domingo, 9 de março de 2008

Sérgio Cabral ganha destaque no xadrez de 2010

A Folha de hoje traz uma boa reportagem (que reproduzo na íntegra, logo abaixo) de Kennedy Alencar sobre as eleições 2010 com o título "Cabral negocia a vice com 4 presidenciáveis". Segundo a reportagem, o Governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), estaria articulando para ser o Vice ou de Dilma Roussef (PT), ou de Ciro Gomes (PSB) ou de Aécio Neves (PSDB) ou de José Serra (PSDB). O movimento rumo à eleição presidencial de Sérgio Cabral com certeza existe. Mas merecem algumas considerações a mais do que as colocadas por Kennedy Alencar:
  1. Sérgio Cabral tem grande afinidade com Aécio Neves e em função disso poderia até ser seu Vice, se Aécio passasse para o PMDB (o que agradaria Lula, como um golpe na oposição). Mas essa chapa (Aécio-Sérgio Cabral) teria o problema de não agregar outra região eleitoral (ambos são do Sudeste).
  2. Pelo mesmo motivo regional, uma eventual chapa Serra-Sérgio Cabral teria dificuldades. Com o agravante de não agradar Lula, fortíssimo aliado de Sérgio Cabral.
  3. As possíveis chapas Dilma (que é de Minas, mas tem força no Sul)-Sérgio Cabral ou Ciro-Sérgio Cabral ganhariam força por integrar o Sudeste ao Sul ou ao Nordeste e por ter apoio de Lula.
  4. Considerando as diversas regiões, mais interessante ainda para a estratégia de Lula poderiam ser as candidaturas de Ciro (Nordeste), Dilma (Sul) e Sérgio Cabral (Sudeste) encabeçando a disputa no primeiro turno e garantindo aliança no segundo turno.
  5. Vamos à reportagem de Kennedy Alencar:
    Cabral negocia a vice com 4 presidenciáveis. Por Kennedy Alencar, da sucursal de Brasília. Com aval da cúpula peemedebista, o governador do Rio, Sérgio Cabral, movimenta-se nos bastidores para ser candidato a vice-presidente nas eleições de 2010. A Folha apurou que ele trata dessa hipótese com quatro presidenciáveis: a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), o deputado federal Ciro Gomes (PSB) e os governadores tucanos José Serra (SP) e Aécio Neves (MG). Em conversas reservadas, segundo caciques peemedebistas, Cabral acha uma aventura a candidatura presidencial em 2010. Não crê, ainda, que tentar a reeleição no Rio seja a melhor opção. Seu governo atual tem sido bem avaliado, mas ele julga difícil repetir o desempenho num segundo mandato. Como vice e ainda jovem, ele se posicionaria na política nacional para tentar o vôo presidencial mais adiante -especialmente se a reeleição for derrubada pelo Congresso. Ele terá 47 anos na eleição de 2010. Apesar do discurso da direção do PMDB pela candidatura própria em 2010, seus dirigentes falam de forma reservada que essa probabilidade é remota, pois dependeria da ousadia de Aécio deixar o ninho tucano. Nas mais recentes conversas com o mineiro, os caciques do PMDB ouviram dele que sua prioridade é tentar a candidatura pelo PSDB se mostrando um político mais agregador que Serra, com quem disputará a vaga de candidato ao Planalto. Daí a tentativa de costurar a aliança PT-PSB-PSDB na eleição à Prefeitura de Belo Horizonte e o apoio a Fernando Gabeira (PV) na disputa municipal do Rio. Gabeira recebeu o apoio do PSDB e do PPS. Aécio chegou a citar Cabral como um excelente companheiro de chapa: uniriam o segundo e o terceiro maiores colégios eleitorais do Brasil - respectivamente, Minas e Rio. Se Aécio trocar o PSDB pelo PMDB, Cabral também teria chance de ser vice. Ciro seria outra opção de vice para o mineiro. No entanto, Aécio avalia que Ciro dificilmente deixará de se lançar candidato. E pensa ser praticamente impossível Lula forçar o PT a apoiá-lo oficialmente para presidente. Com a tradição de manter grandes bancadas no Senado e na Câmara, o PMDB é um aliado congressual valioso para a governabilidade dos presidentes. Na campanha, terá a oferecer um polpudo tempo de TV no horário eleitoral gratuito. Por último, o PT e o PSDB não têm bom desempenho no Rio, justamente a praça de Cabral. No cenário que vislumbram hoje, dirigentes peemedebistas e o próprio Cabral apostam no projeto de aliança formal com um partido no primeiro turno em troca da vice-presidência. Amigo de todos. O temperamento brincalhão ajuda Cabral, um "imitador impagável" de Lula nas palavras de quem já o ouviu arremedar o petista. Reproduzindo a voz de Lula, Cabral já deu conselhos a Dilma e Serra para serem mais simpáticos. Também já recomendou que Aécio reduza a intensidade de sua vida social. Eleito em 2002, Cabral se transformou num dos governadores mais próximos de Lula. No PMDB, joga quase sempre ao lado dos interesses de Lula e de Dilma quando seu partido pleiteia cargos no governo. Amigo de Ciro e de Aécio, o governador se encontra com os dois freqüentemente no Rio nos finais de semana. Dos quatro presidenciáveis que cortejam Cabral, Ciro é o que tem pior relação com o PMDB. No entanto, o presidenciável do PSB fala que Cabral pertence a uma "ala "respeitável". Ciro faz questão de dizer que apóia a política de segurança pública do governador.