quarta-feira, 26 de março de 2008

Eleição no Rio: a "conspiração" de Merval

Nessa madrugada, estava assistindo a reapresentação do Jornal das Dez (entre 2 e 3 da manhã) e confesso que, meio sonado, tomei um susto com a análise que Merval Pereira fez da união PT-PMDB para a eleição municipal do Rio de Janeiro. Ele informou tudo certinho, mas concluiu com a hipótese de que na verdade tudo teria sido arquitetado por Lula... para beneficiar o Senador Bispo Crivella! Porque, segundo ele, esse novo cenário só serviria para enfraquecer a esquerda no Rio! Acordei e pensei logo: "Ele deve ter chegado a isso conversando com o César Maia..." Durante os últimos meses, o Prefeito do Rio e principal referência do DEM (ex-PFL) tem se esmerado em procurar associar o nome de Lula a Crivella em uma imaginária guerra santa contra a Globo e a Igreja Católica. Seria parte de sua estratégia para manter Lula longe da clase média carioca e sob ataque ainda mais intenso do principal grupo de comunicação do país. Está certo César Maia em tentar isso. Mas ninguém precisa exagerar nas fantasias. Não há como Crivella sair beneficiado com a união Lula-Sérgio Cabral (PT-PMDB) nas eleições municipais da Capital fluminense. Podemos começar pela disparidade nos tempos no Horário Eleitoral Gratuito: Molon, contando apenas a aliança PT-PMDB-PP-PSB, terá algo em torno de 12 minutos por programa (detalharei depois), enquanto Crivella estará limitado a cerca de 2 minutos. Devemos lembrar também que a esquerda, ao contrário, estava enfraquecida e agora finalmente tem uma candidatura de peso (Molon sempre foi da esquerda do PT e chegou a pensar em ir para o PSOL), com a possibilidade de até mesmo agregar Jandira (PCdoB) e o PDT, ficando de fora apenas Chico Alencar do PSOL. Do ponto de vista religioso, Crivella deu adeus à possibilidade de conquistar algum voto católico desgostoso com a classe média gabeira-tucanizada, já que Molon é historicamente o nome preferido da Igreja Católica. Finalmente, com relação à "guerra santa global", a direção da Globo deve estar agradecidíssima com a nova chance de poder contar com uma candidatura forte que possa barrar o avanço Universal-Record no Rio, um de seus pesadelos. Acredito que Merval não teve tempo de conversar com seus superiores antes de emitir a Opinião das Dez...