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terça-feira, 7 de maio de 2013

Israel – arma de destruição em massa?


O recente ataque de Israel à Síria me parece que vai além do bloqueio a envios de armas para o Hesbolá, a milícia xiita-libanesa, de 2 mil a 4 mil homens, que em 2006 deu um chega pra lá no exército israelense (Leia O mundo se surpreende com a organização do Hesbolá na guerra contra Israel). Israel, se quisesse, poderia ter feito esse ataque há mais tempo, mas não gostaria de mexer em vespeiro. Talvez o papel de Israel seja o de estimular pretextos para uma intervenção internacional na Síria. Equivalente ao pretexto das armas de destruição em massa que Bush usou para invadir o Iraque. Xiitas, alauítas, sunitas e laicos da Síria que se preparem: podem estar chegando os boinas de todas as cores – talvez até mesmo os da Rússia. Quem sobreviver verá?

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Potências ocidentais cada vez mais encalacradas no Oriente Médio

Boas as considerações postadas hoje por Cesar Maia em seu Ex-Blog sobre a atual crise síria:

CONSIDERAÇÕES SOBRE A CRISE NA SÍRIA E SUA DINÂMICA!

1. Uma intervenção militar ocidental na Síria traria o risco muito provável de uma enorme convulsão no Oriente Médio, pois o regime de Bachar el-Assad conta com os apoios do Irã e do Hezbollah libanês. Isso explica a prudência das grandes potências ocidentais no tratamento da crise síria e seu hesitante anúncio de possíveis sanções. Os EUA estão incomodados com a violenta repressão dos movimentos populares de protesto na Síria. Porém, não foram além de uma declaração de Obama, no sentido de que a repressão exercida pelo regime sírio era “intolerável”. Essa atitude pode ser explicada também pela possibilidade de uma atitude mais dura contra o regime de al-Assad provocar reações destemperadas contra Israel de parte dos aliados da Síria. A proteção do Estado de Israel é uma pedra fundamental da política norte-americana no Oriente Médio.
2. A Turquia está também bastante preocupada com o desenvolvimento da crise síria. Além do Irã, é o único grande país da região que mantém um relacionamento político e econômico mais estreito com a Síria. Erdogan procurava até agora estabelecer os contatos mais cordiais e produtivos com AL-Assad. Israel encara a Síria como um país inimigo. Jamais se assinou um acordo de paz entre ambos. As colinas de Golan, pertencentes à Síria, estão ocupadas desde 1967 por Israel, que as anexou a seu território em 1981. Apesar disso, Israel considera com um fator de estabilidade o regime ditatorial liderado por Bachar Al-Assad, preferindo-o a uma situação de caos capaz de levar às mais descontroladas aventuras.
3. Na Síria, ainda não se chegou a um estado de guerra civil, como o da Líbia. Não há bolsões de resistência organizada contra al-Assad, mas reações pontuais reprimidas de maneira brutal, cristalizadas ao sul da Síria, em torno de Deraa, que se estão estendendo a outras regiões do país nos últimos dias. Os EUA e certas potências da Europa Ocidental não têm contatos regulares com a oposição síria. Contudo, há potências regionais que mantém relações de cooperação com essa oposição. Os extremistas sunitas (salafistas), bastante ativos nos movimentos de contestação ao regime de al-Assad, são ajudados pela Arábia Saudita e por famílias libanesas.
4. O Irã tem evidentes simpatias para com o atual Governo sírio, mas não parece estar envolvido na repressão aos movimentos populares de contestação. O regime de AL-Assad parece plenamente capaz de organizar essa repressão. Mas a aliança entre o Irã e a Síria, existente há mais de 30 anos, é um fator importante nas estratégias diplomáticas norte-americanas e europeias.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Obama e a crise árabe: perdendo-se em miragens


Não tem herança maldita pior do que essa política para o Oriente Médio que Obama herdou de Bush. Desde a invasão do Iraque, a presença americana na região torna-se cada vez mais mal vista e tudo aponta para um terreno extremamente árido. Os Estados Unidos tentavam manter posição estreitando as relações com tradicionais aliados, como Egito, Arábia Saudita, Jordânia e outros – países dispostos a dialogar com Israel e que poderiam ajudar a isolar o “demoníaco” Irã. Obama ainda tentou acariciar o povo palestino na sua luta contra Israel. Chegou a apertar a mão do “monstruoso” Kadafi. E talvez tenha sonhado com o distanciamento entre Síria e Irã. Nada deu certo. O Oriente Médio, apesar de todos seus conflitos internos, inclusive religiosos, parece ter mais afinidade (e interesses) com Ahmadinejad do que com qualquer presidente americano. E as ações radicais (como a rejeição do acordo nuclear patrocinado por Brasil e Turquia) de Obama, pressionado pelo seu eleitorado judeu, só fizeram piorar a situação. Quando ele vivia a situação de que pior não poderia ficar, veio o pior, vieram os ventos “democratizantes” levando para mais distante a influência americana.
Os Estados Unidos passaram a percorrer um deserto sem camelo. Não poderiam ir contra os revoltosos, sob risco de perderem os votos progressistas internos e o papel de paladino do “mundo livre”. Mas não poderiam se esforçar pela queda de dirigentes palatáveis no Egito, Bahrein, Iêmen, etc. A mídia e a Administração Obama, como analisa o Foreign Policy (Obama Is Helping Iran), chegaram a pensar que “a onda de revolta popular que derruba um após o outro os aliados dos Estados Unidos acabaria por derrubar a República Islâmica do Irã e talvez o governo sírio de Assad – mas isso foi apenas o triunfo do pensamento sonhador (wishful thinking) sobre o pensamento analítico (thoughtful analysis)”. O bilionário George Soros arriscou calcular que o regime iraniano não duraria nem mesmo um ano. Apenas miragem. As pesquisas de opinião mostram que os principais líderes na resistência aos Estados Unidos (Mahmoud Ahmadinejad, do Irã, Bashar Assad, da Síria, Hassan Nasrallah, do Hesbolá libanês, Khaled Mishaal, do Hamas palestino e Recep Tayyip Erdogan, da Turquia) são imensamente mais populares do que os aliados americanos. Contra todas as preces de Obama, o Irã de Ahmadinejad está cada vez mais forte e ganhando trânsito mais livre com as “revoltas democráticas” – a travessia de seus navios de guerra pelo Canal de Suez é um bom exemplo disso. Mesmo a queda de Kadafi, o “mal absoluto” nos olhos do mundo ocidental, pode ser prejudicial aos propósitos americanos. Apesar dos pesares, ele sempre manteve elos com a Europa e bastante autonomia com relação aos outros países da região, chega a ser inimigo declarado da Al-Qaeda de Osama Bin Laden. Com a possível vitória dos revoltosos da Líbia, os Estados Unidos podem ficar a pão e água (ou nem isso...). Estão perdidos nesse deserto, vivendo o drama de “se correr, o bicho pega; se ficar, o bicho come” - e esse bicho se chama Ahmadinejad. Todos nós, de todos os mundos, esperamos que logo, logo, surja um oásis de verdade.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

O exército de Israel, além de cruel e poderoso, é incompetente

Aquele comentarista do Manhattan Connection chamado Diogo Mainardi - que apóia os bombardeios feitos pelo governo israelense - disse na semana passada que "Israel vai voltar com o rabo entre as pernas". Está certo ele. Pelo menos é o que podemos deduzir pelo fracasso da operação contra o Hesbolá há 2 anos e por algumas notícias que recebemos agora. Acho que foi ontem que ouvi na rádio que Israel reconhecia as mortes de alguns soldados, mas causadas pelo fogo de suas próprias tropas. Tem absurdo maior, vindo do exército considerado como um dos mais preparados do mundo? Claro que alguma coisa deve estar errada nessa informação ridícula. Outra burrice monumental - além da crueldade, claro - é essa história de bombardear criancinha. A opinião pública internacional obviamente não perdoa. Mas o pior é o Shimon Peres explicar que só morrem crianças palestinas porque eles, israelenses, cuidam melhor de suas crianças. Tem asneira maior? E ainda tem mais: criticam tanto a falta de pontaria do Hamas e eles bombardeiam logo o quê? A escola da ONU, matando mais de 40 crianças! Definitivamente, isso tem que acabar. Israel tem todo o direito ao seu Estado, mas os palestinos também têm. E têm direito às suas terras e suas águas e seu direito de ir e vir. A paz é possível. Desde que outros interesses (como o eleitoral, ou o que gira em torno do petróleo) sejam deixados de lado.

quinta-feira, 29 de março de 2007

Arábia Saudita levanta a voz

Pela primeira vez a Arábia Saudita falou grosso contra a ocupação americana do Iraque. Na cerimônia de abertura da Liga Árabe, ontem, em Riyad, o rei Abdulla disse aos líderes árabes que "no amado Iraque, a carnificina continua, sob uma ocupação estrangeira ilegal e um sectarismo detestável" e ainda advertiu que ou os governos árabes resolvem suas diferenças ou as potências estrangeiras, como os Estados Unidos, continuarão a ditar a política da região. Vindo de quem vem, essa declaração cai como uma bomba nos meios políticos internacionais, particularmente no Salão Oval da Casa Branca. A Arábia Saudita sempre foi o aliado preferencial dos Estados Unidos no mundo árabe, seja por sua monumental produção de petróleo, seja por seu posicionamento político "moderado". Nos últimos meses, a Administração Bush chegava até a contar fortemente com a sua liderança para um realinhamento político no Oriente Médio, opondo de um lado Arábia Saudita, Egito, Jordânia, Líbano e Israel contra Irã, Síria e os grupos Hesbolá (xiita) e Hamas (sunita). Doce ilusão judaico-cristã... A Arábia Saudita começa a dar sinais de caminhar em sentido oposto, buscando, isso sim, a união árabe, alinhavando entendimentos que ultrapassem as sub-divisões islâmicas. Foi ela que construiu o acordo entre as facções palestinas no último mês, causando desconforto em Israel, que pretendia trocar o Hamas pelo Fatah na direção palestina. Também contrariando os interesses americanos e israelenses, o rei Abdula pediu o fim do boicote internacional à Palestina. Além disso, o rei recebeu este mês o presidente Mahmoud Ahmadinejad, do Irã, inimigo nº 1 de americanos, israelenses e, agora mais do que nunca, de britânicos, e ainda está tentando resolver as tensões no Líbano em negociações com o Irã e o Hesbolá. Para finalizar, o rei saudita cancelou a participação em um jantar em abril na Casa Branca, alegando "conflito de agenda". Em outras palavras, "tô fora". Mustapha Hamarneh, diretor do Centro de Estudos Estratégicos da Universidade da Jordânia disse que os sauditas parecem estar enviando uma mensagem a Washington: "É melhor vocês ouvirem mais seus aliados, em vez de sempre impor suas decisões e ficarem alinhados a Israel". O mundo árabe, em geral, está mudando e mostrando que pode ter voz ativa no cenário internacional. Com essa mudança de rumos, os sauditas não poderiam correr o risco de ficar à margem do processo, perderem força diante das novas lideranças árabes. Além disso, os sauditas, sabiamente, perceberam a fraqueza interna do Governo Bush e não querem ser associados a um "aliado" em estado terminal. Em vez de conclamar os árabes a deixarem Israel de lado, como fez nesta semana, Condoleezza Rice vai ter que ler mais o Alcorão. Leia mais no New York Times.