quarta-feira, 5 de março de 2008
Eleição no Rio: Gabeira entrou para disputar votos de César Maia e PSOL
Na sua longa trajetória da esquerda para a direita, o ex-guerrilheiro Fernando Gabeira entrou na disputa para a Prefeitura do Rio com um perfil bem diferente do de suas outras eleições majoritárias (para Governador do Rio, em 1986, e para Presidente da República, em 1989, em ambos os casos pelo PV). Ele já foi o candidato do romantismo de esquerda, do puro idealismo ("é só querer" era seu slogan, se não me engano), da garotada mutcho doida ("O PV é maconha e Gabeira", diziam as pesquisas com grupos de discussão) e acabou chegando ao que seria aparentemente o seu oposto. Como candidato a Deputado Federal pelo Rio de Janeiro, o seu movimento da esquerda para a direita só lhe fez bem. Em 1994, foi eleito pelo PV, com 35.384 votos (0,78%); em 1998, foi reeleito pelo PV com 48.836 votos (0,69%); em 2002 - dessa vez pelo PT -, foi mais uma vez eleito, pela média, com 40.337 votos (0,50%); finalmente, saiu do PT, voltou para o PV, brigou com Severino Cavalcanti (o folclórico ex-Presidente da Câmara), abraçou a bandeira da ética conservadora e teve 293.057 votos (3,64%). Ao se lançar candidato a Prefeito do Rio de braços dados com o tucanato, ele atrapalha principalmente os planos de políticos que também empunham as bandeiras da classe média conservadora, como César Maia (DEM, ex-PFL), Chico Alencar (PSOL), Eduardo Paes (PMDB) e - um pouco menos - Jandira Feghali (PCdoB) e Alessandro Molon (PT). Essas duas candidaturas transitam mais facilmente entre os diversos perfis cariocas, seja por causa de suas trajetórias, digamos, individuais, seja por causa dos partidos. Alguém poderia lembrar de Denise Frossard (PPS). Mas ela, dizem, não pretende ser candidata e, se decidir candidatar-se (substituindo Solange no coração desesperado de César Maia?), dominará facilmente esse tipo de voto. A presença de Gabeira nem mesmo arranha candidaturas como a do Senador-Bispo Crivella (PRB) ou outras que tenham um perfil mais popular. Pelo sim, pelo não, jogará mais emoção na eleição carioca.
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