No Valor Econômico dessa terça-feira, o prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT), disse que “a derrota do candidato que apoiou à presidência do PT fluminense, Lourival Casula Filho, diminuiu suas chances de ser o candidato do partido ao governo do Estado”. Li essa declaração pensando no excepcional filme “Kagemusha” de Kurosawa. Diante do filho impetuoso (o vento), sempre determinado a atacar seus inimigos, mostrava-se mais consistente o pensamento do sábio chefe Shingen Takeda: “a montanha não se move”. Lembrei também de um trecho do livro "Marketing de Guerra", de Al Ries e Jack Trout: “O segundo princípio de Clausewitz é a superioridade da defesa. Nenhum comandante militar procuraria combater se estivesse em desvantagem. A regra prática é que, para ter sucesso, uma força atacante deve ter superioridade de pelo menos 3 para 1 no ponto de ataque”. Lindberg acreditou que tinha poder de fogo suficiente para aniquilar a Direção Estadual do PT no Rio e, com isso, se impor à Direção Nacional – mas não tinha. Desenvolveu algumas táticas eficientes, motivando e mobilizando o universo petista com o orgulho da candidatura própria. Acreditou que a “máquina” estava emperrada e que seria facilmente afastada do caminho por seu estilo vendaval. Errou de cálculo, e errou ainda mais por ter colocado todos os ovos no mesmo casulo. Estabeleceu uma linha de ação em que a conquista da candidatura a Governador estaria garantida pela conquista da Presidência Estadual do partido. Agora, derrotado, esperneia. Diz que vai argumentar com Lula que, “se o PT não tiver candidato próprio ao governo estadual, o senador Marcelo Crivella (PRB), do mesmo partido do vice presidente José Alencar, não terá como concorrer à re-eleição ao Senado”. Argumento devastador junto a seus militantes, porque agora não se trata mais da candidatura própria petista, mas, sim, da candidatura que pode ajudar a candidatura ao Senado do candidato de outro partido. Tem cabimento? Lindberg tem que entender que já teve a sua vitória. Com relativamente pouco tempo de PT, mostrou-se um player de respeito para os embates a partir de 2012. Era esse ponto que ele deveria estar valorizando, ao invés de insistir em destacar a sua derrota. O tempo – não o vento – poderá levá-lo mais longe.
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
Lindberg, o vento e a montanha
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