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sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Programa do DEM: desacertos no ar

O Programa do DEM (ex-PFL) que foi ao ar na última quinta-feira teve a marca da pretensão. Cara de caro, bem produzido. Todos falando como donos da verdade, mas com um grande sofisma logo no começo: se a CPMF deixar de existir (disseram eles), cada família brasileira vai ter 50 reais a mais. Alguém acredita em algo assim? Existe absurdo maior? Por que tanta manipulação? Houve também contradição entre eles: o Governador Arruda orgulhava-se de ter cortado Secretarias em Brasília, enquanto o Prefeito César Maia, do Rio, propunha a criação de mais um Ministério, o de Combate às Armas e às Drogas! Outro momento bastante hilário foi o da insistência em faturar com a "vaia" em Lula. Como falei aqui a respeito das inserções de 30", ninguém entende aquele ruído esquisito como vaia da multidão. Para tentar deixar claro (sem muito êxito), colocaram uma legenda explicando que aquilo era a tal da "vaia". Mas o pior do programa foi o conjunto. Tentaram dar uma cara jovem, mas passaram de verdade apenas a falta de emoção.

sábado, 13 de outubro de 2007

"Não" é a resposta para o "Nhenhenhém" de hoje

A coluna "Nhenhenhém" que sai todo sábado no Globo lançou a "Pergunta da semana: Lula vai na festa do Maracanã ver Brasil X Colômbia?" A resposta é "não". O jogo é contra o Equador...

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Inserções do DEM: falha de produção

A inserção do Deputado Onyx Lorenzoni, pelo DEM (ex-PFL), pretendia colocar no ar a vaia que deram no Lula durante o PAN. Mas o resultado é um fiasco. Na hora da vaia, fica a sensação de defeito na TV ou algo assim. Parece que eles são melhores em produzir vaias ao vivo do que na TV...

domingo, 12 de agosto de 2007

Gabriel Tarde a serviço de Lula

Gabriel Tarde é o nome preferido de César Maia para tecer suas tramas políticas. É a partir do pensador francês que ele fala dos "fluxos de opinamentos" ou da teoria da "pedra no lago" anti-Lula. César Maia chega a parecer obsessivo nessa questão. De fato, ele procura municiar a mídia oposicionista com uma teoria bem montada. É a partir dessa mídia despreparada teoricamente - mas ávida de sangue - que César Maia vê a chance de contaminar o eleitorado brasileiro com um pensamento antilulista. Escreve ele: "Um fato forte funciona no Brasil como uma pedra que se joga na água de um lago onde os círculos concêntricos vão se abrindo, vão chegando às margens, ou seja, aos segmentos com menos informação. Nesta conjuntura - o efeito - o Rei Está Nu - foi precipitado pelas vaias do Maracanã no dia 13 de julho. Estas funcionaram como uma pedra jogada na água, no meio de um lago. O tamanho da pedra aumenta o diâmetro que se atinge. Mas sempre que se lançam outras pedras na direção das margens - nos 4 pontos cardeais que envolvem a canoa de onde foi lançada a primeira pedra - os círculos concêntricos são sustentáveis, recobram intensidade e garantidamente chegam às margens, ou seja, aos que têm menos informação. Esse processo no Brasil leva uns 90 dias. Mas se novas pedras não forem jogadas no lago os círculos vão se tornando mais tênues, com menor poder de contaminação da opinião pública de menor renda e menor escolaridade, que é exatamente o público alvo do governo". Foi a fórmula que ele encontrou para transpor o fato de que a base da sociedade não está iniciando um processo de contaminação anti-Lula. Escreve César: "Este Ex-Blog já comentou algumas vezes que a opinião pública se forma por contaminação e na base da sociedade. Esse processo é mais rápido quando toda a sociedade tem acesso a uma mesma informação publicada pela imprensa. No Brasil, em função dos níveis de renda e escolaridade o processo é mais lento". O problema é que as pedras da grande mídia não estão sendo fortes suficientes para contaminar a base negativamente. Há uma pedra mais forte lançada pela comunicação (com trocadilho) boca a boca. O Bolsa Família é mais forte do que a vaia ou do que a forçação da crise aérea. Junto com o Bolsa Família vem a redução da pobreza. Vem a educação. Vem a saúde. Vem a redução do desemprego. Vem a Carteira assinada. Vem o crédito. Aí, sim, podemos dizer, com toda propriedade, que "a opinião pública se forma por contaminação e na base da sociedade". São pedras mais fortes, mais variadas e melhor localizadas no "lago que formará a opinião pública". Além disso, a mídia que deveria ser fonte única de "pedras anti-Lula" é obrigada, mesmo a contragosto, a divulgar: previsão de crescimento do país acima de 5%; crescimento de 7% (sobre 2006) nas vendas do Dia do Pais (superior até ao último Dia das Mães); sucesso de Lula, do etanol e do bio-combustível no mundo inteiro; solidez da economia mesmo diante da revoada financeira mundial. É esse fluxo de opinamento que garante os altos índices de apoio a Lula, apesar das crises (algumas naturais, mas a maiotria fabricada), apesar do desespero da grande mídia e da Oposição. Eles têm dificuldade em aprender que os fluxos de opinamento não têm direção única. Que pode haver outros fluxos em direção oposta e com muito mais vigor. Mas nunca é Tarde para aprender...

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Classe Média X Lula

As eleições passadas demonstraram e as chamadas "crises" recentes confirmam que está se formando um fosso quase intransponível entre Lula e a Classe Média. Obviamente, essa intolerância está sendo estimuladas por grupos oposicionistas e está longe de levar a índices de reprovação ao Governo que sejam superiores aos índices de aprovação popular. Mas é sempre bom para o Governo estar alerta. Garotinho, ex-Governador do Rio de Janeiro, costumava se preocupar com a rejeição que tinha na Classe Média - até que desistiu. Ele dizia: "Sou do Interior, não sou elegante, sou casado, tenho família, tenho 9 filhos, sou evangélico, não bebo, não fumo e não cheiro - a Classe Média nunca vai me aceitar!" Deu no que deu. A Folha de hoje publica análises da última pesquisa Datafolha e reproduzo aqui a entrevista de Leandro Beguoci com José Murilo de Carvalho, "Classe média se divorciou de Lula":
FOLHA - As vaias na abertura do PAN, o movimento "Cansei" e o desgaste com o caos aéreo são sinais são sinais de que acabou a lua-de-mel entre Lula e a classe média?
JOSÉ MURILO DE CARVALHO - A lua de mel com a classe média já tinha acabado desde a última eleição. As vaias são a manifestação pública do divórcio.
FOLHA - Quais são as conseqüências para o governo, a curto e médio prazo, da insatisfação? E para o PT?
CARVALHO - Alguém disse muito bem que já se pode ganhar eleição sem classe média, mas é difícil governar sem ela. A classe média não pode ser conquistada com Bolsa Família nem com aumentos de salário mínimo. E ela é a senhora da opinião pública. Se quiser evitar mais turbulência, o governo terá que aplacá-la de algum modo.
FOLHA - O PT e a CUT traçam paralelo entre movimentos insatisfeitos com Lula e organizações apoiadoras do golpe de 1964. Há quem compare o "Cansei" à "Marcha da Família". O que o sr. acha disso? CARVALHO - Retórica. Dificuldade de aceitar oposição. Dificuldade de entender que há um Brasil importante entre o povão e os banqueiros.
FOLHA - Há alguma chance de o "Cansei" ganhar força a ponto de se tornar um grupo comparável ao MST durante o governo FHC?
CARVALHO - Não. A classe média foi para as ruas em 1964 movida por razões religiosas e políticas, como o anticomunismo, muito fortes, que tinham respaldo popular. Voltou na campanha das Diretas e na do impeachment do presidente Fernando Collor, também com respaldo popular. Agora, esse respaldo é improvável. O apagão ético e o apagão aéreo ajudam a desmoralizar o governo, mas não despertam a reação das classes mais pobres.
FOLHA - O presidente disse que a oposição está brincando com a democracia e que ele sabe, como ninguém, colocar gente nas ruas. Qual o significado das declarações?
CARVALHO - É uma ameaça explícita. É o que [o presidente] Hugo Chávez fez e está fazendo na Venezuela.
FOLHA - Lula também disse que só os pobres poderiam estar bravos, já que os ricos ganharam muito dinheiro com seu governo. Isso é uma forma de "getulismo" escancarado?
CARVALHO - As afirmações do presidente nunca primaram pela coerência. A política econômica tem, sim, favorecido, e muito, o setor financeiro e bastante o povão, mas não a classe média, que está espremida entre o tostão e o milhão. E é ela que está mais descontente.

domingo, 5 de agosto de 2007

Pesquisa Datafolha: a inacreditável mídia

Eliane Catanhêde escreve hoje na Folha um artigo sobre a mais nova pesquisa Datafolha (realizada nos dias 1 e 2 de agosto, com 2.096 pessoas) mostrando a inabalável aprovação de Lula e o título é "O inacreditável Lula". É um título que já diz tudo. Fala da confusão mental que tomou conta da oposição, de diversos analistas políticos e da mídia diante dos altos índices de aprovação a Lula, apesar de todo o noticiário negativo dos últimos tempos ("Cai avião, sobe avião; vem crise, vai crise; tem vaia, não tem vaia, e algo continua imutável: a popularidade de Lula"). Inacreditável, para mim, é a falta de percepção política da mídia classe média. Vejamos alguns trechos da reportagem da Folha, de Fernando Canzian, explicando o "inexplicável" contido na pesquisa:
48% acham governo bom ou ótimo, mesmo índice de março
Queda se dá apenas entre os mais ricos e os que viajam de avião; economia e Bolsa Família também ajudam a explicar o bom resultado
Entre março e agora, a taxa de ruim/péssimo do governo apenas oscilou, de 14% para 15%. Em outubro passado era maior: 17%.
Entre as explicações para a não-alteração da popularidade do presidente no período estão o fato de que a grande maioria dos brasileiros é pobre (59,5% têm renda familiar mensal de só até três salários mínimos por mês, ou R$ 1.050) e a constatação de que apenas uma minoria viaja de avião (8%).
Além disso, a situação econômica do país permanece boa, com estimativa de crescimento em torno de 4,5% em 2007. O programa Bolsa Família, que atende cerca de 11,1 milhões de famílias, também ajuda a entender a manutenção da alta popularidade de Lula.
Entre os 8% que costumam andar de avião, o percentual dos que consideram o presidente ótimo ou bom é de 29%, ou seja, 19 pontos inferior à media nacional. Os que definem o governo como ruim ou péssimo chegam a 30%, o dobro da média nacional (15%).
Entre os mais ricos, com renda familiar mensal acima de dez mínimos (R$ 3.500), a avaliação do presidente Lula despencou sete pontos entre março e agora. Mas entre os que ganham só até cinco mínimos (R$ 1.750), ela oscilou positivamente dois pontos - dentro da margem de erro do levantamento. Como a maioria dos brasileiros é pobre, a queda da avaliação entre os ricos (a minoria), não chega a afetar os resultados gerais. No Brasil, segundo a pesquisa, apenas 7,5% da população tem renda familiar mensal maior do que R$ 3.500.
Há uma coisa elementar em política: as questões imediatas - aquelas que são menos genéricas, que atingem concretamente a população, seja positivamente ou seja negativamente - falam mais alto. E quais são as nossas grandes questões imediatas? A chamada crise aérea é uma delas, claro, mas relacionada apenas à minoria da população. A redução da pobreza é outra e atinge a grande maioria da população brasileira.

quarta-feira, 18 de julho de 2007

As vaias, segundo Os Amigos do Presidente Lula

Existe um blog, que eu desconhecia, chamado Os Amigos do Presidente Lula. Recebi um texto que estava postado nele que trata do mistério das vaias e é bem interessante. Reproduzo:
Decifrando o mistério das vaias a Lula... Saiu tudo conforme o planejado. O operário Luiz Inácio Lula da Silva foi vaiado e passou pelo maior constrangimento público de seus quatro anos e meio na presidência. A solenidade de abertura dos jogos Panamericanos seguiu à risca o roteiro definido pelo "comando central", o mesmo que controla toda a campanha de mídia contra o Governo Federal. No Rio desde quinta-feira, dia 12, procurei descobrir se e de que maneira foi arquitetado o plano de humilhação. Conversando muito aqui e ali, com jornalistas, políticos e gente do povo, levantei 14 informações que futuramente poderão ser úteis à reconstituição histórica do episódio. 1) Havia mais de um mês, já se falava numa "recepção" diferenciada a Lula na festa de abertura do Pan. O assunto era comentado com freqüência na Avenida Alfredo Baltazar da Silveira, no prédio da Secretária Municipal de Esportes e Lazer do Rio de Janeiro. 2) Há cerca de três semanas, esse foi supostamente o tema de uma reunião entre Marcelino (que deve ser o D'Almeida), Moacyr (que deve ser Barros Bastos) e Gustavo Coimbra Coelho Cintra, na sede do Recreio dos Bandeirantes. 3) Estranho é que, no dia seguinte, o assunto voltou à baila num encontro entre Coelho Cintra e as senhoras Ágata Borges de Castro e sua lugar-tenente, Cecília de Moraes. Na secretaria especial de comunicação, gerou-se uma turbulência. Era preciso recrutar gente para um serviço especial. 4) No mesmo dia, na Rua Afonso Cavalcanti, apareceu o Sr. Alexandre da Fonte, do Riocentro, disposto a ajudar no que fosse necessário. Tinha uma lista de voluntários para ajudar nos serviços extras - relação que circulou por mais de um departamento. 5) Dias depois, noutra secretaria, ouviu-se exatamente a mesma coisa. Os preparativos para a recepção a Lula tinham de ser especiais. O Sr. João Marcos de Alburquerque pediu, então, uma reunião com o pessoal do COB, que se deu no dia seguinte. Carlos Arthur Nuzman, sabe-se, recebeu Albuquerque para tratar do assunto. Não se saber exatamente sobre o que falaram. 6) Consultado sobre o assunto, na época, o responsável pela imprensa do Comitê disse apenas tratar-se de "assunto político", não diretamente ligado aos preparativos para o Pan. 7) Estranho é que, em todo canto, o assunto "recepção a Lula" era ouvido. Há três semanas, esse mesmo assunto foi suposto tema de uma reunião do Relações Públicas Roberto Falcão com um grupo de publicitários paulistas, capitaneados por um certo Fabra e um incerto "Catchola", que apresentou uma série de desenhos do estádio, com destaque para as arquibancadas. Que se saiba, esses homens de propaganda não faziam parte do grupo de trabalho. Ao contrário, o tal Fabra parece ser o mesmo homem por trás do site e-indignação, destinado a espicaçar o atual governo e amplificar o movimento de oposição. 8) No mesmo dia, o tal Fabra esteve por horas com o Sr. Ali Kamel, diretor-executivo de jornalismo da Rede Globo e colunista de O Globo. Oficialmente, segundo a agenda do bam-bam-bam global, o assunto foi o Pan do Rio. 9) Há quinze dias, o tal Fabra teria novamente aparecido na sede do COB. Outro participante da reunião, segundo fontes confiáveis, foi um tal de Saulo Romay. Bendito Google. Vem a calhar que o sujeito é algo como representante da juventude do PSDB no Rio de Janeiro. O que teria ele a ver com a organização do Pan? É um mistério que perdura. 10) Nesse mesmo dia, coincidentemente, houve uma reunião especial entre os coordenadores dos voluntários do Pan. Cerca de 16 pessoas estiveram presentes. Ao fim, foram avisadas sobre um treinamento especial, que ninguém ainda sabe do que se trata. Segundo uma atenta secretária, alguns saíram assustados do encontro. 11) Dia 2 de Julho. Informalmente, é criado - sabe-se lá por quem - um grupo de setenta voluntários, para serviços especiais. 12) Dia 12: preparação para a solenidade. Do nada, um grupo começa a treinar uma vaia. Não se sabe para quem. Não se sabe com qual interesse. Isso ocorre por três vezes durante o ato preparatório. 13) Aparentemente, os tais 70 são estrategicamente distribuídos pelo Maracanã. Alguém protesta, antes da cerimônia. Há confusão. No portão 18, cerca de 100 voluntários são barrados. Segundo a organização, seus lugares foram provisoriamente tomadas pelo pessoal da "coordenação estratégica". 14) Dia 13 de Julho, quase meia-noite. O estudante Rogério, de 18 anos, morador em Duque de Caxias, conversa com este repórter. Reproduzo fielmente o que me foi dito: - Era mesmo para vaiar o Lula, do jeito que disseram. Uns das coordenações, do grupo, puxaram mesmo e o pessoal foi atrás. Se dois, três começam, vai todo mundo no arrastão. Tinha gente lá ontem que nem tinha participado de nada. Foi lá só para agitar mesmo. E o pessoal foi no embalo. Eu não vaiei. Fiquei quieto. Mas teve uma agitação. Se alguém filmou direito, vai ver quem é que botou fogo na galera. Por Mauro Carrara - Jornalista

Vaias no Globo

As Organizações Globo têm vaiado o Governo Lula a plenos pulmões, de forma até selvagem. Apesar disso, aqui e ali surgem em suas páginas impressas ou eletrônicas momentos de certa serenidade e até de humor. Hoje, na capa do Globo o cartunista Chico resume muito bem a percepção geral sobre a origem das vaias. E Zuenir Ventura faz texto muito bom, que reproduzo na íntegra, salpicado de dois comentários:
“Todas as vaias são boas, inclusive as más”, dizia Nelson Rodrigues, especialista no assunto e um dos autores mais vaiados do país. Nesse sentido, as recebidas por Lula no Maracanã podem vir a lhe fazer bem, ainda que injustas e impróprias para a ocasião. Afinal, não se tratava de um comício, mas de um espetáculo esportivo que só estava acontecendo graças aos recursos (R$ 1,8 bilhão) repassados pelo governo federal. Um mínimo de civilidade recomendaria reconhecer que o presidente, além de convidado protocolar, era um dos donos da festa. Tenho visto na imprensa muitos aplausos às vaias. Cesar Maia, por exemplo, anda tão exultante que até parece ter tido alguma coisa a ver com o sucesso da manifestação que, segundo um vídeo no You Tube, foi treinada pelos convidados do ensaio geral. Mas nem assim dá para concluir, como fez o governador, que houve “armadilha”. Quem consegue orquestrar 80 mil pessoas se não estiverem a fim? (Acredito na possibilidade de orquestração, que funcionaria como um detonador, mobilizando quem estava a fim e quem apenas estava ao lado mas entrou no ritmo.) Digamos que poderia haver um clima. “A grande vaia é mil vezes (...) mais nobre do que a grande apoteose. Os admiradores corrompem”, afirmava ainda Nelson, que quase sempre tem e não tem razão, confirmando sua recusa à unanimidade e seu gosto pelo paradoxo. Ele sabia que nem todas as vaias são boas, pois há as reacionárias, que não servem como julgamento de mérito, como as que ele próprio recebeu na estréia de “Vestido de noiva” e de “Perdoa-me por me traíres”. Ao lado do Maracanã mesmo, no Maracanãzinho, houve uma outra famosa, dada a ninguém menos que Tom Jobim e Chico Buarque pelo clássico “Sabiá”. Ainda no plano das vaias artísticas, houve outra, e essa deixou Nelson indignado. Foi quando Caetano Veloso recebeu apupos, ovos e tomates no III Festival da Canção de 1968, ao tentar cantar “É proibido proibir”. Já no ano anterior ele fora vaiado por uma das mais belas canções da época: “Alegria, alegria”. Com rara coragem, Caetano afrontou uma agressiva histeria com um discurso inesquecível. “Mas é isso que é a juventude que diz que quer tomar o poder?”, gritou, mais alto do que a gritaria geral. (Na platéia, se não me engano, estavam Nelson Motta e Augusto de Campos, indignados com a juventude atrasada. Foi um momento importante, que ajudou a dar impulso ao movimento tropiconcreto, um dos movimentos mais felizes de nossa cultura. Redações mais de vanguarda, como Jornal da Tarde e - quem diria! - Veja, passaram a apoiar o movimento que surgia.) Sobre o quase linchamento promovido pelos jovens “pra frente”, Nelson, o reacionário, escreveu: “A vaia selvagem com que o receberam [a Caetano] já me deu uma certa náusea de ser brasileiro”. Quanto às vaias políticas, são diferentes, e os governantes têm que estar sujeitos a elas. Escrevi lá em cima que os protestos na abertura do Pan poderiam vir a fazer bem a Lula. Talvez já tenham feito, obrigando-o a sair do pedestal, a descer do salto alto. As suas declarações sobre o incidente são de uma humildade que contrasta com a costumeira arrogância de antes. Que ele compreenda também agora que, apesar de injustas, as vaias do Maracanã acabaram fazendo justiça, se não ao conjunto de sua obra, pelo menos a uma parte dela — a que teima em proteger a impunidade.

terça-feira, 17 de julho de 2007

Sobre os aplausos para a vaia

Tenho recebido diversos comentários sobre as vaias do Maracanã, contra Lula. Uns defendem a interpretação de que houve orquestração da vaia. Outros acham isso bobagem, a vaia teria sido espontânea. Quero me posicionar claramente a respeito.
  1. Acho bastante provável que tenha havido orquestração. A justificativa contra essa posibilidade ("Eu não trabalho na Prefeitura, mesmo assim vaiei") não serve. Orquestrar significa exatamente o uso de uma ou algumas pessoas para conduzir muitos. (Ver a postagem abaixo "César Vaia e os fluxos tardeanos")
  2. O Prefeito do Rio, César Maia, foi o grande beneficiado do momento. (Já houve momentos - não tão grandiosos, mas também importantes - em que ele esteve na situação inversa. Em 98, durante a sua campanha para Governador do Rio de Janeiro, contra Garotinho, ele apareceu em um show gospel montado por seus aliados na Praça da Apoteose e foi vaiadíssimo pela multidão evangélica.)
  3. Mesmo que tenha sido orquestrada, a vaia se fundamentou em sentimentos da população, principalmente da classe média conservadora. Captou a insatisfação com os políticos em geral e com os recentes escândalos (Roriz, Renan, águas profundas) em particular.
  4. Entendo a irritação de Lula, mas ele poderia ter tido um pouco mais de "sangue de barata".
  5. Os desdobramentos políticos da vaia, ao contrário do que se imagina no meio oposicionista, poderá transformar-se em ganho político para Lula. (Sobre isso falarei no futuro.)

César Vaia e os fluxos tardeanos

Em 96, César Maia coordenava a campanha de Luiz Paulo Conde para sua sucessão à Prefeitura do Rio e o adversário era Sérgio Cabral, atual Governador do Rio de Janeiro. Segundo declarou, César Maia estava magoado com Sérgio Cabral, a quem teria ajudado na carreira política e que agora chamava-o de fascistóide. Ele conta em seu livro Política é Ciência (págs. 86-89 ) que certa noite sonhou com Sérgio Cabral e acordou mal. Mas esse sonho ajudou-o em uma de suas espertezas políticas:
Acordei, peguei um carro, junto com um assessor, e fomos para o aeroporto. Aí eu disse: "Sonhei com o Sérgio Cabral e ele dizia: 'César, você está com a razão, vou renunciar, vou sair dessa fria'. Imediatamente eu disse: 'Pegue o celular, liga para o fulano, manda colocar umas 150 pessoas em botequins tomando cafezinhos e dizendo: Eu soube que o Sérgio Cabral vai renunciar. Diz esta frase que é boa'. Dali a três dias alguém veio me dizer: O Serginho vai renunciar, vai renunciar..." (...) Os fluxos tardeanos (referindo-se a conceito do filósofo francês Gabriel Tarde) não são mais do que o boato ou a verdade. Vai contaminando... (...) Fluxos retransmitidos da mesma maneira, por muitas pessoas, acabam contaminando a opinião pública até formarem a opinião pública. (...) Não acredito em formação de opinião pública. Acredito em contaminação de opinião pública, a partir de fluxos individuais.
César Maia sempre soube usar a disseminação de boatos (ou fluxos tardeanos...) como arma política. Não seria difícil para ele espalhar "uma 150 pessoas" para puxar a vaia do Maracanã.

segunda-feira, 16 de julho de 2007

O Pan-Demônio do Senado recomeça

Demos e tucanos vão jogar tudo o que podem nesses dias pré-recesso. Eles estão embalados pela vaia do Maracanã e pela visível repercussão negativa junto à classe média dos bois voadores de Renan e Roriz e das águas profundas da Petrobras. Mais do que tirar Renan da Presidência do Senado, eles querem imprimir imagens negativas em Lula. Acho que não descansarão nem mesmo durante o recesso. Da parte do Governo, é fundamental agir rápido para limpar a má impressão. Provavelmente vai procurar se livrar do "fardo Renan", sem se desligar de sua maioria parlamentar (maioria difícil, dispersa, problemática, mas indispensável). Mais importante será a consolidação do PAC e mais um mergulho de Lula nos braços do povo.

sábado, 14 de julho de 2007

O porque das vaias

Recebi e-mail de Roberto Moraes: "Gadelha, Você como especialista em marketing político e permanentemente atualizado sobre pesquisas de opinião tem muito mais condições de avaliar as vaias à Lula que eu. Ainda assim resolvi arriscar postando a nota abaixo em meu blog: Os Porquês das vaias a Lula". Obrigado pelas palavras, Roberto, e devo dizer que, como você, também "já passei da idade de acreditar em manifestações espontâneas em eventos de grande porte". Não acho que seja um delírio completo ou uma teoria conspiratória a informação de que o Prefeito Cesar Maia (DEM, ex PFL) teria orquestrado tudo (ver postagem "Cesar Vaia?"). Mas tenho também duas considerações. Primeira: apesar de todo o esforço e do imenso investimento feito pelo Governo Federal (e também pelo Governo Estadual), quem melhor soube capitalizar o PAN 2007 foi Cesar Maia. Essa percepção ele conquistou e ninguém tasca. Segunda: praticamente não tinha povão na festa do Maracanã (a não ser, talvez, o "povão" que ganhou ingresso da Prefeitura"...). Com ingressos entre 100 e 250 reais (uns poucos de 20 reais, provavelmente distribuídos gratuitamente), o Maracanã foi ocupado pela classe média-média, média-alta, exatamente onde se concentram os conservadores (cariocas e turistas) anti-Lula e pró-Cesar. A considerar também que, com os escândalos da semana e o barraco do Senado, eles ganharam ainda mais munição.

Cesar Vaia?

Ontem, na festa de inauguração do PAN 2007, no bloco das autoridades (não apenas federais) a indignação era muito grande com a descoberta de que as vaias a Lula teriam sido detalhadamente planejadas pelo Prefeito Cesar Maia (DEM, ex-PFL) do Rio de Janeiro. Segundo informações colhidas, os puxadores das vaias, munidos com os ingressos distribuídos pela Prefeitura, teriam se espalhado por pontos estratégicos do Maracanã.