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sábado, 5 de junho de 2010

“It’s Lula, stupid!”, diria James Carville

Há um ano atrás, em debate na PUC do Rio, o marqueteiro Chico Santarrita em certo momento especulou (mais ou menos) sobre o futuro tema da campanha de Dilma, como se fosse uma questão ainda a ser pesquisada. Não me contive e disse: “O tema já existe – é Lula”. Hoje, na Folha, Cesar Maia escreve bom artigo sobre marketing político, “Razões do voto e medo”, onde basicamente fala sobre a necessidade de as pesquisas qualitativas determinarem as associações entre atributos e razões de voto. Bom artigo. Ele critica a “visão quantitativa” que predomina na maioria das pesquisas qualitativas, expõe, com clareza, que não basta identificar as boas qualidades atribuídas a um candidato, mas também se essas qualidades são suficientes para motivar o voto. Lembra a frase famosa do estrategista James Carville, durante a campanha de Clinton contra Bush Pai, em 92, quando identificou o que realmente estava motivando o voto: “It´s the economy, stupid!” A falha de Cesar Maia (compreensível) está na sua conclusão de que esse estudo sobre a razão do voto “já deveria ter sido feito pelas campanhas”. A campanha de Dilma já fez o estudo: “É Lula, Oposição!”
Veja o texto completo:
Razões do voto e medo
As pesquisas eleitorais são reiterativas sobre intenção de voto e deveriam servir para que as equipes de campanha avaliassem as razões - positivas e negativas - que levam os eleitores a decidir votar. Não é um processo simples. Essas perguntas não são óbvias. A pesquisa qualitativa - de muito difícil avaliação - é quase sempre tratada com a mesma ótica da pesquisa quantitativa. Os institutos que as fazem querem tirar conclusões sobre probabilidade de voto e destacar uma ou outra expressão a ser usada pela campanha ou respondida. Uma utilidade seria preparar perguntas para as pesquisas quantitativas e, com esta combinação, tirar conclusões. Mas há outra questão ainda mais complexa. Se o eleitor atribui a um candidato qualidades maiores que as do outro, deve-se perguntar se é esta uma razão de voto. O Datafolha listou atributos e pediu que o eleitor indicasse o candidato que mais se aproxima deles. Destacou o candidato da oposição como o mais experiente, inteligente, realizador, preparado para ser presidente, próximo aos ricos... Já na candidata do governo, destacou ajudar os pobres e as mulheres, embora entre as mulheres ela perca na intenção de voto. E 18% dizem que a candidata verde defenderá os pobres, embora tenha quase a metade disso em intenção de voto. O eleitor tende a fazer o voto útil e, mesmo que priorize esse atributo, tende a não transformar isso em voto se ela não tiver chance. Esses pontos são importantes, mas não necessariamente decidem o voto. As equipes de campanha devem analisar qual é a agenda vencedora no imaginário do eleitor. Um caso clássico é o da primeira eleição de Clinton a presidente. Numa lista de 40 questões, Clinton só vencia em uma: a economia. Sua equipe de campanha a testou como razão de voto e surpreendeu-se com a correlação. A partir daí, nas reuniões com os multiplicadores de campanha, Carville (coordenador de comunicação) gritava: "É a economia, estúpido!". E foi. A razão de voto pode ser positiva ou negativa. As ruas funcionam como uma pesquisa qualitativa. Uma mesma expressão usada em três pontos completamente diferentes de uma cidade quase sempre significa que dezenas de milhares de pessoas pensam da mesma maneira. Em seguida, deve-se avaliar se é razão de voto e então incluir em uma pesquisa quantitativa. É esse estudo (que já deveria ter sido feito pelas campanhas) de investigação das duas ou três razões de voto que construirá a agenda a ser priorizada na comunicação via mídia e, principalmente, na comunicação direta, nas ruas e reuniões, de forma a acelerar os fluxos de "opinamento" - a favor de si e contra o adversário.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Eleição no Irã: “Não é a economia, estúpido!”

A célebre frase de James Carville, consultor de marketing de Bill Clinton na campanha presidencial de 92 ("É a economia, estúpido!") não se aplica ao Irã. Vi alguns analistas dizerem que o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad teria dificuldades para se reeleger por conta da má fase da economia. Até o comentarista do Manhattan Connection, Ricardo Amorim, que achava que a vitória de Ahmadinejad seria tranquilíssima, passou a duvidar. Ledo engano. Não consideraram que o Irã não é exatamente o espelho de uma democracia americana. O poder religioso existe de fato e tem apoio amplo. Antes da revolução islâmica, fui vizinho durante alguns dias, em univerdade inglesa, de estudantes iranianos trotskistas – e depois fiquei sabendo que até boa parte deles aderiu ao aiatolá Khomeini. Não acredito que tenha havido uma fraude gigantesca responsável pela vitória de Ahmadinejad. Acredito, sim, que houve uma intervenção profunda dos aiatolás no processo eleitoral, mobilizando a população e apoiando a situação. Há, evidentemente, negociações em curso entre Estados Unidos e Irã, e uma alteração no comando poderia enfraquecer o lado iraniano. É isso que também explica a cautela de Obama, evitando acompanhar a gritaria da mídia internacional na acusação de fraude. Seria o caso de dizer agora: “É a geopolítica, estúpido!”

segunda-feira, 1 de junho de 2009

César Maia se rende a Lula

A principal atividade de César Maia nos últimos anos tem sido combater Lula e sua popularidade. Lançou um arsenal infindável de teorias políticas e econômicas para provar que o Governo Lula acabaria fracassando, que a aprovação popular despencaria, que a Oposição, logo, logo, conquistaria o lugar ao sol. Mas, mais uma vez, a realidade vai além da imaginação. A popularidade de Lula bate recordes, a economia brasileira está bem diante da crise (até virou referência internacional) e a candidata apoiada por Lula cresce sem parar nas pesquisas. Na sua coluna de sábado na Folha, César Maia se pergunta “por que razão a máxima (‘é a economia estúpido’) de Carville, assessor de Clinton na época, que relaciona a economia à política, não atingiu Lula?” Mergulha em números econômicos e de pesquisas na tentativa de encontrar resposta, mas continua atônito. “Passando à lógica política, talvez os discursos de Lula o situem como um protetor. Isso explicaria até números piores e sua avaliação. O mais provável é que os números estejam certos e que os primeiros meses de desemprego estejam protegidos pela indenização, FGTS, seguro-desemprego e a esperança. Mas não explicam a avaliação crescente de Lula no Rio”, conclui César Maia visivelmente desorientado. Hoje, no seu Ex-Blog, analisando a Pesquisa Datafolha ele admite: “Este Ex-Blog questionou em fevereiro a capacidade de Lula transferir votos a um personagem antípoda ao seu. Hoje deixa aquela afirmação em processo de re-avaliação”. Veja parte do Ex-Blog aqui:
A CRISE ECONÔMICA AINDA NÃO AFETOU A APROVAÇÃO DE LULA!
Trechos da coluna de Cesar Maia, na Folha de SP, da semana passada.
1. A pesquisa GPP -maio- ERJ, mostrou níveis de aprovação de Lula que nunca antes no RJ se havia visto. A avaliação –ótimo+bom- de Lula na Capital-RJ não chegava a 50%. Agora, no Estado 65%, na Capital 59%, na Baixada 74%, no Interior Industrial 72% e no Interior Rural 65%. As avaliações do governador permanecem entre 30% e 35%, apesar de feéricas campanhas publicitárias na TV, colagem em Lula e a boa vontade da imprensa local.
2. Lá se vão oito meses da crise econômica. O Brasil, neste período, ficou entre os países com dados mais acentuados de queda na indústria, no PIB e no comércio exterior. Por que razão a máxima (“é a economia estúpido”) de Carville, assessor de Clinton na época, que relaciona a economia à política, não atingiu Lula? O indicador mais óbvio seria o desemprego. A pesquisa mensal de emprego do IBGE pode ajudar.
3. Compare a PME de abril, de 2008 e de 2009 para as Regiões Metropolitanas agregadas. Pessoas em Idade Ativa 1,2%. Pessoas Economicamente Ativas (PEA) 0,6% e as Não Economicamente Ativas (PNAE) 2%. Em seguida, abram-se os elementos negativos da PNEA. As pessoas que gostariam e estavam dispostas a trabalhar diminuíram percentualmente de 12,2% para 12%. As marginalmente ligadas a PEA, cresceram de 4,6% a 5,2%. As desalentadas diminuíram de 0,1% a 0%.
4. A Taxa de Desocupação cresceu de 8,5% para 8,9%, mas, paradoxalmente o percentual de pessoas subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas caiu de 3,4% a 3%. Vale dizer: a Taxa Efetiva de Desocupação, somando o desemprego aberto com o emprego precário, ficou estável em 11,9%.
5. Questionar os números vis a vis a crise é infantil depois de tantos anos. Os trabalhadores metropolitanos irem para o interior? A lógica é o inverso. É provável que o Bolsa Família tenha reduzido a migração e isso ajudaria a explicar os números. Passando à lógica política, talvez os discursos de Lula o situem como um protetor. Isso explicaria até números piores e sua avaliação. O mais provável é que os números estejam certos e que os primeiros meses de desemprego estejam protegidos pela indenização, FGTS, seguro-desemprego e a esperança. Mas não explicam a avaliação crescente de Lula no Rio.
NOTAS SOBRE A PESQUISA DATA-FOLHA-BRASIL!
1. A avaliação de Lula ter voltado a crescer (agora 69% de ótimo+bom) confirma os dados sobre sua avaliação (GPP), no Rio-Capital, apresentados no sábado na coluna de Cesar Maia na Folha de SP. E da mesma forma que a crise econômica não o afetou, apesar de ter se intensificado. Data-Folha mostra as seguintes respostas entre março e maio de 2009: a) a situação do país vai melhorar de 31% para 41%. b) O desemprego vai aumentar, cai de 59% para 43%. c) Inflação vai aumentar cai de 48% para 36%.
2. Os que estão de acordo com um terceiro mandato passam de 34% para 63%. Atenção! A campanha que Lula faz todos os dias aumenta a sua capacidade de transferir votos. Lula (na induzida) tem 47% das intenções de voto e Serra 25%, caindo 13 pontos. Essa é uma boa e má notícia. Boa porque define um piso para Serra. Má porque ele ainda pode perder 1/3 de suas intenções de voto se Lula mantiver capacidade de transferi-los.
3. Lula tem na espontânea 27% ou 57% da induzida. Serra tem 5% ou 13% da induzida sem Lula. Dilma tem 4% (e com Lula marcado), ou 25% de seus 16%.
4. Sem SP (supondo diferença aqui pró-Serra de 40 pontos), o resultado seria Serra 32% e Dilma 20%.
5. Este Ex-Blog questionou em fevereiro a capacidade de Lula transferir votos a um personagem antípoda ao seu. Hoje deixa aquela afirmação em processo de re-avaliação.

sábado, 19 de janeiro de 2008

"It´s the economy, stupid!"

"È a economia, idiota!" Essa frase, dita por James Carville, marqueteiro de Bill Clinton, dirigindo-se a Bush Pai, está mais atual do que nunca, tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil. Nos Estados Unidos, repete o momento econômido-político-eleitoral - dessa vez contra os Republicanos de Bush Filho. Aqui no Brasil, funciona no sentido inverso, porque pode ser dirigida à mídia e à oposição em geral. Talvez fosse o caso de nossos políticos raivosamente oposicionistas passarem a se dedicar a ler jornais e revistas internacionais, como "The Christian Science Monitor, "The Economist" ou "Financial Times". Poderão, quem sabe, entender que políticas sociais, bem feitas, não podem ser reduzidas a "populismo". Poderão entender a importância do fortalecimento do mercado interno e nunca mais ter saudades dos tempos da ditadura e seu slogan "exportar é o que importa" (o publicitário que foi autor dela - ou talvez simplesmente utilizava nos anúncios - morria de vergonha). "É a economia, oposição!"