Cabral terá que saber conquistar a metade perdida da cidade do Rio com muita habilidade, já que a classe média costuma ser escorregadia. Ao mesmo tempo, terá que garantir seu espaço na área popular e no Interior, ameaçado pela aliança Garotinho-Zito. A questão é que isso dificulta a sua candidatura como vice de Dilma, porque não poderia correr o risco de uma derrota no seu estado. A sombra de Gabeira estará permamente nos céus cariocas, energizada pela mídia e pela oposição a Lula, procurando o momento certo para dar o bote que não conseguiu em 2008.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Ninguém tenha dúvida: Lula vai entrar com tudo no Rio

Não existe a menor possibilidade de Lula dar apenas um "apoio faz-de-conta" à candidatura de Eduardo Paes (PMDB) para Prefeito do Rio. As pessoas que torcem para ele ficar de fora alegam que Lula não teria condições de apoiar quem já o tratou de "chefe da quadrilha". Mas quem diz isso ainda sabe pouco de política. O que está jogo é uma importante posição dentro do tabuleiro político de 2010. Com a capital paulista praticamente perdida para a oposição, a cidade do Rio de Janeiro passou a ser vital para os planos do Governo Lula. Deixar que Gabeira ganhe no Rio significaria entregar um ponto estratégico a César Maia, Zito, Serra, Aécio, toda a direita carioca e nacional e até mesmo, talvez, a Garotinho que (dizem) estaria se aproximando do PSDB. Diante dessa ameaça tenham certeza que o apoio de Lula não será meramente protocolar. O Planalto, com certeza, muda-se para o Rio.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Eleição no Rio: Zito considera que Gabeira é amoral e não tem responsabilidade?

A aliança tucano-verde que se formou no Rio de Janeiro para a disputa pela Prefeitura revela enorme dificuldade de assimilação por parte do eleitorado fluminense (que se reflete nos índices de intenção de voto em Gabeira). De um lado temos o presidente regional do PSDB, José Camilo Zito dos Santos Filho, pernambucano de nascimento, ex-Prefeito de Caxias, uma espécie de "Rei da Baixada Fluminense", a área mais "povão" da Região Metropolitana. Do outro lado temos o Deputado Federal pelo PV, Fernando Paulo Nagle Gabeira, mineiro de nascimento, jornalista, escritor, ex-guerrilheiro do MR8, um dos sequestradores do Embaixador americano Charles Elbrick durante a ditadura militar, exilado político e retornado com idéias "verdes radicais", mas que só cresceu eleitoralmente quando resolveu içar a bandeira da ética contra o ex-Presidente da Câmara Severino Cavalcanti. É difícil imaginar o eleitor de um identificar-se no outro. As declarações de Zito publicadas ontem (O Globo) mostram esse grau de dificuldade. Sobre temas como "descriminalização da maconha" e a "regularização do trabalho das prostitutas", antigas bandeiras de Gabeira, Zito, que no passado teve seu nome envolvido em problemas na Justiça, disse que "até respeito a opinião dele, mas nunca será a minha, que é a da moralidade, com a família sempre presente (...) estou fora de qualquer coisa que venha a sair da moralidade e da visão de responsabilidade". Vendo os dois tão juntinhos na foto acima, é preciso dar o braço a torcer: política é capaz de tudo...

quinta-feira, 6 de março de 2008

Ironia do destino: Zito apóia Gabeira...

Li hoje no Globo: "— Sou totalmente favorável (a Gabeira). Isso não é o momento de dar prioridade a projetos pessoais. Temos que deixar os melindres e a vaidade pessoal de lado e mostrarmos o nosso amor pela cidade — disse Zito". Não estou fazendo juízo de valor sobre quem quer que seja, mas o fato é que o eleitor que o ex-guerrilheiro Fernando Gabeira (novo candidato do PV à Prefeitura do Rio) tinha no passado com certeza não aceitaria esse apoio do ex-Prefeito de Caxias e atual presidente do PSDB regional.