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segunda-feira, 22 de julho de 2013
"Bem-aventurados vós, os marqueteiros, porque vós sois a recuperação da Igreja Católica"
Não quero luxo nem lixo
Meu sonho é ser imortal
(Rita Lee / Roberto de Carvalho)
Faz pouco mais de quatro meses que Francisco foi escolhido Papa. Sua entronização foi no dia 17 de março e no mesmo dia fiz um post sobre esse grande acontecimento. Escrevi que por trás dessa escolha, um Papa sul-americano, estava “a luta contra o avanço dos evangélicos, basicamente os pentecostais e neopentecostais” que, “com uma estratégia de marketing bem mais agressiva”, arrebanhavam “fatias cada vez mais expressivas das estatísticas católicas (principalmente nas áreas urbanas, com suas franjas lumpen)”. Parecia que um cabôco divinhadô tinha baixado em mim. De lá pra cá o Papa Francisco, franciscano por natureza, não fez outra coisa a não ser revolucionar o marketing católico. Sua linguagem mais direta, popular, tem agradado a todos. Foi para o corpo a corpo com os fiéis, eliminou as mordomias e simplificou as vestes, ignorou os luxos paroquiais, o papa-móvel blindado e inflamou a juventude católica. Sua vinda ao Brasil encaixa-se perfeitamente nessa estratégia de marketing de combate aos evangélicos (pentecostais e neopentecostais) usando um contato mais direto com as faixas mais pobres, com o objetivo de recuperar os fiéis perdidos. A situação católica atingiu níveis críticos, como comprova a pesquisa Datafolha publicada ontem. Segundo o Censo 2010 (que reproduzi no meu post), o Brasil (o maior país católico do mundo) ainda contava com 64,6% de católicos. Hoje, segundo a pesquisa, são apenas 57% (eram 83% em 91!). Perderam espaço exatamente para os evangélicos pentecostais e neopentecostais, que eram 5,6% em 91, 13,3% em 2000 e agora aparecem com 19%. A disputa deve se acirrar, inclusive (ou principalmente) na área política. A lógica da Teologia da Libertação deve voltar a crescer, a luta pelo poder será intensa. Quem viver rezará.
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domingo, 17 de março de 2013
"Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o Reino da Terra", Chico 2.0
Diante dessa realidade infernal, à igreja Católica – agora sob nova direção –, interessa muito mais aliar-se aos governos populares do que forçá-los a uma aproximação do universo evangélico. Se o Papa Francisco nos tempos das ditaduras foi conivente ou omisso, é uma questão que vai se tornar um “não foi nada disso”. E em vez de oferecer riquezas imateriais, a igreja Católica passará a acenar com riquezas mais palpáveis, capazes de abafar o canto da sereia evangélico. Para isso, terá que apoiar as políticas sociais e fugir como o diabo foge da cruz da política de terra arrasada dos neoliberais. "Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o reino de Deus”, como diz Lucas 6.20? Nem pensar. O mote é outro, surge a possibilidade de uma nova aliança popular. E quem saltou na frente estendendo a mão para esse novo acordo político-religioso foi o presidente Maduro, da Venezuela, que atribuiu aos conselhos do “apóstolo” Chávez a escolha do novo Papa. Apesar de esse Papa estar sendo visto (com razão) com certa desconfiança por parte da esquerda, pode estar sendo lançada a Nova Igreja Católica Popular da América Latina.
(“Mas ai de vós, ricos! porque já tendes a vossa consolação. Ai de vós, os que estais fartos, porque tereis fome. Ai de vós, os que agora rides, porque vos lamentareis e chorareis.” Lucas 6.24 e 25)
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quinta-feira, 14 de março de 2013
A igreja Católica em busca da vida eterna
Não há dúvida alguma, a escolha do papa argentino foi uma questão de ou tudo ou nada. Já que a vida eterna celestial não é garantida para ninguém, a igreja Católica Romana procura garantir sua vida eterna aqui no planeta Terra. Mas isso tem ficado cada vez mais difícil e os católicos têm perdido terreno por toda parte. Como estão em queda vertiginosa na Europa, fizeram uma jogada básica de marketing: recuperar suas energias a partir do ponto onde estão mais fortes, a América Latina. Contra o novo papa, pesa a história de apoio à ditadura argentina, o que poderá minar todo o esforço católico. Mas a acusação por enquanto mostra-se polêmica. Leonado Boff, um católico respeitável e progressista, ficou entusiasmado, considera que, com Francisco, "o povo vem antes da hierarquia", e que podem-se recuperar princípios do Concílio Vaticano. Vamos acompanhar. Enquanto isso, temos essa entrevista que ele deu a Fernando Molica (com Carlos Brito e Luisa Bustamante), publicada hoje no Informe do Dia:
ENTREVISTA
PUNIDO PELO VATICANO EM 1985, o teólogo e ex-frade franciscano Leonardo Boff não escondeu seu entusiasmo com a escolha do novo Papa e com sua decisão de passar a se chamar Francisco. Para ele, a escolha representou "um programa de governo". Na terça, Boff acertara o nome do futuro Papa: ao apostar na escolha do franciscano americano Seán Patrick 0'Malley, Boff escreveu, no Twitter, que ele adotaria o nome de Francisco. O brasileiro era contra a eleição de Dom Odilo Scherer, que, para ele, seria um Bento 16 "com menos luzes".
INFORME: Como o sr. avalia a escolha do novo Papa?
BOFF: Este é o Papa de que a Igreja precisava. Isto fica claro na escolha do seu nome: trata-se de um jesuíta com alma franciscana. O nome Francisco é um programa de governo. O novo Papa nasce com a inspiração franciscana de simplicidade, ética, solidariedade com os pobres, amor à natureza e liberdade de criação. Na primeira visão que teve, Francisco de Assis ouviu de Jesus o apelo para que reconstruísse a Igreja. São Francisco viu que a Igreja deveria voltar-se para o Evangelho, para os leigos. Este foi seu projeto de reconstrução. Ele era um leigo, nunca foi padre. Foi obrigado, no fim da vida, a aceitar o título de diácono, mas exigiu não receber qualquer salário. Além do mais, pregava em italiano, não em latim. Ou seja, era voltado para a comunidade.
INFORME: Que pontos chamaram sua atenção neste primeiro pronunciamento do Papa Francisco?
BOFF: Ele falou em caridade. Isso sempre foi uma luta nossa, dos teólogos: o primado da caridade sobre o direito canônico. Ele pediu pela fraternidade, colocou o povo no centro ao pedir que a multidão o abençoasse. Assim, ele recuperou o princípio do Concilio Vaticano 2º (assembleia que, entre 1961 e 1965, promoveu uma série de mudanças na Igreja). O novo Papa deixou claro que o povo vem antes da hierarquia. Ele certamente vai mudar o atual modelo de Igreja, absolutista, monárquico. Apostará no ecumenismo, no diálogo com as diferentes igrejas.
INFORME: Qual a importância da eleição do primeiro Papa latino-americano?
BOFF: Pela primeira vez temos um Papa do Terceiro Mundo, onde vivem 60% dos cristãos, isto é um fato inédito e muito importante. Francisco vem de uma experiência pastoral, não é um espelho de Roma, ele tem autonomia, tem capacidade de falar para o centro do poder da Igreja. Ele certamente vai propor uma profunda reforma da instituição. Em 2007, o cardeal Bergoglio foi um dos principais autores do documento final de Aparecida (Quinta Conferência Geral do Episcopado Latino- Americano e Caribenho, que contou com a presença do papa Bento 16). Trata-se de um documento que fala na necessidade de uma nova evangelização. Como todos os jesuítas, trata-se de um homem muito bem preparado e que tem um sentido pastoral muito grande. Ele, como bispo, também aprovou a adoção de uma criança por um casal gay.
INFORME: O sr. acha que ele terá condições de dialogar com o mundo moderno?
BOFF: Certamente. Não será um Papa doutrinador, mas um Papa pastor, capaz de entender a vida do povo, problemas como a pobreza, o desemprego, a crise por que passam tantos países, as questões ecológicas. O centro não é a Igreja, mas a humanidade.
INFORME: No livro 'El Silencio' o argentino Horacio Verbitsky diz que o então bispo Jorge Bergoglio colaborou com a ditadura argentina. Lá, a Igreja Católica chegou a ajudar na prisão de dois padres. Como o sr. vê esta acusação?
BOFF: Não tenho detalhes da situação da ditadura. Mas conheço argentinos que negam que ele tenha tido qualquer tipo de colaboração com os militares. Sei que há uma certa tensão entre o novo Papa e os Kirchner (a atual presidenta, Cristina, e seu antecessor, Néstor, que morreu em 2010). O cardeal Bergoglio sequer foi convidado para presidir a cerimônia religiosa que marcou o início do mandato da atual presidenta.
sábado, 16 de fevereiro de 2013
Sinal dos tempos: a Igreja Católica vai acabar
Não sou contra as religiões, por princípio. Elas têm importante função de dar certa racionalidade ao irracional. Mas às vezes elas se tornam mais irracionais do que as irracionalidades que fazem parte de sua origem. Vejam a Igreja Católica, esse gigante medieval que não sabe mais o que fazer para sobreviver aos novos tempos. Conseguiu sobreviver à Reforma, mas dificilmente conseguirá aos tempos da internet. Ratzinger, um sobrevivente da Escuridão, arregou e saiu atirando. Os que vão sucedê-lo terão o desafio hercúleo de dar sobrevida a essa entidade trapalhona que procura ditar o destino a mais de um bilhão de seguidores em todo o planeta. Como explicar que o objeto luminoso que cruzou ontem os céus da Rússia não é produto da ira divina, mas apenas um entre milhares de objetos que chegam diariamente a nosso planeta? Como explicar que o homossexual pode ser tão católico quanto o hétero? Como aceitar que os pobres católicos das periferias de cada país, de cada cidade, possam ter tanta relevância quantos os engalanados de Roma? Nesse mundo da instantaneidade e da universalização da informação, a igreja que nasceu com a pretensão da universalidade (católico, na sua origem grega, significa universal) tem dificuldade em se manter de pé diante dos terabytes de informação nova. Evidentemente há boas cabeças pensantes tentando evitar o que parece inevitável, como a desse teólogo brasileiro, Mário França, que tem entrevista hoje no Globo. Leitura agradável. Aproveito para pôr também o link (enviado pelo Blog do Mello) de entrevista antiga de Leonardo Boff feita para a Caros Amigos em 98.
‘A Igreja muda ou acaba’, diz teólogo brasileiro
Mário França crê que o modelo atual da Santa Sé trai a origem da fé católica
Transição. Bento XVI caminha após sua audiência no Vaticano na quarta-feira: seu sucessor vai herdar uma série de desafios e problemas que o Papa atual não conseguiu resolver, desde escândalos na Igreja a disputas internas por poder na Cúria de Roma
Por onze anos, Mário França, 76, fez parte da Comissão Teológica do Vaticano, onde conquistou o respeito do então cardeal Joseph Ratzinger. Hoje, professor da PUC-Rio e autor de obras sobre a teologia, defende uma nova Igreja, longe da hierarquia e das ortodoxias de Roma, e com espaço para gays e padres casados.
O GLOBO: Como a Igreja vai sobreviver ?
Mário França: Chegou um momento em que a Igreja, só com os oficiais, padres, bispos e Papa, não aguenta mais. Esta estrutura foi uma traição à Igreja primitiva, em que todo mundo participava e tinha direitos iguais de participação. Todos são iguais, não tem homem, mulher, judeu, gentio ou escravo e senhor. Depois a Igreja erigiu uma estrutura monárquica, um pouco copiada de Roma. Foi consequência da chegada dos príncipes, que começaram a nomear parentes para tomar conta das muitas propriedades da Igreja. Era preciso estruturar ou tudo ia ficar na mão de famílias poderosas, nobres. Para evitar isso, o laicado foi afastado do poder da Igreja - o laicado não era o povão, eram estes príncipes que estavam cada vez incomodando mais. Passou o tempo e a Igreja ficou identificada por seus bispos, padres etc. É errado, né? Todo cristão, todo católico, tem o direito de formar um grupo, com o qual a hierarquia não pode se meter. A Igreja do futuro vai ser predominantemente leiga ou então não vai aguentar.
O Grupo de diversidade católica, que reúne gays, é um exemplo do que o senhor está dizendo?
Mário França: Exatamente. É um grupo de pessoas que são assim. A Igreja não pode excluir, tem de atender todo mundo. É uma maneira de a Igreja mostrar sua abertura. A consciência histórica é lenta. Teve um tempo que os missionários se perguntavam se tinham que batizar ou não os negros da África, por que não sabiam se eram animais ou gente. Muita coisa que achamos normal hoje, daqui a 50 anos será considerada intolerável. Os laicos vão obrigar a Igreja a criar um espaço de debate público, que não existe. A qualquer problema, corre-se para o bispo.
Mas as mudanças têm sido lentíssimas.
Mário França: Não se mexe da noite para o dia com 1,2 bilhão de pessoas. Não se podem criar traumas, as pessoas têm mentalidades muito diversas e, como diz o Rubens César Fernandes, do Viva Rio, o importante é que a gente mantenha todo esse pessoal dentro da Arca de Noé. Os sociólogos dizem que tudo pode mudar, menos o religioso, porque o ser humano tem necessidade de segurar alguma coisa. A gente percebe que isto não tem sentido. O sagrado também é construído através de uma linguagem e de práticas.
Esta posição está afastando muita gente.
Mário França: É, há paróquias que viraram agências de fornecer sacramento, isto está condenado. Tem de ter o sentido missionário. É o que se está tentando fazer agora. Mas é lento. Quando eu fui da Comissão Teológica do Vaticano, não tinha nenhuma mulher, agora já tem quatro. Não há dúvidas de que o fim do celibato já deveria ter acontecido, Paulo VI era a favor disso - mas uma coisa destas vai mudar a estrutura.
A questão da contracepção também está mais do que na hora de ser enfrentada.
Mário França: São questões morais que têm se ser mudadas, mas é uma coisa lenta. No papado de João Paulo VI, o cardeal de Bruxelas disse: na minha arquidiocese é permitido camisinha - ele estava com um problema seríssimo de explosão de Aids entre trabalhadores imigrados. Resolveu assumir e disse: aqui é preciso usar camisinha. O Vaticano não disse uma palavra.
A Igreja não vem conseguindo acompanhar as mudanças sociais?
Mário França: São rapidíssimas. Na PUC, a mudança de uma geração para a outra se dava em 20 anos, depois passou para 10, agora com dois ou três anos, você já vê aluno do quarto ano que não consegue entender o calouro. É uma sucessão vertiginosa que não conseguimos mais acompanhar, que provoca um curto-circuito na cultura.
Quem é o mais progressista entre os candidatos a Papa?
Mário França: Os cardeais terão de fazer um perfil de uma pessoa que entenda o mundo e saiba enfrentar esses desafios todos. Tem de ter boa formação pastoral e intelectual, capaz de se cercar de pessoas competentes. Tem um candidato de Honduras, Luis Alfonso Santos, que é uma pessoa muito possível de dar um bom Papa. Sabe línguas, é sensível, mora no país mais pobre da América Central: é uma pessoa que marca pela inteligência. Tem Luiz Antonio Tagle, um filipino progressista também, mas ele é muito novo. Tem 55 anos. Mas eu duvido que queiram colocar um cardeal de 50 anos, pois ele ficaria 30 anos. A turma não quer isso não. Cardeal Ravasi, encarregado da Cultura, também é muito aberto.
Resumindo: o senhor diz que a Igreja tem de mudar?
Mário França: Já está mudando. Ou muda ou acaba. É um momento sério da sociedade, faltam líderes. Onde estão os Churchill, De Gaulle, Adenauer? Não tem mais, está faltando líder. Na Igreja também, e os problemas são muito grandes. As religiões têm um papel muito forte no mundo de hoje, e a Igreja tem de ser uma reserva ética, apesar dos mal feitos da cúpula.
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terça-feira, 10 de março de 2009
Quem lava a roupa do Papa?
Não existe nada mais machista do que a Igreja Católica, toda construída sobre a pedra do preconceito. E esse artigo publicado no fim de semana no L'Osservatore Romano (jornal do Vaticano) é mais uma prova disso. “O que no século XX fez mais para liberar as mulheres ocidentais?”, pergunta o artigo, que dá a resposta no próprio título: “A máquina de lavar e a liberação das mulheres — ponha detergente, feche a tampa e relaxe”. Trata-se de um artigo-absurdo que "conta a história da máquina de lavar, desde um modelo rudimentar de 1767 na Alemanha até os equipamentos ultra modernos da atualidade" (O Globo) que foi assinado por uma mulher! No mesmo L'Osservatore Romano do dia 8 de março (Dia Internacional da Mulher), Lucetta Scaraffia tenta disfarçar a roupa suja da Igreja Católica com o artigo "Uguaglianza nella differenza - La Chiesa e la rivoluzione femminile" onde mostra que a Igreja Católica, baseada em Adão e Eva, defende a "igualdade na diferença" e considera essa diferença como dono di Dio all'umanità. Realmente, não há esperança para essa Igreja Católica. Só restará ao Papa ter que lavar sua própria roupa...
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quarta-feira, 22 de agosto de 2007
O fato novo nas eleições 2008 do Rio: Garotinho tenta mover o Bispo Crivella para a casa do PMDB
O Senador Marcello Crivella, do PRB (o mesmo partido do Vice José Alencar, aliado de Lula) e também Bispo da Igreja Universal do Reino de Deus (denominação evangélica pentecostal, liderada pelo Bispo Edir Macedo), estaria transferindo-se para o PMDB (do Governador Sérgio Cabral, do ex-Governador Garotinho e do Presidente da Assembléia Picciani). Por trás dessa possível mudança está a eleição para Prefeito do Rio em 2008. Apesar de liderar todas as pesquisas para Prefeito, o Senador Crivella enfrenta alguns problemas básicos. 1) O seu partido atual, PRB, é um partido novo, com tempo mínimo no Horário Eleitoral Gratuito. Ele precisa urgentemente de uma aliança forte ou passar para um partido que ofereça tempo no HEG - e nesse sentido o PMDB é perfeito. 2) A Igreja Universal enfrenta forte oposição das Organizações Globo, além de significar rejeição total na classe média da Zona Sul do Rio - o PMDB não é muito bem visto também, mas teria uma grande máquina para compensar. 3) O PT do Rio jamais aceitaria apoiá-lo no primeiro turno (um dos seus pré-candidatos, aliás, o Deputado Molon, tem apoio tradicional da Igreja Católica, e a pré-candidata Benedita da Silva também é evangélica) - mas certamente daria apoio em eventual segundo turno contra outros candidatos. Assim, a passagem do Senador Crivella para o PMDB faz muito sentido. Para o PMDB poderia trazer algumas vantagens, já que o partido está com a máquina na mão, mas não tem nome forte como Crivella. A chamada "solução caseira", com a candidatura do secretário da Casa Civil, Régis Fichtner, teria problemas, porque ela só faria sentido se ele se filiasse ao Democratas (ex-PFL, do Prefeito César Maia), tendo o Deputado Federal Leonardo Picciani (PMDB, filho do presidente da Assembléia) como vice. Essa aliança com o autal prefeito é defendida com unhas e dentes pelo Presidente Picciani (que quer ver o filho projetado e sonha com votos da classe média), mas poderia desagradar Lula, um aliado de Sérgio Cabral que tem César Maia como adversário. Outro problema para o PMDB seria o fato de Crivella entrar no partido pelas mãos do também evangélico Garotinho, adversário de Sérgio Cabral, de Picciani e do aliado Lula. Mas não é só isso: Crivella certamente tomaria de vez o eleitorado povão do PMDB. Isso não seria problema para Garotinho, mas poderia ameaçar outros caciques, que perderiam definitivamente o controle partidário. Quem está muito aflito com isso certamente é o Prefeito César Maia, que vê na aliança com o PMDB (que colocaria um nome no Democratas para ser o candidato) a grande chance de massificar no Rio o número 25 do seu partido e ainda garantir vitória. As peças do xadrez estão em movimento acelerado, porque o tempo para mudanças acaba em setembro.
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quarta-feira, 13 de junho de 2007
Record-Universal X Globo: a luta continua!

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quinta-feira, 24 de maio de 2007
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quarta-feira, 16 de maio de 2007
Bye-Bye, Papa: retrato em 3x4 das dificuldades da Igreja Católica

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quinta-feira, 3 de maio de 2007
Deus está em alta no Brasil
Não é à toa que o Papa vem ao Brasil produzir um santo brasileiro. As religiosidades estão em ascensão, mas a Igreja Católica (Universal) andava em queda no maior país católico do mundo. Esse é o momento para a retomada do crescimento. O carisma do Papa anterior talvez tenha ajudado a atar a sangria (apesar de um trabalho de marketing estratégico para a igreja, no site Marketing e Fé Católica, apontar sua saúde debilitada como um ponto fraco), mas o Papa atual não tem carisma algum - daí a necessidade de um santo. Quem não está gostando muito da história são os evangélicos - principalmente os pentecostais - que até agora navegavam em águas tranqüilas na disputa pelo mercado da fé. E o novo estudo da FGV - Fundação Getúlio Vargas, “Economia nas Religiões: Mudanças Recentes" parece justificar ainda mais essa preocupação, digamos, evangélica. É que, segundo o estudo, a Igreja Católica conseguiu estabilizar sua participação no mercado com os índices de 2000, pondo fim a uma queda que se estendia por décadas: 73,9%. Esse número contempla o objetivo determinado no trabalho de marketing (feito em 2000) que citei: "Estancar a tendência de êxodo dos fiéis da Igreja Católica num período máximo de 5 anos e, simultaneamente, estimular a adoção da Igreja Católica como ponto de encontro". Contempla também a sua visão: "Acompanhar as constantes mudanças e evoluções pelas quais o mundo passa, mantendo-se como líder no mercado brasileiro de apoio espiritual e, simultaneamente, se consolidando com uma participação superior a 70%". Voltarei a tratar do assunto. O trabalho de marketing a que me refiro chama-se "Planejamento Estratégico de Marketing - Igreja Católica Apostólica Romana", de Cristiane Pasquini Malfatti, Sérgio P. Bordonalli, Silvana Meneses, Valdir Luis Fodra Filho. IBMEC – MBA Marketing - Gerência Estratégica de Marketing: Claudio Tomanini - maio de 2000).
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quinta-feira, 19 de abril de 2007
Religião também é cultura?
Vamos deixar bem claro: não faz sentido o projeto do Senador-Bispo Marcelo Crivella que inclui igrejas entre os beneficiários da lei de incentivo à cultura, a chamada lei Rouanet (lei, de 1991, que permite a empresas investirem em projetos culturais até 4% do equivalente ao Imposto de Renda devido). Pode-se alegar, como fez Fernanda Montenegro, que as religiões, por não terem fins lucrativos, são isentas de imposto e, portanto, não merecem incentivo. Mas isso não justifica, porque a cultura também tem isenção. Há quem diga que isso descaracterizaria a lei, que trata apenas da cultura. Mas também não justifica, porque essa é a idéia do projeto, de entendimento de conceitos culturais do incentivo também nas religiões. Há o medo de desvirtuamento da verba rumo à construção de templos. Mas no meio cultural também existem os desvirtuamentos, sem dúvida. E também não basta a citação evangélica do Deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), “Não se pode amar a Deus e ao dinheiro”, porque já está mais do que provado, provavelmente até com outras citações evangélicas, que se pode, sim. Há que se considerar ainda que existe muito de cultural nos meios religiosos, e as igrejas tombadas pelos patrimônios históricos e culturais provam isso. Poderia até dizer que as religiões cada vez menos são "religiosas". Hoje mesmo, como acontece toda manhã quando levo meu filho à escola, recebi um exemplar da Folha Universal, jornal da Igreja Universal, com tiragem de 2.308.000 exemplares, e veja quais são as notícias da 1ª página: "O caos na educação", "Exportação de escravas sexuais", "Banco Mundial alerta sobre colapso no SUS, "Depois de Portugal, Brasil pode aprovar o aborto", "Disque-seqüestro: não caia no golpe", "Record rumo à liderança", "Seguidores de seita na Costa do Marfim tatuam o '666' no braço", "Reféns do apagão aéreo falam sobre seus prejuízos", "Região do Caribe sofre ameaça de tsunami" e um cartum sobre o Pan-Rio. Isso, evidentemente, não é uma primeira página religiosa. O mesmo acontece com a TV Record, também da Igreja Universal, que não tem mais programas religiosos durante o dia (só na madrugada). A Igreja Universal, ela mesma, é cada vez mais uma "ong de comunicação", coisa que de certa forma copia da Igreja Católica (aliás copiou até o nome, já que Igreja Católica quer dizer "Igreja Universal" - do grego katá, que dá a idéia de universalidade, como em catálogo). Qual seria a diferença, então? Cultura - apesar de se definir (Houaiss) como "conjunto de padrões de comportamento, conhecimentos, costumes etc. (e também de crenças) que distinguem um grupo social" - cuida primordialmente da razão, do pensamento, daquilo que é verdadeiramente humano (algo como em "Paidéia" - ler o excelente livro de Werner Jaeger). A religião, ao contrário, cuidaria da fé. Nesse sentido, não apenas são diferentes, como são opostas.
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