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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Intelectual egípicio Alla El-Aswany: falta partido para uma revolução no Egito


Não tinha lido a entrevista dada por Alla El-Aswany e publicada dia 30 no Le Monde. Li hoje trechos traduzidos do El Clarin no Ex-Blog de Cesar Maia, que reproduzo:
PARTIDO EGÍPCIO "IRMÃOS MUÇULMANOS" - O MAIS ORGANIZADO, MAS...!

Le Monde entrevista  Alla El-Aswany, um dos mais brilhantes intelectuais do Egito. Seus livros estão traduzidos em 30 idiomas e são os mais vendidos.  Alla El-Aswany é também um apaixonado pela política. (trechos da tradução de Clarín, 30).
1. Onde está a oposição? - Em amplos estratos da população. É um corpo imenso, mas que não tem cabeça para organizar-se. Não há ninguém que lhe dê um sentido e canalize a ira. As pessoas buscam um partido capaz de falar em seu nome.
2. O que pensa do grupo islâmico "Irmãos Muçulmanos"? - Repetem os mesmos erros desde 1928. Demonstram uma grande entrega, mas sua sensibilidade não é realmente democrática. Sempre estiveram do lado da tirania e contra a vontade do povo. Estavam com o rei Faruk; depois, apoiaram Nasser quando extinguiu os partidos políticos. Hoje, alguns enviam sinais que estariam dispostos a aceitar que o filho de Mubarak herde o poder se eles obtiverem, como contrapartida, a legalização de seu partido.
Na minha postagem (Protestos no Egito: o Facebook pode substituir o Partido?) escrevi :
As condições econômicas egípcias parecem fortalecer a ideia de grande transformação, mas o movimento parece bem voluntarista (para usar a terminologia leninista). Apesar de muitos falarem em revolução (...), é difícil imaginar uma organização determinada e capaz disso. O momento egípcio, ao contrário, pode facilitar um golpe militar. A grande capacidade da web de interligar e mobilizar as pessoas é algo excelente e indispensável, mas ainda não substitui o tal do partido revolucionário...

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Honduras, divisor de águas profundas

Todos já sabem o que aconteceu em Honduras, aquele pedaço de terra menor (em tamanho e população) do que o nosso Ceará, situado entre as águas profundas do Caribe e do Pacífico, um dos países mais pobres do continente, que sobrevive graças à venda de café e banana para os Estados Unidos. Um grupo de políticos (e militares) da direita hondurenha, sentindo-se traído pelo antigo aliado Zelaya, deu um golpe de estado e expulsou o Presidente eleito, que não aceitou calado e movimentou-se em busca de apoio internacional. O Brasil destacou-se na sua defesa. Zelaya, em movimento ousado, retornou clandestinamente a seu país e instalou-se na Embaixada do Brasil. O governo brasileiro não pôde fazer nada, e fez bem em não reagir contra. A tática dos golpistas e seus apoiadores era empurrar com a barriga até que o golpe virasse fato consumado e aceito por “usucapião”. A nova situação provocada por Zelaya em nossa embaixada exigiu definição dos atores envolvidos. Os golpistas tiveram que arreganhar os dentes e mostrar os trogloditas que realmente são. Os Estados Unidos tiveram que deixar exposta a ambiguidade de seu jogo: ao mesmo tempo que Obama deseja uma política mais liberal para o continente, os assessores da Secretária Hillary Clinton insistem na importância de apoiar os golpistas para não ceder espaço à política chavista. OEA e países emergentes tomaram posição firme contra o golpe. O Conselho de Segurança, comandado pelos Estados Unidos, mostrou-se frágil. Mas o importante é que os golpistas sentiram o golpe e tentam desesperadamente voltar atrás em suas truculências. Até contrataram empresa de relações públicas para melhorar sua imagem – na minha opinião, tarde demais. Tarde demais também para nossos políticos, intelectuais e jornalistas que, no afã anti-Lula, apressaram-se em demonstrar simpatia pelos golpistas hondurenhos. Buscaram justificativas “constitucionais” para o golpe. Chamaram o Itamaraty de bando de trapalhões. Torceram o nariz para o presidente democraticamente eleito “por causa” da proximidade de Chávez e do seu chapelão texano. Demonstraram, isso sim, mentalidade subserviente, que acredita que o melhor slogan para o Brasil seria “no, we can’t”. Fecharam os olhos para o que diz o resto do mundo, como o jornal inglês The Independent, em sua reportagem The rise and rise of Brazil: Faster, stronger, higher, onde afirma que "a ação brasileira (...) pegou Washington no contrapé e expôs um claro abismo na confusão hondurenha entre Obama – que quer uma ação decisiva para repor Zelaya no poder – e uma vacilante Hillary Clinton”. Ou o argentino Clarín na reportagem El protagonismo de Brasil en Honduras modifica su tradición: “Ahora Brasil ha salido del Sur y se ha tornado un protagonista fundamental de la principal crisis de América latina del Norte. Está en el centro de los acontecimientos en Honduras. No actúa en forma compartida o multilateral, sino individualmente, como gran potencia. Es una novedad histórica. Brasil es hoy la representación de la comunidad internacional en una crisis que se profundiza, se polariza y escala”. Honduras foi um divisor também para nós, brasileiros. Opôs, de um lado, o atraso, a cabeça colonizada, o conservadorismo, o neoliberalismo, e, de outro, um Brasil que soube crescer, reduzir desigualdades, conquistar espaço, projetar-se no mundo e preparar-se para assumir um lugar de relevância no futuro.