
quarta-feira, 15 de agosto de 2007
Respeito à dor

sexta-feira, 10 de agosto de 2007
Acidentes aéreos: relação piloto-computador em xeque
Para Kenneth Funk, especialista na interação do homem com os computadores, o alto nível de tecnologia presente atualmente nos aviões, pode levar os pilotos a confiarem nos computadores mais do que deveriam. Funk é professor de Engenharia Industrial e Manufatureira da Universidade Estadual de Oregon, nos Estados Unidos, ele ministra cursos nas áreas de engenharia de fatores humanos, programação de computadores, engenharia industrial e inteligência artificial. Entre os seus campos de estudo está a aviação. Em 1998, ele conduziu um amplo estudo para verificar como a automação das cabines dos aviões está afetando os homens no comando do manche - ou do joystick. Descobriu que os computadores e a sofisticação dos aviões criaram novos desafios para os pilotos. A seguir, trechos da entrevista que Funk concedeu à BBC Brasil: * A automação substituiu funções que antes eram do piloto. O piloto tornou-se um supervisor de sistemas. Ele tem menos funções agora no sentido de controlar o avião de momento a momento. Agora ele programa o computador, determina parâmetros e monitora a automação. * No estágio inicial do nosso estudo havia uma indicação de que alguns pilotos estavam preocupados em se tornar apertadores de botões, mas agora os pilotos que entram na profissão estão familiarizados com computadores e entendem como a parte eletrônica funciona. Eles gostam da função de ser um supervisor de sistema. Os pilotos passaram a aceitar cada vez mais a automação. Mas ainda há uma variação entre os pilotos. Há pilotos que preferem voar manualmente a deixar o computador voar. Mas há outros que se sentem confortáveis em deixar que o computador faça o controle momento a momento. * Sim, pode afetar. Os aviões automatizados podem ser operados manualmente e automaticamente. Algumas companhias aéreas exigem que os pilotos voem manualmente por determinado tempo para manter suas habilidades do vôo manual. Se os pilotos contam muito com a automação ou se não mantêm habilidades manuais, isso pode levar a problemas. Há situações em que a automação falha ou situações em que não é apropriado usar a automação, em que seria mais apropriado voar manualmente. * Encontramos evidências em nosso estudo de que os pilotos podem ficar excessivamente confiantes nos computadores. Quando tudo funciona muito bem, é muito fácil nos tornarmos complacentes. Quando algo incomum acontece, não estamos em um estado de alerta para lidar com a situação rapidamente. Os pilotos são seres humanos. São altamente treinados, motivados e habilidosos, ou não seriam autorizados a voar. Mas são pessoas, e pessoas podem relaxar na vigilância. Na maioria das vezes os erros que resultam disso não são sérios, os próprios pilotos os corrigem, mas às vezes os erros não são identificados e algo de ruim acontece. Se você suspeita que há algo de errado com a automação ou se está ciente do perigo da complacência, então isso pode colocá-lo em um alto estado de alerta, ficando melhor preparado se um problema ocorrer. * As informações contidas nesses estudos, ao redor do mundo, tiveram um impacto positivo especialmente em treinamento, procedimentos e, até certo ponto, em equipamentos. Mas aviões e computadores são caros. O processo de evolução é lento para que ocorram mudanças na cabine do avião. Por ser potencialmente de alto risco, os fabricantes são muito cautelosos para introduzir novidades. * Além do treinamento, a companhia área pode adotar uma política de como o piloto deve usar a automatização. No início do sistema de administração de vôo, algumas empresas esperavam que o piloto usasse o máximo de tempo possível os equipamentos comprados. * Em algumas situações é inapropriado usar a automação em sua total capacidade. Às vezes é mais apropriado voar manualmetne. À medida que os pilotos foram encontrando problemas com a política de total automação, algumas empresas adotaram políticas mais realistas: cabe ao piloto decidir que nível de automação deve ser utilizado e em quais circunstâncias. * O piloto é a pessoa que está no controle. Há também a questão do design dos equipamentos e dos controles e a lógica dos programas. Mas as mudanças nesse sentido levam mais tempo para serem implementadas. * O que é importante em qualquer acidente é que, embora tenha havido um erro que o piloto cometeu que possa ser a causa imediata do acidente, nunca existe apenas uma causa. Existe uma confluência de múltiplos fatores como tempo, equipamento, pressão para chegar no horário, fadiga, treinamento, fatores da própria organização. Apenas um desses fatores não causaria um acidente. Eles ocorrem o tempo inteiro, mas em certas circunstâncias eles se juntam. Foi o que aconteceu no dia 17 de julho em São Paulo. * Seria um erro em qualquer acidente e em qualquer sistema complexo apontar apenas o piloto como a causa do acidente. * O piloto é uma pessoa muito conveniente para se culpar porque geralmente está morto e não pode se defender. Levará meses ou mais de um ano para que as autoridades brasileiras tenham um bom entendimento dos fatores que contribuíram para esse acidente. * Nesse meio tempo, podemos apenas especular sobre o que aconteceu. Mas, em acidentes como esse no passado, muitos fatores convergiram e uma catástrofe ocorreu.
domingo, 5 de agosto de 2007
Pesquisa Datafolha: a inacreditável mídia
48% acham governo bom ou ótimo, mesmo índice de março
Queda se dá apenas entre os mais ricos e os que viajam de avião; economia e Bolsa Família também ajudam a explicar o bom resultado
Entre março e agora, a taxa de ruim/péssimo do governo apenas oscilou, de 14% para 15%. Em outubro passado era maior: 17%.
Entre as explicações para a não-alteração da popularidade do presidente no período estão o fato de que a grande maioria dos brasileiros é pobre (59,5% têm renda familiar mensal de só até três salários mínimos por mês, ou R$ 1.050) e a constatação de que apenas uma minoria viaja de avião (8%).
Além disso, a situação econômica do país permanece boa, com estimativa de crescimento em torno de 4,5% em 2007. O programa Bolsa Família, que atende cerca de 11,1 milhões de famílias, também ajuda a entender a manutenção da alta popularidade de Lula.
Entre os 8% que costumam andar de avião, o percentual dos que consideram o presidente ótimo ou bom é de 29%, ou seja, 19 pontos inferior à media nacional. Os que definem o governo como ruim ou péssimo chegam a 30%, o dobro da média nacional (15%).
Entre os mais ricos, com renda familiar mensal acima de dez mínimos (R$ 3.500), a avaliação do presidente Lula despencou sete pontos entre março e agora. Mas entre os que ganham só até cinco mínimos (R$ 1.750), ela oscilou positivamente dois pontos - dentro da margem de erro do levantamento. Como a maioria dos brasileiros é pobre, a queda da avaliação entre os ricos (a minoria), não chega a afetar os resultados gerais. No Brasil, segundo a pesquisa, apenas 7,5% da população tem renda familiar mensal maior do que R$ 3.500.Há uma coisa elementar em política: as questões imediatas - aquelas que são menos genéricas, que atingem concretamente a população, seja positivamente ou seja negativamente - falam mais alto. E quais são as nossas grandes questões imediatas? A chamada crise aérea é uma delas, claro, mas relacionada apenas à minoria da população. A redução da pobreza é outra e atinge a grande maioria da população brasileira.
Alò, Renan, bem-vindo de volta à crise...
Acidente da TAM: obrigado, Tereza Cruvinel, por concordar com o que este Blog diz desde o começo
A evolução das investigações sobre o acidente com o avião da TAM continua recomendando cuidado com as conclusões precipitadas. Por ter embarcado nelas, acreditando estar diante da chance de dar um golpe mortal no governo Lula, a oposição ficou um tanto zonza, a ponto de seus integrantes nas CPIs da Câmara e no Senado trocarem acusações.(...) Houve o momento em que toda a culpa foi posta na liberação da pista de Congonhas sem a execução do grooving, e/ou no fato de o pouso de ter sido autorizado sob chuva, com a pista escorregadia; e/ou ainda na hipótese de aquaplanagem. Depois o foco mudou para o tripé pilotoempresa-fabricante. O reverso com defeito que voava travado e o suposto erro do piloto ao deixar um dos manetes em posição de aceleração. Crucificado o piloto, veio a possibilidade de o erro não ter sido dele, mas do computador de bordo ao interpretar o comando. E a de ser do fabricante a responsabilidade maior, já que outros dois acidentes aconteceram nas mesmas condições. Se pilotos experientes cometem o mesmo erro nas mesmas condições, é bem possível que os comandos do Airbus e a regra operacional deles induzam facilmente ao erro. Mas vale também lembrar que tudo começou foi com a quebra do reverso, com a decisão da empresa de manter o avião voando, mesmo tendo ele apresentado um defeito na turbina. No pouso com reverso travado, o piloto teria se confundido.
sexta-feira, 3 de agosto de 2007
Pergunta que não quer calar sobre o acidente do Airbus: as empresas aéreas não temiam a ANAC?
Crise aérea: as empresas aéreas fazem tudo para promover Nelson Jobim
quinta-feira, 2 de agosto de 2007
Acidente da TAM: fim das dúvidas
quarta-feira, 1 de agosto de 2007
Acidente da TAM: dessa vez. os Deputados perderam a corrida do vazamento
A caixa-preta do Airbus-A320 da TAM que caiu em São Paulo no dia 17 indica que houve erro do piloto na operação da alavanca de aceleração das turbinas, além de captar o desespero dos pilotos em tentar frear o avião no solo. Embora menos provável, uma pane no computador do avião também não pode ser descartada, isoladamente ou em conjunto com o provável erro humano.
A primeira falha, cuja hipótese havia sido antecipada pela Folha na semana passada, ocorreu pouco antes do pouso, quando o manete de controle do motor direito foi mantido numa posição de aceleração. Deveria estar em ponto morto, como o outro manete.Ao pousar, os sistemas eletrônicos interpretaram esse procedimento como um desejo do piloto de acelerar. As duas turbinas passaram a acelerar automaticamente. Os freios aerodinâmicos não foram acionados. O freio automático dos pneus também não funcionou.Pode ter contribuído para a aceleração anormal um segundo erro: apenas o manete da turbina esquerda foi colocado na posição de reverso máximo. Essa turbina estava com o reversor, equipamento que auxilia a frenagem ao inverter o fluxo de ar na turbina, funcionando -a outra, não.Mesmo com o reversor inoperante na turbina direita, o procedimento correto deveria ter sido colocar ambos os manetes em reverso. Mas o direito permaneceu acelerando, segundo o registro.
Houve outros acidentes semelhantes com o A320 atribuídos a falha do piloto.
Perdendo o controle, o piloto então tentou parar o avião pressionando os dois pedais à sua frente, freando os pneus do trem de pouso. Ao mesmo tempo, com as mãos, segurou o quanto pôde o mecanismo interno que controla a direção da bequilha, a roda da frente do equipamento. Mas as turbinas continuaram a acelerar.
O arquivo de áudio a que a Folha teve acesso revela que o piloto e o co-piloto emitem frases lacônicas, mas importantes.Ao tocar o chão na pista principal de Congonhas, uma voz na cabine diz: "Reverso um apenas". Ou seja, o piloto e o co-piloto sabiam que só um reversor estava operante. Em seguida, outra frase: "Spoiler nada...". Ou seja, os spoilers (freios aerodinâmicos na parte de cima das asas), que abrem automaticamente no pouso, não funcionaram.O tom fica dramático: "Desacelera, desacelera, desacelera!". Aumenta o pânico: "Não dá, não dá, não dá". Por fim, a frase já conhecida: "Vira, vira, vira".
Assim que o Airbus tocou o solo, as duas turbinas voltaram a ser acionadas. Uma delas estava com o reversor acionado (do lado esquerdo) e o fluxo de ar passou a ser invertido, ajudando a frear um pouco o equipamento. Do lado direito, porém, a turbina continuou a aumentar a força, como se o avião tivesse de fazer nova decolagem. Pela tentativa do piloto em "segurar" o avião, é possível que ele tenha adernado à esquerda já no começo do pouso.Sobre a pista de Congonhas, as caixas-pretas ainda não encerram a polêmica. Mas o fato de o piloto ter conseguido manter o avião na pista indica que a aderência não poderia estar muito abaixo do padrão.
terça-feira, 31 de julho de 2007
O "Cansei" já cansou
segunda-feira, 30 de julho de 2007
Acidente da TAM: César Maia versus José Serra
Acidente da TAM: cansei, está na hora de jornalismo sério
Acidente da TAM: a manifestação foi um ato de justa indignação ou teve jogada política?
sábado, 28 de julho de 2007
Cuidado, Jobim, que você está sendo colocado nas alturas...

sexta-feira, 27 de julho de 2007
Nelson Jobim faz plano de vôo para 2010
quinta-feira, 26 de julho de 2007
Acidente da TAM: afinal, a altura do Hotel do Oscar interfere ou não interfere na extensão da pista de Congonhas?
Jobim, defesa da imagem ou do país?
quarta-feira, 25 de julho de 2007
Acidente da TAM: Arnaldo Jabor contra César Maia
terça-feira, 24 de julho de 2007
Para TAM, o lucro está em primeiro lugar
Hoje, sétimo dia após o acidente com o Airbus 320 da TAM, publicamos os sete mandamentos, que são a base da filosofia da empresa.
Estão lá no site da empresa os sete mandamentos da TAM. Veja a lista, reproduzida abaixo, e repare bem qual é o primeiro e mais importante.
1º - Nada substitui o lucro 2º - Em busca do ótimo não se faz o bom 3º - Mais importante que o cliente é a segurança 4º - A maneira mais fácil de ganhar dinheiro é parar de perder 5º - Pense muito antes de agir 6º - A humildade é fundamental 7º - Quem não tem inteligência para criar tem que ter coragem para copiar
Precisa falar mais alguma coisa?
Acidente da TAM: chega de politização
O blog de Marcelo Coelho na Folha Online avisou, dias antes, contra os esforços seguidos de "capitalizar politicamente a tragédia", apesar das evidências de causas conflitantes e, mais provavelmente, múltiplas. A oposição "usa" uma possibilidade, os governistas "comemoram" outra. Ontem foi a vez de Fernando Rodrigues, diante do vaivém no laudo do IPT, postar no blog do UOL que "a guerra política para faturar com a morte de 200 inocentes não pára nem tem limites". E de Helena Chagas, em seu blog no iG, apontar "politização da caixa-preta" nos vazamentos dos dois deputados que a seguem -um da oposição, contra a pista, e outro da situação, contra o avião.
A PISTA, A PISTA O vazamento do deputado da oposição foi destaque por todo lado, mas a manchete que causou espécie foi a do Globo Online, que assumiu a informação, "Caixa-preta mostra que a pista teria contribuído para acidente". Ou ainda, no texto blogueiro de Ricardo Noblat, "a pista contribuiu de algum modo para ocorrer a tragédia". Duas horas depois e o site mudou o enunciado para "Caixa-preta revela que piloto não tentou arremeter", como nos demais sites e portais, com eco por rádio e TV paga.
O AVIÃO, O AVIÃO O UOL foi o único a dar as duas versões. Primeiro, em uma submanchete, "Piloto não tentou arremeter, diz deputado" -o da oposição. Depois, no lugar da anterior, "Falha no computador do Airbus é hipótese investigada, diz deputado" -o da situação.
"ESPECULAÇÃO" Só no fim da tarde surgiu a manchete "Aeronáutica ataca especulação, nega informação sobre caixa-preta", Folha Online e depois vários outros, inclusive Globo Online, com enunciado um pouco diverso. Segundo um brigadeiro, "no grau em que estão as investigações da caixa-preta, não se pode afirmar nada nem especular sobre dados".
SOBERANOS Depois dos três dias de bate-estaca na mesma Globo com a entrevista dos dois pilotos "autorizada pela TAM" -declarando que o problema é pista, não avião- o "SPTV" noticiou que os "pilotos se recusam a pousar". Daí os vôos cancelados, o saguão lotado, as cenas do dia. De sua parte, segundo a Globo, também ontem sobre os cancelamentos, "a TAM disse apenas que é questão de soberania dos pilotos".