segunda-feira, 22 de julho de 2013

"Bem-aventurados vós, os marqueteiros, porque vós sois a recuperação da Igreja Católica"


Não quero luxo nem lixo
Meu sonho é ser imortal 

(Rita Lee / Roberto de Carvalho)

Faz pouco mais de quatro meses que Francisco foi escolhido Papa. Sua entronização foi no dia 17 de março e no mesmo dia fiz um post sobre esse grande acontecimento. Escrevi que por trás dessa escolha, um Papa sul-americano, estava “a luta contra o avanço dos evangélicos, basicamente os pentecostais e neopentecostais” que, “com uma estratégia de marketing bem mais agressiva”, arrebanhavam “fatias cada vez mais expressivas das estatísticas católicas (principalmente nas áreas urbanas, com suas franjas lumpen)”. Parecia que um cabôco divinhadô tinha baixado em mim. De lá pra cá o Papa Francisco, franciscano por natureza, não fez outra coisa a não ser revolucionar o marketing católico. Sua linguagem mais direta, popular, tem agradado a todos. Foi para o corpo a corpo com os fiéis, eliminou as mordomias e simplificou as vestes, ignorou os luxos paroquiais, o papa-móvel blindado  e inflamou a juventude católica. Sua vinda ao Brasil encaixa-se perfeitamente nessa estratégia de marketing de combate aos evangélicos (pentecostais e neopentecostais) usando um contato mais direto com as faixas mais pobres, com o objetivo de recuperar os fiéis perdidos. A situação católica atingiu níveis críticos, como comprova a pesquisa Datafolha publicada ontem. Segundo o Censo 2010 (que reproduzi no meu post), o Brasil (o maior país católico do mundo) ainda contava com 64,6% de católicos. Hoje, segundo a pesquisa, são apenas 57% (eram 83% em 91!). Perderam espaço exatamente para os evangélicos pentecostais e neopentecostais, que eram 5,6% em 91, 13,3% em 2000 e agora aparecem com 19%. A disputa deve se acirrar, inclusive (ou principalmente) na área política. A lógica da Teologia da Libertação deve voltar a crescer, a luta pelo poder será intensa. Quem viver rezará.