quarta-feira, 17 de junho de 2009
Eleição no Irã: “Não é a economia, estúpido!”
A célebre frase de James Carville, consultor de marketing de Bill Clinton na campanha presidencial de 92 ("É a economia, estúpido!") não se aplica ao Irã. Vi alguns analistas dizerem que o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad teria dificuldades para se reeleger por conta da má fase da economia. Até o comentarista do Manhattan Connection, Ricardo Amorim, que achava que a vitória de Ahmadinejad seria tranquilíssima, passou a duvidar. Ledo engano. Não consideraram que o Irã não é exatamente o espelho de uma democracia americana. O poder religioso existe de fato e tem apoio amplo. Antes da revolução islâmica, fui vizinho durante alguns dias, em univerdade inglesa, de estudantes iranianos trotskistas – e depois fiquei sabendo que até boa parte deles aderiu ao aiatolá Khomeini. Não acredito que tenha havido uma fraude gigantesca responsável pela vitória de Ahmadinejad. Acredito, sim, que houve uma intervenção profunda dos aiatolás no processo eleitoral, mobilizando a população e apoiando a situação. Há, evidentemente, negociações em curso entre Estados Unidos e Irã, e uma alteração no comando poderia enfraquecer o lado iraniano. É isso que também explica a cautela de Obama, evitando acompanhar a gritaria da mídia internacional na acusação de fraude. Seria o caso de dizer agora: “É a geopolítica, estúpido!”
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