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domingo, 8 de fevereiro de 2009
Eleições israelenses: as bombas contra palestinos servem de cortina de fumaça para a crise econômica e social em Israel
Nas eleições da próxima terça-feira, dia 10, não importa quem vença, Israel vai obedecer ao comando de “direita, volver!”. Sem ter como viabilizar propostas capazes de solucionar os graves problemas econômicos e sociais que afligem o país, os partidos de esquerda e de centro buscaram um discurso mais próximo da direita, fundamentado na questão da segurança. O bombardeio de Gaza foi conseqüência natural. Conseguiram embaralhar a cabeça do eleitor e passaram a ter chances em uma eleição que já estava praticamente perdida. Enquanto isso, um quarto das famílias vive abaixo da linha de pobreza, 1/3 da população não tem meios para comprar remédio e a metade não dispõe de plano de aposentadoria. Curiosamente, a parcela da população em estado mais crítico é a que apóia os candidatos da direita, com sua proposta neoliberal e de radicalismo antipalestino. Que os deuses de todas as religiões ajudem a região! Leia mais no Le Monde: Législatives en Israël: l'économie une nouvelle fois éclipsée par les questions de sécurité, do correspondente em Israel Benjamin Barthe.
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segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009
Vivendo da guerra
A guerra, em primeiro lugar, traz morte, destruição, dor, trizteza, tudo isso. Mas muita gente acaba ganhando novo sentido (e dinheiro) na vida, graças à guerra (sem falar, claro, da grande indústria armamentista, dos senhores das guerras). A reportagem que a Folha trouxe nesse domingo, feita por Raphael Gomide, seu enviado especial à Faixa de Gaza, dá uma luz sobre o dia-a-dia dos túneis palestinos de ligação com o Egito. Vejam como é impressionante:
Bloqueio a Gaza faz de túneis negócio rentável e canal vital
O ar é pesado, faz calor, e a respiração, difícil, tem gosto de terra. Não é preciso ser claustrofóbico para se sentir desconfortável dez metros abaixo do solo, ainda mais sob as precárias estruturas de madeira que escoram a terra em um dos 1.800 túneis subterrâneos que ligam a faixa de Gaza ao Egito. Não é reconfortante saber que se está dentro de um alvo potencial de aviões israelenses.
Os túneis cresceram como alternativa ao rígido bloqueio econômico imposto por Israel à faixa de Gaza, após o movimento extremista islâmico Hamas, que havia vencido as eleições legislativas do ano anterior, romper com o Fatah e assumir o controle, em junho de 2007. Hoje, as importações ilegais do Egito têm papel vital na arruinada economia local.
Como as fronteiras estão totalmente fechadas, quase todos os produtos são contrabandeados pelos túneis: comida, roupas, celulares, cigarros, motos e combustível -perigosamente armazenado em casa, em tinas e galões. Até animais entram em Gaza por baixo da terra.
A Folha entrou em uma dessas passagens. Para descer os 10 metros até o túnel propriamente dito, senta-se numa cadeirinha improvisada com ripas de madeira presas a cordas, atreladas a um gancho. Um cabo de aço passa por uma roldana até o "carretel". É esse motor que solta o cabo até embaixo, trazendo para cima e para baixo pessoas e mercadorias.
Dentro, é preciso quase engatinhar, as mãos no chão de terra, ultrapassando galões e sacos de produtos, sob a luz de esparsas lâmpadas ligadas a fios presos às paredes de contenção de madeira. Três rapazes, descalços, guiam o repórter com lanternas. Escondem o rosto, mas posam para fotos, e um exibe os bíceps trabalhados na academia subterrânea, a face coberta pela camiseta, qual um Hulk sem cabeça.
O túnel foi um dos afetados pelo bombardeio israelense da última quarta. Com britadeiras manuais e pás, tentavam desbloqueá-lo. O caminho subterrâneo ficou obstruído por um deslizamento de terra após cerca de 40 metros. Não fosse isso, seria possível chegar ao Egito por baixo do posto de fronteira em 30 minutos -para entrar oficialmente, são 5h30. Trata-se de um empreendimento irregular, mas amplamente tolerado. Em Gaza, as entradas ficam às claras, formando uma extensa fila de ostensivas tendas de plástico, com intervalos de 20 ou 30 metros e buracos que parecem poços artesianos expostos.
Fica evidente que, se o Egito quisesse, fecharia as bocas do seu lado, interrompendo o fluxo -que hoje o beneficia. Israel, que acusa o Hamas de contrabandear armas pelos túneis, poderia destruir todos com poucos ataques, mas, durante a guerra, estima-se que apenas 300 ou 400 dos cerca de 1.800 buracos tenham sido atingidos por bombas.
A área onde foram construídos era residencial. Com o bloqueio e a proliferação do negócio dos túneis, quarteirões foram demolidos e deram lugar aos buracos. "As pessoas venderam as joias de suas mulheres para investir como sócios neste negócio", conta o homem que se identifica como Abu Jihad, 31, sócio de um túnel construído há seis meses. À distância, sente-se o odor da gasolina que sobe por mangueiras até caminhões-tanques ou caixas-d'água de 3.000 litros presas a caçambas.
O dono do terreno recebe participação do operador. Os funcionários -de 10 a 20 por túnel- recebem de US$ 30 a US$ 50 dólares por dia. Um quilo de carga, independentemente do conteúdo, custa US$ 1. Assim, cem quilos de banana, cigarros ou telefones custam o mesmo. Passam de duas a três toneladas de produtos diariamente por túnel. A maioria nega transportar armamentos, embora um atravessador no Egito tenha dito à Folha que leva fuzis para a faixa de Gaza.
Os contrabandistas circulam com desenvoltura, sentam para almoçar ou conversar do lado de fora, sem serem importunados por fiscalização, numa linha de "trincheiras" com terra revirada, a 100 metros do muro da fronteira com o Egito.
Guaritas de militares egípcios têm vista privilegiada dos buracos. Na guerra, antecipavam bombardeios israelenses aos donos de túneis. Segundo comerciantes, o contrabando chega a quadruplicar os preços. Os 1,5 milhão de moradores de Gaza paga a conta. O Hamas cobra uma taxa anual dos donos das bocas, de US$ 4.000. "Se Israel abre as fronteiras, acabam os túneis", diz Ibrahim Dia, dono de sapataria.
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terça-feira, 20 de janeiro de 2009
Obama toma posse, Palestina agradece

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
Vergonha sem fim: Oriente Médio
Faça "paz" ou faça guerra, testemunhamos o massacre do povo palestino. Nos períodos de "paz", o massacre é principalmente pelo racionamento de água; nos períodos de guerra, o massacre é pelo fogo indiscriminado das bombas israelenses. Já escrevi aqui (Como Israel destrói mais: com bombas ou com o racionamento de água?):
A região palestina conta com 3 principais fontes de água – o Rio Jordão (aquele de Jesus e João Batista, que vai do Mar Morto ao Galileu), o Aqüífero (espécie de rio subterrâneo) da Montanha (na chamada “Margem Ocidental”) e o Aqüífero Litorâneo (na Faixa de Gaza). Antes da famosa Guerra dos Seis Dias, em 1967, Israel só detinha 3% da Bacia do Rio Jordão, apesar de já ter construído uma complexa infraestrutura de canais, estações, reservatórios e aquedutos que desviava 75% do Jordão para o usufruto israelense. Depois de 1967, Israel passou a ter controle total. A Síria e a Jordânia ainda têm direito a algum uso, mas os palestinos são proibidos de beber das águas do Rio Jordão. Têm que se virar com os aqüíferos e seus caminhões-pipa. Mesmo assim, apenas 19% da água estão disponíveis para os palestinos... O grupo de direitos humanos chamado “Se eles soubessem” (If They Knew) descreve mais problemas: “Na Margem Ocidental (região a oeste do Rio Jordão, encampada por Israel), cerca de 50 poços e 200 cisternas foram destruídos ou separados de seus proprietários pelo Muro construído na área – que também precisou da destruição de outros 25 poços e cisternas, além de 35 km de aquedutos somente na sua construção. Ao considerar Gaza e Margem Ocidental como duas coisas independentes, Israel também proíbe que os palestinos gazeanos utilizem a água do Aqüífero da Montanha e tratem de sobreviver com o Aqüífero Litorâneo e seus 90% de água não-potável! Pior: os palestinos não têm outra escolha a não ser beber essa água não-potável, que se degrada ainda mais. Seguindo as cotas israelenses, os palestinos da Margem Ocidental têm direito a 70 litros de água por pessoa/dia e os da Faixa de Gaza têm direito a apenas 13 litros, enquanto o mínimo humanamente concebível é de 100 litros, de acordo com a Organização Mundial de Saúde! As conseqüências são óbvias. Desespero, doenças, destruição lenta e sofrida de todo um povo. É como se estivessem planejando uma espécie de “lavagem étnica”.Quanto ao atual bombardeio, prefiro transcrever o texto de Robert Fisk, colunista do Independent, que o Globo publica hoje:
Líderes mentem e civis morrem
Estamos tão acostumados a ver carnificinas no Oriente Médio que não ligamos mais.
Não está claro quantos dos mortos em Gaza são civis, mas a resposta do governo Bush, sem mencionar a pusilânime reação do premier britânico Gordon Brown, reafirma para os árabes o que eles sabem há décadas: o Ocidente está sempre do lado de Israel.
Como de costume, o banho de sangue foi culpa dos árabes que, como todos sabem, só entendem o uso da força.
Desde 1948, ouvimos dos israelenses e dos nacionalistas árabes e depois árabes muçulmanos a lengalenga de que Jerusalém será “libertada”. E sempre Bush pai e depois o filho, Bill Clinton, Tony Blair ou Gordon Brown chamam os dois lados e pedem moderação, como se ambos tivessem caças F-18, tanques Merkava e artilharia pesada. Os foguetes caseiros do Hamas mataram apenas 20 israelenses em oito anos. Mas num único dia a Força Aérea de Israel matou quase 300 palestinos, e apenas como parte de uma operação.
Sim, o Hamas provocou a ira de Israel, assim como Israel provocou a do Hamas. E o que isso quer dizer? O Hamas lança foguetes em Israel e Israel joga bombas no Hamas. Entendeu? Pedimos pela segurança de Israel, mas ignoramos o desproporcional massacre realizado por Israel.
No fim de semana tivemos 298 palestinos mortos para um israelense. Em 2006, a proporção era de 10 libaneses mortos para cada israelense que perdia a vida. Este fim de semana foi marcado pela inflação do número de mortos. O maior desde a guerra de 1973? Desde a Guerra dos Seis Dias, de 1967? De Suez, em 1956? Da Guerra de Independência de 1948? É um obsceno e nojento jogo que Ehud Barak, o ministro da Defesa de Israel, inconscientemente admitiu quando falou este fim de semana na Fox: “Nossa intenção é mudar totalmente as regras do jogo”, disse Barak.
Vários dos mortos do fim de semana pareciam ser do Hamas.
Mas o que isso resolverá? O Hamas dirá: “Oh, esse ataque foi impressionante e nós reconheceremos o Estado de Israel, entraremos na linha, renunciaremos às armas e rezaremos para sermos levados prisioneiros e trancafiados indefinidamente, e daremos apoio a um novo ‘processo de paz’ promovido pelos EUA no Oriente Médio!” Será que é isso mesmo que os israelenses e os americanos pensam que o Hamas fará? Vamos relembrar o cinismo do Hamas, o cinismo de todos os grupos armados islâmicos.
A necessidade de produzir mártires muçulmanos é crucial para eles e Israel os está criando.
A lição que Israel pensa estar dando não é a lição que o Hamas está aprendendo. O Hamas precisa da violência para enfatizar a opressão dos palestinos e conta com Israel para providenciar isso. Basta lançar uns foguetes em Israel e Israel lhes faz esse favor.
E nem sequer uma lamentação de Tony Blair, o enviado de paz para o Oriente Médio que nunca esteve em Gaza na atual encarnação. Nem uma palavra. Mas nós ouvimos o habitual discurso de Israel. O general Yaakov Amidror, ex-diretor da “divisão de pesquisa e avaliação” do Exército, anunciou que “nenhum país no mundo permitiria que seus cidadãos fossem feitos de alvos para foguetes sem tomar medidas vigorosas para defendê-los”. Exato.
Mas quando o Exército Republicano Irlandês (IRA) lançava foguetes na Irlanda do Norte, quando suas guerrilhas vinham da Irlanda para atacar delegacias de polícia e protestantes, o Reino Unido usou a Força Aérea para bombardear a república irlandesa? A Força Aérea britânica por acaso atacou igrejas e delegacias e matou de uma só vez 300 pessoas para ensinar à Irlanda uma lição? Não, o Reino Unido não fez isso. Não fez porque o mundo veria um ataque assim como uma ação criminosa. Não queríamos nos rebaixar ao nível do IRA.
Sim, Israel tem o direito à segurança. Mas esses banhos de sangue não lhe trarão segurança. Nem desde 1948 trouxeram algum tipo de proteção para Israel. Os israelenses bombardearam o Líbano milhares de vezes desde 1975 e isso não eliminou o terrorismo. Então o que foi o fim de semana? Os israelenses ameaçam fazer ataques por terra. O Hamas espera por outra batalha. Os políticos do Ocidente encolhem-se covardemente. E em algum lugar do Oriente numa caverna? Num porão? Numa montanha? Bem, em algum lugar, um muito conhecido homem de turbante sorri.
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terça-feira, 4 de março de 2008
Crise Colômbia-Venezuela: guerra subterrânea na América do Sul
A empresa World-Check, segundo o Plantão Globo, teria denunciado o envio ilegal de armas do Brasil para a Venezuela. Acho difícil que esse "ilegal" seja "oficial". Mas não acho impossível que armas ilegais passem por nossas fronteiras, assim como passam por fronteiras americanas, européias, asiáticas e até pelas fronteiras da pequena Faixa de Gaza, apesar de todo o cerco israelense. Mas o que mais estranho é um texto postado hoje no site da World-Check, que parecer estar feliz da vida porque o governo colombiano confirmou tintim por tintim o que ela dizia sobre a relação entre a Venezuela e as FARC. Diz parte do texto: "Now the senior police officer in Colombia has released information gleaned from materials seized from the possessions of the FARC second-in-command and heir apparent, and this intelligence confirms and validates the data which has appeared in the World-Check articles from the past two years. We excerpt some of the more important facts now confirmed beyond a doubt by the FARC's own documents". Não sei, não. Pode ser que seja exatamente assim. Mas fiquei com a sensação que esses documentos apreendidos podem ser cópias dos relatórios da World-Check. Será que estou delirando? Talvez nem tanto. Afinal, onde há abundância de água e petróleo, há cobiça e crises fabricadas. Palestina e Iraque são bons exemplos.
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