segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Fim de Papo


O Papa é Pop.
O Papa Passou e deixou sua imagem Pop. Pop de Populista. E não está errado, não. Confirmou tudo o que este Blog tem dito: sua viagem teve como objetivo de marketing combater o crescimento dos evangélicos pentecostais, o maior adversário da Igreja Católica por essas bandas. Na sua mensagem aos bispos, ele deixou bem claro que o importante é a conquista da periferia, a luta pelos miseráveis, desesperançados, que se agarram na primeira tábua da salvação que encontram, por mais tosca que pareça. E determinou que os bispos abandonem suas posturas principescas para se contaminarem de povo – exatamente como fazem os pentecostais. É algo que a Igreja Católica já soube fazer muito bem, mas acabou se perdendo no tempo e no espaço. Mesmo a Teoria da Libertação talvez tenha dificuldade para levar avante essa tarefa junto à massa desorganizada, o trapo humano, o lumpen e o quase-lumpen.

As manifestações estão no papo?
No passado, as manifestações garantiram futuro. O povo na rua, o jovem, a sociedade indo à luta por seus anseios e suas necessidades, o desejo de um futuro melhor – tudo isso é motivo de orgulho e motivação para novas e maiores manifestações. Mas o passado recente de nossas manifestações trouxe também um balde de água fria. Foi tudo magnífico até a chegada do vandalismo. Aí virou papo furado, os jovens começaram a debandar e os que ficaram tornaram-se involuntariamente ambiente de segurança indispensável para o vandalismo, a bandidagem. Os vândalos propriamente ditos não passam de meia dúzia de três. Sozinhos, seriam facilmente identificados e neutralizados (aliás, já devem estar identificados). Foram inteligentes ao usar o disfarce proporcionado por reivindicações populares (que muitas vezes eram justas). Souberam concentrar os ataques em dois ou três pontos associados principalmente a momentos ou personagens políticos. Aliaram-se aos chamados Black Blocs. Aproveitaram-se da Copa e até do Papa. Mas, e agora? Os governos sairão da defensiva em que se colocaram por causa dos grandes eventos e terão que reagir, usar a inteligência, identificar todos os vândalos, separar o joio do trigo e garantir o espaço mais do que justo das manifestações autênticas (mesmo que nem sempre seja possível atendê-las inteiramente). Tudo sem paparico. As manifestações terão mais futuro à medida que os vândalos se percam no passado.

Papo eleitoral.
Adoro bola de cristal. Desde que tenham pesquisas por trás, perfis bem definidos, muita informação, histórico bem avançado de todos os atores e cenários – enfim, um papo aqui, papo acolá, e imaginação com pé no chão. Vou usar minha bola de cristal para tentar prever três resultados eleitorais.
  • Dilma (PT) vence, talvez no primeiro turno. Eu me baseio no poder da máquina e na inconsistência dos nomes da oposição. A máquina governamental, bem usada, bem azeitada, é capaz de mover montanhas. E apesar dos pequenos reveses da economia, da relação com os aliados e do clamor das ruas, a máquina federal ainda conta com uma força-reserva monumental, graças à sua política social (isso sem contar a força-Lula...). A oposição, fraca, ajuda muito. Marina (?), até hoje, tem um partido indefinido. Variou da crença evangélica ao PT, passou pelo PV e chega hoje a uma Rede da Solidariedade que ainda não encontrou gancho para se sustentar. Tá difícil. Aécio (PSDB) é o mais frágil dos tucanos. Não tem a antipatia atávica de Serra (PSDB), mas também não tem o mesmo preparo nem o mesmo maquiavelismo. Tem um lado simpático, jovem, moderno, mas pesa contra ele o lado irresponsável, “garotão”. Eduardo Campos (PSB) continua ciscando. Já esteve melhor na fita, mas o Nordeste disse não à sua candidatura. A tendência agora, acredito, é de algum modo apoiar Dilma.
  • Alckmin (PSDB) vence em São Paulo, será reeleito Governador. Apesar de sua política de insegurança assustadora, ainda pode contar com a ação da máquina no Interior. Os petistas Mercadante, Marta e Padilha não avançaram bastante e Haddad até agora não ajudou em nada. Os outros não têm nem papo.
  • Pezão (PMDB) vence no Rio, passará de Vice para Governador. Talvez seja a previsão mais polêmica, mas é bom lembrar que, hoje, os principais nomes (além do Pezão, temos Lindberg, do PT, talvez Garotinho, do PR, e Cesar Maia, do DEM) estão praticamente em empate técnico, com a vantagem para Pezão de ser o menos conhecido e de poder contar com a máquina estadual e a com a política de segurança que mais deu certo até agora. Não estou contando ainda com Miro Teixeira, do PDT, porque não levo muita fé na sua candidatura. Também não considero que Freixo, do PSOL, corra o risco de se candidatar agora. Nem acho que os tucanos tenham algum nome viável. Pezão conta também com a alta rejeição dos outros três e não se contamina com a rejeição (talvez temporária) de Sérgio Cabral. Seu estilo pé no chão, realizador, alheio aos holofotes passou a ser grande virtude para o momento. O PT ainda vive a dúvida de apoiar ou não apoiar a candidatura peemedebista, porque pensa no fortalecimento da aliança nacional. Mas é difícil frear a ânsia do petismo local para tentar a sorte com um nome eleitoralmente melhor, por isso é quase irreversível a candidatura de Lindberg. Aliás, em 2006, isso já aconteceu, e o PT, com Vladimir, teve 7,7% dos votos contra 41, 4% de Sérgio Cabral. No dia seguinte, o grupo de Cabral reuniu-se para discutir se apoiaria Lula ou Alckmin. Foi coisa rápida. Cabral e Pezão apoiavam Lula e logo telefonaram para comunicar a decisão. Se Lindberg for mesmo candidato, certamente terá mais votos do que Vladimir - mas apenas isso.