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sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Pezão de coelho

O Rio resolveu investir pra valer na conquista das Olimpíadas 2016. A prova disso é que quem vai comandar a Festa da Apuração nas areias de Copacabana é o Vice-Governador Luiz Fernando Pezão. Além da companhia de Dilma Roussef, Pezão carregará no bolso aquilo que sempre o acompanhou nas idas bem sucedidas a Brasília em busca de verbas para investir no estado: a imagem de São Pidão. Nota: Trecho de "Cidade Maravilhosa" com execução de Caetano Veloso

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Eleições 2010, RJ: o imbróglio eleitoral de Cesar Maia

Cesar Maia continua fazendo o que mais gosta, “imbrogliar”. No seu Ex-Blog de hoje volta com sua ladainha de oposição a Sérgio Cabral e Lula. Faz a análise que mais lhe agrada como se fosse uma análise altamente científica. Interessa que Sérgio Cabral seja derrotado? Lança todos os possíveis argumentos nessa direção. Interessa que Lindberg (ou Lindbergh, nome real, que Cesar prefere) seja candidato a governador? Apresenta essa hipótese distante como se fosse fato consumado. Interessa que Gabeira seja candidato a Governador? Faz de conta que ele já está eleito. Veja o texto, com observações que fiz, em negrito e itálico.
IMBRÓGLIO ELEITORAL NO ESTADO DO RIO!
1. O quadro eleitoral no Estado do Rio caminha para uma eleição em que quem chegar aos 25% dos votos irá para o segundo turno.(Os cenários não estão definidos. Mas a eleição pode até mesmo ser definida no primeiro turno. Se Gabeira e Garotinho forem candidatos, pode ser que haja segundo turno. O papel de Zito é uma incógnita, mas seu nome tornou-se um balde de água fria em todas as pretensões de Gabeira.) Cabral, com um noticiário convergente, com comícios periódicos de Lula e todos os recursos que precisa, empacou no entorno dos 30%. Esse, claramente, é seu teto. (Já vi pesquisas apontando Sérgio Cabral com 47% - no primeiro turno!) Quando a pré-campanha esquentar, ano que vem, as demais forças políticas terão espaços crescentes e o quadro deverá afunilar mais. Ou seja, ninguém pode afirmar que esse ou aquele candidato estará no segundo turno. (Se houver segundo turno, é fácil prever que Sérgio Cabral estará nele, disputando com vantagens. A seu favor, podemos anotar a aprovação de seu governo, o apoio de Lula, a máquina partidária, o Rio 2016, o desenvolvimento, a segurança)
2. Garotinho cresceu em qualquer pesquisa que se faça, estando quase no empate técnico com Cabral no Interior e Baixada Fluminense. Coloca-se como adversário contundente de Cabral. (É verdade que Garotinho cresceu, mas nada que garanta qualquer coisa. Aliás, colocar-se como o oponente de Sérgio Cabral está correto porque não lhe sobrou outra alternativa de posicionamento, mas pode significar queda mais rápida) Para isso basta ler seu blog (http://www.blogdogarotinho.com.br). Diz que tem armas poderosas contra Cabral. O problema é que boa parte dessas armas atingem indistintamente os dois governos do PMDB, o atual e o anterior. Afirma que é candidato a pedido de Dilma, para armar outro palanque, pois o palanque de Cabral seria insuficiente. Bem, se o PR do ministro de transportes o lançou, parece que é verdade.
3. Lindbergh cada dia é mais candidato. (Lindberg cada dia é mais candidato – a Deputado Estadual...) Usar de forma isolada o número 13 dará ao PT mais deputados que numa campanha de apoio a Cabral, onde o número 15 só favorecerá os deputados do PMDB (Não necessariamente. Já mostrei aqui que em 98, quando preferiu apoiar Garotinho a lançar Vladimir, o PT conquistou 7 vagas de deputados estaduais; já em 2006, quando lançou Vladimir, conquistou apenas 6 vagas). Por outro lado, se o recuo dele significar um acordo com Cabral, será ele o candidato ao senado. Benedita não terá legenda. Nesse caso, como votarão - discretamente - os delegados de Benedita na convenção? Lindbergh terá que se desincompatibilizar em abril: é acordo de campanha. Como sempre fez suas campanhas com grande energia e competência, uma vez sendo candidato, em pouco tempo estará sinalizando suas possibilidades de ir a um segundo turno. (Lindberg prepara-se para ser candidato a Deputado Estadual. Será a melhor forma de apoiar a bancada estadual do PT)
4. A entrada de Marina Silva terminou servindo de pretexto para um processo com o qual Cabral sonhava. Gabeira vence, e na campanha muito mais, nas pesquisas no Rio-Capital e Niterói, e com isso sua probabilidade de bater os 25% é enorme. Afinal, Denise Frossard foi para o segundo turno com 22% contra um Cabral muito mais forte com 37%. A confusão, ou pretexto, a partir do nome de Marina, tem colocado em suspenso a coligação ampla com PV, PPS, PSDB e DEM. Com isso, a decisão estará sendo deslocada para depois da semana santa. Nada disso ajuda a campanha presidencial do PSDB no Estado do Rio. Afinal, a diferença de Serra para Ciro não é tão grande aqui. (Caso seja candidato a Governador, Gabeira certamente perderá até mesmo no Rio-Capital e Niterói – afinal, esse eleitorado não é inteiramente de elite).
5. E ainda há a possibilidade – ou necessidade – de Ciro ter candidato a governador no Rio, onde seu nome é forte, o que ajudaria sua alavancagem. Se for assim, o quadro caminharia para todos os candidatos serem competitivos na faixa dos 20%. (Devaneios de uma madrugada chuvosa...)

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Honduras, divisor de águas profundas

Todos já sabem o que aconteceu em Honduras, aquele pedaço de terra menor (em tamanho e população) do que o nosso Ceará, situado entre as águas profundas do Caribe e do Pacífico, um dos países mais pobres do continente, que sobrevive graças à venda de café e banana para os Estados Unidos. Um grupo de políticos (e militares) da direita hondurenha, sentindo-se traído pelo antigo aliado Zelaya, deu um golpe de estado e expulsou o Presidente eleito, que não aceitou calado e movimentou-se em busca de apoio internacional. O Brasil destacou-se na sua defesa. Zelaya, em movimento ousado, retornou clandestinamente a seu país e instalou-se na Embaixada do Brasil. O governo brasileiro não pôde fazer nada, e fez bem em não reagir contra. A tática dos golpistas e seus apoiadores era empurrar com a barriga até que o golpe virasse fato consumado e aceito por “usucapião”. A nova situação provocada por Zelaya em nossa embaixada exigiu definição dos atores envolvidos. Os golpistas tiveram que arreganhar os dentes e mostrar os trogloditas que realmente são. Os Estados Unidos tiveram que deixar exposta a ambiguidade de seu jogo: ao mesmo tempo que Obama deseja uma política mais liberal para o continente, os assessores da Secretária Hillary Clinton insistem na importância de apoiar os golpistas para não ceder espaço à política chavista. OEA e países emergentes tomaram posição firme contra o golpe. O Conselho de Segurança, comandado pelos Estados Unidos, mostrou-se frágil. Mas o importante é que os golpistas sentiram o golpe e tentam desesperadamente voltar atrás em suas truculências. Até contrataram empresa de relações públicas para melhorar sua imagem – na minha opinião, tarde demais. Tarde demais também para nossos políticos, intelectuais e jornalistas que, no afã anti-Lula, apressaram-se em demonstrar simpatia pelos golpistas hondurenhos. Buscaram justificativas “constitucionais” para o golpe. Chamaram o Itamaraty de bando de trapalhões. Torceram o nariz para o presidente democraticamente eleito “por causa” da proximidade de Chávez e do seu chapelão texano. Demonstraram, isso sim, mentalidade subserviente, que acredita que o melhor slogan para o Brasil seria “no, we can’t”. Fecharam os olhos para o que diz o resto do mundo, como o jornal inglês The Independent, em sua reportagem The rise and rise of Brazil: Faster, stronger, higher, onde afirma que "a ação brasileira (...) pegou Washington no contrapé e expôs um claro abismo na confusão hondurenha entre Obama – que quer uma ação decisiva para repor Zelaya no poder – e uma vacilante Hillary Clinton”. Ou o argentino Clarín na reportagem El protagonismo de Brasil en Honduras modifica su tradición: “Ahora Brasil ha salido del Sur y se ha tornado un protagonista fundamental de la principal crisis de América latina del Norte. Está en el centro de los acontecimientos en Honduras. No actúa en forma compartida o multilateral, sino individualmente, como gran potencia. Es una novedad histórica. Brasil es hoy la representación de la comunidad internacional en una crisis que se profundiza, se polariza y escala”. Honduras foi um divisor também para nós, brasileiros. Opôs, de um lado, o atraso, a cabeça colonizada, o conservadorismo, o neoliberalismo, e, de outro, um Brasil que soube crescer, reduzir desigualdades, conquistar espaço, projetar-se no mundo e preparar-se para assumir um lugar de relevância no futuro.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

A Constituição de Bananas é que está em vigor em Honduras

Alguém ainda tem dúvidas sobre o que aconteceu? Temos algum “constitucionalista” à solta para defender o golpista Michelleti? Está na “Constituição” ameaçar a embaixada brasileira, impedir a entrada da Delegação da OEA, fechar veículos de comunicação de oposição (se a moda pega...), proibir a liberdade de circulação e de associação? O tucano Francisco Weffort, que jamais questionou a ingerência estrangeira nos tempos em que fazia parte do governo Fernando Henrique, perguntou na última sexta-feira, em artigo no Globo (O Itamaraty e seu aliado, Zelaya), “teria sido mesmo um golpe militar?” E ele mesmo responde: “É difícil decidir de fora sobre essa questão”. E agora, Weffort, continua difícil responder? Sugiro ligar para Obama e perguntar, porque ele não tem dúvida que foi um golpe militar. E a Mídia de Bananas? Vai defender a Constituição de Bananas em vigor em Honduras? Ou vai reagir e dar uma banana para Michelleti?

The Independent: Obama e Hillary divergem sobre Honduras

Em longa reportagem sobre o Brasil, onde exalta o papel do Brasil como cada vez mais protagonista no cenário mundial, o jornal inglês The Independent fala das divergências entre Obama e Hillary. Diz o jornal: “Brazilian action, closely backed by the Venezuelan government, has wrong-footed Washington, exposing a clear gulf on the Honduran mess between Obama, who wants decisive action to restore Zelaya, and a shilly-shallying Hillary Clinton, whose right-wing advisers have other ideas”. Mais ou menos isso: “A ação brasileira, fortemente apoiada pelo governo venezuelano, pegou Washington no contrapé e expôs um claro abismo na confusão hondurenha entre Obama – que quer uma ação decisiva para repor Zelaya no poder – e uma vacilante Hillary Clinton, cujos assessores direitistas têm outras idéias”. Enquanto isso, a Mídia de Bananas... deixa pra lá.

domingo, 27 de setembro de 2009

Alemanha dá um passo atrás e Portugal dá um passo à esquerda

Com as eleições de hoje, os líderes Angela Merkel (Partido Democrata Cristão da alemão) e José Sócrates (Partido Socialista portugês) continuarão no poder. Mas com grandes diferenças. Na Alemanha, Merkel, para vencer, teve que se aliar aos liberais, o que coloca o país na contramão da História, já que seu “receituário econômico” está associado à grande crise que o mundo tenta superar. Em Portugal, os socialistas perderam a maioria parlamentar, mas não precisam se curvar à direita, graças ao crescimento de partidos de esquerda que podem lhe render as cadeiras necessárias. Os socialistas conquistaram 94 das 230 cadeiras do Parlamento português. Nos últimos quatro anos, o partido tinha uma maioria de 121 deputados. O PSD ficou com 77 vagas. Antes, tinha 79. (No gráfico acima, resultados da Alemanha. Mais informações: BBC, BBC Brasil, El País)

sábado, 26 de setembro de 2009

O mar me arrebatou...

A música que mais me emociona de Chico Buarque é “Joana Francesa”, tema do filme de Cacá Diegues (que não assisti). E quem não se apaixonou por “Jules et Jim”, de Truffaut? Em homenagem à grande estrela dos dois filmes, Jeanne Moreau, que está de novo Brasil por conta do Festival do Rio 2009 (grande presença também de Agnès Varda), fiz essa edição com imagens de “Jules et Jim” e “Joana Francesa”, e a música interpretada por Fagner e Chico Buarque.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Que a Mídia de Bananas se mire no exemplo deste menino

Oscar David Montesinos, 10 anos, símbolo da resistência ao golpe militar hondurenho.

Mídia de Bananas torce pelo golpista Micheletti

Na sua insana posição anti-tudo-que-é-Lula, a nossa mídia transformou-se em verdadeira Mídia de Bananas, apoiando o que existe de mais retrógrado no continente. Daqui a pouco o golpista Micheletti será saudado como “salvador das pátrias”. Na sua primeira página de hoje, o Globo estampa: “Nova versão põe Brasil no centro da operação Zelaya”. E que versão é essa? A declaração do presidente deposto, Manuel Zelaya, de que sua volta foi uma decisão pessoal e de que antes de refugiar-se na embaixada em Tegucigalpa teria consultado o presidente Lula e o chanceler Celso Amorim. Vejamos alguns pontos: 1) Como próprio Zelaya declara, foi uma decisão pessoal. 2) Quando foi a consulta? Todo mundo já sabia que quando Zelaya chegou com sua mulher à embaixada o nosso representante antes de recebê-los consultou Brasília. 3) Suponhamos que tenha sido antes – e daí? Em princípio nada mais natural que o presidente eleito de um país amigo visite nossa embaixada. Qual seria a resposta – “Não, você não pode nos visitar” ou “Não, porque o presidente golpista disse que não pode” ou “Não, porque nossa mídia não permite”, qual delas, digam, é a resposta certa? 4) Qual é o fato mais grave: o golpe militar ou o retorno do presidente eleito ao seu país? Claro que a nossa mídia prefere enxergar em Zelaya o verdadeiro golpista. É o que se traduz na coluna de hoje de Merval Pereira, “República de Bananas”, onde ele cita o advogado paulista Lionel Zaclis e reproduz trechos da Constituição de Honduras tentando provar que o golpista agiu legalmente: “De acordo com a Constituição de Honduras, como destacamos aqui ontem, o mandato presidencial tem o prazo máximo de quatro anos (artigo 237), vedada expressamente a reeleição. Aquele que violar essa cláusula, ou propuser-lhe a reforma, perderá o cargo imediatamente, tornando-se inabilitado por dez anos para o exercício de toda função pública.(...) Em 23 de março de 2009, o presidente Zelaya baixou o Decreto Executivo PCM-05-2009, estabelecendo a realização de uma consulta popular sobre a convocação de uma assembleia nacional constituinte para deliberar a respeito de uma nova carta política”. Como notamos aí, já que chegamos aos “pés das letras”, Zelaya não violou o artigo 237. Claro, os golpistas acharam um jeito de declarar a nulidade do decreto com “a suspensão dos efeitos, sob o fundamento de que produziria danos e prejuízos ao sistema democrático do país, de impossível ou difícil reparação, e em flagrante infração às normas constitucionais e às demais leis da República, para não falar dos prejuízos econômicos à sociedade e ao Estado, tendo em vista a dimensão nacional da consulta (grifos nossos).” Ora, tenham paciência! Isso não é coisa do Direito – é da Direita. Um presidente democraticamente eleito que propõe democraticamente uma consulta de dimensão nacional para aprovar ou não a discussão democrática sobre uma reforma da Constituição é deposto... em nome da democracia! Será que pirei de vez? Será que estou com cãimbras no cérebro e preciso do potássio das bananas?

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

O GPP de Cesar Maia

O GPP é o instituto de pesquisas preferido por César Maia, o que faz com que todo mundo fique com um pé atrás com seus resultados (quero dizer que eu mesmo já utilizei o GPP – embora não tenha sido escolha minha – com resultado satisfatório). Dessa vez Cesar Maia está se esmerando. Pegou uma pesquisa (1.600 entrevistas) feita há 10 dias no estado do Rio de Janeiro, e vai distribuindo os índices em conta-gotas, conforme seus interesses políticos. Um dia liga pro Lindberg e dá alguns resultados. No dia seguinte liga pro Garotinho e faz a mesma coisa. Solta uns números para um colunista, publica outros no Ex-Blog, e por aí vai. Ao mesmo tempo cria suspense, chama atenção para ele próprio por mais tempo e, principalmente, consegue ocultar o que não lhe interessa. Está certo ele, é o jogo. Os outros players é que têm que ficar atentos, principalmente os jornalistas. Hoje ele está publicando os índices de intenção de voto para o Senado – e a primeira coisa que se nota é que não incluiu Gabeira, embora esse seja o maior desejo do candidato verde. Acontece que a candidatura Gabeira incomoda a quase todos os outros candidatos (exceto Crivella e Benedita), principalmente César Maia. No início do mês publiquei pesquisa (A) também para o Senado e vou comparar com a de César Maia (CM). Com base nesses números e supondo que Gabeira não seja candidato ao Senado, concluímos que será uma briga boa entre Crivella, Benedita e Cesar Maia.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Samuel Pinheiro Guimarães: estado mínimo, Consenso de Washington, acordo Brasil-França, Honduras, papel do Brasil na América do Sul e no mundo

Essa entrevista do Embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, estrategista, secretário-geral das Relações Exteriores do Ministério das Relações Exteriores, foi dada na segunda-feira, dia 21. Está muito atual.

Caso Honduras: O Globo trata seus leitores com escárnio

A manchete do Globo de hoje é um total desrespeito a seus leitores, em primeiro lugar, e também à inteligência, ao jornalismo, aos próprios profissionais, aos interesses nacionais. “Ação do Brasil acirra crise e tensão cresce em Honduras” – qual foi a “ação” do Brasil? A ação de um representante sonolento abrindo as portas da nossa embaixada para a entrada da esposa do Presidente deposto? A ação de garantir a integridade de nossa representação diante das ameaças de golpistas hondurenhos? Procuro nas páginas internas do próprio Globo e não encontro respostas. Será que essa manchete não passa de mais um material de propaganda anti-Lula? Quando é que o Globo vai parar com essa pouca vergonha (que, aliás, não surte efeito algum, como provam as pesquisas de opinião pública)? Com atitudes assim, o Globo faz com o jornalismo o que o troglodita Puccinelli pretendia fazer com Minc: estupro em praça pública.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Sobre pesquisas: CNI/IBOPE é ducha de água fria na Oposição

Recebi outro dia um artigo (“Sobre pesquisas”) atribuído a Marcos Coimbra (Instituto Vox Populi) bem interessante e bem a calhar nesse diz-que-me-diz das pesquisas pré-eleitorais. Ele faz um alerta bastante pertinente sobre essas análises apressadas de pesquisas feitas tantos meses antes das eleições: é preciso ter cuidado com as análises carregadas de preferências por um por outro candidato. E isso se torna mais importante ainda quando vemos que as pesquisas ganham destaque nas mãos da mídia despreparada e nitidamente oposicionista. Um item que sempre me chama atenção, pela total falta de cuidado e de conhecimento, é o que revela os índices de "rejeição". Tenho muito cuidado com as "rejeições", porque costumam estar associadas a outros fatores - como o desconhecimento, por exemplo. Quando não se conhece um candidato, costuma-se rejeitá-lo. Pode ser o caso da Dilma, que (segundo a Pesquisa CNI-Ibope, com análise de MCI Lavareda, divulgada hoje) tem baixo índice de conhecimento (32% de conhece "bem" e "mais ou menos") e tem 40% de rejeição ("não votaria de jeito nenhum"). Mas com certeza não é o caso de José Serra, que tem alto índice de conhecimento (66% de conhece "bem" e "mais ou menos") e tem 30% de rejeição ("não votaria de jeito nenhum"). Quem é o mais rejeitado dos dois? Sem parti pris, acredito que Serra - entre quem conhece um e outro - é o mais rejeitado. Quando verificamos outro item, o de "notícias mais lembradas sobre o Governo Lula", notamos que a "Crise no Senado Federal" tem 15% de percepção junto à população, enquanto que tem apenas 2% a percepção da "Confirmação pelo presidente Lula de que a ministra Dilma Rousseff será candidata a presidente da República". Tenho certeza que a tradução disso é simples: a mídia destaca muito mais o que é negativo do que é positivo com relação a Lula e seu apoio eleitoral. Apesar de tudo, o mais surpreendente é o altíssimo índice de aprovação do Governo Lula (que oscilou de 80% para 81%), o que justifica a frase final do artigo do Professor Candido Mendes hoje na Folha: "E (o eleitorado) vai às urnas como um plebiscito clandestino, em favor de quem não tem herdeiros, mas sucessores, num terceiro mandato, do povo de Lula sem o Lula lá". Veja dois dos cenários da Pesquisa de hoje (que, aliás, destaca subida de Ciro e queda de Serra) e, em seguida, o texto de Marcos Coimbra:
  • Serra - 34%
  • Ciro - 14%
  • Dilma - 14%
  • Heloísa Helena - 8%
  • Marina - 6%
  • Serra - 35%
  • Ciro - 17%
  • Dilma - 15%
  • Marina - 8%
Sobre as pesquisas
Marcos Coimbra é Sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi
Há dois tipos de erro nas tentativas de deduzir das pesquisas de agora o que vai acontecer com Dilma: imaginar que ela já ganhou e achar que ela já perdeu. São erros parecidos em mais de um aspecto. O traço comum mais importante é que ambos vêm da interferência das preferências nas análises. Quem deseja que ela perca olha as pesquisas e enxerga a confirmação do que gostaria que acontecesse. Quem torce por ela vê o oposto nos mesmos resultados. O problema é que os números não dizem nem uma coisa, nem outra. Na verdade, dizem muito pouco. Pode-se fazer malabarismos com eles, como escolher algumas eleições presidenciais passadas para elucubrar sobre o futuro. Por exemplo, para sustentar que quem lidera as pesquisas 12 meses antes de uma eleição termina ganhando é o que condenaria inapelavelmente a candidatura da ministra. Aliás, acabaria com todas as dúvidas, restando ao governador de São Paulo, José Serra, apenas mandar costurar seu terno de posse. É, no entanto, uma hipótese desprovida de qualquer base teórica, desconhecida nos manuais de ciências sociais e de estudos eleitorais. Nossa já expressiva história eleitoral moderna tampouco a justifica, sendo centenas os casos de candidatos a prefeito e governador que ganhavam nas pesquisas feitas um ano antes e perderam as eleições. Em três das cinco eleições presidenciais pós-redemocratização, nada de semelhante ocorreu. Só Fernando Henrique, em 1997, e Lula, em 2001, lideravam e venceram, o que não aconteceu em 1989, 1994 e 2006, pois o próprio Lula perdia para Serra em novembro de 2005. Ou seja, é uma lei não confirmada pela maioria dos casos. Ou seja, não serve para nada.Imaginar o que vai acontecer em outubro de 2010 a partir de simples pesquisas quantitativas de intenção de voto não faz sentido. Mais: revela falta de compreensão sobre como se estrutura o eleitorado brasileiro na atualidade. O projeto da candidatura Dilma está assentado em dois supostos fortes. De um lado, na constatação de que o maior contingente do eleitorado é, hoje, formado por “lulistas”, pessoas que votaram nele uma, duas, três ou mais vezes, muitas em todas as eleições a que compareceram. Como vimos em 2006, a quase totalidade desses eleitores votou nele e, a crer nas pesquisas, votaria de novo se pudesse. Parece que tendem a votar em quem ele apontar. De outro lado, o projeto apoia-se nos indicadores de aprovação do governo, que sinalizam que a base do lulismo se ampliou e passou a incluir muitos não eleitores de Lula, que o consideram um bom presidente, à frente de políticas e programas que merecem ser preservados. Daí, que podem vir a temer pela sua interrupção e a aumentar a proporção dos que votariam em quem representa a continuidade. Quem não gosta da candidatura da ministra saudou alguns resultados das últimas pesquisas. Elas registram uma estagnação de seu crescimento, logo vista como sinal de sua inviabilidade. É bom evitar julgamentos apressados, no entanto. Nada há nessas pesquisas que contrarie as premissas da candidatura, que nunca calculou que sempre cresceria. Ao contrário, se elas indicam que maus momentos para o governo (a crise do Senado, por exemplo) têm reflexo negativo, bons momentos (pré-sal, por exemplo) podem ter impacto inverso, vindo a impulsionar as intenções de voto em Dilma. Mas erra igualmente quem avalia as pesquisas e só vê motivos para acreditar que Dilma já ganhou. Em nossa cultura política, a vasta maioria dos eleitores vota em pessoas, e não em teses. Por mais que gostem de Lula e queiram que várias coisas de seu governo permaneçam, não vão tê-lo na urna. Dilma pode subir e cair pelo mesmo remédio: a “quantidade” de Lula em sua candidatura. Bem dosado, ela cresce. Mal calculado, ela sofre. Só a campanha real vai conseguir encontrar a medida. Daqui a outubro de 2010, há tanta água para correr por baixo da ponte que dá até preguiça ouvir quem acha que sabe tudo.

sábado, 19 de setembro de 2009

Gustavo Heck: "Defesa é investimento na soberania"

Muito boa a participação do Mestre em Segurança e Defesa da Escola Superior de Guerra, Gustavo Heck, no quadro "Quero Saber" do Em Cima da Hora dessa sexta à noite. Muita clareza, precisão, lógica. Fala do cerco que os Estados Unidos têm feito em nossa fronteira amazônica (como me referi na semana passada em Pourquoi “France”? It’s the geopolitics, stupid!) e diz uma coisa importantíssima, que ainda não vi reproduzida por aí: esses aviões suecos que estão sendo oferecidos pela metade do preço não têm autonomia suficiente para um país como o nosso. Gustavo Heck também considera a defesa do Pré-sal como questão estratégica. Vejam o vídeo. Infelizmente, não tenho o chat, que foi muito bom também.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

GPP confirma: pesquisa para Presidente mostra que candidato da Oposição perde no Rio de Janeiro

O Ex-Blog de Cesar Maia divulga hoje pesquisa do Instituto GPP, feita este mês, com 1.600 entrevistas em todo o Estado do Rio de Janeiro. A pesquisa não mostra o índice de quantos eleitores pretendem votar no "candidato de Lula", o que é uma falha, já que se trata de uma eleição plebiscitária em torno da aprovação ou não do Governo Lula. Mesmo assim, podemos perceber que o candidato da Oposição, Serra, vai mal das pernas, com apenas 28,4%. Se somamos os índices das candidaturas de partidos que fazem parte do Governo (Ciro 22,3%, Marina 11,8% e Dilma 11,6% ) chegamos fácil a 45,7%. Se considerarmos, a partir daí, o que seriam os votos válidos de um possível segundo turno, teremos Lula 61,7% e Oposição 38,3%. Faço todo esse exercício para que as pessoas não se deixem enganar por números jogados de qualquer maneira. Repito: não tem grande valor pesquisa que não esclarece quem está sendo apoiado por Lula.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Lula: "Se dependesse de carisma, Fernando Henrique não teria sido eleito e Serra não seria nem candidato"

O título dessa postagem foi a resposta de Lula na excelente entrevista publicada no Valor Econômico de hoje. Lula disse também, exatamente como escrevi na postagem abaixo: "Quem sustentou essa crise foi o governo e o povo pobre, porque alguns setores empresariais brasileiros pisaram no breque de forma desnecessária". Outros trechos:
A gente não deveria ficar preocupado em saber quanto o Estado gasta. Deveria ficar preocupado em saber se o Estado está cumprindo com suas funções de bem tratar a população.
Se dependesse de carisma, Fernando Hemlque Cardoso não teria sido eleito e Serra não seria nem candidato. Jânio Quadros tinha carisma e ficou só seis meses.
Eu dei 45 dias de prazo, ontem, para que me apresentem o projeto de integração de todo o sistema ótico do Brasil.
Ainda neste ano vou apresentar uma proposta sobre inclusão digital. E vou apresentar, também, uma proposta consolidando todas as políticas sociais do governo. Vai ter uma lei que vai legalizar tudo, vai ser uma lei como a Consolidação das Leis do Trabalho. Será uma consolidação das políticas públicas, para sustentar os avanços conquistados.
Os empresários têm tanta obrigação se serem brasileiros e nacionalistas quanto eu!
Se o Bush tivesse a dimensão da crise e tivesse colocado US$ 60 bilhões na Lehman Brothers antes dela quebrar, possivelmente não teríamos a crise de crédito que tivemos no mundo.
O Estado tem que ter força. Aqui no Brasil durante os anos 80 se criou a idéia de Estado mínimo. O Estado mínimo não vale para nada. O Estado tem que ter força para fazer as políticas que fizemos agora, na crise, com a compreensão do Congresso Nacional.
Vocês têm dimensão do que foi ter uma Caixa Econômica Federal, um BNDES ou um Banco do Brasil? Foi extremamente importante. A Petrobras apresentou um estudo mostrando que deveria mudar o cronograma dos investimentos dela de 2013 para 2017. Convoquei o Conselho da Petrobras aqui para dizer: 'Olha, esse é um momento em que não se pode recuar'. A gente tem que avançar. Até no futebol a gente aprende que quando se está ganhando de 1 x O e recua a gente se ferra.
O que garante as pessoas ficarem no Estado é a estabilidade, não é o salário.
Quantos políticos têm carisma no Brasil? Se dependesse de carisma, Fernando Henrique Cardoso não teria sido presidente. Se dependesse de carisma, José Serra não poderia nem ser candidato. Carisma é uma coisa inata. Você pode aperfeiçoar ou não. Sempre é bom ter um pouco de carisma. O Jânio Quadros tinha carisma. Ficou só seis meses aqui.
Estou dizendo que para governar este país é preciso um conjunto de qualidades. E a primeira qualidade é ganhar eleição. Tem que ter muita humildade, determinação do projeto que vai apresentar. Tem que provar que é capaz de gerenciar. Hoje, com sete anos de convivência, não conheço ninguém que tenha essa capacidade gerencial da Dilma. Às vezes as pessoas falam 'ela é dura'. Mas é que a mulher tem que ser mais duramesmo. Porque numa discussão política, para você se impor no meio de 30 ou 40 homens, é assim. A Dilma é muito competente.
Feliz do país que vai ter uma disputa que pode ter Dilma, Serra, Marina, Heloísa Helena, Aécio.
Valor: O que o senhor pretende fazer depois que deixar o governo ?
Lula: Não sei. A única coisa que tenho convicção é que não vou importunar quem for eleito.
Vale a pena comprar o Valor Econômico e ler a entrevista completa.

sábado, 19 de janeiro de 2008

"It´s the economy, stupid!"

"È a economia, idiota!" Essa frase, dita por James Carville, marqueteiro de Bill Clinton, dirigindo-se a Bush Pai, está mais atual do que nunca, tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil. Nos Estados Unidos, repete o momento econômido-político-eleitoral - dessa vez contra os Republicanos de Bush Filho. Aqui no Brasil, funciona no sentido inverso, porque pode ser dirigida à mídia e à oposição em geral. Talvez fosse o caso de nossos políticos raivosamente oposicionistas passarem a se dedicar a ler jornais e revistas internacionais, como "The Christian Science Monitor, "The Economist" ou "Financial Times". Poderão, quem sabe, entender que políticas sociais, bem feitas, não podem ser reduzidas a "populismo". Poderão entender a importância do fortalecimento do mercado interno e nunca mais ter saudades dos tempos da ditadura e seu slogan "exportar é o que importa" (o publicitário que foi autor dela - ou talvez simplesmente utilizava nos anúncios - morria de vergonha). "É a economia, oposição!"