terça-feira, 24 de julho de 2007

Acidente da TAM: chega de politização

A politização da tragégia com o Airbus da TAM chegou a extremos. Não é que eu seja contra as análises politicas dessas situações. Mas não dá para fantasiar, forçar a barra, simular "fatos". Tudo começou pelo desejo de crucificar o Governo Lula, utilizando-se para isso da pista sem grooving. Depois, como viram que essa "causa" não se sustentava, transformaram a justa indignação de Marco Aurélio Garcia em comemoração anti-vítimas. Deputados da CPI, que foram aos Estados Unidos fazer não sei bem o que, deram depoimentos sobre o conteúdo da caixa-preta que nem tinha sido aberta ainda. E agora César Maia, no seu Ex-Blog inventou uma história de que o defeito no reverso é coisa do Governo e que o Marco Aurélio Garcia, na hora do famoso top-top, já sabia disso. Alguém tem que ter mais respeito à dor das famílias das vítimas, à dor de toda a população e a um mínimo de inteligência do ser humano. Parem com essa brincadeira de mau gosto, que parece não ter fim. Na sua coluna Toda a Mídia, na Folha, Nelson de Sá relata algumas dessas maluquices que percorrem a mídia (transcrevo trechos mais abaixo). Também na Folha, há bom senso nas críticas de Adyr da Silva, presidente da Associação Brasileira de Direito Aeronáutico e Espacial e do Instituto do Transporte Aéreo do Brasil, chefe permanente do Brasil na Organização da Aviação Civil Internacional e professor da Universidade de Brasília, ex-presidente da Infraero (1995-98), ex-diretor-geral do Centro Tecnológico Aeroespacial (1991-92) e ex-diretor do extinto Departamento de Aviação Civil (1987-91). Trecho de Toda a Mídia:
O blog de Marcelo Coelho na Folha Online avisou, dias antes, contra os esforços seguidos de "capitalizar politicamente a tragédia", apesar das evidências de causas conflitantes e, mais provavelmente, múltiplas. A oposição "usa" uma possibilidade, os governistas "comemoram" outra. Ontem foi a vez de Fernando Rodrigues, diante do vaivém no laudo do IPT, postar no blog do UOL que "a guerra política para faturar com a morte de 200 inocentes não pára nem tem limites". E de Helena Chagas, em seu blog no iG, apontar "politização da caixa-preta" nos vazamentos dos dois deputados que a seguem -um da oposição, contra a pista, e outro da situação, contra o avião.
A PISTA, A PISTA O vazamento do deputado da oposição foi destaque por todo lado, mas a manchete que causou espécie foi a do Globo Online, que assumiu a informação, "Caixa-preta mostra que a pista teria contribuído para acidente". Ou ainda, no texto blogueiro de Ricardo Noblat, "a pista contribuiu de algum modo para ocorrer a tragédia". Duas horas depois e o site mudou o enunciado para "Caixa-preta revela que piloto não tentou arremeter", como nos demais sites e portais, com eco por rádio e TV paga.
O AVIÃO, O AVIÃO O UOL foi o único a dar as duas versões. Primeiro, em uma submanchete, "Piloto não tentou arremeter, diz deputado" -o da oposição. Depois, no lugar da anterior, "Falha no computador do Airbus é hipótese investigada, diz deputado" -o da situação.
"ESPECULAÇÃO" Só no fim da tarde surgiu a manchete "Aeronáutica ataca especulação, nega informação sobre caixa-preta", Folha Online e depois vários outros, inclusive Globo Online, com enunciado um pouco diverso. Segundo um brigadeiro, "no grau em que estão as investigações da caixa-preta, não se pode afirmar nada nem especular sobre dados".
SOBERANOS Depois dos três dias de bate-estaca na mesma Globo com a entrevista dos dois pilotos "autorizada pela TAM" -declarando que o problema é pista, não avião- o "SPTV" noticiou que os "pilotos se recusam a pousar". Daí os vôos cancelados, o saguão lotado, as cenas do dia. De sua parte, segundo a Globo, também ontem sobre os cancelamentos, "a TAM disse apenas que é questão de soberania dos pilotos".