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quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Respeito à dor

Folha Se tem alguém que demonstrou dor (além dos parentes das vítimas, claro) com as tragédias aéreas ocorridas recentemente, foi o brigadeiro Jorge Kersul Filho, chefe do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos). Demonstrou competência, coragem e sentimento de dor.

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Acidentes aéreos: relação piloto-computador em xeque

O estágio atual do transporte aéreo, cada vez mais intenso, exige reflexão bem ampla sobre as medidas de segurança. Já se falou sobre a relação cada vez mais complexa entre o piloto e a máquina. E hoje o Plantão Globo traz uma notícia distribuída pela BBC que deve servir de alerta maior. Trata-se de uma entrevista dada por Kenneth Funk, especialista na interação do homem com os computadores, que declara que é "perigoso para pilotos confiar demais no computador". Transcrevo a matéria do Plantão Globo e você pode ler a entrevista completa (onde ele também critica a pressa em se culpar os pilotos por acidentes) clicando aqui.
Para Kenneth Funk, especialista na interação do homem com os computadores, o alto nível de tecnologia presente atualmente nos aviões, pode levar os pilotos a confiarem nos computadores mais do que deveriam. Funk é professor de Engenharia Industrial e Manufatureira da Universidade Estadual de Oregon, nos Estados Unidos, ele ministra cursos nas áreas de engenharia de fatores humanos, programação de computadores, engenharia industrial e inteligência artificial. Entre os seus campos de estudo está a aviação. Em 1998, ele conduziu um amplo estudo para verificar como a automação das cabines dos aviões está afetando os homens no comando do manche - ou do joystick. Descobriu que os computadores e a sofisticação dos aviões criaram novos desafios para os pilotos. A seguir, trechos da entrevista que Funk concedeu à BBC Brasil: * A automação substituiu funções que antes eram do piloto. O piloto tornou-se um supervisor de sistemas. Ele tem menos funções agora no sentido de controlar o avião de momento a momento. Agora ele programa o computador, determina parâmetros e monitora a automação. * No estágio inicial do nosso estudo havia uma indicação de que alguns pilotos estavam preocupados em se tornar apertadores de botões, mas agora os pilotos que entram na profissão estão familiarizados com computadores e entendem como a parte eletrônica funciona. Eles gostam da função de ser um supervisor de sistema. Os pilotos passaram a aceitar cada vez mais a automação. Mas ainda há uma variação entre os pilotos. Há pilotos que preferem voar manualmente a deixar o computador voar. Mas há outros que se sentem confortáveis em deixar que o computador faça o controle momento a momento. * Sim, pode afetar. Os aviões automatizados podem ser operados manualmente e automaticamente. Algumas companhias aéreas exigem que os pilotos voem manualmente por determinado tempo para manter suas habilidades do vôo manual. Se os pilotos contam muito com a automação ou se não mantêm habilidades manuais, isso pode levar a problemas. Há situações em que a automação falha ou situações em que não é apropriado usar a automação, em que seria mais apropriado voar manualmente. * Encontramos evidências em nosso estudo de que os pilotos podem ficar excessivamente confiantes nos computadores. Quando tudo funciona muito bem, é muito fácil nos tornarmos complacentes. Quando algo incomum acontece, não estamos em um estado de alerta para lidar com a situação rapidamente. Os pilotos são seres humanos. São altamente treinados, motivados e habilidosos, ou não seriam autorizados a voar. Mas são pessoas, e pessoas podem relaxar na vigilância. Na maioria das vezes os erros que resultam disso não são sérios, os próprios pilotos os corrigem, mas às vezes os erros não são identificados e algo de ruim acontece. Se você suspeita que há algo de errado com a automação ou se está ciente do perigo da complacência, então isso pode colocá-lo em um alto estado de alerta, ficando melhor preparado se um problema ocorrer. * As informações contidas nesses estudos, ao redor do mundo, tiveram um impacto positivo especialmente em treinamento, procedimentos e, até certo ponto, em equipamentos. Mas aviões e computadores são caros. O processo de evolução é lento para que ocorram mudanças na cabine do avião. Por ser potencialmente de alto risco, os fabricantes são muito cautelosos para introduzir novidades. * Além do treinamento, a companhia área pode adotar uma política de como o piloto deve usar a automatização. No início do sistema de administração de vôo, algumas empresas esperavam que o piloto usasse o máximo de tempo possível os equipamentos comprados. * Em algumas situações é inapropriado usar a automação em sua total capacidade. Às vezes é mais apropriado voar manualmetne. À medida que os pilotos foram encontrando problemas com a política de total automação, algumas empresas adotaram políticas mais realistas: cabe ao piloto decidir que nível de automação deve ser utilizado e em quais circunstâncias. * O piloto é a pessoa que está no controle. Há também a questão do design dos equipamentos e dos controles e a lógica dos programas. Mas as mudanças nesse sentido levam mais tempo para serem implementadas. * O que é importante em qualquer acidente é que, embora tenha havido um erro que o piloto cometeu que possa ser a causa imediata do acidente, nunca existe apenas uma causa. Existe uma confluência de múltiplos fatores como tempo, equipamento, pressão para chegar no horário, fadiga, treinamento, fatores da própria organização. Apenas um desses fatores não causaria um acidente. Eles ocorrem o tempo inteiro, mas em certas circunstâncias eles se juntam. Foi o que aconteceu no dia 17 de julho em São Paulo. * Seria um erro em qualquer acidente e em qualquer sistema complexo apontar apenas o piloto como a causa do acidente. * O piloto é uma pessoa muito conveniente para se culpar porque geralmente está morto e não pode se defender. Levará meses ou mais de um ano para que as autoridades brasileiras tenham um bom entendimento dos fatores que contribuíram para esse acidente. * Nesse meio tempo, podemos apenas especular sobre o que aconteceu. Mas, em acidentes como esse no passado, muitos fatores convergiram e uma catástrofe ocorreu.

domingo, 5 de agosto de 2007

Pesquisa Datafolha: a inacreditável mídia

Eliane Catanhêde escreve hoje na Folha um artigo sobre a mais nova pesquisa Datafolha (realizada nos dias 1 e 2 de agosto, com 2.096 pessoas) mostrando a inabalável aprovação de Lula e o título é "O inacreditável Lula". É um título que já diz tudo. Fala da confusão mental que tomou conta da oposição, de diversos analistas políticos e da mídia diante dos altos índices de aprovação a Lula, apesar de todo o noticiário negativo dos últimos tempos ("Cai avião, sobe avião; vem crise, vai crise; tem vaia, não tem vaia, e algo continua imutável: a popularidade de Lula"). Inacreditável, para mim, é a falta de percepção política da mídia classe média. Vejamos alguns trechos da reportagem da Folha, de Fernando Canzian, explicando o "inexplicável" contido na pesquisa:
48% acham governo bom ou ótimo, mesmo índice de março
Queda se dá apenas entre os mais ricos e os que viajam de avião; economia e Bolsa Família também ajudam a explicar o bom resultado
Entre março e agora, a taxa de ruim/péssimo do governo apenas oscilou, de 14% para 15%. Em outubro passado era maior: 17%.
Entre as explicações para a não-alteração da popularidade do presidente no período estão o fato de que a grande maioria dos brasileiros é pobre (59,5% têm renda familiar mensal de só até três salários mínimos por mês, ou R$ 1.050) e a constatação de que apenas uma minoria viaja de avião (8%).
Além disso, a situação econômica do país permanece boa, com estimativa de crescimento em torno de 4,5% em 2007. O programa Bolsa Família, que atende cerca de 11,1 milhões de famílias, também ajuda a entender a manutenção da alta popularidade de Lula.
Entre os 8% que costumam andar de avião, o percentual dos que consideram o presidente ótimo ou bom é de 29%, ou seja, 19 pontos inferior à media nacional. Os que definem o governo como ruim ou péssimo chegam a 30%, o dobro da média nacional (15%).
Entre os mais ricos, com renda familiar mensal acima de dez mínimos (R$ 3.500), a avaliação do presidente Lula despencou sete pontos entre março e agora. Mas entre os que ganham só até cinco mínimos (R$ 1.750), ela oscilou positivamente dois pontos - dentro da margem de erro do levantamento. Como a maioria dos brasileiros é pobre, a queda da avaliação entre os ricos (a minoria), não chega a afetar os resultados gerais. No Brasil, segundo a pesquisa, apenas 7,5% da população tem renda familiar mensal maior do que R$ 3.500.
Há uma coisa elementar em política: as questões imediatas - aquelas que são menos genéricas, que atingem concretamente a população, seja positivamente ou seja negativamente - falam mais alto. E quais são as nossas grandes questões imediatas? A chamada crise aérea é uma delas, claro, mas relacionada apenas à minoria da população. A redução da pobreza é outra e atinge a grande maioria da população brasileira.

Alò, Renan, bem-vindo de volta à crise...

Acabou o recesso de Renan Calheiros. Seu escândalo particular volta às manchetes e capas de revistas. Aliás, seu escândalo particular (a amante jornalista) já deixou de ser particular há muito tempo. Até mesmo a acusação original (de estar pagando a pensão da filha com propina de empreiteira) já ficou para trás. O fio da ninhada leva a bois, notas frias, grilagem, Schincariol, frigoríficos clandestinos, assaltos e mais um submundo de fatos estranhos. É verdade que Renan foi beneficiado por alguns acontecimentos, além do recesso do Congresso. Ele ficou um tempo esquecido pela oposição e pela mídia graças ao PAN e ao acidente da TAM. A ascensão de Nelson Jobim também pode beneficiá-lo, já que foi um dos principais articuladores de sua campanha pela presidência do PMDB. Mas talvez isso ainda seja pouco. O recesso acabou e a crise aérea começa a perder força como espetáculo. As garras da oposição e da mídia voltam-se inexoravelmente para Renan.

Acidente da TAM: obrigado, Tereza Cruvinel, por concordar com o que este Blog diz desde o começo

Desde o começo foi colocado aqui que a oposição e a grande mídia usaram e abusaram da tragédia do Airbus da TAM com o objetivo de atacar o Governo Lula. Os dias foram passando, as investigações avançando, as caixas-pretas clareando as idéias e o óbvio surgindo: o culpado não foi o grooving. Até o Arnaldo Jabor já tinha se segurado para evitar ataques infundados. Só estava faltando um nome de destaque da grande imprensa de certor modo reconhecer o o uso "oportunista" da tragédia. Na sua coluna de hoje, Manutenção, no Globo, Tereza Cruvinel diz coisas interessantes. Trechos:
A evolução das investigações sobre o acidente com o avião da TAM continua recomendando cuidado com as conclusões precipitadas. Por ter embarcado nelas, acreditando estar diante da chance de dar um golpe mortal no governo Lula, a oposição ficou um tanto zonza, a ponto de seus integrantes nas CPIs da Câmara e no Senado trocarem acusações.(...) Houve o momento em que toda a culpa foi posta na liberação da pista de Congonhas sem a execução do grooving, e/ou no fato de o pouso de ter sido autorizado sob chuva, com a pista escorregadia; e/ou ainda na hipótese de aquaplanagem. Depois o foco mudou para o tripé pilotoempresa-fabricante. O reverso com defeito que voava travado e o suposto erro do piloto ao deixar um dos manetes em posição de aceleração. Crucificado o piloto, veio a possibilidade de o erro não ter sido dele, mas do computador de bordo ao interpretar o comando. E a de ser do fabricante a responsabilidade maior, já que outros dois acidentes aconteceram nas mesmas condições. Se pilotos experientes cometem o mesmo erro nas mesmas condições, é bem possível que os comandos do Airbus e a regra operacional deles induzam facilmente ao erro. Mas vale também lembrar que tudo começou foi com a quebra do reverso, com a decisão da empresa de manter o avião voando, mesmo tendo ele apresentado um defeito na turbina. No pouso com reverso travado, o piloto teria se confundido.

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Pergunta que não quer calar sobre o acidente do Airbus: as empresas aéreas não temiam a ANAC?

Está nos jornais: O item 5 da instrução da Anac, editada em 31 de janeiro de 2007, determinava que, " em caso de pista molhada, a tripulação deve certificar-se de que o avião esteja com todos os sistemas operando, notadamente o reverso". Mas as empresas (TAM) preferiam a saída alternativa do fabricante do Airbus que concede 10 dias para o conserto do reverso. Ora, se precisa de conserto, a alternativa não é segura. Portanto, a instrução da ANAC deveria ser seguida à risca.

Crise aérea: as empresas aéreas fazem tudo para promover Nelson Jobim

Parece combinado. Nelson Jobim toma uma medida de bom senso, e logo as empresas aéreas reagem contra a medida, propondo o reverso (com trocadilho...). É mais uma oportunidade para Nelson Jobim voltar a mídia, rearfirmar o que disse e firmar-se ainda mais como sério, decidido, competente. Se ele diz que vai acaba rcom o hub de Congonhas, as empresas aéreas dizem que não têm aviões suficientes. Se ele decide descentralizar o tráfego aéreo, elas dizem que a passagem vai ficar mais cara. Aí Nelson Jobim aparece para dizer que acima de tudo está a segurança, que se houver preço abusivo Governo vai intervir, etc. Elas estão colaborando intensamente pelo marketing pessoal do Ministro. Se continuar assim, nem precisa contratar consultor de marketing eleitoral...

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Acidente da TAM: fim das dúvidas

Finalmente a mídia chega a uma certeza: ainda é (no mínimo) cedo para se dizer com segurança qual foi a causa principal do acidente com o Airbus da TAM. A mídia ainda vai tentar conviver muito tempo com o tema. Explorando o acidente de forma mórbida e cruel (como fez o Globo de hoje, com a manchete de 1ª página: "Não dá, não dá. Ai, meu Deus"); tentando encontrar um ângulo novo do acidente (como faz a maioria: Folha, "Falha ocorreu 2 segundos antes do pouso"; O Dia, "Airbus da TAM bateu em potência máxima"); voltando-se para a questão política (como faz o Estado de Minas, "CPI confunde mais do que explica o acidente"). A caixa preta não trouxe a resposta que se esperava - trouxe apenas gritos sem sussurros para enriquecerem certo jornalismo marrom. CPI e especialistas ainda povoarão o noticiário por algum tempo. Nelson Jobim encontrará algum meio de ocupar espaço. O caso Renan volta a ganhar corpo. Os ataques a Lula sofrerão um pouco do efeito reverso. Só vai ficar faltando alguém ter a coragem de fazer a principal manchete: "O culpado não foi o grooving".

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Acidente da TAM: dessa vez. os Deputados perderam a corrida do vazamento

A Folha de hoje saiu na frente e divulgou informações sobre o acidente do Airbus da TAM que a CPI do Apagão só terá acesso na sua próxima reunião "secreta". Quem vazou não se sabe. Pode ter sido alguém da Aeronáutica, do Ministério da Defesa, de outro setor do Governo, dos especialistas americanos, do fabricante do Airbus, das empresas aéreas, quem sabe? Uma coisa parece certa: os Deputados não tinham condições de conhecer o conteúdo por dois motivos: 1) os CDs estão lacrados, para primeiro acesso em grupo; 2) O Painel da Folha antecipou a ducha de água fria que haveria na CPI: "Anticlímax. O frissom que tomou conta da CPI do Apagão com os dados das caixas-pretas do Airbus da TAM sofrerá duas duchas de água fria. Os deputados não devem ouvir os diálogos da cabine (o áudio só pode ser aberto com um programa de computador que a CPI não tem). Além disso, a transcrição está em inglês". A questão é: a quem interessava a divulgação antecipada? Seria uma vacina do Governo contra possíveis diatribes dos Deputados? Seria a Infraero tentando provar antes de tudo que a pista não teve culpa? Seria Nelson Jobim tentando evitar holofotes demais realçando os Deputados? Seria a Airbus correndo na frente para fixar a idéia de que foi erro humano, falha dos pilotos? Seria apenas uma questão financeira, alguém querendo ganhar uns trocados na venda da informação em primeira mão? Seja qual for a motivação, não resolveu o principal: as causas ainda não inteiramente determinadas. A reportagem da Folha não traz a palavra final, mesmo porque talvez não haja uma causa única. A única certeza que temos até agora é que, entre as causa possíveis (pista, piloto, TAM, Airbus, etc.), a pista é a que teve menos culpa - se é que teve. Isso mostra ou a incompetência da mídia na pressa em encontrar culpados sem investigação completa ou a competência da mídia em criar uma crise para o Governo Lula. Veja trechos da reportagem da Folha ("Caixa-preta do Airbus indica falha de piloto"):
A caixa-preta do Airbus-A320 da TAM que caiu em São Paulo no dia 17 indica que houve erro do piloto na operação da alavanca de aceleração das turbinas, além de captar o desespero dos pilotos em tentar frear o avião no solo. Embora menos provável, uma pane no computador do avião também não pode ser descartada, isoladamente ou em conjunto com o provável erro humano.

A primeira falha, cuja hipótese havia sido antecipada pela Folha na semana passada, ocorreu pouco antes do pouso, quando o manete de controle do motor direito foi mantido numa posição de aceleração. Deveria estar em ponto morto, como o outro manete.Ao pousar, os sistemas eletrônicos interpretaram esse procedimento como um desejo do piloto de acelerar. As duas turbinas passaram a acelerar automaticamente. Os freios aerodinâmicos não foram acionados. O freio automático dos pneus também não funcionou.Pode ter contribuído para a aceleração anormal um segundo erro: apenas o manete da turbina esquerda foi colocado na posição de reverso máximo. Essa turbina estava com o reversor, equipamento que auxilia a frenagem ao inverter o fluxo de ar na turbina, funcionando -a outra, não.Mesmo com o reversor inoperante na turbina direita, o procedimento correto deveria ter sido colocar ambos os manetes em reverso. Mas o direito permaneceu acelerando, segundo o registro.

Houve outros acidentes semelhantes com o A320 atribuídos a falha do piloto.

Perdendo o controle, o piloto então tentou parar o avião pressionando os dois pedais à sua frente, freando os pneus do trem de pouso. Ao mesmo tempo, com as mãos, segurou o quanto pôde o mecanismo interno que controla a direção da bequilha, a roda da frente do equipamento. Mas as turbinas continuaram a acelerar.

O arquivo de áudio a que a Folha teve acesso revela que o piloto e o co-piloto emitem frases lacônicas, mas importantes.Ao tocar o chão na pista principal de Congonhas, uma voz na cabine diz: "Reverso um apenas". Ou seja, o piloto e o co-piloto sabiam que só um reversor estava operante. Em seguida, outra frase: "Spoiler nada...". Ou seja, os spoilers (freios aerodinâmicos na parte de cima das asas), que abrem automaticamente no pouso, não funcionaram.O tom fica dramático: "Desacelera, desacelera, desacelera!". Aumenta o pânico: "Não dá, não dá, não dá". Por fim, a frase já conhecida: "Vira, vira, vira".

Assim que o Airbus tocou o solo, as duas turbinas voltaram a ser acionadas. Uma delas estava com o reversor acionado (do lado esquerdo) e o fluxo de ar passou a ser invertido, ajudando a frear um pouco o equipamento. Do lado direito, porém, a turbina continuou a aumentar a força, como se o avião tivesse de fazer nova decolagem. Pela tentativa do piloto em "segurar" o avião, é possível que ele tenha adernado à esquerda já no começo do pouso.Sobre a pista de Congonhas, as caixas-pretas ainda não encerram a polêmica. Mas o fato de o piloto ter conseguido manter o avião na pista indica que a aderência não poderia estar muito abaixo do padrão.

terça-feira, 31 de julho de 2007

O "Cansei" já cansou

O movimento anti-Lula chamado "Cansei" fez jus ao nome. "Veio, ninguém viu e cansou". Reuniu mais espaço na mídia do que pessoas. Tentou decolar com os parentes das vítimas do acidente da TAM, mas faltou pista. Ou melhor, sobrou pista, faltou gente. A caminhada, dizem eles, tinha 6.000. Mas um comentário aqui do Blog fala em bem menos:"quem esteve lá sabe que não passavam de umas 800 pessoas, somando os funcionários do estado e da prefeitura que apareceram depois da passeata começar, com não mais que 200 gatos pingados". A Reportagem de Bob Fernandes, ontem, no site Terra, fala assim: "Domingo, 11 da manhã. Com duas mil pessoas, a passeata convocada pelos movimentos "Cansei" e "Cria" (Cidadão, Responsável, Informado e Atuante) chega à avenida 23 de Maio. O coro "Fora Lula" já deu o tom à caminhada. A alguns quilômetros dali, abraçado e beijado por populares e tendo a seu lado o senador Marco Maciel (DEM-PE), o ex-governador de São Paulo Cláudio Lembo assiste à missa na Catedral da Sé". A frase de Cláudio Lembo faz o título da reportagem: "Cansei" é termo de dondocas enfadadas". A propósito do "Cansei" (e outros cansaços...), Jânio de Freitas escreve hoje na Folha: Cansei de "basta!" O que mais deseja a riqueza do país, além das condições inigualáveis que o governo Lula lhe proporcionou? Sobre a mistura do movimento com parentes das vítimas, disse Lembo na sua entrevista ao Terra: "a utilização de um movimento natural e de motivos nobres por movimentos e atividades com claro objetivo político ainda que tentem escondê-lo ou apesar de o negarem, e isso não é bom (...) porque as vítimas, os familiares, os acidentes comoveram o Brasil e produziram, inclusive na sociedade, uma dor imensa, enquanto o movimento de Campos do Jordão o que quer é ter espaço na mídia etc. (...) um dos organizadores centrais, senão o principal, ao menos no início (...) o empresário João Doria Jr., ao que li e acompanhei nas últimas semanas, há pouco dedicava-se a um desfile de cãezinhos de madames em Campos do Jordão". Cansei? Tenha Dó...ria!

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Acidente da TAM: César Maia versus José Serra

No seu Ex-Blog de hoje, o Prefeito do Rio, César Maia (DEM, ex-PFL), resolveu levantar a bandeira do "anti-paulicentrismo". Citou Vargas, mencionou JK, Afonso Pena, Prudente de Morais, Campos Sales, Rodrigues Alves, Washington Luís, Julio Prestes e Bernardino Campos, e ainda parafraseou Otto Lara Resende para concluir que "a elite paulista não é solidária nem na tragédia!" Trouxe de volta até a "bucha" (organização de estilo maçônico, - criada no séc 19 - dos alunos da escola de direito do Largo de São Francisco, nos moldes alemães). Tudo para protestar contra a posição do Governador de São Paulo, José Serra (PSDB) na questão aérea. César Maia acusa Serra de estar lutando contra a descentralização das operações aéreas (o centro é São Paulo) e com isso fazer o jogo das empresas aéreas, mais interessadas em economia de escala do que na segurança dos passageiros ("Lixe-se a segurança do vôo e dos passageiros. Lixem-se todos, e que as empresas aéreas se lambuzem com esta economia de escala."). César Maia defende - com propriedade - a descentralização para aeroportos do Rio, Belo Horizonte, Salvador e (se der) Brasília, "antes que a próxima tragédia surja nos jornais e afete a todos - mais próximos ou menos próximos das futuras vitimas". Sua defesa da descentralização faz sentido, é por uma boa causa - a da maior segurança nos vôos. Mas duvido que não haja uma boa dose de política, um plano para os próximos vôos eleitorais.

Acidente da TAM: cansei, está na hora de jornalismo sério

O noticiário sobre a tragédia do Airbus da TAM até agora foi um verdadeiro descalabro. O caos informativo começou com a certeza de que a causa do acidente teria sido a aquaplanagem na pista de Congonhas que, por sua vez, teria sido liberada irresponsavelmente pelo Governo Lula, causador também de um suposto apagão aéreo. Com o fim da culpa do tal do grooving, seguiu-se uma sucessão de trocas de causas e efeitos insuportáveis e irresponsáveis. A caixa-preta virou uma caixinha de surpresas. Todo mundo tira dela uma informação nova e exclusiva, reveladora da verdadeira causa do acidente. Mas na maioria dos casos o que se tem é uma campanha política que usa a dor das famílias das vítimas como escada para tentar atingir mortalmente o Governo Lula. A investigação jornalística é importantíssima, é da natureza da profissão. Mas ela tem que ser profunda. Ousada, mas bem fundamentada. Caso contrário, trata-se apenas de manipulação jornalística. O momento crítico exige mais seriedade do que nunca. O culpado foi o piloto, foi a pista, foi a TAM, foi a Infraero, foi a Airbus, foi a relação homem-máquina, foi a soma de tudo isso? Daqui a pouco vamos saber com certeza. Duvido que não se chegue a uma resposta precisa, esclarecedora. Queremos saber o certo para que haja uma solução capaz de evitar outras tragédias. Até o Arnaldo Jabor já percebeu que não temos que achar um culpado a qualquer custo. Está na hora de sair das nuvens e pôs os pés no chão. Com toda segurança.

Acidente da TAM: a manifestação foi um ato de justa indignação ou teve jogada política?

Ontem, entre 5.000 e 6.000 (dados dos organizadores, Defesa Civil e Guarda Civil Metropolitana) fizeram caminhada do Ibirapuera ao ao prédio da TAM Express, em São Paulo, em protesto contra a tragédia do Airbus da TAM. Com certeza, começou como um protesto justo, movido pela dor dos parentes das vítimas. Mas tá na cara que houve manipulação. Um dos que participava do comando era Floriano Pesaro, secretário de Assistência e Desenvolvimento Social do governo Kassab (DEM, ex-PFL). Segundo a Folha, ele contou que estava lá, discursando em cima do caminhão que conduzia a passeata, como integrante do Cria (Cidadão, Responsável, Informado e Atuante) Brasil e como "paulistano indignado". "Essa passeata é apartidária", disse Floriano. "Viajo de avião com freqüência. Estamos sujeitos a pegar um vôo e não voltar para casa. Não vamos mais tolerar a inércia do Estado. Vamos protestar, entrar na Justiça." Difícil acreditar no apartidarismo. Parece que foi mesmo coisa de Demos com bicadas Tucanas...

sábado, 28 de julho de 2007

Cuidado, Jobim, que você está sendo colocado nas alturas...

Folha Nelson Jobim soube ocupar muito bem os espaços nos seus primeiros dias como Ministro da Defesa. Chamou para ele o acidente da TAM e todos os problemas de gestão do setor aéreo. Visitou o Aeroporto de Congonhas, conversou com os tucanos, antecipou medidas, ameaçou trocar o segundo escalão do setor, deu entrevistas, falou e disse, mostrou que está no comando. Tudo muito bom. Tirou Lula do foco, aliviou as tensões, saciou parte das hordas sangrentas da classe média. Só precisa ter cuidado com a dosagem. Outro dia, um amigo meu, jornalista, falou para a mulher, também jornalista, que começava a achar que Nelson Jobim estava falando demais (Vejam só: com apenas dois dias de nomeação!). Talvez esse seja o risco: quando alguém é colocado demais nas alturas, o tombo pode ser maior. E é bom não esquecer que quem está do outro lado, no comando da oposição, são figuras como César Maia, Serra, a grande mídia e muitos outros de olho em 2010. É verdade que quem vê de cima vê melhor (do filme "Por um punhado de dólares") - mas também é melhor visto...

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Nelson Jobim faz plano de vôo para 2010

Quando um político diz "minha mulher não deixa" quer dizer "não penso em outra coisa". E a idéia de candidatura à Presidência da República com certeza já sobrevoa a cabeça de Nelson Jobim há muito tempo. A alta exposição positiva que teve como Presidente do STF dava margem a pensar nessa direção. A tentativa de presidir o PMDB seguia nesse rumo, mas a derrota para Michel Temer mostrou fragilidade política e abortou a decolagem mais ousada. Agora uma nova chance pousou perfeitamente em seu colo. Primeiro, claro, ele terá o que resolver a chamada crise aérea. O que não é difícil. Na guerra das percepções, ele já conseguiu passar muito bem a imagem de "salvador da Pátria". Postura austera, mostrando decisões, comando, disposição para análise e carta branca para mudar o que for preciso. Já conquistou a mídia, está agradando a classe média e até calou a oposição. As condições climáticas estão favoráveis. Mas é claro que ainda existe muita pista pela frente. O mau tempo começará a surgir exatamente entre seus amigos Serra e Fernando Henrique, que verão no seu nome turbulência para os vôos tucanos. Da mesma forma, César Maia e seus "demos" não gostarão de ver seus eleitores conservadores embarcando nessa viagem. O céu nordestino também não será de Brigadeiro. Ciro Gomes vai ligar os sinais de alerta, claro. E o próprio povo nordestino pode se mostrar arredio ao ar imperial de Nelson Jobim que agrada tanto em regiões sulistas. Dois fatores vão contribuir para que Nelson Jobim mantenha as turbinas ligadas: o fato de finalmente o PMDB ter um nome próprio forte para concorrer à Presidência e o seu trânsito fácil no terreno petista, a começar por Lula, Mercadante, Tarso e até, quem sabe, José Dirceu. Mas, como já disse, ainda existe muita pista pela frente e Jobim terá que ter mais combustível para alçar vôo com segurança.

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Acidente da TAM: afinal, a altura do Hotel do Oscar interfere ou não interfere na extensão da pista de Congonhas?

Todos nós vimos no Fantástico, e até já falei aqui no Blog, que o Oscar's Hotel, que teve sua construção autorizada no ano 2000, contribui para reduzir em 130 metros a extensão da pista do Aeroporto de Congonhas. Agora, acertadamente e espertamente, o Prefeito Kassab decidiu interditar o prédio. O empresário Oscar Marone, claro, está chiando e acusando os governos de incompetência. O Prefeito retruca, diz que o empresário enganou a Aeronáutica, dizendo que ia construir um edifício de escritórios e fez um edifício de flats residenciais. A jornalista da sala ao lado não resiste e solta o berro: E DAÍ??!!! QUE DIFERENÇA FAZ PRA EXTENSÃO DA PISTA???!!! Realmente, não faz sentido. Se é de escritórios ou de flats a altura é a mesma. E a construção deveria ter sido proibida em primeiríssimo lugar pela altura, não por causa do "zoneamento de ruído". Leia a reportagem completa no G1 e aproveite para ver a foto do docinho do empresário.

Jobim, defesa da imagem ou do país?

Na sua luta quase ensandecida contra Lula, o Prefeito César Maia, do Rio de Janeiro, escreve hoje no seu Ex-Blog que Nelson Jobim é o "ministro da defesa da imagem do governo". Trocadilho à parte, ele está certo. Em política, a guerra de percepções é travada incessantemente e nós todos somos testemunhas dos ataques violentos que são feitos para destruir a imagem de Lula. Isso acontecia mesmo antes de sua eleição, mas intensificou-se em 2005. Teve o mensalão, que não deu certo. Tivemos vários escândalos, fabricados ou não, que tentou-se atribuir a Lula, mas também não deu certo. Teve a queda do avião da Gol e a crise dos controladores que já estavam quase sendo abandonadas como arma política, trocadas pelo caso Renan. Com o recesso, Renan ganhou sobrevida. Tentou-se a vaia do PAN, logo desmascarada. Mas para a felicidade geral da não-Nação, veio a tragédia da TAM. O primeiro movimento dos abutres de ocasião foi no sentido de culpar a pista do Aeroporto de Congonhas e, por tabela, a Infraero e, por tabela, Lula. Viu-se logo que não era bem assim, mas não importava. O sofrimento das 200 famílias passou a ganhar corpo como culpa de Lula. E o país passou a viver os efeitos dessa batalha. Como qualquer batalha real, digo, dessas que são vistas no Iraque, na Palestina ou no Complexo do Alemão, a batalha das percepções pode ser algo cruel, de baixarias, insensível, completamente desprovida de bom senso. É uma batalha assim que estava (está) em marcha, com vantagem momentânea para os degradadores. Trata-se de uma situação que abala qualquer governo, mas abala principalmente o país. Ao mover as peças em defesa de sua imagem, o Governo Lula também procura defender o país. A retomada do clima de serenidade é fundamental para todos nós. Não queremos dizer que não deva haver o embate político, com batalhas de percepções renhidas. Mas não se pode ficar eternamente na "batalha pela batalha" ou no "quanto pior melhor". Pessoalmente, não tenho nada nem a favor nem contra Nelson Jobim. Apenas penso que ele foi a melhor escolha de Lula em defesa de sua imagem (nisso, César Maia concorda) e também em favor do país (isso os César Maia não querem aceitar).

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Acidente da TAM: Arnaldo Jabor contra César Maia

O Arnaldo Jabor, todo mundo conhece, é aquele intelectual polêmico, que gosta principalmente de falar mal de alguém ou de alguma coisa. Pessoalmente, acho muito chato, mas, queira-se ou não, tem um trabalho respeitável no meio intelectual. Seu tucanismo é forte, mas o mais forte nele é ser do contra. Hoje, na CBN, ele tomou uma posição louvável. Disse que é um momento de trégua, em nome do Brasil. Foi motivado, disse ele, se me lembro bem, pelas palavras do Brigadeiro que falou que não há apenas uma causa para o acidente da TAM, mas, sim, que há vários fatores que podem ter contribuído para a tragédia. Não se deve buscar um culpado, mas um conjunto de fatores. Segundo Jabor, não é o caso de se culpar Lula por tudo, nem é o caso de Lula achar que a imprensa está errada em tudo. Perfeito. O país precisa dessa postura. Ao contrário do que pensa César Maia, que não passa um único segundo sem tentar politizar a tragédia. Hoje no seu Ex-Blog ele relembra a crise do mensalão e lamenta mais uma vez que a Oposição, na época, tenha diminuído os ataques e perdido a oportunidade de liquidar Lula. No momento, ele continua loucamente em busca de destruir Lula junto com o Airbus da TAM. Tudo bem que ele é político e, por isso, não consegue fazer outra coisa além de política. Mas isso não dá o direito de brincar com a dor alheia. Essa velha prática do "quanto pior melhor" não faz bem ao país.

terça-feira, 24 de julho de 2007

Para TAM, o lucro está em primeiro lugar

Deu no Blog do Mello:
Hoje, sétimo dia após o acidente com o Airbus 320 da TAM, publicamos os sete mandamentos, que são a base da filosofia da empresa.
Estão lá no site da empresa os sete mandamentos da TAM. Veja a lista, reproduzida abaixo, e repare bem qual é o primeiro e mais importante.
1º - Nada substitui o lucro 2º - Em busca do ótimo não se faz o bom 3º - Mais importante que o cliente é a segurança 4º - A maneira mais fácil de ganhar dinheiro é parar de perder 5º - Pense muito antes de agir 6º - A humildade é fundamental 7º - Quem não tem inteligência para criar tem que ter coragem para copiar
Precisa falar mais alguma coisa?

Acidente da TAM: chega de politização

A politização da tragégia com o Airbus da TAM chegou a extremos. Não é que eu seja contra as análises politicas dessas situações. Mas não dá para fantasiar, forçar a barra, simular "fatos". Tudo começou pelo desejo de crucificar o Governo Lula, utilizando-se para isso da pista sem grooving. Depois, como viram que essa "causa" não se sustentava, transformaram a justa indignação de Marco Aurélio Garcia em comemoração anti-vítimas. Deputados da CPI, que foram aos Estados Unidos fazer não sei bem o que, deram depoimentos sobre o conteúdo da caixa-preta que nem tinha sido aberta ainda. E agora César Maia, no seu Ex-Blog inventou uma história de que o defeito no reverso é coisa do Governo e que o Marco Aurélio Garcia, na hora do famoso top-top, já sabia disso. Alguém tem que ter mais respeito à dor das famílias das vítimas, à dor de toda a população e a um mínimo de inteligência do ser humano. Parem com essa brincadeira de mau gosto, que parece não ter fim. Na sua coluna Toda a Mídia, na Folha, Nelson de Sá relata algumas dessas maluquices que percorrem a mídia (transcrevo trechos mais abaixo). Também na Folha, há bom senso nas críticas de Adyr da Silva, presidente da Associação Brasileira de Direito Aeronáutico e Espacial e do Instituto do Transporte Aéreo do Brasil, chefe permanente do Brasil na Organização da Aviação Civil Internacional e professor da Universidade de Brasília, ex-presidente da Infraero (1995-98), ex-diretor-geral do Centro Tecnológico Aeroespacial (1991-92) e ex-diretor do extinto Departamento de Aviação Civil (1987-91). Trecho de Toda a Mídia:
O blog de Marcelo Coelho na Folha Online avisou, dias antes, contra os esforços seguidos de "capitalizar politicamente a tragédia", apesar das evidências de causas conflitantes e, mais provavelmente, múltiplas. A oposição "usa" uma possibilidade, os governistas "comemoram" outra. Ontem foi a vez de Fernando Rodrigues, diante do vaivém no laudo do IPT, postar no blog do UOL que "a guerra política para faturar com a morte de 200 inocentes não pára nem tem limites". E de Helena Chagas, em seu blog no iG, apontar "politização da caixa-preta" nos vazamentos dos dois deputados que a seguem -um da oposição, contra a pista, e outro da situação, contra o avião.
A PISTA, A PISTA O vazamento do deputado da oposição foi destaque por todo lado, mas a manchete que causou espécie foi a do Globo Online, que assumiu a informação, "Caixa-preta mostra que a pista teria contribuído para acidente". Ou ainda, no texto blogueiro de Ricardo Noblat, "a pista contribuiu de algum modo para ocorrer a tragédia". Duas horas depois e o site mudou o enunciado para "Caixa-preta revela que piloto não tentou arremeter", como nos demais sites e portais, com eco por rádio e TV paga.
O AVIÃO, O AVIÃO O UOL foi o único a dar as duas versões. Primeiro, em uma submanchete, "Piloto não tentou arremeter, diz deputado" -o da oposição. Depois, no lugar da anterior, "Falha no computador do Airbus é hipótese investigada, diz deputado" -o da situação.
"ESPECULAÇÃO" Só no fim da tarde surgiu a manchete "Aeronáutica ataca especulação, nega informação sobre caixa-preta", Folha Online e depois vários outros, inclusive Globo Online, com enunciado um pouco diverso. Segundo um brigadeiro, "no grau em que estão as investigações da caixa-preta, não se pode afirmar nada nem especular sobre dados".
SOBERANOS Depois dos três dias de bate-estaca na mesma Globo com a entrevista dos dois pilotos "autorizada pela TAM" -declarando que o problema é pista, não avião- o "SPTV" noticiou que os "pilotos se recusam a pousar". Daí os vôos cancelados, o saguão lotado, as cenas do dia. De sua parte, segundo a Globo, também ontem sobre os cancelamentos, "a TAM disse apenas que é questão de soberania dos pilotos".