quinta-feira, 27 de março de 2008

Eleição no Rio: não tem como Lula ser neutro

A surpresa da aliança PT-PMDB pela Prefeitura do Rio ainda está deixando muito político aturdido. Tanto os prejudicados da Oposição (César Maia-DEM, Gabeira-PV-PSDB, Chico Alencar-PSOL) quanto os candidatos da base aliada (Crivella-PRB, Jandira-PCdoB, Paulo Ramos-PDT) estão sem palavras certas para reagir. Gabeira é o melhor exemplo disso, reconhecendo para o Globo "que não tem condições de analisar" porque "São muitas variáveis. Para onde vai o eleitorado do (Eduardo) Paes? Até que ponto a disputa entre Molon e (Marcelo) Crivella pelas obras do PAC pode enfraquecer a ambos?" Em outras palavras, não disse nada com nada, ou tentando enganar o repórter ou porque estava perdido mesmo. César Maia procura fazer de conta que não aconteceu nada, mas faz e refaz suas contas políticas: Solange continua? Chama Denise Frossard (PPS)? Faz aliança com Crivella? Já Chico Alencar, prejudicado no seu eleitorado mínimo, faz gracinhas necessárias para marcar a diferença. Na base aliada, PSB e PP já indicaram que participarão da aliança PT-PMDB, PDT ninguém sabe o que vai fazer. Mas os partidos com candidatos bem situados em pesquisas (PRB de Crivella e PCdoB de Jandira) estão apavorados, preocupados com qual será a posição que Lula ("O presidente Lula disse várias vezes que, nas capitais onde houver mais de um candidato, só iria participar no segundo turno", disse Crivella; "Ele tem é que olhar o que é mais viável para ganhar a eleição", alertou Jandira), o mais importante eleitor do País, tomará. Tratam de cobrar neutralidade total - o que é impossível. Lula, obviamente, cumprirá o prometido e não tomará partido de ninguém. Mas ele tomará partido de Molon, mesmo sem querer. Primeiro, por causa do número. Eles têm o mesmo número 13 marcado por anos e anos de candidatura pelo PT. Segundo, por causa das obras do PAC no Rio, que tiveram grande impacto e que são creditadas prioritariamente como obras da aliança Lula-Sérgio Cabral. Terceiro, pela oportunidade única da aliança político-administrativa das esferas federal, estadual e municipal. Em várias pesquisas que presenciei, as pessoas aplaudem a aliança do Governo Federal com o Governo Estadual e vêem nisso o ponto principal para o quadro de crescimento e otimismo do Estado do Rio de Janeiro. Inúmeros pessoas, de várias cidades (inclusive do Rio), sonham com a sua Prefeitura Municipal também entrando nesse novo ritmo. Sob esses três pontos de vista (e devem existir outros), Lula apóia Molon - mesmo sem mover uma palha nesse sentido.