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Eleição americana: o tudo ou nada da Pensilvânia
Reproduzo esse texto de Lucas Mendes, no site da BBC, que descreve muito bem o cenário da disputa de hoje, na Pensilvânia, entre Barack Obama e Hillary Clinton:Milagre de dois dígitos
Depois de seis semanas sem primárias, mas ricas em campanhas negativas e caras, temos mais um momento decisivo. Com seus 158 delegados, a Pensilvânia é o último dos grandes Estados, mas há décadas não tinha papel tão importante em eleições primárias, porque em geral estavam já decididas quando chegava sua vez de votar. Há seis semanas Hillary Clinton estava liderando em algumas pesquisas com 20 pontos de vantagem. Neste fim de semana, pela primeira vez, uma das pesquisas colocou Obama um ponto na frente da senadora, mas a média está entre cinco e seis pontos a favor dela. Se ganhar por esta margem a campanha vai continuar em crise. Hillary Clinton precisa de uma diferença de dois dígitos, dez pontos percentuais, como aconteceu em Ohio, ou mais, encheriam as velas da senadora, dos republicanos que querem ver mais sangue democrata e deixariam a campanha de Obama em crise. Ela iria para as outras primárias com novo impulso e argumentos para conquistar superdelegados. Ambos derramaram dinheiro no Estado, mas o senador gastou quase o triplo. Na terra de Rocky Balboa, adotado como um dos símbolos de Hillary, que não joga a toalha branca, o senador quer um nocaute para não arrastar a campanha até Indiana - onde ela é favorita - e Carolina do Norte, onde ele lidera graças ao voto negro. E caso ele não derrube Hillary Clinton nesta terça-feira a campanha vai esticar até junho, talvez até a convenção. Rural e urbano, um microcosmo dos Estados Unidos, um dos berços da revolução industrial, o Estado construiu o país com suas estradas de ferro, minas de carvão e usinas de aço. Hoje vive uma prosperidade high-tech cercada de decadência nas antigas cidades industriais. O Estado tem cidades muito liberais e regiões onde dominam religiões fundamentalistas e culto às armas. Barack Obama é favorito nos subúrbios ricos, nos centros universitários - e são muitos - e entre os negros, que representam 10% da população, a maioria concentrada nas duas grandes cidades, Filadélfia e Pittsburgh. Hillary leva vantagem entre os homens mais velhos, as mulheres em geral, entre os católicos, na classe média pobre e nas áreas rurais. A família dela tem uma conexão com a Pensilvânia. O pai nasceu e foi enterrado em Scranton, onde ela passou boa parte da infância. Nas últimas semanas ela cruzou o Estado com uma disposição desesperada, bebendo uísque e cerveja nos bares, populista e com histórias sobre caçadas de patos. O marido Bill e a filha Chelsea, em geral separados, comparecem a pelo menos quatro eventos e comícios por dia. Até a semana passada a campanha do senador Obama tinha sido moderada nos ataques, mas a participação dele no último debate, semana passada, foi fraca, e os marqueteiros decidiram revidar as críticas de Hillary, em dobro. Os candidatos gastaram milhões para registrar novos eleitores, e agora o Estado tem mais 327 mil democratas. Bom para o partido, mas não necessariamente para Hillary. Uma pesquisa mostrou que a maioria tem de 18 a 24 anos e 62% planejam votar em Barack Obama. Desde domingo, diante dos gastos em publicidade e do crescimento de Obama nas pesquisas, os assessores da senadora baixaram as expectativas e acham que se ganhar por 6 ou 7 pontos será ótimo e ela poderá continuar até Indiana e Carolina do Norte e além. Cinco pontos ou menos é o fim. Além disto, a campanha dela está endividada, enquanto a dele tem dinheiro de sobra. Um resultado ruim vai secar os cofres da senadora. Como aconteceu em Ohio, eu acho que ela pode contrariar as pesquisas e conquistar os 2 dígitos milagrosos. Senão, é hora de parar com minhas previsões, de ela dizer bye bye e dar vivas a Obama.