terça-feira, 25 de março de 2008

Eleição americana: McCain fez uma bela jogada ou se deu mal?

O New York Times de ontem publicou uma reportagem sobre movimentos que poderiam, em dois momentos distintos (2001 e 2004, quando debateu ser Vice de John Kerry), ter levado o atual candidato Republicano John McCain para os braços do Partido Democrata. Quem teria brifado o jornal - o pessoal de McCain, os Democratas ou, quem sabe, os ultraconservadores Republicanos insatisfeitos com a candidatura de seu partido? Para o Partido Republicano, certamente, não é uma boa notícia. Afinal, o seu candidato a ocupar o mais alto cargo dos Estados Unidos, além de ser considerado por muitos dos seus membros como "liberal demais", já negociou pelo menos duas vezes sua passagem para o lado arqui-rival. Os radicais da direita americana com certeza já devem estar planejando detonar a candidatura atual. Há o lado positivo para McCain, que é o fato de ele se mostrar bem distante de tudo que representa "Bush". A reportagem trata especificamente das baixarias feitas contra ele pelo "grupo Bush", nas prévias de 2000, que o teriam deixado enraivecido - a baixaria mais famosa foi o boato de ele ser pai (fora do casamento) de uma criança negra. Outra indignação de McCain foi com a porta fechada na Casa Branca para contratação de seus aliados. Esse distanciamento de Bush seria uma forma de ele evitar os respingos de sua rejeição. Pode ser positivo também para ele reforçar uma imagem "centrista", buscando aquele eleitorado flutuante e indefinido entre os dois partidos. Vendo sob esse ângulo, é bem possível que o próprio pessoal de McCain tenha "vazado" a informação. Por outro ângulo, existe a lógica Democrata, que poderia, com essa informação, estar querendo dizer que "se até o candidato Republicano simpatiza com os Democratas, por que votar em um Republicano"? Nesse sentido, é interessante saber que um dos interlocutores Democratas nas conversas com McCain em 2001 foi o ex-Senador Tom Daschle, que já tratou das divergências de McCain com Bush em seu livro "Like No Other Time" e que agora dá apoio ao candidato Barack Obama. As próximas pesquisas poderão esclarecer quem está por trás da reportagem.