terça-feira, 18 de março de 2008
O laissez-faire posto em questão
A crise que a economia mundial está sofrendo é sem dúvida o primeiro grande questionamento desse neoliberalismo que assola a humanidade desde o final do século XX e pode ser caracterizada como a primeira grande crise do capitalismo desde o surgimento do bloco de países socialistas. O fracasso do laissez-faire decretado pelo Crack de 29 e o crescimento de um bloco de países caracterizado por forte intervenção do Estado na economia forçaram o capitalismo a um Estado com mais presença. No entanto, com o fim da União Soviética, as propostas do laissez-faire voltaram a ganhar força, agora com o pseudônimo de neoliberalismo. Sem ter outros modelos para se opor e com o suporte da globalização, o neoliberalismo garantiu algumas décadas de sucesso. Enquanto houve gordura para crescer, o “mercado livre” pareceu demonstrar capacidade de comando na solução de todos os problemas da sociedade. Claro que não é bem assim que o mundo gira. E a pirâmide das hipotecas nos Estados Unidos acabou por ruir qualquer ilusão nesse sentido. O laissez-faire voltou a fracassar. E governos ocidentais voltaram a intervir na economia para salvar as sociedades das mazelas provocadas pelas gestões dos “mercados-livres”. O Brasil de hoje, que também teve sua herança neoliberal, só não afundou completamente nesta nova crise graças à forte presença do Estado, que garantiu uma economia mais fechada e que soube (no Governo Lula) desenvolver o mercado interno. Até onde irá nossa resistência, não podemos adivinhar. Mas podemos afirmar que essa relativa tranqüilidade do Brasil diante da crise mundial é mais uma prova da incompetência do neoliberalismo.
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