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domingo, 18 de abril de 2010

Eleições 2010: pesquisa sem margem de erro

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O diálogo acima faz parte da boa reportagem, "Progresso varia entre os pobres do Nordeste", do enviado especial da Folha a Pernambuco, Fernando Canzian. Às vezes parece que há intenção de desqualificar o Bolsa-Família por não ter atingido 100% do seu objetivo na educação, mas acaba mostrando que de um modo ou de outro é um programa fundamental para o povo mais pobre. E reflete muito bem as razões do favoritismo da candidatura apoiada por Lula. Essa "pesquisa" in loco não se abala com jogos de amostragem ou alteração de cenário, aqui a margem de erro é zero. E é por essas e outras que os institutos de pesquisa não gostam de testar a transferência de voto de Lula para Dilma, associando os dois nomes no questionário. Vejam o texto completo:

Progresso varia entre os pobres do Nordeste 
A família de Sueli Dumont é beneficiária do Bolsa Família desde 2005, quando a reportagem da Folha passou a acompanhar todos os anos algumas das famílias atendidas pelo programa no Nordeste.
Em 2005, o núcleo familiar dos Dumont era composto de 10 pessoas. Em 2008, passou a 13. Na última visita, no início deste mês, eram 17.
Todos vivem em uma favela, o Suvaco da Cobra, na periferia de Jaboatão dos Guararapes, vizinha a Recife. Uma semana antes da visita da Folha, houve três assassinatos no local.
Há poucos anos, as quatro filhas maiores de Sueli (Kássia, Késsia, Rafaela e Priscila) garantiam, na adolescência e durante a idade escolar, o recebimento do benefício pela mãe.
Ainda adolescentes, engravidaram. As quatro têm juntas hoje sete filhos. Antes de se tornarem mães, receberam dinheiro federal para participar do programa Agente Jovem.
Fizeram cursos de bordado e cabeleireira. Hoje, nenhuma delas trabalha. Mas três das quatro já passaram a receber R$ 90 cada do Bolsa Família.
A própria matriarca Sueli ainda é beneficiária. Aos 37 anos, tem quatro filhos com idades entre cinco e 15 anos. Diz receber R$ 134 por mês.
No clã dos Dumont, apenas o marido de Sueli trabalha com alguma frequência, como carroceiro. Sueli trabalhava sem registro em um lixão. Teve de parar por causa de uma incômoda doença de pele que faz partes do corpo "descascar".
No dia a dia, os Dumont vivem amontoados em três barracos. Em 2005 era uma moradia, em um terreno mínimo. Com o aumento da família, ficou tudo mais apertado.
"Tem hora que gostaria de estar morando no meio do mato, só com bicho em volta, em silêncio", queixa-se Sueli.
A poucos metros da casa de Sueli, uma experiência um tanto mais bem sucedida, até aqui.
A família de Pedro Silva e Micinéia Santos, com três filhos, avança devagar, mas de forma consistente. Luan, 11 e Alan, 10, estão na escola desde que a Folha passou a visitá-los nos últimos anos. A pequena Vanessa, 8, entrou mais recentemente.
A cada visita, a reportagem fez um ditado para as crianças e pediu para que lessem um texto. O progresso foi grande, assim como tem sido, desde o início, a atenção dos pais com a escola (que a Folha conheceu).
A maior parte das visitas ao Suvaco da Cobra ocorreu pouco antes das crianças irem para a aula. É a mãe quem supervisiona o banho, o almoço e quem as leva ao colégio. Mas é Pedro, 60, quem normalmente cobra a lição e os estudos.
Micinéia também é beneficiária do Bolsa Família (R$ 134 ao mês) por conta das crianças. Mas, finalmente, depois de anos solicitando uma pensão por invalidez, Pedro (que teve o braço direito praticamente inutilizado em um acidente) agora recebe um salário mínimo por mês do INSS.
Ele diz que ainda "não gravou" o nome dos candidatos à sucessão. Mas também achava que Lula poderia ser candidato. "Meu candidato será o do governo", diz.
Cerca de 14% dos eleitores, a maioria no Nordeste, segundo o Datafolha, dizem querer votar em alguém apoiado por Lula, mas ainda não sabem que Dilma é candidata.

Metas do programa
Para Lúcia Modesto, secretária nacional de Renda e Cidadania do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, vários aspectos do Bolsa Família têm sido "incrementados" nos últimos anos.
Mas ela admite que "os avanços não são suficientes" no programa, que saltou de um atendimento de 3,6 milhões de famílias em 2003 para 12,3 milhões no final de 2009.
Uma das principais metas do Bolsa Família é atingir 100% no monitoramento da frequência escolar e nos postos de saúde entre os beneficiários.
Há ainda a meta de ampliar o programa Próximo Passo, para capacitação profissional de jovens. Lúcia admite que, em muitos casos, o Agente Jovem acabou funcionando mais como "terapia ocupacional" do que como treinamento.
"Mas o Bolsa Família tem, indiscutivelmente, um poderoso impacto sobre a pobreza extrema", diz.

domingo, 16 de dezembro de 2007

Datafolha: 20 milhões saem da faixa de pobreza

A pesquisa Datafolha publicada hoje pela Folha mostra um fato incontestável: o Governo Lula tem trabalhado eficientemente pela redução da miséria em nosso país. Nesse sentido, não há como não apoiá-lo, independente das preferências partidárias. Claro que há alguns setores que podem se sentir prejudicados, certamente pertencentes às faixas sócio-econômicas privilegiadas. Mas é bom que se saiba que, mais adiante, a redução da pobreza beneficia a todos. Minimiza-se uma das causas apontadas pela violência, por exemplo. O setor produtivo cresce, os salários aumentam, as riquezas se distribuem melhor. Queremos que essa política - com ou sem CPMF - possa se intensificar, porque está na cara que ela está sendo boa para o Brasil. Veja a reportagem de Fernando Canzian:
Crescimento tira milhões das classes D e E. Cerca de 20 milhões entram na classe C em 5 anos, aponta Datafolha; movimento intensifica-se nos últimos 17 meses. Movimento sugere que, num primeiro momento, programas sociais elevavam padrão de vida; hoje, impulso vem da expansão econômica.
Nos últimos cinco anos e com forte aceleração a partir de meados de 2006, cerca de 20 milhões de brasileiros com mais de 16 anos migraram para a classe C. Eles vieram, em sua grande maioria, da classe D/E. Nos três primeiros anos e seis meses de governo Lula (janeiro de 2003 a junho de 2006), apenas 6 milhões de pessoas fizeram essa transição. Já nos últimos 17 meses (julho de 2006 a novembro passado), que coincidem com um período de recuperação mais robusta da economia, a travessia da classe D/E para a C envolveu cerca de 14 milhões de brasileiros. Os números são resultado de pesquisas Datafolha realizadas em três momentos: outubro de 2002 (pouco antes da posse de Lula), junho de 2006 e no final de novembro passado. Nos últimos cinco anos, a classe D/E encolheu de 46% do total da população para 26%. Já a C cresceu de 32% para 49%, reunindo hoje quase a metade dos eleitores do país -125 milhões de pessoas com mais de 16 anos. A classe A/B manteve-se praticamente estável. Seu tamanho oscilou de 20% para 23% do total da população. Para o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, "o movimento de ascensão da classe D/E deve continuar, muito apoiado na ampliação da oferta de crédito no comércio e no crescimento econômico". A classificação econômica usando as classes A/B, C e D/E é comum no mercado publicitário e entre as empresas. Ela visa segmentar o mercado levando em conta o poder aquisitivo. É obtida a partir da verificação de itens de consumo e seu número no domicílio dos entrevistados. Apura ainda o grau de instrução do chefe de família e se há empregado doméstico na residência. Esse tipo de classificação não reflete, necessariamente, uma melhora estrutural nas condições de vida do entrevistado. A aceleração da transição de membros da classe D/E para a C sugere que, se em um primeiro momento foram os programas sociais e previdenciários os responsáveis pela melhora de vida dos mais pobres, agora é o crescimento econômico que empurra os brasileiros para uma situação mais confortável. O PIB (Produto Interno Bruto) do país poderá crescer acima de 5% em 2007, sustentado por aumentos sucessivos no consumo, na produção, nos investimentos e na renda e com queda no desemprego. O maior número de pessoas que passaram a ter melhora econômica e mais acesso a bens e produtos pertence a famílias com renda de até dois salários mínimos (R$ 760). Nessa faixa de renda, os indicadores que classificam a classe D/E encolheram, nos últimos cinco anos, de 80% do total para 49%. Já a classe C cresceu de 16% para 45%. "Há um novo mercado interno sendo criado pela melhora na situação dos mais pobres. E a desigualdade cai visivelmente com o crescimento mais robusto da economia", afirma o economista Antonio Delfim Netto. Em termos regionais, a passagem da classe D/E para a C foi mais acentuada no interior do que nas regiões metropolitanas e maior no Nordeste, no Norte e no Centro-Oeste. Nessas regiões, os impactos do crescimento tendem a ser mais fortes, dado o número de pobres que concentram. No Sul, onde os programas sociais têm menor penetração, foi pequena a migração das classes D/E para a C nos três anos e seis meses iniciais de governo Lula. Mas, nos 17 meses seguintes, ela veio com força (a classe D/E encolheu de 30% para 18%), coincidindo com a recuperação do predominante setor agrícola na região. Nos Estados mais ricos do Sudeste, o encolhimento da classe D/E foi de 35% para 17%. Hoje, mais da metade (51%) da população da região pertence à classe C. Outros 31% estão na classe A/B.

domingo, 5 de agosto de 2007

Pesquisa Datafolha: a inacreditável mídia

Eliane Catanhêde escreve hoje na Folha um artigo sobre a mais nova pesquisa Datafolha (realizada nos dias 1 e 2 de agosto, com 2.096 pessoas) mostrando a inabalável aprovação de Lula e o título é "O inacreditável Lula". É um título que já diz tudo. Fala da confusão mental que tomou conta da oposição, de diversos analistas políticos e da mídia diante dos altos índices de aprovação a Lula, apesar de todo o noticiário negativo dos últimos tempos ("Cai avião, sobe avião; vem crise, vai crise; tem vaia, não tem vaia, e algo continua imutável: a popularidade de Lula"). Inacreditável, para mim, é a falta de percepção política da mídia classe média. Vejamos alguns trechos da reportagem da Folha, de Fernando Canzian, explicando o "inexplicável" contido na pesquisa:
48% acham governo bom ou ótimo, mesmo índice de março
Queda se dá apenas entre os mais ricos e os que viajam de avião; economia e Bolsa Família também ajudam a explicar o bom resultado
Entre março e agora, a taxa de ruim/péssimo do governo apenas oscilou, de 14% para 15%. Em outubro passado era maior: 17%.
Entre as explicações para a não-alteração da popularidade do presidente no período estão o fato de que a grande maioria dos brasileiros é pobre (59,5% têm renda familiar mensal de só até três salários mínimos por mês, ou R$ 1.050) e a constatação de que apenas uma minoria viaja de avião (8%).
Além disso, a situação econômica do país permanece boa, com estimativa de crescimento em torno de 4,5% em 2007. O programa Bolsa Família, que atende cerca de 11,1 milhões de famílias, também ajuda a entender a manutenção da alta popularidade de Lula.
Entre os 8% que costumam andar de avião, o percentual dos que consideram o presidente ótimo ou bom é de 29%, ou seja, 19 pontos inferior à media nacional. Os que definem o governo como ruim ou péssimo chegam a 30%, o dobro da média nacional (15%).
Entre os mais ricos, com renda familiar mensal acima de dez mínimos (R$ 3.500), a avaliação do presidente Lula despencou sete pontos entre março e agora. Mas entre os que ganham só até cinco mínimos (R$ 1.750), ela oscilou positivamente dois pontos - dentro da margem de erro do levantamento. Como a maioria dos brasileiros é pobre, a queda da avaliação entre os ricos (a minoria), não chega a afetar os resultados gerais. No Brasil, segundo a pesquisa, apenas 7,5% da população tem renda familiar mensal maior do que R$ 3.500.
Há uma coisa elementar em política: as questões imediatas - aquelas que são menos genéricas, que atingem concretamente a população, seja positivamente ou seja negativamente - falam mais alto. E quais são as nossas grandes questões imediatas? A chamada crise aérea é uma delas, claro, mas relacionada apenas à minoria da população. A redução da pobreza é outra e atinge a grande maioria da população brasileira.